Jornalistas Livres

Categoria: Editorial

  • Lula pede desculpas por usar “frase infeliz” para defender o SUS

    Lula pede desculpas por usar “frase infeliz” para defender o SUS

    “Eu tentei explicar que o SUS, depois de tão menosprezado no Brasil desde a sua criação pela Constituição de 1988 é, no auge da crise, que a gente tá começando a descobrir a importância de uma instituição pública que cuida da saúde pública. Foi isso o que eu tentei dizer e utilizei uma frase totalmente infeliz, uma frase que não cabia. (…) A palavra desculpa foi feita para usar. E eu peço desculpas se algum dos 210 milhões de brasileiros se sentiu ofendido por essa frase.”

    Foi assim o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se desculpou hoje (20/5) por declaração feita ontem em entrevista ao jornalista Mino Carta, da revista “Carta Capital”.

    Ao fazer a defesa do SUS, tão atacado pelos neoliberais, pelos cortes de gastos e pelo sucateamento do Estado, Lula disse:

    “Ainda bem que natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem, que os cegos comecem a enxergar, que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises.”

    A mídia tradicional, que nunca publica uma só frase do Lula, em acintosa atitude de boicote ao maior líder da oposição ao desgoverno de Jair Bolsonaro, agora vem posar de arauto da solidariedade, dando grande destaque à frase infeliz, da qual ela reproduziu apenas um trecho, em clara demonstração de má-fé. Está nas manchetes de toda a grande mídia que Lula disse: “Ainda bem que natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus”. Como se Lula estivesse homenageando o vírus.

    Trata-se de estelionato vergonhoso, cometido contra Lula, o cara que tirou 30 milhões de brasileiros da condição de miséria, e que pode ser acusado de tudo, menos de indiferença ao sofrimento do povo.

    Mas o Lula errou mesmo na declaração que deu. Não há nada de bom na Covid-19, que já matou mais de 18.000 brasileiros. E hoje (menos de 24 horas depois) Lula admite esse erro e pede desculpas. Humildemente, como convém aos grandes homens que são conscientes de seu papel na História.

    Só para lembrar, a Rede Globo, o jornal O Globo, a Folha de S.Paulo e outros órgãos da imprensa corporativa demoraram décadas para reconhecer que erraram ao defender a Ditadura Militar que prendeu, torturou e matou milhares de brasileiros.

     

     

  • Editorial – O “adulto na sala” ou ensaio para uma nova ditadura?

    Editorial – O “adulto na sala” ou ensaio para uma nova ditadura?

    O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, publicou na edição de ontem do jornal O Estado de S. Paulo um artigo de opinião intitulado Limites e Responsabilidades. No texto, o vice-presidente, que diversos setores da sociedade tentam vender como o “adulto na sala” e a opção “moderada” contra o governo de destruição nacional de Jair Bolsonaro, demonstra claramente não entender NADA sobre limites e responsabilidades. Ele ultrapassa todos os limites do cargo ao ameaçar, novamente, a imprensa, o Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional, os governadores dos estados que não estão alinhados incondicionalmente ao genocida que ocupa a presidência e até mesmo o direito de expressão individual de ex-presidentes da República. Portanto, Mourão não atenta à responsabilidade do cargo que possui atualmente e mata qualquer esperança de que numa eventual presidência pós-impeachment assumirá qualquer responsabilidade sobre os atos de Bolsonaro, a quem ajudou a eleger, sobre o apoio que segue dando ao genocida, ou mesmo sobre o papel fundamental de um governante que é unir a nação para resolver os problemas do povo.

    Ele ataca, mais uma vez, o jornalismo de modo geral ao dizer que “A imprensa, a grande instituição da opinião, precisa rever seus procedimentos nesta calamidade que vivemos. Opiniões distintas, contrárias e favoráveis ao governo, tanto sobre o isolamento como a retomada da economia, enfim, sobre o enfrentamento da crise, devem ter o mesmo espaço nos principais veículos de comunicação. Sem isso teremos descrédito e reação, deteriorando-se o ambiente de convivência e tolerância que deve vigorar numa democracia.” 

