Jornalistas Livres

Categoria: Editorial

  • Por que somos LIVRES

    Por que somos LIVRES

    Somos um coletivo de repórteres, fotógrafos, cinegrafistas, editores e midialivristas que luta pela Democracia e pelos direitos humanos e sociais. Cada um de nós doa sua parcela de trabalho por essas causas e não recebe nada dos Jornalistas Livres. Fazemos isso pelo amor à Verdade e porque vemos que a mídia golpista é a primeira a escondê-la e manipulá-la.

    Como somos uma plataforma de associação livre, cada um de nós tem o direito de decidir sobre o seu trabalho, dentro das premissas editoriais que nos definem. Assim, cada autor define para quem cede, de quem cobra, quanto cobra.

    No pé de nosso site, há um aviso que diz:

    Aos que pretendem se apropriar de nossos conteúdos sem creditá-los e nem sequer pedir autorização aos autores, respondemos que não somos nós que vamos ajudar a precarizar mais ainda o trabalho do jornalista e do fotógrafo, já tão aviltado nas redações Brasil afora.

    Não é justo as empresas, organizações sociais e associações demitirem seus jornalistas e usarem as nossas matérias e fotos como se fossem suas, gratuitamente. É engraçado ver algumas assessorias de sindicatos defendendo o trabalho não-remunerado obrigatório de um jornalista livre.

    Dispomo-nos ao trabalho voluntário e gratuito NOS JORNALISTAS LIVRES. É nossa militância pela Verdade. E queremos respeito. Qualquer jornalista livre tem o direito de dar a sua força de trabalho para quem ele quiser. Se quiser. Quando quiser.

    Quando não quiser e não puder (porque ele tem também que sobreviver), um jornalista livre tem todo o direito de exigir remuneração. Paga quem se dispuser. Ou deixa de ser trabalhador e passa a ser escravo.

    Já basta a mídia golpista pra chupar o sangue do repórter e do fotógrafo e depois jogar o bagaço fora. Nós não somos assim!

  • Hoje Dilma é maior; o Brasil está menor

    Hoje Dilma é maior; o Brasil está menor

    Naquele 17 de abril de 2016, um grupo de Jornalistas Livres foi a Brasília mostrar a real face dos parlamentares que afastariam a primeira Presidente mulher eleita  pelo povo brasileiro. O motivo declarado? Pedaladas Fiscais. Hoje se confirma a suspeita: nunca foi nada disso. Naquele domingo abriu-se a sinuosa e obscura estrada que levaria ao duro golpe contra os brasileiros, seus direitos e seus interesses enquanto nação.

    Em nome de Deus e da família, deputados cujo passado seria condenado em primeira, segunda e terceira instâncias – vivêssemos nós num país civilizado – deram um show de cinismo, hipocrisia e falta de caráter. Durante a votação, passamos vergonha aos olhos mundo. Nosso Congresso Nacional nos constrangeu. A injustiça teve sabor amargo. Nossos corações e mentes foram usurpados.

    A classe média, que já era massa de manobra, assim permanece. Naquele abril, ela tinha batido panelas e ido às nas ruas apoiar o impeachment. A mídia tradicional, por sua vez, já insuflara o ódio à  Presidenta e ao Partido dos Trabalhadores com  matérias descaradamente manipuladas. Essa mesma voz midiática agora apóia os retrocessos do governo golpista e mantém o povo na mais sombria ignorância. Povo que agora paga o pato que a elite endinheirada nunca quis bancar.

    O fatídico impedimento já era considerado ilegal. As tais pedaladas, quando existiram, não eram proibidas e outros presidentes e mandatários do executivo haviam usado do mesmo recurso. Não por coincidência, logo após o  afastamento, houve aumento dos salários do judiciário. Mais vergonha!

    A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), essa última representante legal de 102 sindicatos patronais industriais fluminenses, e outros patrocinadores do golpe se comportavam como detentores da verdade: “Fora Dilma! Fora PT! Contra a corrupção!”

