Jornalistas Livres

Categoria: Uruguai

  • O que é a Expocannabis, a exposição da maconha

    O que é a Expocannabis, a exposição da maconha

     

     

    Por Leide Jacob e Lina Marinelli, dos Jornalistas Livres

     

    Enquanto engatinhamos nos processos para a legalização da maconha –nesta semana, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o registro e produção de remédios à base de cannabis–, no Uruguai, de 6 a 8 de dezembro, será realizada em Montevidéu a sexta edição da Expocannabis, uma das feiras mais importantes do setor.

    Mercedes Ponce de León, 35 anos, idealizadora e responsável pelo evento, esteve em São Paulo e, em meio a vários compromissos, concedeu uma entrevista exclusiva para os Jornalistas Livres. Ativista em Direitos Humanos, Mercedes contou não apenas detalhes sobre a feira, como surgiu, e sua importância, mas também como funciona a regulamentação da cannabis no Uruguai.

    Desde 2013, é possível comprar maconha em farmácias, plantar em casa ou participar de clubes que se encarregam de cultivar para os sócios. Mercedes explicou questões técnicas, como os compostos químicos, efeitos e aplicações terapêuticas da maconha.

    Você sabe o que é CBD e THC?

    Mercedes também falou da história do proibicionismo e suas origens racistas, do preconceito, da participação das mulheres e, claro, do narcotráfico que, com a regulamentação, perdeu negócios. Afinal, a quem interessa manter esse proibicionismo? No Brasil usar maconha ainda é crime, o que significa dizer que quem fatura é o narcotráfico.

    Considerando apenas o uso medicinal, a projeção é que o mercado represente 6,5% do total da indústria farmacêutica (R$ 76 bilhões em 2017), segundo estudos da Green Hub. Com a decisão desta semana da Anvisa, a medicação à base de maconha poderá ser comprada na farmácia mediante apresentação de receita médica. Até agora, era necessário uma autorização especial para importar esses remédios, em um processo caro e burocrático.

    Ainda temos muito o que aprender, inclusive no entendimento quanto ao uso completo, terapêutico da planta, afinal, é melhor fumar um cigarro de maconha antes de dormir ou tomar remédio tarja preta toda noite à vida toda? Não é à toa que os brasileiros são os maiores frequentadores da Expocannabis, 45% do total do último evento, mais que os próprios uruguaios. E também não é à toa que a Mercedes passou por aqui com a agenda lotada. Mas, para nossa sorte, ela encontrou um tempinho para compartilhar suas experiências.

     

  • Apoie a campanha dos Jornalistas Livres para a América Latina!

    Apoie a campanha dos Jornalistas Livres para a América Latina!

    A América Latina está sob ataque da extrema direita e do projeto neoliberal do capital financeiro de países como os Estados Unidos. Democracias como as da Bolívia e Equador estão sendo desestabilizadas pelas elites oligárquicas, altamente racistas e reacionárias. É o neofascismo de Bolsonaro, Camacho, Trump e outros atacando mulheres, indígenas, negros e LGBTs. Na Bolívia, após o golpe de estado sofrido por Evo Morales, legitimamente reeleito, a violenta repressão golpista está deixando mortos e muitos feridos. E isso pode piorar! A mídia tradicional, comprometida com os interesses do capital, não está mostrando a realidade. Nós, Jornalistas Livres, fomos até a Bolívia e Argentina cobrir as eleições desses países, mesmo sem ter os recursos suficientes. Queremos mostrar a verdade para nossos leitores, atuando in loco nos países em crise. Para isso, precisamos da ajuda de todos e todas, para que possamos enviar correspondentes com segurança, porque agora o momento é perigoso para a imprensa, especialmente na Bolívia. Ajude-nos a fazer o que a mídia tradicional não faz: mostrar os fatos!

  • “O sistema de produção mundial está colocando a América Latina em crise”, diz ex-ministro de Mujica

    “O sistema de produção mundial está colocando a América Latina em crise”, diz ex-ministro de Mujica

    Por Joana Zanotto e Isabella Fiuza, Jornalistas Livres direto de Montevidéu.

