Jornalistas Livres

Categoria: Belém

  • Vila da Barca. Comunidade em Belém do Pará sofre com a pandemia

    Vila da Barca. Comunidade em Belém do Pará sofre com a pandemia

    A Vila da Barca, situada quase no centro de Belém do Pará, chora seus mortos e organiza sua resistência.

     

    Texto e fotos: João Paulo Guimarães para os Jornalistas Livres

    A Vila da Barca é conhecida pelas casas construídas sobre palafitas, estivas de madeira com pontes e estacas no terreno alagado que seguram essas estruturas improvisadas e os corredores por onde a população trafega. Dentro da Vila, existem áreas com casas de alvenaria também. Sem saneamento básico, a ausência e a parca distribuição de água encanada pela concessionária COSAMPA, a inexistência de esgotamento sanitário, a Vila resiste à pandemia através de recursos externos e doações, além de um trabalho de consciência e educação feito pela própria Associação dos Moradores da Vila da Barca, sem apoio nenhum do município ou do estado.

    A última proposta positiva aprovada pelo Município para a comunidade, foi a construção de casas populares de alvenaria para que a população, morando nas palafitas, pudesse se mudar para um espaço mais seguro e menos propenso a incêndios como o que aconteceu em 2018 e destruiu 26 moradias. O projeto que teve sua aprovação no final da segunda administração do então Prefeito na época, Edmilson Rodrigues (na época PT e hoje PSol), está parado e já passou por duas administrações municipais sem conclusão. Hoje é objeto de ação  movida pela Defensoria Pública e MPF contra o município de Belém, a Caixa Econômica e a União. Os escombros, hoje, servem para a morada de pessoas em situação de rua e usuários de drogas.

     

    Isolamento social e saúde pública pra quem?

    Grande parte da população, 7.000 moradores, era consciente da necessidade do isolamento social, assim como da utilização obrigatória de máscaras, mas a dificuldade em manter a quarentena, vem da circulação necessária nesses espaços tão pequenos e limitados das palafitas, assim como a delicadeza das estruturas e a proximidade física das paredes de madeira das casas. Tudo isso já seria um grande desafio, se não somarmos o afrouxamento completo do isolamento social por parte do Município e Estado, que ao abrirem shoppings, academias e bares, trouxeram para dentro da Vila a ideia de que o pior já passou.

     

    Vários locais na comunidade, casas dos moradores transformadas em mercadinhos e cantinas, oferecem produtos e serviços essenciais básicos como higiene, alimentação e as medidas de distanciamento são improvisadas. Cordões de isolamento são colocados em frente a esses comércios, para que o comprador não se exponha ao possível contato e nem exponha o dono do prestador do serviço.

    A Unidade Básica de Saúde funciona de forma superficial no horário de 8h às 17h, na entrada da comunidade, mas não há atendimento para Covid-19, assim como não há trabalho de conscientização ou educação quanto ao vírus ou sobre a necessidade de isolamento social. A Unidade distribui senhas durante a semana para atendimentos no prazo de uma semana ou mais, mas apenas para ginecologista, PCCU, pré-natal, vacinação e clínica médica.

     

     

    Vila da Barca
    Inêz Medeiros, presidente da Associação dos Moradores

     

    Inêz Medeiros, presidente da Associação dos Moradores da Vila da Barca, além de ser acadêmica de Pedagogia, conta:

    “Assim como outras unidades de saúde da prefeitura, lá também não havia material de EPI durante o período que fui buscar doação para os voluntários que ajudariam na distribuição das cestas básicas que foram doadas. Quanto à distribuição de senhas, ela afirma ainda que “muitos moradores chegam às 4 da manhã para aguardar na fila e garantir a senha e o futuro atendimento.”

     

     

     

     

     

     

    Sobre os cuidados para a proteção do moradores, ela diz:

    “Estamos mais cuidadosos após alguns casos na comunidade e infelizmente algumas perdas dolorosas. Seguimos resistindo, e tentando ter vozes que ecoam para um único propósito: manter o isolamento social.”