    Não, general, opiniões distintas NÃO devem ter o mesmo espaço quando se lida com vidas. Os jornalistas temos a responsabilidade de separar o que é fato, o que é opinião baseada em fatos e na ciência e o que é “achismo” ou declarações oportunistas de canalhas que querem se beneficiar do caos institucional sem se preocupar com as montanhas de cidadãos mortos. Se há intolerância na sociedade hoje, mais do que da imprensa a responsabilidade é de quem diz que os esquerdistas devem ser fuzilados e que torturadores assassinos são heróis, como fez o seu chefe e o senhor.

    As únicas frases corretas do texto estão no primeiro parágrafo: “Nenhum país do mundo vem causando tanto mal a si mesmo como o Brasil. Um estrago institucional, que agora atingiu as raias da insensatez, está levando o País ao caos”. No entanto, Mourão exclui do rol de limites e responsabilidades TODAS as ações do governo federal e joga sobre outros ombros a culpa pelo caos que vivemos, com perto de mil mortes diárias pela Covid-19 em números oficiais. Aliás, assim como seu ainda chefe, o general não fez qualquer referência no artigo ao sofrimento de milhares de famílias que perderam seus entes queridos, no dia em que o país somou oficialmente mais de 14 mil mortes. O tópico não faz parte dos quatro elencados por Mourão, mas e daí, né? Contudo, também a exemplo do chefe, o militar aproveitou o cargo no governo para dar o filé mignon ao filho, que foi promovido duas vezes no Banco do Brasil para ganhar mais de 36 mil reais.

    O estrago institucional em que estamos é consequência direta do golpe parlamentar/judiciário/midiático que tirou ilegalmente a presidenta Dilma Roussef do cargo. Quando um juiz de primeira instância grava e divulga ilegalmente uma conversa da presidenta e não é exonerado, há um enorme estrago institucional. Quando um ministro do STF impede que a presidenta escolha livremente um ministro da Casa Civil para se articular politicamente e impedir o impeachment, o golpe na institucionalidade é ainda maior. Quando um deputado federal vota pelo impeachment homenageando no Congresso um assassino e torturador e não sai de lá preso, a institucionalidade está ferida de morte. Quando um ex-presidente é condenado sem provas por “atos indeterminados” impedindo sua candidatura, rasgando até decisões em contrário da ONU e o ex-juiz responsável por isso vira ministro da justiça do candidato que beneficiou ilegalmente, é o fim da institucionalidade. Tudo o que temos hoje é fachada, é verniz, é disputa do butim. E os Jornalistas Livres avisaram disso em 2016.

    Mas, como disse o vice escolhido por ter feito em 2017 defesa enfática da ditadura de 1964 a 1985 e de uma intervenção militar, ainda “Há tempo para reverter o desastre. Basta que se respeitem os limites e as responsabilidades das autoridades constituídas” . Neste momento é passada a hora das autoridades constituídas assumirem suas responsabilidades dentro de seus limites. O Tribunal Superior Eleitoral, por exemplo, deve julgar urgentemente as eleições de 2018 e cassar a chapa eleita (Bolsonaro E Mourão) por caixa-dois e uso massivo de fake news como fartamente provado pela imprensa. O Supremo Tribunal Federal deve urgentemente votar a suspeição de Sergio Moro como juiz nos casos envolvendo Lula e anular a condenação do ex-presidente, como é consenso no mundo jurídico sério. O presidente do Congresso, Rodrigo Maia, deve escolher o quanto antes um dos mais de 30 pedidos de impeachment contra Bolsonaro e colocar em votação, já que não faltam crimes de responsabilidade provados. E mais, votar também a proposta de lei que exige novas eleições em 90 dias no caso de impeachment. Afinal, o país só poderá retornar à normalidade democrática quando de fato houver eleições limpas, com debates sobre projetos de governo e a presença de todos os principais candidatos dos partidos.

