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Categoria: Geopolítica

  • O Brasil vota contra resolução que garante aos palestinos acesso à saúde

    O Brasil vota contra resolução que garante aos palestinos acesso à saúde

    Por Sarah Nafe / Sanaud – Juventude Palestina

    Anualmente no mês de maio, acontece em Genebra (Suíça) a Assembleia Mundial da Saúde (OMS), e na ultima semana o Brasil votou contra uma resolução que defende medidas para garantir que os palestinos que vivem sob ocupação Israelense tenham acesso aos serviços de saúde. Embora tenha sido aprovado por 96 votos a 11, essa é mais uma decisão questionável do governo Bolsonaro. O reposicionamento do Brasil a favor de Israel vai contra os termos de convenções apoiadas anteriormente.

     

    Nessa mesma assembleia, o ministro da Saúde do Brasil declarou, que “o Brasil está preparado para junto aos Estados Unidos da América e a União Europeia liderarem uma grande campanha mundial a favor da vacina. Porém, a representação brasileira votou contra a Resolução que visa garantir, entre outros itens básicos, o acesso da população palestina à vacinação universal.

     

    De acordo com a OMS, 4,98 milhões de palestinos vivem sob a ocupação israelense e boa parte dela em condições insalubres de moradia, alimentação, saúde e segurança. A exposição à violência decorrente da ocupação militar está entre as principais causas de morte, só em 2018 cerca de 30.000 palestinos foram feridos em conflito, sendo 24% crianças. Esses episódios têm como consequência, altos números de doenças mentais; Cerca de 20% dos jovens com idade média de 15 anos já planejaram ou tentaram o suicídio. E 10% da população sofre de doenças mentais moderadas a graves.

     

    Com base num relatório preparado pela própria OMS, há bloqueio israelense sobre a importação de vacinas e equipamentos médicos pelos palestinos; não há instalações de radioterapia ou medicina nuclear na maior parte do território ocupado e apenas 61% dos palestinos que pedem para cruzar as fronteiras por motivo de saúde conseguem liberação, e desses, a maioria sem acompanhante. A própria Suprema Corte israelense considera as decisões do governo de limitar o acesso dos palestinos aos serviços de saúde “não efetivas e ilegais”.

     

    Por todos estes motivos graves, reprovamos a nova postura do governo brasileiro e pedimos que reveja sua posição, retornando-a à anterior, de respeito ao Direito Internacional. A nação brasileira não pode compactuar com o extermínio do Povo Palestino. Eles têm o Direito à Vida como todos nós!

    #Palestinalivre

     

    Nota pública da federação Palestina: http://www.fepal.org.br/o-brasil-nao-pode-tomar-parte-do-exterminio-do-povo-palestino-nota-publica/

    Veja outras matérias do grupo Sanaúd:

    Governo de Israel censura Madonna por exibir bandeira palestina em show do Eurovision

    SANAÚD – JUVENTUDE PALESTINA PEDE QUE MILTON NASCIMENTO BOICOTE ISRAEL

    Página do oficial de Sanaúd – Juventude Palestina

    aqui: https://www.facebook.com/juventudesanaud/

  • Governo de Israel censura Madonna por exibir bandeira palestina em show do Eurovision

    Governo de Israel censura Madonna por exibir bandeira palestina em show do Eurovision

    Por Sarah Nafe / Sanaud – Juventude Palestina

    Em sua apresentação no Eurovision-2019, em Tel Aviv, a artista causou uma enorme polêmica quando, no final da performance,  colocou dois dançarinos caminhando lado a lado, um usando a bandeira de Israel e o outro a da Palestina. A intenção da cantora foi passar uma mensagem de paz entre os povos, mas a reação do regime israelense foi de criticar a artista por exibir a bandeira palestina em uma transmissão ao vivo. A ministra da Cultura israelense, Miri Regev, considerou isso um “erro”, uma “falha’’, evidenciando a politica antidemocrática, cruel e excludente do Estado de Israel.