    O investimento foi alto. Empresários, banqueiros e multinacionais, além da imprensa, queriam a queda da Presidenta porque o interesse sempre foi a aprovação do projeto de terceirização, a Reforma da Previdência, a abertura do Pré-Sal ao capital estrangeiro. Não se incomodavam – nem se incomodam hoje – com as perdas de direitos e o atraso nacional. O Brasil incomodava no cenário internacional com seus mais de 80 mil jovens bolsistas espalhados pelo mundo, aprendendo tecnologia de ponta, bancados pelo governo brasileiro. Quanta ousadia pra um país que sempre forneceu matéria prima e mão de obra barata!

    A partir daquele dia 17 de abril de 2016, tudo então ficou muito mais claro: o  alvo do golpe eram os pobres, os trabalhadores, os servidores públicos e nossas riquezas.

    Com o passar desses 365 dias fomos vendo o desmonte de grandes empresas brasileiras, como a Petrobras, geradoras de empregos e de bem-estar social.  De sétimo no ranking da economia mundial, o Brasil foi despencando e hoje é um país inseguro para investimentos externos e para os trabalhadores. Os investimentos em tecnologia, em saúde e educação foram congelados e o desemprego disparou.

    A cada dia, milhões de pessoas voltam a encostar na linha da pobreza extrema. E não é só nos números que se pode ver isso. Basta um passeio pelas  ruas das grandes cidades para ver famílias inteiras se abrigando embaixo de pontes e marquises, com seus pertences recém-comprados e ainda não quitados, sem condições de pagar nem um aluguel sequer.

    No fim das contas, tudo está evidente: a elite precisa reconquistar seus privilégios, as multinacionais precisam entrar aqui para explorar nossas riquezas. Temos que voltar a ser o país subdesenvolvido, cabisbaixo, pobre e triste. Só não vê, ou finge que não vê, quem não quer. Ou quem saiu batendo panela e foi enganado pela manipulação desse processo – e insiste na cegueira.

    Dilma, até agora, honrou cada um dos votos que recebeu. Até agora, denúncias e delações apenas confirmam: a Presidenta é honesta, portanto não deveria ter sido afastada. Desde sua campanha eleitoral, e durante seu mandato, sofreu as piores ofensas e calúnias. Foi chamada em cadeia nacional de leviana por Aécio, o perdedor. Foi xingada e achincalhada nas ruas. Ouviu ofensas e baixarias proferidas por uma elite grosseira e mal educada  – a mesma que havia lotado campos de futebol na Copa e ido a passeatas ordenadas pela Rede Globo e suas comparsas mentirosas – todas elas, por sinal, concessionárias de canais de TV que perderiam suas autorizações de transmissão pelo mal que causaram ao país. Se o país fosse sério.

    Mas Dilma não cedeu à chantagens de Eduardo Cunha nem de ninguém.  Não cedeu às birras de Marcelo Odebrecht. Não compactuou nem  escondeu os erros de ninguém. Ela não se juntou ao que há de pior na escória parlamentar e empresarial do Brasil.  Foi punida sem ter cometido qualquer crime.

    Os 367 parlamentares que naquele domingo promoveram uma mistura de circo dos horrores com show de comédia da pior qualidade votaram no impeachment homenageando o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra – o “Pavor de Dilma” nas palavras do fascista Bolsonaro – alegando “misericórdia à nação” e serem “contra o partido das trevas”. Eles não chegam nem perto  da força, coragem e integridade da Presidenta.

    Ao contrário, são fracos, entreguistas, inimigos do Brasil.

    Bem, não dá para esquecer aqui – já que estamos lembrando o pior desse momento do Brasil – de Miguel Reali Jr, Helio Bicudo e Janaína Paschoal, o trio de juristas que escreveram a mal-ajambrada defesa do impeachment. Janaína pode ter encenado o papel de maior sucesso de sua carreira. Mas não como advogada ou professora de Direito Penal da maior universidade do país, a USP. A advogada gritou, chorou, se descabelou (literalmente) até conseguir emplacar o pedido. Helio Bicudo e Reali Jr, bem, a história os julgará.