     

    Foto: www.mediaquatro.com
  • DANIEL HÖFLING: Manifesto anti-barbárie (remédios contra a crise)

    DANIEL HÖFLING: Manifesto anti-barbárie (remédios contra a crise)

    A inadequação de Bolsonaro ao posto presidencial já era evidente muito antes das eleições. Entretanto, o advento do COVID-19 explicitou a total incapacidade do atual chefe de Estado para tomar as medidas necessárias ao combate diligente às agruras ainda em estágio embrionário, que avassalarão a economia e a sociedade brasileiras em breve. A barbárie está por vir e, dada a incompetência de Bolsonaro e de parte considerável de sua equipe, cabe à sociedade propor e exigir determinadas medidas antes que o caos se instale por completo em nosso país. A primeira medida é, obrigatoriamente, abandonar a obsessão da equipe econômica pela austeridade e injetar recursos na economia como vêm fazendo países mais ricos e mais pobres do que o Brasil.

    É preciso ter ciência de que os efeitos deletérios do COVID-19 no Brasil serão muito maiores do que nas demais nações desenvolvidas. Tanto do ponto de vista econômico quanto social e político, nossas condições são muito piores do que as dos países desenvolvidos e mesmo da China. Nossa capacidade de enfrentamento do problema como um todo (econômico e sanitário) é muito mais limitada e frágil e,
    portanto, precisamos urgentemente tomar atitudes com o objetivo de mitigar o porvir. Da mesma maneira que as autoridades acertaram ao antecipar medidas de isolamento e de fechamento de estabelecimentos não essenciais, as esferas governamentais precisam agora canalizar esforços para que o Brasil não se enterre economicamente. Porque, se isso acontecer, num país extremamente desigual e com elevado nível de pobreza como o nosso, estaremos a um passo da guerra de todos contra todos.

    A economia brasileira está regredindo há cinco anos. Acrescido a isso, temos outros problemas estruturais:

    1) Diminuta capacidade de coordenação entre as esferas governamentais (municipal, estadual e federal);

    2) Insuficiente infraestrutura sanitária para atendimento e combate ao COVID-19;

    3) Precárias condições de infraestrutura urbana (habitacionais, transporte, comunicação);

    4) Mercado de trabalho altamente informal, com baixos salários e direitos trabalhistas em desconstrução permanente;

    5) Ausência de um Estado de Bem-Estar Social. É importante frisar que os problemas supracitados não existem ou apresentam-se muito mais brandos nos países desenvolvidos e na China do que no Brasil. Nosso ponto de partida no enfrentamento da crise é muito pior. Somente duas coisas nos favorecem: o tempo e a experiência dos demais países.

    O Parlamento Europeu anunciou a suspensão das regras de disciplina orçamentária na União Europeia para que seus países estimulem o “quanto for necessário” suas economias. Os Estados Unidos anunciaram que enviarão um cheque de US$ 3.000,00 aos necessitados. A Venezuela anunciou hoje que pagará salários aos trabalhadores por 6 meses para que fiquem em suas casas. El Salvador anunciou a
    suspensão do pagamento das contas de energia, luz, telefone, internet, aluguel e um pacote de créditos subsidiados. Por sua vez, na completa contramão, o governo Bolsonaro toma medidas paliativas e ineficazes como a antecipação de 50% do 13º para aposentados e
    pensionistas ou a natimorta MP 927. Simplesmente nosso governo faz o oposto dos demais. Todos estão tomando medidas emergenciais consubstanciadas na transferência direta de renda aos necessitados para que suas economias não mergulhem numa recessão de proporções inimagináveis. Já Bolsonaro e sua equipe tomam medidas para nos precipitar ao buraco. Nós somos hoje o (-1) do mundo. Não sem razão Ian Bremmer, presidente do Eurasia Group –consultoria especializada na análise de riscos políticos globais–, classificou Bolsonaro como o “líder mais ineficaz” do planeta no combate ao COVID-19.