    Esse posicionamento da artista foi  uma tentativa de ficar bem com os dois lados em conflito, que opõem os ocupantes sionistas e palestinos ocupados desde 1948. Por isso recusou-se a aderir ao movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), internacional e não violento, que tem como objetivo pressionar Israel por liberdade, justiça e igualdade ao povo palestino, que sofre com as políticas racistas e supremacistas do regime sionista israelense.

    O festival foi sediado apenas 70km de onde (Gaza) Israel comete crimes de guerra diariamente contra os palestinos, levando  80% dessa população a  precisar de ajuda humanitária para sobreviver.

    Ilustração de Carlos Latuff que mostra um soldado israelense assistindo a Eurovision, sentado em um pilha de corpos palestinos.

    Além disso, Israel mantém 1,8 milhão de palestinos em Gaza sob
    cerco hermético e ilegal, negando-lhes,  por motivos políticos, direitos humanos essenciais, como acesso à água, comida e medicamentos,  suprimentos distribuídos em abundância aos cidadãos judeus.

    Por isso afirmamos que o regime israelense de ocupação militar, colonialismo e apartheid usa o festival anual Eurovision como parte da sua estratégia de ‘Brand Israel’, que tenta mostrar ‘a face mais bonita de Israel’ para desviar a atenção dos crimes de guerra contra os palestinos.

    Mas ate mesmo essa estratégia de marketing  mentirosa ficou clara com a declaração da ministra da cultura Miri Regev, onde qualquer mínima tentativa de critica é motivo de censura.

     

     

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    Assista a performance completa aqui:

     

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    Veja outras matérias do grupo Sanaúd:

    Sanaúd – Juventude Palestina pede que Milton Nascimento boicote Israel

    Página do oficial de Sanaúd – Juventude Palestina aqui: https://www.facebook.com/juventudesanaud/

  • Sanaúd – Juventude Palestina pede que Milton Nascimento boicote Israel

    Sanaúd – Juventude Palestina pede que Milton Nascimento boicote Israel

    Por Sarah Nafe / Sanaud – Juventude Palestina

    Cartaz oficial do show de Milton Nascimento em Israel
    Cartaz oficial do show de Milton Nascimento em Israel

    Querido Milton Nascimento,

    Com admiração pelo seu trabalho e compromisso histórico com lutas por liberdade, justiça e igualdade, pedimos que cancele seu show em Israel, previsto para 30 de junho. Aprendemos com sua música que todo artista tem que ir aonde o povo está. Certamente, o povo não está com o apartheid, a colonização e a ocupação. O coração de estudante, que agora se levanta no Brasil pelo direito à educação, não bate pelo apartheid israelense, que impede esse e outros direitos humanos fundamentais aos palestinos. Os povos da floresta não concordam com a colonização. A “semente da terra” não pode germinar sob o sangue dos oprimidos, o sangue dos palestinos derramado cotidianamente pela ocupação israelense.

    Tocar em Israel vai na contramão disso. Significa endossar políticas e práticas racistas, coloniais e de apartheid – ilegais sob o direito internacional. Ademais, o governo israelense apresenta os shows em Israel como um sinal de aprovação a suas políticas. Israel viola sistematicamente o direito internacional ao impedir o retorno dos refugiados palestinos, ao colonizar e ocupar a Cisjordânia e a Faixa de Gaza e ao discriminar sistematicamente os palestinos hoje cidadãos de Israel. As políticas discriminatórias de Israel também se manifestam contra refugiados e migrantes africanos: recentemente milhares de etíopes foram brutalmente reprimidos ao protestarem contra o racismo no país.

    Nosso pedido faz coro ao chamado de artistas e da sociedade civil palestina para que artistas não se apresentem em Israel. Entre aqueles que responderam a esse chamado, cancelando seus shows em Tel-Aviv, estão Lauryn Hill, Roger Waters (Pink Floyd), Snoop Dog, Carlos Santana, Cold Play, Lenny Kravitz, Elvis Costello e Linn da Quebrada.

    O arcebisbo sul-africano Desmond Tutu, Nobel da Paz, é um importante apoiador desse chamado e explica que apresentar-se em Tel-Aviv é errado, “assim como dissemos que era inapropriado para artistas internacionais tocarem na África do Sul durante o apartheid, em uma sociedade fundada em leis discriminatórias e exclusividade racial”. Apresentar-se em Israel seria como fazer um show em Sun City na África do Sul do apartheid.