    Hoje o povo brasileiro está assustado e perdido. Mas somos um povo bom, guerreiro e vamos buscar o que é  nosso por direito.

    P.S – Quem diria, o próprio presidente golpista Michel Temer confirmou que fomos golpeados. Em recente entrevista à TV Bandeirantes disse que em 2015 Eduardo Cunha admitiu que só aceitou o pedido de impeachment de Dilma Rousseff porque o PT teria se recusado a dar-lhe os três votos no Conselho de Ética, o que preservaria seu  mandato de deputado. Na época, Cunha foi pego na mentira negando ter contas na Suíça. A prova de que Dilma foi vítima de uma vingança, no fim das contas, hoje está reforçada pelo próprio golpista Michel Temer. Veja aqui:

     

  • ALEXANDRE, O CENSOR

    ALEXANDRE, O CENSOR

    Alexandre de Moraes não admite críticas e tenta calar Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça

    O atual ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, ex-ministro da Justiça, conseguiu na última quinta feira (09/03) liminar que determina a retirada de conteúdo publicado no site do PT Nacional. Trata-se de uma entrevista com Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça do governo legítimo da ex-Presidenta Dilma Rousseff, sobre o passado polêmico e as sinistras relações de Moraes.

    A reportagem foi veiculada no dia 11 de janeiro deste ano, quando as rebeliões no sistema penitenciário se espalharam pelo país deixando centenas de mortos. Além de apontar a incompetência para contornar a crise, Aragão declarou que Moraes nunca teve condições de assumir o ministério Justiça e tampouco teve sucesso à frente da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo onde deixou um “histórico de arbitrariedades”.

    A entrevista ainda revela a relação de Moraes com Eduardo Cunha e cita “conchavos com setores que são de alto risco para a sociedade, como a facção criminosa Primeiro Comando da Capital, o PCC”. Uma bomba, enfim. Alexandre não gostou, claro.

    Não é novidade que Moraes tem apreço pela repressão. Sempre criminalizou os movimentos sociais e deu voz de comando para forças policiais atuarem com vigor contra estudantes, sem tetos ou moradores de rua. Também gosta de aparecer como salvador da pátria em atos que tem apenas uma única intenção: promover seu nome politicamente. Ele já espalhou mandados de prisão em sedes de torcidas organizadas para recuar dias depois e até apareceu num vídeo bizarro munido de facão destruindo plantação de maconha. Hilário.

    Todas essas ações foram explicitamente criticadas em jornais da grande imprensa tradicional. Uma breve pesquisa no Google basta para a avalanche de arbitrariedades de Moraes jorrar na internet. Fica a pergunta: por que nenhum veículo de imprensa jamais teve liminar para retirada de conteúdo? E por que o caldo só engrossou quando um ex-ministro criticou o ministro? E justamente no site do Partido dos Trabalhadores?

    Ao censurar o site do PT e o ex-ministro Aragão, Alexandre de Moraes demonstra que tem pontaria de atirador de elite, ele quer calar as vozes discordantes. Mas não quaisquer vozes e sim aquelas de quem têm capacidade de fazer diferente e melhor que ele.

    Nós, Jornalistas Livres expressamos toda a nossa solidariedade ao Partido dos Trabalhadores e ao ex-ministro Eugênio Aragão nesse episódio nefasto, mesquinho e vergonhoso de censura.

    Assista o vídeo que Moraes quer censurar.

  • Contra os vazamentos seletivos, por uma inundação de informações!

    Contra os vazamentos seletivos, por uma inundação de informações!

    #AbreSigilo

    A ministra Cármen Lúcia, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), homologou hoje (30/01) pela manhã as delações de 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht. Isso quer dizer que, a partir de agora, as delações adquirem peso jurídico e poderão ser usadas pela Procuradoria-Geral da República para aprofundar as investigações. Os procuradores poderão, por exemplo, pedir abertura de inquérito ou mandado de busca e apreensão.