    Caminhando pelas ruas de Montevidéu, no último domingo de eleições presidenciais e legislativas (27/10), avistamos um senhor sentado em frente ao comitê de campanha da Unidad Popular Uruguaya (UP) que lia um livro sobre lutas de classes na Grécia Antiga. O senhor lendo e entregando seus panfletos se tratava de Roberto Kreimerman, ex-Ministro da Indústria, Energia e Mineração do governo de Pepe Mujica entre 2010 e 2015. Ele deixou a Frente Ampla para se incorporar a UP e encabeçar o partido Assembleia Popular ao Parlamento. 

    Nos juntamos a ele para conversar por uns instantes ainda pela tarde, antes do encerramento das votações às 19h30. O encontro casual é representativo, nos fez sentir a relação estreita entre as políticas e políticos de esquerda e as comunidades votantes, assim como as fotos de Pepe Mujica e sua companheira Lucía Topolanksky, panfletando e conversando com as pessoas no parque público, disseminadas amplamente nos Whatsapps da geral aqui no Uruguai.

    Cruzando pela capital, encontramos dezenas de militantes e candidatos/as da Frente Ampla e da Unidade Popular em tendas, que aproveitavam os últimos momentos para conversar diretamente com a população que participou massivamente dessas eleições decisivas para o país e a América Latina em um contexto onde a agenda progressista, com avanços nas liberdades individuais e coletivas no Uruguai, conquistados nos últimos quinze anos governados pela Frente Ampla, está ameaçada pelo avanço da direita e extrema-direita que já começam a anunciar as coligações para o segundo turno, que ocorrerá no dia 24 de novembro.

    O primeiro turno foi encerrado com Daniel Martinez, candidato presidencial da Frente Ampla, em primeiro lugar com 39,2% votos e Luis Lacalle Pou, candidato do Partido Nacional com 28,6% dos votos. A coligação de esquerda UP teve como candidato a presidente Gonzalo Abella e vice-presidente Gustavo López. A chapa recebeu o equivalente a 0,8% do total dos votos. Nenhum senador da UP foi eleito.

    Integrantes da Unidade Popular se consideram marxistas, anti-imperialistas e antioligárquicos. Roberto Kreimerman tinha clareza de que o seu partido não venceria o pleito presidencial e trabalhava para alcançar cadeiras no parlamento. “Nós somos um partido pequeno com a intenção de crescer no futuro, por isso a aposta nessas eleições”, nos explicou. 

    O ex-ministro não nos antecipou o posicionamento da UP em relação a possíveis coligações no segundo turno, que já era previsto, por conta da lei eleitoral que proíbe manifestações políticas ostensivas no dia das eleições e também em respeito ao princípio do partido, que alia diferentes correntes. Mas reforçou que para o partido “a democracia é um valor fundamental”. Grupos da extrema-direita, assim como no Brasil, levantam bandeiras com ideais antidemocráticos fascistas.

    “Nós [Unidade Popular] temos como ponto básico os trabalhadores porque são a parte majoritária mais vulnerável da sociedade. Com isso o nosso enfoque é melhorar as suas perspectivas”, disse Roberto Kreimerman. Na entrevista ele abordou essencialmente aspectos econômicos para nos responder sobre as questões sociais que permeiam a América Latina.

    Jornalistas Livres: Pode nos falar um pouco sobre a Unidade Popular?

    Nós somos um partido que já existe há algum tempo, ao qual eu aderi recentemente, e que está basicamente composto por uma série de grupos que possuem uma plataforma comum para trabalharem. Nesse sentido, é um grupo pequeno com intenções de trabalhar fundamentalmente a favor dos trabalhadores.

    JL: Caso as eleições do dia de hoje passem para o segundo turno, há alguma perspectiva de alinhamento?

    Hoje é dia de eleições e os resultados serão definidos em breve. Em função disso, assim que saírem os resultados, nós iniciaremos as discussões entre grupos distintos que compõem a Unidade Popular para falarmos sobre um possível alinhamento.

    JL: Poderia falar um pouco sobre esse momento que a gente vive na América Latina de crescente conservadorismo como isso é visto a partir de uma perspectiva do Uruguai?