    Por favor, não ignore esse chamado. Os palestinos não querem mais a morte, têm muito o que viver! Quem cala morre com eles, quem grita vive com eles. A voz que vem do coração diz não ao apartheid!

     

    Para quem quiser conhecer a opinião de Caetanos Veloso sobre Israel, segue link: https://m.folha.uol.com.br/ilustrissima/2015/11/1703012-visitar-israel-para-nao-mais-voltar-a-israel-por-caetano-veloso.shtml

     

    Sanaúd – Juventude Palestina é uma entidade que dissemina informações sobre a juventude palestina no Brasil, a causa palestina e o mundo árabe.

    Veja a página do oficial de Sanaúd – Juventude Palestina aqui: https://www.facebook.com/juventudesanaud/?tn-str=k*F

  • Em apoio a Israel; comitiva da bala embarca para o mediterrâneo

    Em apoio a Israel; comitiva da bala embarca para o mediterrâneo

    Por Tomás Soares

     

    Mundo

    No último dia trinta completou 1 ano do início das manifestações conhecidas como a “Grande Marcha de Retorno”, milhares de palestinos protestam na fronteira de Israel com a Faixa de Gaza.

    Os palestinos reivindicam a suspensão imediata do cerco geográfico imposto pelo Estado de Israel. Segundo autoridades de Saúde Palestinas, 3 ADOLESCENTES FORAM MORTOS pelas Tropas Militares de Israel.

    Em contrapartida, as forças de Defesa Israelenses declararam que alguns protestantes palestinos estavam armados com facas e atiraram pedras contra os soldados de Israel que estavam na fronteira.

    BRASIL

    Na madrugada de ontem, 31, Bolsonaro embarcou para Tel Aviv em sua terceira viagem internacional desde que assumiu a presidência. (A comitiva conta com a presença de 4 Ministros, dentre eles, Ernesto Araújo, Ministro das Relações Exteriores).

    Confirmando o propósito de sua viagem, no fim da tarde do último domingo, Bolsonaro anuncia uma  possível transferência de parte da embaixada em Israel para Jerusalém, promessa anteriormente feita por Bolsonaro ao premiê israelense, Benjamin Netanyahu. A transferência significa uma mudança significativa do local de representação diplomática, Tendo em vista que tal mudança reconheceria Jerusalém como a capital do Estado de Israel.

    Nas palavras de Bolsonaro ele tem

    “compromisso, mas meu mandato vai até 2022. Tem que fazer as coisas devagar, com calma, sem problemas”

    Diante dos recentes acontecimentos, não há muito o que se comemorar. No entanto, em termos de Bolsonaro, talvez seja sua primeira atitude diplomática, ou quem sabe até, sua primeira atitude de fato politica desde a posse. Tendo em vista que sua governança até então restringia-se à 140 caracteres, nos quais o próprio, aparentemente se dedicava a expor conflitos internos e compartilhar memes.

  • Surubão de Washington

    Surubão de Washington

    Por Mathias Alencastro *

    Noites tórridas na capital americana. Às vésperas do evento mais importante da presidência Bolsonaro, os ideólogos da ascensão do etno-nacionalista nas Américas se reuniram para celebrar uma nova era e, talvez, a reabilitação de Steve Bannon.

    Verdadeiro Forrest Gump da direita populista, Bannon fez fortuna negociando os direitos da célebre comédia Seinfeld, iniciou-se ao nacionalismo na Marinha, criou ódio pelo globalismo trabalhando na Goldman Sachs, e aprendeu a manejar a arte das fake news espalhando balelas no Breitbart.

    Ganhou fama internacional durante as eleições presidenciais de 2016 nos Estados Unidos, quando articulou o discurso protecionista e xenófobo que ajudou Donald Trump a conquistar o eleitorado subempregado dos polos pós-industriais e derrotar Hillary Clinton.

    Bannon e o seu camarada brasileiro, Olavo de Carvalho, têm muito que conversar. Afinal, as estrelas das campanhas estão desapontadas com os seus respectivos homens de palha.