    Por determinação da ministra Cármen Lúcia, porém, o sigilo das informações será mantido por enquanto pelo STF. Isso, apesar de haver, desde meados de janeiro a expectativa de que os documentos com as delações fossem tornados públicos pelo então ministro relator da Lava Jato, o finado Teori Zavascki.

    Teori morreu no dia 19 de janeiro, em um acidente para lá de conveniente, quando ultimava os estudos para homologar as delações dos executivos da Odebrecht.
    Reportagem do jornal “Valor Econômico” de 17 de janeiro, dois dias antes da morte de Teori, afirmava que as delações deveriam “ser tornadas públicas já em fevereiro”.

    Se vivêssemos em um Estado Democrático de Direito, essas delações seriam tratadas com o máximo cuidado, para que não se acusasse qualquer cidadão sem provas. Mas já se sabe que, neste preciso momento em que você, internauta, lê estas linhas, nas redações, os mesmos repórteres “de confiança do governo golpista”, os mesmos de sempre da mídia corporativa, já receberam os arquivos com as delações. E já preparam suas matérias com “vazamentos”.

    Não queremos que essa mídia descomprometida com a Democracia e com a Liberdade, essa mídia misógina e antipovo, essa mídia vergonhosamente facciosa e partidarizada, escolha os “melhores trechos” pra publicar.

    Já que essa mídia golpista escolherá os “vazamentos” que publicará, dizemos bem alto: queremos ser inundados de informações. O povo brasileiro não pode e não deve deixar que a turma a serviço dos corruptos selecione o que devemos conhecer ou não.

    Sabe-se que Temer foi citado 43 vezes em delações dos Executivos da Lava Jato. Queremos ler tudo! Queremos saber em que tramoias teria se metido Michel Temer, esse político medíocre, que nem conseguiu ser eleito presidente do centro acadêmico! Queremos conhecer todo o entulho de corrupção em que o traidor ancorou a nau sem rumo do golpismo brasileiro, tendo ele como capitão.

    A “Folha de S.Paulo” acaba de publicar reportagem dizendo do “alívio” do palácio do Planalto com a manutenção do sigilo sobre as delações.

    Segundo o repórter Valdo Cruz, “a equipe presidencial receia que quando o conteúdo das delações se tornar público, haverá turbulências políticas.”
    Temer, o PMDB e o PSDB não querem turbulências políticas porque isso pode atrapalhar seu projeto de aniquilação do país com uma política econômica desastrosa; porque pretendem aprovar a toque de caixa seu projeto de destruição da Previdência Social, que condena nossos idosos (mais os doentes e pessoas com deficiências) à terrível miséria exatamente quando mais frágeis. Porque querem aprovar a destruição dos direitos trabalhistas.

    Para tudo isso, eles precisam da paz dos cemitérios.

    Queremos saber tudo! Não confiamos na imprensa golpista. Que as delações sejam tornadas públicas de forma ampla e irrestrita. Que se faça a vontade de saber do povo brasileiro, que já não tolera mais mentiras, mais sujeiras e mais empulhações!

  • Morre dom Paulo Evaristo Arns. Morre um santo

    Morre dom Paulo Evaristo Arns. Morre um santo

    Morreu hoje (14/12), em São Paulo, o arcebispo emérito da capital paulista, cardeal dom Paulo Evaristo Arns, 95.
    Lutador pela liberdade, contra a Ditadura Militar, guardião dos Direitos Humanos, incentivador da Teologia da Libertação, foi um exemplo de coragem e amor ao próximo.
    A seguir, trechos da biografia escrita pelo jornalista :