    Nesse sentido, é necessário afirmar que a América Latina passou por um ciclo importante, reflexo da constituição de mundo, das grandes cadeias de valor que promoveram uma nova organização mundial de trabalho e tiveram também uma influência no preço das matérias-primas, com uma crescente desindustrialização em muitos dos países da América Latina, além de uma concentração de produtos primários, de produtos de baixo valor agregado. Então, vemos mudanças políticas significativas de um lado e, em outro sentido, grandes insatisfações populares na região. O sistema de produção mundial está nos deixando como produtores de bens de baixo valor de mão de obra e de recursos naturais. Ambas as coisas são absolutamente inconvenientes ao nosso futuro e isso é um pouco do que estamos vendo como consequência em muitos dos países.

    JL: Como você vê os protestos populares populares no Chile?

    Em primeiro lugar, o que nós vemos são vários efeitos positivos e negativos. É evidente que o que me referia anteriormente se vê muito no Chile, porque é um país que tomou fortemente esse processo como política econômica. Outros países da América Latina também assumiram, como já dizia, uma política baseada na exportação de bens primários, com altíssima porcentagem de exportações dependendo desse tipo de produto. Já em seu processo histórico, não realizaram um processo de industrialização ou um processo de desenvolvimento importante, o que conservou uma grande desigualdade. Então vemos, por um lado lamentável, a quantidade de pessoas mortas e a repressão que se instituiu em boa parte e, por outro lado, vemos que o povo do Chile saiu a protestar porque é uma situação muito negativa para os trabalhadores. Desigualdade altíssima, crescente desemprego, custo de vida elevado e o que isso está mostrando amplamente é que o que eu mencionava anteriormente: a estrutura de produção que se apropria desses benefícios, um tema grave para que os povos possam se desenvolver.

    JL: Temas como o aumento do custo de vida e falhas na segurança pública estão sendo muito comentados nessas eleições. Os partidos de direita e conservadores estão propondo algumas reformas na segurança que envolvem militarização do Uruguai. Qual é o projeto da UP para que possam melhorar essa questão?

    Hoje, o dia das eleições, é um dia em que não posso falar sobre os aspectos políticos do Uruguai por conta da lei eleitoral. Por sorte, por costume dos uruguaios, estamos desenvolvendo esse dia de forma muito natural, comum e com muita participação, mas hoje não podemos falar sobre aspectos políticos. Hoje corresponde a um dia em que a gente se expresse apenas colocando o nosso voto e aguardando pelo resultado.

  • Domingo de eleições no Uruguai se passa com tranquilidade apesar do clima político de tensão

    Domingo de eleições no Uruguai se passa com tranquilidade apesar do clima político de tensão

    Por Joana Zanotto e Isabella Fiuza, enviadas dos Jornalistas Livres em Montevidéu

    O domingo de eleições (27/10) presidenciais e legislativas amanheceu cinzento em Montevidéu. Apesar do momento crucial para a política do país, as ruas se conservaram tranquilas durante todo o dia, com a presença massiva de eleitoras e eleitores. Observamos muitas pessoas idosas e com necessidades especiais indo votar. Os mercados são proibidos de vender bebidas alcoólicas por 24 horas até o fim da eleição.

    Ativistas e eleitoras/es da esquerda começaram a se reunir para os festejos, perto do encerramento das votações às 19h30, na avenida principal 18 de Julio, que corta a capital ao longo de sua extensão, e que no final da noite se encheu de gentes, mesmo diante da alta probabilidade de segundo turno, previsto para o dia 24 de novembro.

    Encontramos com diversos militantes da Frente Ampla durante o dia, distribuindo folhetos e bandeiras em tendas pela capital.

    Logo cedo na primeira hora da votação, que teve início às 8h, o simpático e popular ex-presidente José Pepe Mujica (2010-2015) votou. Aos 84 anos, ele disputa uma vaga ao Senado. Assim como sua companheira, a atual vice-presidenta no governo de Tabaré Vázquez, Lucía Topolansky, aos 74 anos. Ambos da coligação progressista Frente Ampla lutaram contra a ditadura militar no Uruguai, que perdurou entre 1973 e1985.