     

    A perda mais dolorosa da comunidade foi o caso da família de Andenilce Souza dos Santos Avelar, que precisou lidar com o falecimento de sua mãe e irmão na mesma semana. Ela conta como perdeu a mãe de 68 anos, Dulce Batista, e o irmão, Carlos Emerson Souza dos Santos, de 47 anos. A mãe era uma mulher saudável e o irmão tinha câncer, mas fazia tratamento e vinha apresentando melhoras. Os dois não precisavam morrer agora, mas morreram. Primeiro ela e depois ele. Andelnice conta, que antes de morrer, Dona Dulce caiu no chão da UPA do Bairro da Sacramenta. Sem forças, foi socorrida pela filha e por uma enfermeira. Dona Dulce era muito religiosa e querida por toda a comunidade. Ela se deitou no colo da filha e ambas rezaram uma Ave Maria. A oração acabou e ela se foi. Mais um número sem cor e sem classe social. Apenas o rótulo de Grupo de Risco.

     

    Vila da Barca
    Andenilce Souza dos Santos Avelar com as fotos da mãe e do irmão

     

    Recentemente, Inês Medeiros criou um cadastro de algumas famílias na Associação, para ajudar aos mais vulneráveis, mapear o desemprego e fazer um levantamento do número de moradores possivelmente infectados, levando em consideração os principais sintomas do Covid-19, entre sintomas leves e moderados.

    Das 1.100 famílias cadastradas, 800 apresentaram possível contágio. É importante ressaltar que cada familia, em média, é composta por 5 a 7 integrantes morando na mesma casa, porém, não há como comprovar esse número já que não há testes suficientes na Capital. A Prefeitura de Belém se mantém ausente. O único momento em que alguma política pública destinada a sociedade chegou até a Vila, foi para desinfecção da Praça Pública.

    Para ajudar as famílias da Vila da Barca ou para mais informações, entre em contato:
    Email: inzmedeiros@gmail.com
    Whatsapp: +5591988094441 (Inêz Medeiros)
    Facebook: https://www.facebook.com/ViladaBarcaOficial/
    Instagram: https://www.instagram.com/viladabarca/

     

     

  • A casa-grande: Prefeito de Belém inclui empregadas domésticas em serviços essenciais

    A casa-grande: Prefeito de Belém inclui empregadas domésticas em serviços essenciais

    Zenaldo Coutinho (PSDB),  prefeito de Belém (PA),  anunciou em seu Twitter, nesta quarta-feira (6), que o trabalho de empregada doméstica passa a ser essencial durante a pandemia Covid-19, contrariando o entendimento nacional do que é considerado trabalho essencial .

    A decisão de Zenaldo é exemplo claro de que a Casa-grande ainda mantém seu pensamento escravocrata no Brasil.

    A declaração do prefeito  recebeu uma enxurrada de críticas no twitter.

     

  • Parem de nos matar!

    Parem de nos matar!

     

    Alguma coisa acontece no Pará… Tem sangue de gente pobre e preta sendo derramado aos litros e quem se importa? A cada semana sabemos de uma ou mais chacinas, mas e as que não sabemos? Carros pretos e pratas levam terror às periferias, de Belém. E já ultrapassaram a questão do imaginário popular ou da sensação de insegurança. Está virando uma cruel rotina de medo! De viver com a incômoda sensação de que há uma arma apontada para a nossa direção. Em janeiro, após a morte de um policial militar, em abril de novo, em maio e agora em junho. Essa é a quarta chacina registrada, neste ano, na capital. São mais de 40 mortes.

     

    A gente sabe que historicamente as pessoas negras são as principais vítimas da violência no Brasil, mas alguma coisa está acontecendo para que os assassinatos estejam saindo daquela banalização que não causa comoção social. Aquela banalização das “queimas de arquivos”, do “acerto de contas”… Alguma coisa acontece para que as mortes saiam desse controle e comecem a chocar, a estarrecer… O que acontece?