    REGIME MILITAR

    Nomeado bispo em 1966, por decisão pessoal do papa Paulo 6º, a quem conhecera em Roma, voltou à terra natal para ser ordenado ao lado dos colonos de Forquilhinha [região de Criciúma, em Santa Catarina.].
    A seguir assumiu a função de bispo auxiliar de São Paulo, por uma improvável escolha do cardeal Agnelo Rossi, alinhado à ala conservadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
    Como bispo auxiliar da região norte da maior cidade brasileira, começou a visitar os presos comuns no Carandiru e, por designação do cardeal, foi ao presídio Tiradentes saber das condições de um grupo de frades dominicanos encarcerados por motivos políticos, entre eles frei Betto e frei Tito.
    Constatou que foram torturados e encontrou Tito esvaindo-se em sangue. Voltou ao cardeal e relatou o que viu. Para sua surpresa, como relata em “Da Esperança à Utopia”, ouviu de seu superior: “Muito obrigado dom Paulo, (…) mas outros me garantem que não há tortura nas nossas prisões”. Ele nunca criticou publicamente dom Agnelo pela declaração.
    Mas a partir desse batismo de sangue, assumiu em São Paulo a vanguarda da luta pelos direitos humanos e pela defesa dos presos políticos.
    Em outubro de 1970, foi designado titular do arcebispado em substituição ao cardeal Rossi, que foi servir em Roma. Outra vez, uma escolha pessoal de Paulo 6º, o papa que dom Paulo mais admirou e de quem se aproximara em passagens de estudos pelo Vaticano.
    À frente da Igreja de São Paulo, aplicou ensinamentos do Concílio Vaticano 2º e transformou em ações concretas a opção preferencial pelos pobres afirmada na Conferência Episcopal de Medellín, Colômbia, em 1968.
    Começou a gestão vendendo o imponente palácio episcopal. Com o dinheiro, comprou terrenos em bairros populares para construir centros comunitários e instalações religiosas modestas, dando início à “Operação Periferia”.
    Jogou os costumes principescos de seus antecessores pela janela. Surpreendeu os religiosos que o serviram na Cúria paulista ao sentar-se com eles às refeições.
    Inspirou-se no que ouviu do pai ao contar-lhe que queria ser padre: [você] “sempre será filho de colono e de seu povo”.
    Agindo como tal, investiu em trabalho comunitário, foi às periferias, voltou-se para os migrantes e espalhou Comunidades Eclesiais de Base pelos quatro cantos da cidade.
    Ao mesmo tempo, revitalizou o estudo doutrinário entre os religiosos e fez da evangelização um objetivo constante em todas as ações da Arquidiocese, até nos presídios.
    São dessa época seus grandes confrontos com os generais da ditadura. Enfrentou os sucessivos comandantes do 2º Exército (hoje Exército do Sudeste), sediado em São Paulo, e até presidentes da República.
    Num encontro com o presidente Emílio Garrastazu Médici, a conversa encerrou-se aos berros. Foi Médici quem decretou, depois, em 1973, a cassação da rádio Nove de Julho, tradicional emissora da igreja em São Paulo.
    Do mesmo modo, desafiou as autoridades civis de São Paulo, de governadores afinados com a ditadura a secretários de Segurança e delegados de polícia, tentando preservar a vida e assegurar os direitos fundamentais dos presos políticos.
    Com base no exemplo de Paulo 6º no Vaticano, reproduziu na Arquidiocese de São Paulo a Comissão Justiça e Paz, em 1972, indo buscar o jurista Dalmo de Abreu Dallari para ser seu primeiro presidente. Paulo 6º declaradamente o admirava e, no consistório de 1973, elevou-o a cardeal.
    Sem perder o foco na ação propriamente religiosa de que pouco se fala, usou a nova insígnia papal para se contrapor aos desmandos da repressão política. Apoiou decididamente o procurador de Justiça Hélio Bicudo em sua luta contra o Esquadrão da Morte -quadrilha policial de assassinos de que fazia parte um notório torturador e ícone da ditadura, o delegado Sergio Paranhos Fleury.
    Foi a Comissão Justiça e Paz que publicou nos anos 70 o livro de Bicudo sobre o Esquadrão, recusado por editoras comerciais.
    No período sofreu ameaças e calúnias —como denúncias anônimas tachando-o de homossexual. Sobre isso jamais se pronunciou, demonstrando absoluto desprezo por seus detratores.
    Mas admitiu ter sido informado de que o acidente de automóvel que sofreu no Rio de Janeiro fora na verdade um atentado à sua vida.
    Sobreviveu e ainda bateu muito na ditadura -por exemplo, patrocinando a publicação “Brasil: Nunca Mais”, sobre os mortos e desaparecidos na ditadura militar. Apanhou também.
    Um dos animadores de suas organizações de base, o operário Santo Dias, presidente da Pastoral Operária, foi assassinado pela polícia com um tiro nas costas durante uma manifestação popular.
    O nome do operário -“cuja sorte foi a mesma de Jesus Cristo pregado na cruz”, nas palavras de dom Paulo- tornou-se mais um símbolo da luta do cardeal com a criação, anos mais tarde, do Centro Santo Dias de Defesa dos Direitos Humanos, hoje internacionalmente conhecido.
    Na prisão, dom Paulo foi ainda visitar —e procurar proteger sob o manto cardinalício- sindicalistas e estudantes.
    No episódio Herzog, sua figura se agigantou. O regime militar fez de tudo para desqualificá-lo e ensaiou até manobras diplomáticas junto ao Vaticano por seu afastamento da Arquidiocese de São Paulo.
Foram esforços vãos.