    O candidato a presidente pela Frente Ampla, Daniel Martínez, chegou cerca de 11h30 ao seu colégio eleitoral, na Faculdade de Administração e Ciências Sociais, no Bairro Pocitos, em Montevidéu, onde permaneceu na fila por uma hora até votar conversando com jornalistas. Em entrevista para Jornalistas Livres, disse que pretende, caso eleito, formar entre os países latino-americanos “uma verdadeira integração” visando fortalecer e sustentar um lugar muito mais digno no mundo. “Foi a luta dos que sonharam uma América Latina independente e também muito mais integrada.” Martínez fez referência ao herói libertário uruguaio José Artigas.

    É grande a expectativa no processo eleitoral do Uruguai perante a convulsão política que vive a América Latina neste momento, na sua maioria colapsada em crises econômicas e sociais geradas pela agenda neoliberal, que é defendida pelos candidatos de direita no Uruguai, inclusive Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional. O candidato deve se aliar aos demais partidos de direita/conservadores no segundo turno, o que deixa em alerta os setores progressistas. Ainda mais que um dos candidatos nesse bolo, Manini, do partido Cabildo Abierto, fundado neste ano, se promove com discursos fascistas semelhantes aos que elegeram Bolsonaro no Brasil, com forte ênfase na segurança pública. Nas televisões uruguaias os políticos de direita já anunciam as possíveis coligações pela candidatura de Lacalle.

    Os dois partidos principais de direita, Colorado e Branco, sempre rivalizaram entre si, mantendo-se por quase duzentos anos no poder. A possível aliança entre os dois partidos é uma tentativa de disputa com a coligação de esquerda.

    São quinze anos e três mandatos da Frente Ampla à frente da presidência. O país conquistou importantes avanços nas liberdades individuais e coletivas durante esse período, como a descriminalização do aborto em qualquer circunstância e a liberação da venda e cultivo da maconha. Em 2018, o Parlamento de maioria frenteamplista aprovou lei para proteção da população transgênero.

    A eleitora Giselle Marchesi falou em entrevista para a reportagem que nesses quinze anos se conquistou “igualdade de direitos para as mulheres, trans, gays e pessoas com deficiência. Eles [a Frente Ampla] fizeram muito e uma troca de governo a essa altura seria voltar pra trás.”

    Junto aos avanços, o país enfrenta desafios como o alto custo de vida. A direita conservadora superexplorou o tema da segurança pública para impulsionar a sua campanha. 

    Uma proposta da direita de reforma à segurança pública para militarizar as polícias também foi votada neste domingo. A reforma foi rejeitada pela maioria dos eleitores nas urnas, mas ainda assim chegou a receber 47% de adesão.

    O eleitor Javier Torres, que trabalha em uma empresa de ônibus e há dois anos também como motorista de Uber, conta que vota em Lacalle porque considera que “algumas coisas precisam mudar.” Ao mesmo tempo, ele considera que “não gostaria de militares nas ruas.”

    Pepe Mujica fez uma declaração no final do ano passado, em Los Angeles, nos Estados Unidos dizendo que se conseguiu no país “até certo ponto, ajudar essa gente [pobres] a se tornarem bons consumidores; mas não conseguimos transformá-los em cidadãos”. A autocrítica de Mujica ganhou bastante repercussão internacional. O ex-presidente, com seu jeito simples e repleto de dignidade, passou o sábado na praça junto a vice-presidenta Polansky conversando com passantes em campanha para a Frente Ampla.

    Os resultados preliminares das eleições indicam o segundo turno entre Daniel Martínez e Lacalle Pou.

     

    Uruguaios vivendo fora do país viajam para votar

    São mais de 7 mil colégios eleitorais em todo o Uruguai; 6.314 em áreas urbanas e 808 em áreas rurais. A população é de 3,4 milhões de pessoas. 

    Uruguaios que vivem fora do país se organizaram para viajar nas eleições. O Uruguai é um dos únicos países que não possui o direito a voto consular e, portanto, os cidadãos não podem votar desde outros países. 