    Quando a crise econômica –fruto da regressão econômica anterior somada aos efeitos do COVID-19– realmente chegar, teremos milhões de pessoas jogadas na rua sem qualquer ocupação ou renda. Aos 13 milhões que estavam desocupados antes do COVID-19, acrescentar-se-ão muitos outros milhões. O número de desamparados será imensurável. Não adianta nem tentarmos quantificá-los. Entretanto, existem projeções que apontam para 50 milhões de desempregados nos próximos meses –quase metade da população economicamente ativa do país. Os efeitos no PIB e na renda serão desastrosos.

    Parte considerável dos ocupados encontra-se na construção civil, no varejo, nos bares e restaurantes e no comércio ambulante. Todas estas atividades sofrerão um baque tremendo a partir desta semana quando se intensificarão, corretamente, as paralisações e fechamentos. Milhões de pessoas ficarão abandonadas. O impacto é inimaginável; suas consequências também. Saques, latrocínios, invasões e destruição estarão na ordem do dia! A ausência de recursos para o mínimo da sobrevivência em meio ao espraiamento viral e ao isolamento doméstico levará justificadamente qualquer mãe ou pai a ações
    desesperadas. É bom lembrar que morrem mais de 60 mil pessoas por ano assassinadas no Brasil, sem o COVID-19. Esse número tornar-se-á irrisório quando o caos se instalar.

    Há no horizonte a possibilidade real de uma desorganização social generalizada no Brasil, na qual ninguém ganhará e todos perderão! Neste sentido, este Manifesto exige medidas emergenciais concretas e factíveis por parte do governo para que uma guerra civil não se instale no país.

    É preciso direcionar recursos, via transferência direta, para os mais afetados pela crise! Quem serão estes? Os pobres, os trabalhadores informais dos setores mais afetados e os donos dos pequenos negócios dos setores diretamente impactados, que não terão condições de sobreviver sem sua receita ordinária. O foco da ação deve ser esse grupo de indivíduos. Quatro medidas necessárias, ainda que insuficientes, devem ser tomadas:

    1) Pagamento de 1 salário mínimo a todos os desempregados por seis meses;

    2) Todos os desempregados e donos de pequenos negócios afetados não devem pagar contas de energia, telefone, luz e água até outubro de 2020. Após esta data, o acumulado destes 6 meses será diluído nas contas posteriores em 24 vezes sem juros;

    3) Crédito direcionado, sem juros, com início de pagamento em outubro de 2020 e parcelado em 24 vezes para os pequenos negócios afetados;

    4) Tabelamento do preço de custo para os produtos de primeira necessidade.

    As medidas acima demandam, obviamente, o abandono da obsessão pelo teto de gastos. Outras ações são bem-vindas, como a elevação do imposto sobre grandes fortunas ou o incremento da taxação sobre os polpudos lucros bancários –bastante razoáveis quando constatamos que os milionários no Brasil são os que pagam menos impostos no mundo em sua categoria, ao passo que os lucros dos nossos bancos estão entre os mais elevados do planeta. É importante insistir: caso a austeridade não seja imediatamente rechaçada nos tornaremos o laboratório da luta pelas reformas em meio ao caos econômico e social. Seremos o único país na face da terra (redonda) a praticar tamanha
    insensatez; a cobaia do corte de gastos públicos em meio à destruição social. E o resultado disso, num dos países mais desiguais do globo, com os maiores níveis de pobreza e riqueza existentes, será definitivamente violento. Como disse o presidente de El Salvador ao anunciar suas medidas emergenciais: “A única cura para essa crise é a solidariedade”.

    Precisamos da “solidariedade” fiscal do Estado brasileiro e da “solidariedade” tributária dos ultra-ricos no Brasil. É verdade que isso nunca aconteceu antes. Mas uma crise profunda de consequências catastróficas como essa também não.

