Jornalistas Livres

Autor: Renato Cortez

  • Rafael Arrichetta militante da UJS de Salvador

    Rafael Arrichetta militante da UJS de Salvador

    Rafael Arrichetta é militante da UJS de Salvador/BA e mais um dos acampados em Brasília pela Democracia e contra o golpe. O jovem comunista conta que vieram para renovar a esperança e barrar a aventura golpista da oposição.

    Conhecida pela sua combatividade, a UJS tem vários atos programados em Brasília. “A agenda é decidida diariamente em plenárias realizadas no acampamento e comunicada aos demais colegas estudantes”, explica. “Além de performances e intervenções artísticas, também nos dedicamos ao agitprop, que a UJS domina”, referindo-se às atividades de agitação e propaganda que fizeram a fama do coletivo de estudantes.

    Típica da juventude, a animação da turma tem contagiado o Acampamento Nacional pela Democracia e contra o golpe. “Nossas marchas são animadas pelo som de vários instrumentos musicas e a UJS contribui na bateria, com ritmistas vindos diretos de Salvador”, orgulha-se o combativo estudante.

  • “Os ataques misóginos não nos assustam; fortalecem-nos!”

    “Os ataques misóginos não nos assustam; fortalecem-nos!”

    “Os ataques misóginos não nos assustam; fortalecem-nos!” Assim Luccy Lopes, presidenta do DCE da Faculdade Professor Dirson Maciel de Barros, em Goiana/PE, responde ao machismo que insiste em se manifestar no debate político brasileiro. A militante está ansiosa para o Ato dos Movimentos Sociais com Dilma, aqui no Acampamento Nacional pela Democracia e contra o golpe, marcado para a manhã deste sábado (16).

    Luccy acredita que a presença de Dilma junto aos acampados ajudará a “manter o ritmo de mobilização contra o golpe”, já que além de Presidenta de todos os brasileiros, “é uma mulher de fibra que não se deixa abalar com picuinhas”.

    Sobre o momento conturbado pelo qual passa a política em nosso País, Luccy acredita que o saldo positivo é a união da esquerda manifestada nas diferentes atividades de mobilização contra o golpe ocorridas em todo o Brasil. Para ela, “a rearticulação da esquerda fatalmente nos fortalecerá para as batalhas vindouras”, citando o ânimo golpista e a aliança entre setores conservadores da sociedade para solapar a Democracia. De qualquer forma, quando perguntada, Luccy responde prontamente: “não vai ter golpe!”

  • Lindenbergh Farias declara em coletiva de imprensa que “O campo democrático virou o jogo”

    Lindenbergh Farias declara em coletiva de imprensa que “O campo democrático virou o jogo”

    O senador Lindbergh Farias (PT/RJ) esteve hoje no Acampamento Nacional pela Democracia e contra o golpe durante o ato do ex-presidente Lula com os movimento sociais. Após a atividade, ele participou de uma rápida entrevista coletiva na tenda montada para transmissão dos debates em contraponto ao golpe. E trouxe uma boa notícia: o campo democrático virou o jogo e a oposição corre o risco de não ter os votos necessários para a concretização do golpe mesmo após toda a campanha midiática a favor dos golpistas. Entretanto, o senador lembrou que não podemos nos desmobilizar, já que a tropa de Eduardo Cunha “não brinca em serviço”, numa alusão às manobras regimentais utilizadas para se defender e atacar os adversários.

    A adesão à narrativa golpista por uma parcela da população foi comentada durante a coletiva. Para o senador, muitos embarcaram na onda do impeachment por não saberem o que e quem estava por trás de toda a movimentação. Agora, com a desmistificação do debate, ele sente que muitos estão revendo a sua posição. “Perceberam que se Dilma sair, quem assume são Michel Temer e Eduardo Cunha, dois notórios golpistas que estão preocupados apenas em paralisar a Lava Jato.

    Lindbergh frisou a necessidade de manter a grande mobilização dos setores progressistas da sociedade contra o golpe. “A imprensa trouxe diversas versões para dizer que o impeachment era certo. Agora, perceberam que o discurso começou a pender para o lado dos defensores da Democracia e querem aparecer como minoria, numa tentativa de estimular os golpistas a saírem às ruas amanhã”. No entanto, o senador alerta que “amanhã todo os brasileiros e brasileiras que prezam a democracia tem que estar nas ruas”.

    O senador também aproveitou para falar sobre a nova esquerda que surge diante desse cenário político. Para ele, é “o momento de o governo mudar a política econômica, fazer a reforma ministerial e mudar esse ajuste fiscal”, que penaliza os mais pobres em detrimento dos mais ricos. Lindbergh acredita que muitos dos que votaram em Dilma se desencantaram com o governo e defende ‘justiça tributária’, em um sistema progressivo de pagamento de impostos escalonado de

    Sobre o ex-presidente Lula, Lindbergh disse que ele está bem, “com a cabeça boa”. O senador afirma que “Lula vai fazer a reconexão com o povo como ministro da Casa Civil pois é um grande conciliador, um verdadeiro camisa 10”, para ficar nas metáforas futebolísticas tão usadas pelo “melhor presidente que o Brasil já teve”.