    Do Brasil saíram ônibus de Santa Maria (RS), Caxias (RS), Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC). A reportagem acompanhou a caravana das eleitoras e eleitores da Frente Ampla que partiram de Floripa rumo a Montevidéu. Durante as 20 horas de trajeto muita música e animação entreteve as 46 pessoas no ônibus fretado.

    Integrou a caravana o professor de história Luis Hector, preso político e torturado pelo regime militar do Uruguai quando tinha 19 anos. Ele vive no Brasil desde que foi solto e sempre viaja para votar. Nessas eleições, Luis saiu do Rio de Janeiro de ônibus para se juntar à caravana e ir até o seu colégio eleitoral. Questionado sobre seu esforço para participar das eleições, afirmou convicto: “nós temos que ganhar. A esquerda não pode perder, ainda mais agora, no contexto em que a América Latina se encontra. O Chile está provando que a representatividade da direita está falida.”

     

    Chegada da caravana de Florianópolis em Montevidéu na noite de sábado (26)
  • URUGUAI: ESFORÇO PARA GARANTIR CONQUISTAS SOCIAIS NO 1° TURNO

    URUGUAI: ESFORÇO PARA GARANTIR CONQUISTAS SOCIAIS NO 1° TURNO

    Há uma semana das eleições do próximo dia 27/10, a Frente Ampla do Uruguai realiza, com grande engajamento popular, seus eventos finais, no esforço de vencer a direita já no primeiro turno. Ontem à noite, vários pontos tradicionais de Montevidéu eram um mar de bandeiras a agitar as ruas de vermelho, azul e branco pela vitória de Daniel Martinez (FA).

    https://twitter.com/J_LIVRES/status/1186028329884966912

    O candidato das forças de esquerda vence as pesquisas com quase 40 pontos, contra 27% do principal adversário, o liberal Lacalle Pou, que é seguido por Ernesto Talvi, do Partido Colorado, com 16% e Guido Manini Ríos, do Cabildo Abierto, com 10%. Lacalle, o segundo colocado, já anunciou uma possível aliança à direita com o ex-militar Manini, defensor da tortura e da ditadura militar, considerado o Bolsonaro uruguaio.

    A vontade de não arriscar numa aliança neoliberal fascista de segundo turno os direitos sociais, trabalhistas e a redução drástica da pobreza de 39% para 8%, conquistados durante os 15 anos de governo de esquerda, deu ao hino da FA uma entonação mais comovente.

    A caravana final de hoje antecede o encerramento da campanha, que ocorrerá na quarta-feira, 23, às 19 horas, na Rambla Presidente Wilson. Três ondas saíram de pontos diferentes da capital e se encontraram no Palácio Legislativo, de onde partem para a rambla Kibón, passando pela Avenida do Libertador, 18 de Julho e Bulevar Artigas.

    Acompanhe a cobertura das eleições dos Jornalistas Livres na Bolívia, Uruguai e Argentina neste momento estratégico para a América Latina e para o Brasil!

  • Com suspeita de perseguição, ex-presidente do Peru pede asilo político no Uruguai

    Com suspeita de perseguição, ex-presidente do Peru pede asilo político no Uruguai

    Alan García, ex-presidente do Peru, pediu asilo político na embaixada do Uruguai, em Lima, depois de ser proibido de sair do país por 18 meses. Ele é investigado por corrupção dentro do escândalo da Odebrecht, mas suspeita-se que a sentença já estava pronta antes mesmo do processo começar.

    O Ministério de Relações Exteriores do Uruguai informou que o embaixador do país no Peru, Carlos Alejandro Barros, comunicou ao governo na manhã do domingo (18) que García foi até a casa do diplomata na noite sábado (17) para fazer o pedido.

    Leia a integra da carta enviada por Alan García:

    Excelentísimo Señor Presidente de la República Oriental de Uruguay
    Don Tabaré Ramón Vásquez Rosas
    Excelentísimo Señor Presidente:

    En mi condición de Ex Presidente Constitucional de la República del Perú, donde ejercí el honroso cargo de Jefe de Estado elegido por el pueblo en dos ocasiones, recurro a Usted para solicitar asilo político en Uruguay.

