Jornalistas Livres

Categoria: Intervenção Militar

  • Boletim divulgado pela FAB contraria general de pijama

    Boletim divulgado pela FAB contraria general de pijama

    As Forças Armadas não parecem estar de acordo entre si. Acaba de ser divulgado Boletim da FORÇA AÉREA BRASILEIRA — Asas que protegem o País, sobre a conjuntura.

    Bem mais tranquilizadora do que a manifestação do general Villas Boas pelo Twitter, ontem, a nota do comandante da Aeronáutica reitera o respeito à Constituição e clama por serenidade: “É muito importante que todos nós, militares da ativa ou da reserva, integrantes das Forças Armadas, sigamos fielmente à Constituição, sem nos empolgarmos a ponto de colocar nossas convicções pessoais acima daquelas das instituições.”

    Leia a íntegra aqui:

    Nº 03/18 – Brasília, 04 de abril de 2018
    DIVULGAÇÃO
    PARA CONHECIMENTO DE TODOS
    OS INTEGRANTES DO COMANDO
    DA AERONÁUTICA
    AÇÃO DE COMANDO
    Determino aos Srs. Comandantes, Chefes e
    Diretores que divulguem, na íntegra, ao Público
    Interno dessa Organização Militar, a matéria
    contida neste Boletim.
    ESCLARECIMENTOS DO COMANDO DA
    AERONÁUTICA DIANTE DAS REPERCUSSÕES
    MIDIÁTICAS SOBRE O CONTEXTO
    ATUAL DO PAÍS
    Comandante da Aeronáutica

    Esclarecimentos do Comando da Aeronáutica diante das repercussões midiáticas sobre o contexto atual do país

    O Brasil amanhece hoje prestes a viver um dos momentos mais importantes da sua história.
    Hoje serão testados valores que nos são muito caros, como a democracia e a integridade de nossas instituições. Instituições essas que têm seus papéis muito bem definidos no arcabouço legal da Nação.
    Num momento como este, os ânimos já acirrados intensificam-se ainda mais com a velocidade das mídias sociais, onde cada cidadão encontra espaço para repercutir a sua opinião, em prol do que julga ser o país merecedor.

    Entretanto, as necessidades da Nação vão bem mais além. O Brasil merece que seus cidadãos se respeitem e sejam respeitados, que os poderes constituídos atuem em consonância com preceitos éticos e morais dos quais possamos nos orgulhar, que os cidadãos possam ir e vir em segurança, além de tantos outros direitos básicos que hoje o Brasil ainda não oferece para uma boa parte do seu povo.
    Nestes dias críticos para o país, nosso povo está polarizado, influenciado por diversos fatores. Por isso é muito importante que todos nós, militares da ativa ou da reserva, integrantes das Forças Armadas, sigamos fielmente à Constituição, sem nos empolgarmos a ponto de colocar nossas convicções
    pessoais acima daquelas das instituições.

    Os poderes constituídos sabem de suas responsabilidades perante a nação e devemos acreditar neles. Tentar impor nossa vontade ou de outrem é o que menos precisamos neste momento. Seremos sempre um extremo recurso não apenas para a guarda da nossa soberania, como também para
    mantermos a paz entre irmãos que somos. Acima de tudo, o momento mostra que devemos nos manter unidos, atentos e focados em nossa missão.

  • GENERAL VILLAS BOAS CHANTAGEIA A JUSTIÇA

    GENERAL VILLAS BOAS CHANTAGEIA A JUSTIÇA

     

     

    Tuíte do general Villas Boas: ameaça

    O tuíte do general Villas Boas, comandante do Exército, é a maior chantagem à Justiça desde a ditadura. O Supremo tem, agora, uma arma apontada contra os juízes: ou votam contra o HC de Lula e pela prisão em segunda instância, ou… ou o que, general? Traem a pátria? Traem o interesse público? Contrariam suas convicções pessoais? Desagradam sua corporação?

     

    Se o ministro Fachin tinha sido ameaçado, agora teria razões para denunciar a chantagem. Vivemos uma sequência de ataques à democracia e à independência dos poderes. Marielle e Anderson assassinados, a caravana de Lula agredida com tiros e impedida, pela violência, de seguir viagem, a mídia ensandecida porque a direita não encontra um candidato viável.