     

    Homens encapuzados descem com a certeza da impunidade, atiram e matam. Há um genocídio acontecendo, aqui, nesta cidade. Gritamos isso todos os dias. Quem nos ouve? Choramos a morte dos nossos amigos, vizinhos e calamos diante do medo e da impunidade.

     

    Na cabeça

    Na chacina mais recente, em Belém, duas caminhonetes fecharam um bar e atiraram. Saldo 3 mortos na hora, dois no hospital, mais de 10 feridos, entre eles duas crianças, uma baleada na cabeça. Quem sobreviveu disse que não havia um alvo. Apenas atiraram. Mais do que a certeza da impunidade, os encapuzados só queriam matar e seguir com projeto genocida do Estado Brasileiro. É lá, bem longe do centro e dos muros dos condomínios que as balas perdidas encontram alvos. Homens, mulheres, crianças, adolescentes… Não sabemos. O que sabemos é a classe e a raça da vítima. Chacinas só acontecem na periferia, com pessoas pretas e pobres!

     

    Segundo dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), de 2017, a cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. Mata-se mais no Brasil do que em guerras civis declaradas pelo mundo. Das 30 cidades mais violentas do país, 22 estão no Norte e no Nordeste. Altamira, aqui no Pará, é quem lidera esse ranking.

     

    O levantamento da ONG Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça Penal, com sede na Cidade do México, mostrou Belém como a 11ª cidade mais violenta do mundo em 2016, a 2ª cidade mais violenta do Brasil. São 67,41 mortes por cada grupo de 100 mil habitantes. O relatório usa como base dados divulgados pela imprensa nas maiores cidades do mundo e faz uma descrição da metodologia.

     

    No campo, a situação não é diferente. No estado do massacre de Eldorado do Carajás, a morte do campo é rotina. Punição não! Há algumas semanas, um “confronto” entre agricultores e policiais militares deixou 10 pessoas mortas. Um “confronto” com 10 agricultores mortos. Nenhum policial foi ferido. De acordo com a Comissão Pastoral da Terra, o Pará liderou o ranking de assassinatos no campo nos últimos dez anos (2007-2016). Foram 103 mortes no estado. Depois veio Rondônia, com 66 assassinatos.

     

    Quando lançamos a campanha de 75 dias de Ativismo Contra o Racismo aqui no Pará, em 12 de maio passado, alguém perguntou a razão da campanha. É porque estamos morrendo. É porque o racismo está tão plantado na sociedade brasileira que é banalizado. É porque cada pessoa negra viva é um desafio às estatísticas. O Estado Brasileiro não liga para como vivemos ou para como morremos. É porque estamos brigando ainda para ter uma dimensão de humanidade que nos foi negada historicamente. Viver não privilégio. É direito.

     

    Queremos viver sem uma arma apontada para a nossa direção! Queremos viver! Parem de nos matar!


    *Flávia Ribeiro é jornalista, feminista negra, militante do Cedenpa (Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará, da Rede de Mulheres Negras e da Rede de Ciberativistas Negras.


    Links úteis:

    https://www.facebook.com/mulheresnegrasamazonidas/

    http://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-405403-.html

    http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2017/05/conflitos-de-terras-provocam-morte-de-7-pessoas-em-uma-semana-no-para.html

    https://www.brasildefato.com.br/2017/05/31/chacina-em-pau-darco-tem-as-mesmas-raizes-do-massacre-de-carajas/

    http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=30253&catid=4&Itemid=2

  • Contra o Aumento da Passagem em Belém

    Contra o Aumento da Passagem em Belém

    Nesta sexta-feira, 20, foi realizado em Belém um protesto contra o aumento da passagem de ônibus de 2,70 para 3,10. Tal reajuste, que é praticamente anual, não vem acompanhado do aumento do número de ônibus em circulação, e tampouco da qualidade dos veículos, que estão em maioria danificados, sucateados, inseguros e sujos.