    Hoy, una vez más, en mi patria, las leyes y procedimientos se desnaturalizan y manipulan por intereses políticos como instrumentos de persecución. Estallado el escándalo Odebrecht, como en otros países, se iniciaron las investigaciones, y con ellas se descubrieron y probaron grandes sobornos. Así, al Ex Presidente Alejandro Toledo se le investigó y enjuició por haber exigido y recibido Veinte millones de dólares en la obra de la Carretera Interoceánica; al Ex Presidente Ollanta Humala, se le investigó y detuvo por el hallazgo de Tres millones de dólares aportados en su campaña y confirmados en sus agendas personales. Pero además, el descubrimiento de supuestos servicios financieros prestados por Pedro Pablo Kuczynski a la empresa Odebrecht para sus negocios en el Perú, al mismo tiempo que era Ministro de Economía del gobierno de Toledo, y el cobro por ellos de Cuatro millones de dólares, originaron su vacancia presidencial en febrero de este año 2018.

    Toda la atención fue puesta en mí, a la espera de que, las delaciones acordadas entre la empresa y la Fiscalía de la Nación del Perú, arrojaran alguna prueba de pago o soborno. Pero por el contrario, en todas sus declaraciones durante dos años y bajo juramento, tanto Marcelo Odebrecht como sus más altos funcionarios, reiteraron: “Jamás se habló con Alan Garcia de nada ilícito” y jamás mencionaron, como en todos los otros casos, montos, números de cuentas, lugares o conversaciones. Todo ello a pesar de las especulaciones gratuitas o rumores que los adversarios y los agentes del gobierno difundieron. No existe pues ni una sola declaración, delación o prueba de ilícito, mencionados por ningún declarante peruano o brasilero. Más aún, el Congreso aprobó por mayoría de 65 a 18, el 9 de Noviembre de este año, un amplio informe de la Comisión multipartidaria Lava Jato, elaborado en dos años, en el cual se precisa que “No existe ningún elemento, delación o prueba que vincule a Alan Garcia con los temas investigados”.

    Sin embargo, aunque el fondo y la conclusión son claros; en mi país, la guerra por copar las instituciones y la Fiscalía de la Nación ha creado un clima de indefensión jurídica, donde ni la verdad ni la ausencia de pruebas valen ante el afán de usar los procedimiento investigatorios extremando abusivamente sus ilícitas atribuciones. Hoy, y con propósito político y persecutorio, se mezclan y confunden tipos penales para extender los plazos. Una sospecha no comprobada sirve para iniciar un procedimiento por enriquecimiento ilícito, luego se añade a este la figura del Lavado de Activos para aumentar el plazo investigatorio de ocho a doce meses, y finalmente se agrega la figura de la Organización Criminal, para que ese plazo “investigatorio” llegue a ser de treinta y seis meses ampliable a otros treinta y seis.

    Y durante ese tiempo, se aplica abusivamente la detención preventiva, con lo cual la libertad como valor fundamental desaparece ante la arbitrariedad de fiscales comisionados por el régimen, con el propósito de infamar y destruir a los adversarios políticos del gobierno.
    Desde que concluí mi segunda presidencia he hecho frente a múltiples acusaciones y a todas he respondido, asistiendo en cuarentaiocho ocasiones (48) a las fiscalías, a los juzgados y al Congreso de la República. Ninguna condujo a proceso, pues ninguna evidencia ni prueba se halló. Pero sirvieron para la destrucción sistemática y periodística de mi imagen política.
    Sin embargo, producida la vacancia del Presidente Pedro Pablo Kuzcinsky, por las razones antedichas, un nuevo tipo de política se ha instaurado.

    Es la confrontación y el arrinconamiento de los otros poderes. Aprovechando el antiparlamentarismo tradicional e histórico del pueblo peruano se ha convocado a un referéndum para establecer la No Reelección de los congresistas, como un recurso para fortalecer la pasajera popularidad del presidente accesitario tras la vacancia. Además, aprovechando las escuchas telefónicas practicadas contra algunos magistrados (apenas al 0.1% del total de jueces y fiscales del Perú), se inició la batalla por capturar la fiscalía de la Nación, en la que había sido elegido el Fiscal Pedro Chavarry, con el propósito de destituirlo y entregar la institución a fiscales dóciles al gobierno.