    Tratado como um adolescente em fase de puberdade agravada pelos militares americanos, Bannon foi convidado a abandonar, meses depois da posse, o cargo de guru da Casa Branca que tinha exigido a Donald Trump.

    Depois de criticá-lo publicamente por ceder à pressão dos militares, Bannon acabou marginalizado por Trump. Desde então ele vem perdendo a sua aura, a ponto de ser mantido a distância pela direita populista europeia.

    Os dois alunos que Olavo de Carvalho emplacou no governo de Jair Bolsonaro também já viveram dias melhores. Ernesto Araújo só continua sendo chanceler na cabeça dos seus seguidores nas redes sociais, enquanto Ricardo Vélez sequer chegou a aterrissar em Brasília.

    Tal como Bannon, Olavo de Carvalho enfrenta a resistência do aparato militar-burocrático do Estado, sempre avesso à intervenção de iluminados. Infelizmente, uma polêmica contaminou o clima de festa.

    O autor do atentado de extrema-direita contra 50 muçulmanos em duas mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia, deixou um manifesto intitulado “A Grande Substituição”, uma referência explícita à obra do ensaísta francês de extrema-direita Renaud Camus.

    Popularizada na França pelo comentarista Eric Zémmour e elevada a mito literário por Michel Houllebecq, a teoria conspiratória da iminência de uma invasão muçulmana na Europa serviu de inspiração para a suspensão da entrada de muçulmanos nos EUA, única medida de relevo emplacada por Bannon durante a sua passagem-relâmpago pela administração Trump.

    Apesar do Brasil ser um exemplo de integração da comunidade muçulmana, a direita populista nunca hesita em recuperar essa teoria anti-islâmica para atiçar a fantasia das suas bases.

    Logo depois de empossado, o presidente Bolsonaro compartilhou um vídeo de um apedrejamento de uma mulher vestida em trajes muçulmanos, alertando para a ameaça dessa cultura “invadir o Ocidente”.

    A azarada Christchurch estava no caminho do viajante-terrorista, mas poderia ter sido qualquer outra cidade, em qualquer outro país do mundo.

    Quem importa o ódio, pode muito bem acabar importando a violência.

    *Mathias Alencastro – Pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento e doutor em ciência política pela Universidade de Oxford (Inglaterra).