    JOÃO PAULO 2º

    Surpreendentemente, sofreu seu maior revés no período da restauração democrática do país. Numa iniciativa cujas motivações mais profundas são até hoje mal explicadas, o papa João Paulo 2º fracionou a arquidiocese em seções menores e, por consequência, com menos poderes.
    Antes que o fato fosse consumado, o cardeal se queixou pessoalmente ao papa, que negou ter dado a ordem. Porém, como dom Paulo deixa claro em suas memórias, nada dessa magnitude acontece sem autorização expressa do pontífice.
    Também na campanha do Vaticano contra a Teologia da Libertação, arquitetada pelo então cardeal Joseph Ratzinger (depois papa Bento 16), João Paulo 2º agiu do mesmo modo.
    Disse a dom Paulo que não era contra a doutrina, mas deixou a Cúria Romana mandar um visitador para colher elementos processuais com vistas a bombardear a prática da Teologia da Libertação em São Paulo.
    Depois dessas contrariedades, o cardeal se afastou, em 1998, por limite de idade, do comando da Arquidiocese de São Paulo, levando o título de arcebispo emérito.
    Passou os últimos anos de sua vida entre orações, leituras e assistência aos idosos, recebendo ainda inúmeras homenagens, entre as quais a da presidente Dilma Roussef que, em 18 de maio de 2012, foi visitá-lo na Congregação Franciscana Fraternidade Nossa Senhora dos Anjos, em Taboão da Serra (SP).
    Na ocasião, Dilma contou a ele as providências do governo para criar a Comissão da Verdade, instalada poucos dias antes. Já bastante combalido, não fez comentários públicos a respeito.
    A rigor, seu derradeiro gesto de caráter político -embora de fundo religioso- ocorreu pouco antes de deixar o comando da Arquidiocese, em 1998, quando reagiu de forma dura às atitudes da Cúria Romana, levando João Paulo 2º a admitir, em uma difícil conversa pessoal com o cardeal brasileiro, que era, sim, o responsável final por aquelas decisões polêmicas.
    “A Cúria sou eu”, disse o papa, provocado por dom Paulo. Mais uma vez, então diante da autoridade máxima da Igreja Católica Romana, o frade mostrou que não era frouxo.

  • EDITORIAL DOS JORNALISTAS LIVRES  –  Pela unidade das forças democráticas! Pelo amor e pela esperança!

    EDITORIAL DOS JORNALISTAS LIVRES – Pela unidade das forças democráticas! Pelo amor e pela esperança!

    Em São Paulo, vamos votar em Fernando Haddad!
    No Rio, o voto é em Marcelo Freixo!