    Daniel de Mattos Höfling

    é doutor em Economia

    pela Unicamp

    (Universidade Estadual de Campinas)

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  • Editorial: Conhecereis os fatos e a verdade aparecerá

    Editorial: Conhecereis os fatos e a verdade aparecerá

    O jornalismo, assim como a ciência, não se pretende detentor da “verdade”. Nossa matéria-prima são os fatos. E os fatos bem apresentados a leitores, ouvintes e telespectadores são fundamentais para cidadãos tomarem decisões políticas. Jornalistas sérios, como a colega Patrícia Campos Mello, apuram, documentam e relatam fatos importantes para a compreensão da realidade cotidiana. Foi exatamente isso que ela fez na premiada série de reportagens que demonstrou, com dados, fatos e documentos, a contratação de empresas de “marketing” para o ilegal e milionário disparo em massa de mensagens de WhatsApp destinadas a favorecer a candidatura de Jair Bolsonaro e outros políticos de extrema direita  nas eleições de 2018. Como atestaram entidades do porte da Organização dos Estados Americanos, o Brasil foi o primeiro caso documentado em que as fake news (MENTIRAS, em bom português) distribuídas massivamente por celulares tiveram papel decisivo nas eleições majoritárias de uma grande democracia. Mais tarde, reportagem do jornal britânico The Guardian trouxe uma pesquisa provando que 42% de mais de 11 mil mensagens virais utilizadas durante a campanha eleitoral no Brasil traziam conteúdo falso (MENTIRAS) que favoreciam o então candidato de extrema direita à presidência.

    Os fatos, portanto, são que campanhas de extrema direita por todo país, incluindo a presidencial, se utilizaram de recursos ilegais e fake news para eleger seus candidatos. Os fatos são que os órgãos de fiscalização das eleições, como o Tribunal Superior Eleitoral, viram isso acontecer e não tomaram, à época, as atitudes que deveriam tomar. Os fatos são que o homem que ocupa a presidência e seus asseclas se elegeram e governam por meio de mentiras e ilegalidades. O fato é que por meio dessas mentiras, o governo caminha rapidamente para um fascismo aberto e ataca diariamente todas as instituições democráticas brasileiras, especialmente as que trabalham com fatos, como o jornalismo. E os fatos são que, apesar de gostarem de usar um versículo bíblico associando verdade e liberdade, o que se tem são mentiras e agressões diárias contra pessoas que trabalham com fatos, como cientistas e jornalistas.

    Ontem, o Brasil viu estarrecido a escalada de um novo patamar nas mentiras, baixarias, calúnias e difamações, apoiadas e divulgadas pelo governo, contra uma jornalista e, portanto, contra toda a imprensa séria nacional. Patrícia Campos Mello foi alvo, em pleno Senado da República, não somente de mentiras sobre sua atuação profissional impecável no caso, mas também de calúnias de conteúdo sexual, o que demonstra, mais uma vez com fatos, que esse governo não apenas é fascista e mentiroso, como também machista e misógino. A Patrícia, toda a nossa solidariedade e apoio, tanto pessoal como profissional.

    É passada a hora de a imprensa brasileira dar um basta nas mentiras e agressões desse governo que tomou posse há mais de um ano num evento grotesco em que os jornalistas foram confinados longe dos políticos e ameaçados de serem baleados se tentassem se aproximar. Não é possível que os colegas da mídia hegemônica sigam aceitando as “coletivas” da porta do Palácio do Planalto em que o homem que ocupa a presidência os xinga, manda calarem a boca, destrata os veículos para os quais trabalham e foge cada vez que é feita uma pergunta diferente da que ele quer responder. É urgente que jornais, rádios, TVs e portais noticiosos PAREM de tratar esse governo como “normal” e usem as palavras corretas para designar os fatos. Mentiras são mentiras. Fascismo é fascismo. Extrema direita é extrema direita. Retirada de direitos é retirada de direitos. Autoritarismo é autoritarismo. Corrupção é corrupção. Milícia é milícia. E bandidos são bandidos.