  • Guerra da mídia com a milícia pode ser a antessala do Brasil distópico

    Guerra da mídia com a milícia pode ser a antessala do Brasil distópico

    Por Gabriel Rocha Gaspar*
    A mídia liberal declarou guerra ao bolsonarismo com a cobertura da prisão dos assassinos da Marielle. E é uma guerra que a mídia dificilmente tem condições de ganhar.
    Essa cobertura pode decretar o fim da mídia como conhecemos e pavimentar o caminho de um estado policialesco fascista de verdade. Uma guerra aberta Mídia x Milícias será feia de ver. E talvez a mídia não esteja levando em conta que o império está com as milícias. Não existe mais império liberal. Se a Globo, por exemplo, conta com uma aura de liberalismo vindo ao resgate, vai dar ruim.
    Os Estados Unidos não têm qualquer compromisso com democracia em colônia e sempre se colocaram ao lado de milícias. Foi assim na Nicarágua, na Colômbia, no Iraque, no Afeganistão, na Líbia. Vai ser assim na Venezuela. E se o passado condena, a perspectiva de futuro do complexo industrial militar é ainda mais assustadora.
    No final de 2016, o Intercept vazou um vídeo interno do Pentágono, que fazia um prognóstico da guerra do futuro. Neste vídeo, países em desenvolvimento – e obviamente ricos em recursos naturais, como Brasil, Venezuela, Angola, Congo etc. – aparecem como Estados falidos pós-institucionais (tipo a Líbia), onde gangues e milícias oferecem as únicas oportunidades de emprego e estabelecem à força regras básicas de controle social.
    As guerras locais acontecem por conta das desavenças e da própria estrutura extra-institucional destes grupos. E as guerras internacionais são operações de ocupação, o que  escancara sua intencionalidade extrativista. Serão provavelmente assaltos militares constantes aos recursos, mirando a manutenção do fluxo de exportação do sul para o norte em meio ao caos.
    É guerra constante, amparada por drones e armamentos robóticos autônomos – o que, por si só, prevê a obsolescência do direito internacional e de organismos multilaterais, como a Organização das Nações Unidas. Basicamente, o que o império antecipa para o futuro – cuja inexorabilidade faz questão de deixar clara, com o uso cínico da máxima thatcheriana “there is no alternative” (não há alternativa) – é capitalismo cru, sem qualquer máscara ideológica.
    Quanto mais desorganizado o Estado subalterno, melhor o funcionamento deste nível de exploração. Basta ver a quantidade de Estados que foi absolutamente destruída pelo império nos últimos anos. Alguém no norte perdeu dinheiro? Só quem já não tinha.
    É uma perspectiva de futuro que escancara o quão desimportantes para o centro do capitalismo são escândalos regionais, infrações de direitos humanos e outras bobagens. Escândalo regional dá trabalho do ponto de vista simbólico, mas o caos facilita o extrativismo – o que é fundamental num cenário de escassez sistêmica de recursos.
    Este panorama de reorganização do capitalismo em sua fase distópica deixa poucas esperanças para postulados liberais como a pluralidade midiática. Aliás, as velhas instituições liberais não são sequer tratadas como algo digno de conservação pela face publicitária da distopia. Donald Trump, por exemplo, chama o conjunto da imprensa de “fábrica de fake news”; Bolsonaro ganhou a eleição com o mesmo discurso.
    Por isso, nesta guerra com a milícia, a balança não é tão favorável aos conglomerados midiáticos quanto parece ser. Até porque, vale lembrar que esta briga parece ter sido instigada pelo lado miliciano: o fato do Jair Bolsonaro ter ameaçado jornalista na véspera da prisão dos suspeitos (em um tuíte que, por sinal, tem a cara do mentor do neofascismo, Steve Bannon) pode bem ter sido uma isca, que a imprensa mordeu. Em 140 caracteres, Bolsonaro atiçou os ânimos para a mídia bater com força total e criar um cenário de animosidade que bem pode aprofundar o ódio de que se alimenta o fascismo.
    Ao invés de assimilar a ofensiva midiática a um iminente desmoronamento do governo Bolsonaro, se empolgar com as capas da Veja e da Istoé ou com a ampla cobertura da Globo News aproximando o assassinato de Marielle do Planalto, a esquerda deveria olhar para cima. As bases do fascismo não estão abaixo da administração, estão acima. Mesmo que o presidente tenha sido respaldado pelo voto, a estrutrura do fascismo é aristocrática e não democrática.
    Talvez essa declaração de guerra seja a deixa que se esperava pro descortinamento de um governo de fato autoritário e a destruição completa das instituições liberais. A tendência é de derrota do liberalismo tupiniquim, porque ele é uma entidade de fachada em um mundo que não precisa mais de máscara. Hoje, o capitalismo não tem nenhuma necessidade de fingir humanismo.
    Para quem acha que milícia não é suficientemente sofisticada para capitanear esta trama, é preciso atentar para o fato de que a questão fundamental não é o nível de organização das milícias, mas de oposição global a essa perspectiva distópica de imperialismo, que vem se consolidando pelo mundo em uma velocidade extraordinária.
    Temos que olhar de perto a reação do governo e de seus asseclas formais e informais a essa cobertura. E, ao mesmo tempo, analisar as ações e reações do judiciário no processo, tanto em questões processuais quanto de narrativa. E, sobretudo, devemos fazer a mais profunda e decidida oposição a uma invasão armada da Venezuela, que configuraria a consolidação deste projeto distópico em um país vizinho, cercado por dois Estados reacionários com forte presença miliciana (Colômbia e Brasil).
    O momento é volátil. E a esquerda, como campo político, tem que se preparar para o pior cenário possível.
    Vídeo do Pentágono:
    *Gabriel Rocha Gaspar é jornalista e mestre em literatura pela Sorbonne Nouvelle