    Chegamos à véspera da eleição municipal de 2016, um ano difícil, de golpe e ameaças severas aos direitos e conquistas do povo pobre e oprimido. É em momentos como este que as forças democráticas e progressistas têm de assumir com mais seriedade a responsabilidade por suas opções. Porque tais escolhas implicarão bônus ou ônus fundamentais para as vidas de milhões de trabalhadores.

    Jornalistas Livres são uma rede de militantes pela democratização da mídia, que se juntaram há 18 meses para enfrentar a narrativa golpista, martelada em uníssono por todos os veículos da imprensa tradicional e oligopolizada – as tais seis famílias que tentam por todos os meios controlar os corações e mentes dos brasileiros.
    Neste período, estivemos ao lado dos movimentos sociais, dos partidos de esquerda, dos anarquistas, dos autonomistas, das mulheres, dos negros, dos LGBTTs, dos pobres, dos indígenas, dos sem-terra, dos sem-teto, dos secundaristas, dos professores, dos petroleiros, dos periféricos, da luta anti-manicominal, dos democratas, dos libertários. Sempre afirmando nossa vocação apartidária, sempre junto à luta dos explorados e oprimidos.

    Por tal histórico, parece-nos absurdo a esquerda estar dividida nesta hora, justamente nos municípios mais importantes do país: Rio de Janeiro e São Paulo.

    Se unidos estivessem, Fernando Haddad (PT) e Luiza Erundina (PSOL) em São Paulo, e Marcelo Freixo (PSOL) e Jandira Feghali (PCdoB) no Rio de Janeiro, teríamos uma chance de disputar o segundo turno em ambas as cidades.

    Infelizmente, os líderes do PT, PCdoB e PSOL não conseguiram construir essa frente política tão necessária. Então, somos nós, o povo, que temos de unir o que até agora está separado.

    No Rio de Janeiro, é Marcelo Freixo que reúne as maiores chances de ir para o segundo turno. Então, por muito que a gente respeite a admire a guerreira Jandira Feghali, votar nela, agora, é ajudar a fazer um segundo turno entre Marcelo Crivella (PRB) e Pedro Paulo (PMDB).

    O mesmo dilema existe em São Paulo, onde é Fernando Haddad quem tem mais chance de ir para o segundo turno. Então, por muito que a gente respeite e admire a trajetória da também guerreira Luiza Erundina, votar nela agora é ajudar a construir um segundo turno entre João Dória (PSDB) e Celso Russomano (PRB) ou Marta (PMDB) —todos golpistas.

    Está claro que o golpe e seus representantes nas políticas municipais querem destruir as conquistas do povo. Destruir políticas públicas. Destruir direitos. Destruir a liberdade.

    Lutar seriamente e responsavelmente para que o povo tenha, nas grandes cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, trincheiras de resistência ao avanço conservador, fascista e reacionário é levar Marcelo Freixo e Fernando Haddad ao segundo turno.

    Haddad e Freixo são a oportunidade e a esperança de construirmos, nas duas maiores cidades do Brasil, de maneira humana e democrática, focos de amor, arte, respeito à diversidade, alegria, direitos humanos e liberdade.

    Podemos desperdiçar essas oportunidades?

    Unidos somos fortes!

    Somos de esquerda. Somos jovens, somos mulheres, somos negros e negras. Somos trans, gays, lésbicas. Somos trabalhadoras e trabalhadores, somos artistas. Diante do dinheiro, da imprensa manipuladora, da justiça para poucos, de um Congresso nefasto e entreguista, nossas armas são nossos corpos, nossos desejos, nossa luta cotidiana e nossa inteligência.

    Não vamos abrir mão de estarmos todos juntos e misturados.

    Queremos de volta o país mais humano, justo, igualitário, solidário que estávamos construindo e que tentam agora destroçar, nos deixando atemorizados, solitários, tristes.

    Vamos manter a chama acesa diante das trevas que caem sobre o Brasil!

    Vamos votar nos candidatos da esquerda que podem ir ao segundo turno!
    Fernando Haddad em São Paulo e em Marcelo Freixo no Rio de Janeiro!

    Noix!

    #DiaDeHaddad13
    #Freixo50