    Lindbergh está confiante com a votação de amanhã, mas lembra que é preciso fazer algumas disputas fundamentais para que a sociedade brasileira não continue refém das elites que sempre a exploraram. Além de uma reforma política que garanta real representação popular, o senador disse ser muito importante democratizar as comunicações. Para ele, esta concentração midiática é uma das responsáveis pela intoxicação do debate que resultou na aventura golpista da oposição.

    O comportamento temerário do vice-presidente da república não passou despercebido ao senador. Lindbergh contou que Michel Temer estava em São Paulo, mas diante da grande movimentação em defesa da democracia e soberania das urnas dos últimos dias, resolveu voltar a Brasília para “leiloar cargos em troca de apoio ao golpe”. O senador aproveitou para mandar um recado: “amanhã, se nós vencermos, que o Sr. Michel Temer tenha vergonha na cara e renuncie ao seu mandato de vice”.

  • Tenda Maria Aragão garante a saúde do acampa da democracia em Brasilia

    Tenda Maria Aragão garante a saúde do acampa da democracia em Brasilia

    Complicações de saúde no Acampamento Nacional pela Democracia e contra o golpe não é problema: dentre as várias brigadas que trabalham pela harmonia do local, uma delas é aquela responsável pelo atendimento médico dos acampados. Com o nome de Tenda Maria Aragão – em homenagem a médica negra e nordestina que se tornou comunista ao estudar Medicina no Rio de Janeiro na década de 1940 – o espaço atende basicamente às ocorrências que acontecem no acampamento, como distúrbios intestinais, gripes e contusões de baixa gravidade.

    Etel Matielo é uma das profissionais de saúde que se voluntariou para trabalhar. Cuidadora por formação, desde terça-feira ela cumpre expediente no acampamento auxiliando quem precisa de cuidados médicos. Etel diz que todo o trabalho é voluntário e que boa parte dos medicamentos administrados nos pacientes é proveniente de doações. A outra parte vem de diversos assentamentos espalhados pelo País e é feita com os frutos da terra e o conhecimento acumulado ao longo das gerações no uso medicinal das plantas.

    De troncos, raízes, folhas, sementes e outros são produzidos remédios para diferentes moléstias, além de óleos, unguentos e pomadas para uso nos pacientes. Como o clima no DF nesta época do ano tende a ser muito seco, dessa vez também produziram cosméticos naturais para amenizar os efeitos da secura na pele.

    Outra que presta atendimento na Tenda Maria Aragão é Ana Lídia, responsável por receber e administrar a medicação em quem procura a brigada de saúde. Ela explica que os preparados são feitos com diversas plantas. Abacaxi, gengibre, coejo e uma infinidade de gêneros cultivados nos assentamentos funcionam como matéria-prima para a produção.

    O voluntariado é uma das marcas da brigada de saúde. Etel conta que um dos acampados procurou a tenda em busca de um unguento para aliviar dores no joelho. Após atendimento, disse que poderia ajudar com massagens, já que trabalha como massagista. Desde então, é mais um dos integrantes da equipe, ajudando a “distensionar músculos cansados” com sessões de massagens oferecidas na tenda. “Ainda que fortes e aguerridos, o vasto calendário de atos e mobilizações cobra do nosso corpo”, contextualiza a cuidadora.

    E não pára por aí. Uma médica que veio doar panelas, ao tomar conhecimento da Tenda Maria Aragão, também resolveu ficar e fortalecer a equipe. O conceito de saúde enquanto formação e inclusão seduziu a profissional. Nas palavras de Etel, “saúde é a capacidade de resistir ao que nos oprime”, o que evidencia não somente a capacidade de resistência dos acampados, mas a solidariedade que permeia toda a organização e vida em comunidade do Acampamento Nacional pela Democracia e contra o golpe.

  • O aposentado Geraldo Magela da Tridade tem motivos de sobra para estar nas ruas:

    O aposentado Geraldo Magela da Tridade tem motivos de sobra para estar nas ruas:

    Vítima do golpe militar de 1964, ele sabe muito bem o que a sociedade brasileira aguarda se a aventura golpista se concretizar. O militante do Núcleo em Defesa da Democracia – coletivo de assessores parlamentares formado e atuante no Congresso Nacional – Geraldo está assustado com o germe do fascismo que teima em brotar no Brasil. “Depredação de sindicatos, hostilização de quem usa vermelho, médicos que não prestam atendimento por divergências ideológicas, isso tudo significa o início do fascismo, que vem a ser a intolerância ao diferente”, explica.

    Entretanto, diante de tanto ódio, Geraldo também enxerga a esperança. Para ele, o Acampamento pela Democracia, levantado ao lado do Ginásio Nilson em Brasília, é a mais pura expressão da solidariedade que marca a esquerda. “Aquilo ali é uma cidade”, espanta-se, “e a divisão de tarefas entre os acampados mostra a unidade na luta que construímos”. O aposentado está animado com o clima político e acredita que o processo de impeachment não vai vingar. “Imagina o quanto estão assustados com toda essa mobilização”, diverte-se, para então finalizar: “jamais imaginei passar por outro golpe novamente, mas já que tentam um agora, é obrigação estar nas ruas fortalecendo os movimentos sociais”.