    Além disso, os gastos anuais com ônibus – único meio de transporte público na metrópole, são omitidos da população durante seguintes mandatos. A decisão deste reajuste foi determinado pelo atual prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB), que possui seu mandato cassado, em parceria com o empresariado rodoviário.

    O ato partiu da Praça da República na contramão, indo em direção à prefeitura. Esperava-se encontrar o prefeito e sua assessoria no gabinete, porém a única representação dos mesmos foi a repressão policial que cercava a sede da prefeitura e os militantes.

    A resposta da guarda civil aos participantes do protesto foi que para serem atendidos, deveriam ter um ofício, e este seria protocolado para a realização de uma futura audiência. Durante essa espera causada pela burocracia antidemocrática, a população da Região Metropolitana de Belém segue pagando 3,10 na passagem de ônibus, sem previsão de um transporte público digno.

  • “Esse aqui é um dos cabeças, tem que prender os cabeças”

    “Esse aqui é um dos cabeças, tem que prender os cabeças”

    “Esse aqui é um dos cabeças, esse aqui é um dos cabeças, tem que prender os cabeças”, afirmava um policial militar enquanto levava detido o estudante de Direito, Eduardo Rodrigues, que caminhava junto a mais de 400 manifestantes na Av. Nazaré, em Belém, contra a PEC 55, na noite de ontem, 7. Entre intimidações e repressão, a policia deteu 10 manifestantes, manteve-os por cerca de 2 horas em um camburão e não comunicou para onde seriam levados.

    A maioria dos detidos relatou que estava filmando a ação dos policiais quando foram levados. Leandro Calda contou, “Os policiais estavam tentando avançar com o carro em cima dos manifestantes quando eu comecei a filmar, um policial desceu do carro e disse ‘ei, ei, já que tu ta gravando, grava la na delegacia’, e puxou o celular da minha mão, agarrou meu braço e me levou pro camburão”, disse.

    Um dos amigos, Yan Campo, relatou que foi preso por que tentou saber para qual delegacia iriam levar Leandro: “Perguntei pra qual seccional ele seria levado, que eu ia ligar pro advogado, ele falou ‘você pode ligar pro advogado da delegacia’, eu respondi ‘não, eu vou ligar pro advogado daqui de fora’, ele pegou pelo meu braço e repetiu ‘não, você pode ligar pro advogado da delegacia’”.

    Duas mulheres foram fortemente agredidas por policiais da ROTAM, umas delas saiu com o rosto, braços e peito, roxos por conta do uso de spray de pimenta a centímetros de distância. Outra mulher foi agredida com dois tapas no peito quando não estava oferecendo nenhuma resistência a PM.

    As ações da policia se dividiram em dois momentos: em frente a sede do PMDB, partido de Michel Temer, e na Av. Nazaré, onde manifestantes relataram que por um quarteirão, policias militarem e da ROTAM tentaram avançar com o carro pelo meio da manifestação, enquanto batiam na carcaça do carro e gritavam palavras ofensivas para o presentes, “vagabundos, vagabundos”. Um dos policiais, nesse momento, chegou a apontar arma letal para várias pessoas que estavam ali, “Os policiais estavam transtornados”, “Chegaram a apontar armas a menos de 1m para os manifestantes”, contou um dos estudantes que aguardava para realizar o TCO, na Divisão de Repressão ao Crime Organizado, para onde foram levados os detidos.

    A atitude de levar os estudantes detidos para a DRCO foi tomada para desmobilizar a manifestação, como confirmou o Capitão Alan Solivam, responsável pelo caso na Divisão, afirmando para os advogados que “a ideia de trazer pra cá era desmobilizar os manifestantes”, tendo em vista que em Setembro, 2, quando 2 estudantes foram detidos, a manifestação caminhou para frente da Seccional de São Braz, local onde se responde tais denúncias, e lá os manifestantes pressionaram a PM para liberarem os detidos.