    Por primera vez en un régimen, en apariencia democrático, tanto el Presidente accesitario como su Primer Ministro han reclamado públicamente la destitución por el Congreso del Fiscal Chavarry. Y como el congreso, de mayoría contraria, no accediera a tal exigencia, se optó por usar los procedimientos penales acusando al partido Fujimorista de haber recibido un millón de dólares como contribución a su campaña electoral. Para ello, se aplicó la figura del Lavado de activos, presumiendo que esa supuesta ayuda provenía de actividades ilícitas de Odebrecht y que los beneficiarios lo sabian. Inmediatamente toda la organización de ese partido se denunció como una Banda Criminal y se aplicó indebidamente contra sus dirigentes la detención provisional “por treinta y seis meses”, contra las opiniones y resoluciones de la Corte Interamericana de Derechos Humanos y del propio Tribunal Constitucional del Perú.

    Más grave es que, cuando ese partido solicitó al Premier Cesar Villanueva una reunión con el Jefe del Estado, este respondió que, para conversar, deberían primero, “destituir al Fiscal Chavarry”, en una pública y escandalosa exigencia que comprueba el interés político del régimen por cambiar de fiscal, para evitar, como se presume, su propia investigación y enjuiciamiento por casos en los que, ex ministros del régimen Kuczynski, como los actuales Presidente y Primer Ministro, estarían comprometidos.
    En esta situación, con el parlamento judicialmente coaccionado, una Corte Suprema en la que renunció el Presidente y cinco vocales son investigados; con un Consejo Nacional de la Magistratura inexistente, una Fiscalía de la Nación acosada y en lucha con fiscales inferiores “con intereses políticos coordinados con el gobierno” según declaración del Fiscal de la Nación; la Justicia en el Perú vive una situación anómala, y la situación jurídica de un dirigente político opositor está gravemente amenazada. No hay fiscales ni jueces naturales o imparciales.

    Por ejemplo, uno de los casos por los que se me “investiga” a pesar de haberse comprobado por su propia declaración, que la empresa Odebrecht jamás me pago un centavo, es escandaloso. Una persona, a la que jamás conocí, vendió una vivienda en un barrio popular, recibió el pago, pero después, se negó a entregar el bien, y además, denuncio al comprador por apropiación ilícita. Rechazadas cinco primeras denuncias fiscales por no ser racionales, la misma persona encontró como recurso presentar una sexta denuncia señalando que el comprador es un “testaferro de Alan Garcia”. Por tal argumento esta sexta denuncia si ha sido tramitada, iniciándose mi investigación por “enriquecimiento ilícito y lavado de activos”. Esa, Señor Presidente, es la situación que vivo, en un ambiente de persecución política.

    Y hace unos días se difundió la infamia de que una conferencia internacional que ofrecí a la Federación Industrial de Sao Paulo, ya como ex Presidente en el año 2,012, que fue contratada por una agencia cuyos honorarios me fueron depositados en mi cuenta personal en Lima, pagando de inmediato el 30% de impuestos por ella, provendría de los fondos de Odebrecht que es solo una de las miles de asociadas de esa Federación industrial.

    Sin embargo, con esa sola afirmación, en el mismo día, se ha dictado contra mí una medida de impedimento de salida del país, lo que comprueba el uso exagerado y político de los procedimientos.

    Señor Presidente: yo he sabido afrontar dentro de las leyes todas las acusaciones o especulaciones y ya en una ocasión la Corte Suprema del Perú, en última instancia, me exoneró de todas ellas en enero de 1992 pero, destituida esa Corte por el Golpe de Estado de ese año, y acosado por los golpistas fui protegido por Colombia, Patria de las Leyes. Pero hoy, la situación es similar, como se ira conociendo paulatinamente.

    Por tal causa, como Presidente electo en dos ocasiones y defensor de las libertades democráticas, me dirijo a Usted para solicitar la protección de la República Oriental del Uruguay, hasta que cese el clima de persecución política existente en mi país.
    Es gracia que espero alcanzar.

    Muy respetuosamente.

    Alan Garcia