    A sociedade e os democratas brasileiros devem exigir das autoridades que ainda não foram totalmente cooptadas por esse governo fascista que façam funcionar as instituições democráticas. Os mentirosos e caluniadores precisam ser processados. Os crimes, inclusive de morte como da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, precisam ser investigados e punidos. Os políticos que se beneficiaram de esquemas de corrupção, financiamento ilegal de campanhas e difusão em massa de mentiras precisam ser cassados, ainda que se faça necessário anular as eleições de 2018.

    Não é a mentira manipulada com o uso versículos bíblicos para enganar a população de boa fé que vai nos libertar. Nossa libertação como nação virá da VERDADE proveniente dos FATOS. E para isso, uma imprensa forte e independente é fundamental.

  • EDITORIAL: Neymarzinho e Neymarzão às voltas com a mulher-diaba!

    EDITORIAL: Neymarzinho e Neymarzão às voltas com a mulher-diaba!

    Neymar é inocente! A Globo quer que seja! O machismo quer que seja! A CBF quer que seja! Os patrocinadores dele querem que seja —Neymar possui patrocínio de “gigantes”, como Nike, Air Jordan, Qatar Nacional Bank, Beats by Dre, Red Bull, McDonald’s, Wish, EA Games, Gillette, Honda, Mastercard e Panini, entre outros.

    “A mulher que o acusa é uma oportunista”.
    “Foi uma armadilha”.
    “Um homem tentou chanteagear o pai do Neymar em nome dela”.

    O big business em torno da marca Neymar Jr. se crispa de nervoso com a acusação: “ESTUPRADOR”.

    ♦Ah, mas a moça foi pra Paris com tudo pago pelo craque! Ficou hospedada em um hotel de luxo.
    ♦Trocou mensagens “quentes” com Neymar, afirmam as colunas de fofocas e os programas vespertinos da TV, como se isso justificasse alguma coisa.

    “Quem está na chuva é pra se molhar”, alega o machismo!

    Então, vamos lá!

    1. Neymar gravou um vídeo logo depois de a moça fazer a denúncia do estupro, em que confirma que os dois combinaram o encontro e que ele a convidou para ir a Paris. Também teria havido troca de mensagens e de fotos e vídeos entre eles, com conteúdo erótico.
    2. Pela denúncia divulgada, Neymar chegou ao hotel embriagado e a forçou ao sexo contra a vontade dela. O nome disso é ESTUPRO. Sempre que um homem força uma mulher a atos sexuais contra a vontade dela, o nome é ESTUPRO. Pode ser um desconhecido, o marido, pode ser namorado, amante, pode ser ficante, rolo ou o que for. É ESTUPRO. E quem o comete é ESTUPRADOR.
    3. Só o machismo e a rendição sem vergonha ao poder econômico e midiático de Neymar e seus patrocinadores autoriza alguém, no atual estágio das investigações, a atacar a honra e a credibilidade da moça que denuncia o atleta.
    4. O pai de Neymar disse que um advogado apresentou-se em sua casa, dizendo representar a moça e chantageando-o para não acusar o jogador. O nome desse advogado? Ninguém sabe. A conversa com esse advogado também não foi registrada pelo empresário-pai de Neymar, apesar de ter sido realizada no apartamento dele. Esquisito, não é? Alguém parou para pensar que essa reunião, se ocorreu —SE—, pode não ter sido pedida ou organizada pela moça?
    5. Para provar que foi “seduzido” pela moça, Neymar mostrou vídeos íntimos que ela lhe mandou. Cometeu mais um crime. Divulgar a intimidade de alguém é crime, e é passível de indenização por dano moral e material, como determina a Constituição Federal em seu artigo 5º inciso X: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.”
    6. Neymar Jr. e os executivos dos negócios que envolvem sua marca sabem muito bem que a moça ficaria famosa se aparecesse como a nova namorada do craque… Se ela fosse mesmo uma oportunista, uma aventureira, ela poderia conseguir uma vaga como apresentadora em algum programa da RedeTV, virar “fazendeira” na Record, aparecer na capa da revista Caras, dar uma entrevista no Fantástico, ou o que for. Por que ela teria preferido esse penoso caminho da denúncia, sabendo que enfrentaria o machismo e todas as suspeitas que, inevitavelmente recairiam –como estão recaindo— sobre ela?
    7. Infelizmente, em pleno 2019, e apesar de lutas travadas por mulheres corajosas como as que denunciaram o assédio em Hollywood ou na TV Globo, antes de mais nada, as pessoas ainda desconfiam da mulher, “diaba”, “sedutora”, “traiçoeira”, “bruxa dos infernos”, que enganou o pobre menino rico Neymar. Coitado!
    8. E, como a Justiça no Brasil está em frangalhos, pautando-se vexaminosamente pelo poder da big mídia, o mais provável é que assistamos à Copa América que se iniciará no dia 14 de junho abraçados e abraçadas, todas e todos, em firme convicção (porque é isso o que importa, não é?) na “honestidade” do atleta cai-cai. Porque, sabemos, no fundo, que o que conta é a bola rolando, os milhões entrando e algum blá-blá-blá que o Galvão Bueno invente pra nos distrair dessa triste realidade.