    Querem o quê? Prender Lula? Se não bastar, pretendem o quê? Suspender as eleições ou neutralizá-la com o parlamentarismo tirado do bolso do colete nas vésperas do pleito? O que muita gente boa parece não entender é que o impeachment, na atmosfera envenenada por um antipetismo patológico, abriu caminho para que saíssem do armário todos os espectros do fascismo.

    Não sou petista: sou anti-anti-petista. O anti-petismo é o ingrediente que faz as vezes do anti-semitismo, na Alemanha nazista. O anti-petismo identifica O CULPADO de todas as perversões, o monstro a abater, o bode expiatório, a fonte do mal. O anti-petismo gerou o inimigo e gestou a guerra político-midiática para liquidá-lo, guerra que se estende, sob outras formas (mas até quando?), às favelas e periferias, promovendo o genocídio de jovens negros e pobres, e aniquilando a vida de tantos policiais, trabalhadores explorados e tratados com desprezo pelas instituições.

    Há um fio de sangue que liga as palavras ameaçadoras do general, interferindo na autonomia do Supremo, na véspera do julgamento do Habeas Corpus de Lula, a agenda regressiva que cancela direitos, as balas contra a caravana de Lula e a execução de Marielle e Anderson. Os autores não são os mesmos, e existem contradições entre eles, mas há uma linha de continuidade porque todas ocorrem no cenário de degradação institucional criado pelo anti-petismo e nele se inspiram.

    Ser contrário ao anti-petismo, mesmo não sendo petista, é necessário para resistir ao avanço do fascismo. Os que votaram pelo impeachment e, na mídia, incendiaram os corações contra Lula e o PT, sem qualquer pudor, não tendo mais como recuar, avançam ao encontro da ascensão fascista, que ajudam a alimentar, voluntária e involuntariamente. Não podemos retardar a formação de ampla aliança progressista pela democracia, uma frente única anti-fascista.

    ***Luiz Eduardo Soares é um antropólogo, cientista político e escritor brasileiro. Soares é um dos maiores especialistas em segurança pública do país.

  • Pearl Jam põe tucano com arma em favela carioca

    O poster do show da banda Pearl Jam hoje (21 de março) no Rio de Janeiro traz como tema a intervenção militar no estado. Seu vocalista, Eddie Vedder, sempre foi um ativista das causas sociais, em sua maioria de esquerda (de sua geração, talvez apenas o Rage Against the Machine rivalize nesse quesito). É bastante provável, portanto, que ele se manifeste sobre o assunto e sobre a execução da vereadora do Psol Marielle Franco.

    O autor da imagem é Ravi Zupa (https://www.facebook.com/RaviAmarZupa/?fref=mentions). Em nota sobre sua inspiração para o desenho, Zupa diz ser “uma homenagem ao Rio de Janeiro – especialmente aos moradores das favelas que, apesar da desigualdade obscena, encontram maneiras de construir cidades nas encostas das montanhas”. Sobre a escolha dos animais nos potes de cerâmica (tema recorrente em seu trabalho), ele disse ter retratado espécies de pássaros nativos do Brasil: tucano, papagaio e bem-te-vi.

    Sem conversar com o autor é impossível saber seu nível de conhecimento da realidade brasileira atual. E muito menos da política nacional. O inconsciente coletivo, no entanto, permeia sempre nossas produções artísticas e culturais, influenciando tanto a criação como a interpretação.

    As leituras semióticas possíveis são muitas. Além da óbvia militarização da favela, temos em primeiro plano o pássaro símbolo do PSDB, sócio de primeira hora do então PMDB no golpe de estado, portando uma AK47. Logo atrás, à direita, o papagaio remete ao clássico personagem, Zé Carioca, criado pelo próprio Walt Disney na década de 1940 em meio às estratégias da embaixada dos Estados Unidos para conseguir o apoio do Brasil aos Aliados contra a Alemanha Nazista. O “malandro carioca” já não é um personagem simpático. O verde do papagaio pode facilmente lembrar as fardas do exército. Como as cores naturais estão diferentes no desenho, as novas gerações podem tender a associar a ave a outra espécie e outro personagem: a arara Blue, do filme Rio, de Carlos Saldanha. Nesse caso, o substantivo compunha, durante a ditadura, um outro sentido com mais uma palavra: pau de arara.