    (Carvalho da Costa — Arquivo Pessoal)

    Outro policial da DRCO, ao receber os estudantes, disse que “Isso aqui é uma medida de exceção, uma viagem terem trazido vocês pra cá”.

    Os 10 estudantes realizaram os procedimentos legais, prestaram depoimento e foram liberados. Nenhuma acusação foi feita na Divisão contra quaisquer manifestante.

    Nesse vídeo feito por Regiany Nascimento para o Jornalistas Livres, 2 dos manifestantes detidos no ato relatam os abusos que sofreram na noite do dia 7. Aos gritos de “Ninguém é bandido”, o restante dos manifestantes acompanharam a ação da PM pacificamente.

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/451504941640055/

    A maioria dos casos de repressão policial em Belém são em mulheres e negras, deixando claro o machismo institucional encontrado na PM. O tratamento que a policia da para os manifestantes é de um Estado de Exceção.

    Não menos do que está a acontecer nas manifestações contra os governos que querem aplicar medidas de austeridade, seja a nível internacional, nacional ou regional, em Belém o que aconteceu foi o resultado da criminalização dos movimentos sociais e a campanha de desmoralização dos mesmos feita pelas grandes mídias do país e apoiada por governos autores de medidas impopulares e que ferem direitos dos cidadãos.

  • Resistência na Terra Firme

    Resistência na Terra Firme

    por Louise Lessa, especial para os Jornalistas Livres

    Ocupada desde o dia 17 de Novembro, a EEEIFM Brigadeiro Fontenelle, localizada no bairro da Terra Firme em Belém do Pará, resiste como uma das ocupações restantes da cidade em um bairro de periferia dentre os mais populosos da capital paraense. Os alunos não apenas reivindicam melhorias na escola, que passa por graves problemas de infraestrutura, mas também se posicionam contra a PEC 55 e a reforma do Ensino Médio, propostas pelo governo Temer.

    Foto: Christian Braga / Jornalistas Livres

    Durante as três semanas de ocupação os alunos limparam a escola e construíram uma programação com oficinas, debates e multirões que contemplavam alunos e a comunidade. Durante a manutenção do espaço, eles também encontraram diversos materiais que nunca foram usados como merenda escolar vencida, materiais desportivos, livros, câmeras e tubos de ensaio.

    A escola já foi referência no estado e ganhou condecoração da Unesco no ano de 2003, porém hoje apresenta problemas estruturais graves. De acordo com a aluna Victória Rodrigues “A sala de informática está fechada. Nem segurança temos, porque já chegaram a roubar os computadores aqui. Quando foi no outro dia nós vimos só os mouses jogados no chão. A gente estuda no calor. Ventilador não tem, ar condicionado falta. A água tem gosto de ferrugem, o banheiro aqui não tem descarga, os vasos são entupidos, a merenda ás vezes botam só leite ou se não, só bolacha. Já chegou a sair minhoquinha de dentro da torneira onde bebe água.” A aluna ainda denuncia que a biblioteca, que até possui bom número de livros, está sempre fechada e só é aberta se um professor levar os estudantes para o espaço, impedindo o livre acesso dos alunos ao ambiente de leitura.

    Apesar da luta e das denúncias o diálogo com as autoridades não é eficiente. Houve um total de cinco assembléias dentro da escola buscando negociação com a Secretaria de Educação estadual. Na última assembleia no dia 5 de Novembro ainda não havia nada garantido e a representante da Seduc-PA deixou a escola antes mesmo do início da reunião. Em entrevista a assessora Beatriz Padovani afirma que “o que a Seduc estava querendo era negociar a volta às aulas, independente do movimento”.
    As principais reivindicações incluem a reativação da biblioteca, retorno da banda estudantil, merenda de qualidade, reforma estrutural e principalmente um grêmio estudantil que possa continuar a luta por direitos. “A ocupaçao pode acabar, mas a força não acaba. A gente quer estar com força total aqui dentro. Mesmo que eles tentem parar, a gente sempre dá um jeito de se reerguer” afirma Jeová Monteiro, de 19 anos.