    #Metoo

  • EDITORIAL: SOLIDARIEDADE A PATRÍCIA CAMPOS MELLO

    EDITORIAL: SOLIDARIEDADE A PATRÍCIA CAMPOS MELLO

    Folha de S.Paulo entrou com uma representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nesta terça (23) solicitando à Polícia Federal que investigue ameaças contra a jornalista Patrícia Campos Mello, autora da reportagem “Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp“, publicada na quinta-feira (18).

    Patrícia recebeu centenas de mensagens nas redes sociais das quais participa e por e-mail. Entre sexta-feira (19), dia seguinte à publicação, e terça (23), um dos números de WhatsApp mantidos pela Folha recebeu mais de 220 mil mensagens de cerca de 50 mil contas do aplicativo.

    Trata-se de uma ação orquestrada pelas redes de apoiadores do candidato Jair Bolsonaro, com o claro propósito de intimidar e constranger a liberdade de informação e de expressão. E isso não é por acaso.

    Reiteradamente, Jair Bolsonaro tem se manifestado contrário à Democracia e ao direito de divergir. Como nostálgico da Ditadura e um idólatra de torturadores, ele está ao lado dos assassinos do jornalista Vladimir Herzog e contra a busca da verdade que consiste na própria razão de ser do Jornalismo.

    É esse ventríloquo do Fascismo que estimula as hordas de robôs a atacar os repórteres e os veículos que eles consideram “inimigos”, simplesmente porque ousam expor uma realidade diferente daquela em que eles crêem.

    Nos últimos anos, Jornalistas Livres têm manifestado seguidamente suas críticas à cobertura facciosa da grande mídia, Folha de S.Paulo incluída, que tudo fez para desacreditar e enxovalhar Lula e os movimentos sociais.

    Agora mesmo, a Folha segue considerando a candidatura de Jair Bolsonaro como uma postulação de “direita”, em vez de chamá-la de “extremista” e “radical”, já que abertamente militarista, defensora da Ditadura, da tortura e da violação dos direitos humanos, contrária aos direitos das minorias e adepta da ruptura da ordem Democrática, quando seus interesses são contrariados.

    É uma pena que um jornal impresso como a Folha, para o qual a Palavra em seu sentido preciso deveria ser sagrada, recuse-se a qualificar Jair Bolsonaro e seu projeto político com clareza. Recuse-se a apontar-lhe a covardia de fugir ao confronto de idéias e projetos com seu opositor, Fernando Haddad. Recuse-se a denunciar-lhe a truculência desabrida e o discurso rasteiro e insuflador da violência.

    Bolsonaro é Fascista. Ele quer a Censura. Ele admira torturadores. Ele acha correto propor a morte de seus opositores. E ele precisa ser contido pelas forças democráticas esclarecidas e iluminadas pelo debate franco e aberto. Antes que seja tarde demais.

    Nossa solidariedade à nossa colega Patrícia Campos Mello. Contra a censura e contra o Fascismo.

    #EleNão #HaddadSim