    #IntervençãoÉfarsa
    #MariellePRESENTE
    #PearlJamNoRioDeJaneiro

  • Sargentos gays vão ao CNJ contra desembargadora que caluniou Marielle

    Sargentos gays vão ao CNJ contra desembargadora que caluniou Marielle

     

     

    Os sargentos gays FERNANDO ALCÂNTARA DE FIGUEIREDO e LACÍ MARINHO DE ARAUJO ganharam fama em junho de 2008, quando denunciaram a homofobia institucional no Exército do Brasil. Primeiro casal homossexual assumido na ativa das Forças Armadas no Brasil, os dois foram matéria de capa da revista Época, o que lhes custou uma série de retaliações envolvendo ordem de prisão, atentados e até mesmo tortura física. O caso de ambos os sargentos já foi admitido pela Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), que acolheu a denúncia deles e transformou o Estado brasileiro em RÉU, acusado do crime de ódio; no caso, homofobia.

    Desde então, Fernando e Lací lutam pelo reconhecimento de seus direitos e de todos aqueles que sofrem com o preconceito. Assim, em 1º de dezembro de 2010, fundaram o Instituto SER de Direitos Humanos e da Natureza, organização sem fins lucrativos que atua em direitos sociais e ambientais.

    A desembargadora MARÍLIA CASTRO NEVES, em foto no seu perfil do facebook

    Dessa forma, entre outras frentes de luta, eles ingressaram nesta terça-feira (20/3) com uma Reclamação Disciplinar junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), contra a flagrante atuação degradante por parte da desembargadora MARÍLIA CASTRO NEVES, que escreveu um post nas redes sociais, em que caluniou a vereadora assassinada Marielle Franco, dizendo que ela “estava engajada com bandidos” e “não era apenas uma lutadora”.

    Fernando e Lací requisitaram ao CNJ a “urgência” e a “punição” que o caso requer. Abaixo, a reclamação deles, entregue ontem ao CNJ.

  • Intervenção Militar em debate

    Intervenção Militar em debate

    Após a decisão do governo federal de invadir as favelas cariocas com tropas militares, inúmeras denúncias de abusos de autoridade passaram a fazer parte do noticiário e a preocupar entidades que atuam em defesa dos direitos humanos no país. Fichamento obrigatório, solicitações para abate de suspeitos, relatos de violência e revistas em crianças são algumas das práticas que tem aterrorizado os moradores dessas comunidades.

    Para discutir esse cenário, o coletivo “Precisamos Falar e Agir contra o Fascismo” promove o debate “Intervenção”, no próximo dia 12 de março, no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro. Os convidados são, Buba Aguiar, moradora da Favela de Acari, estudante de Ciências Sociais e militante do Coletivo Fala Akari; Eugênio Aragão, professor titular de Direito Internacional da UnB e ex-Ministro da Justiça; Tales Ab’Sáber, psicanalista e professor no curso de Filosofia da UNIFESP; e Raull Santiago, morador do Alemão, comunicador do Coletivo Papo Reto e coordenador do Movimentos – Política de Drogas e Favela. A curadoria e mediação é da psicanalista Débora Abramant.

    O evento inaugura o novo ciclo de debates em 2018, organizado pelo Coletivo “Precisamos Falar e Agir contra o Fascismo”, que já realizou cinco edições em 2017, com presenças destacadas no universo intelectual e político, como Jean Willis, Maria Rita Kehl, Joel Birman, Fernando Haddad, Rubens Casara, Celso Amorim, Denise Portinari, Paulo Nogueira Baptista Jr., Francineia Fontes (líder indígena da etnia Baniwa), Lúcia Xavier, MCs do Alemão, entre outros pensadores, estudiosos e ativistas ligados ao tema.

    O grupo, formado pelos psicanalistas Débora Abramant, Ana Muniz e Aldo Zaiden, e o ativista Reikrauss Raimond, também lançou a nova página no Facebook “Precisamos Agir e Falar Contra o Fascismo”, para dar suporte às discussões e promover os eventos. Lá, é possível fazer críticas, sugestões e, principalmente, acompanhar a transmissão dos debates. Existe uma expectativa de que novas edições ocorram em outras cidades brasileiras. O Coletivo Jornalistas Livres também passa a integrar o grupo e fazer as transmissões, ao vivo, pela internet.

    O Teatro Oi Casa Grande fica na Rua Afrânio de Melo Franco, 290 – Leblon. O início do debate está marcado para as 20h00.