Jornalistas Livres

Autor: Martha Raquel

  • La Paz parada: população deixa de trabalhar por medo da violência

    La Paz parada: população deixa de trabalhar por medo da violência

    A região da Praça São Francisco, é conhecida em La Paz pela grande quantidade de vendedores ambulantes e lojinhas de presentes. Na Av. Marechal Santa Cruz é possível encontrar de tudo, desde equipamentos de segurança e insumos para obras até roupas de marca, passando por lojas de móveis, mercadinhos e restaurantes.

    Hoje o cenário é bem diferente de uma semana atrás. Após o golpe, milhares de trabalhadores não conseguiram sair de casa por causa da onda de violência. A rua Sagarnaga, uma das principais da região, está completamente vazia na tarde de hoje. O Mercado Lanza, com centenas de comércios, também está fechado. Todos as ruas que levam a Praça Murillo, endereço da Casa Grande do Povo, o palácio do governo, estão fechadas.

    Neste vídeo é possível ver quando os protestos se intensificaram na tarde de ontem, 10.

    Nas ruas os golpistas ameaçam turistas e qualquer pessoa que tente fotografar ou filmas os atos de violência. A autora das imagens chegou a ser hostilizada pelos fascistas que tentavam impedir que ela fotografasse os paros cívicos. Os manifestantes de direita agora se concentram nas entradas de centros de polícia fazendo vigília. Eles alegam que estão protegendo a polícia.

    [GALERIA DE FOTOS]

     

  • Antes do golpe, boliviana celebrava os avanços do governo de Evo Morales

    Antes do golpe, boliviana celebrava os avanços do governo de Evo Morales

    La Paz, Bolívia, 24/10/2019, durante a apuração das eleições presidenciais, em ato de apoio à candidatura de Evo Morales, Silveria Laureano Carenagem – ativista dos animais e das mulheres deu um depoimento aos Jornalistas Livres sobre os avanços proporcionados pelo seu governo. Silveria tem câncer de mama e faz seu tratamento gratuitamente pelo sistema de saúde pública.
     
    Assista ao vídeo e leia abaixo a tradução do depoimento em português.

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/431877511060539

    Meu nome é Silveira Laureano, estamos nesse momento em La Paz, Bolívia.

    Eu sou exatamente de Villazón, fronteira com Argentina, pertence a Potosí. Minha origem é aimara, minha mãe é do campo, meu pai também é do campo. Nunca neguei minhas origens, minha mãe é de “pollera” (termo equivalente a mulheres mestiças e indígenas) e eu me sinto muito orgulhosa de minhas origens. Estou convencida que as pessoas que negam suas origens definitivamente não servem para nada. Porque jamais se deve negar suas origens, negar sua cultura… Me sinto orgulhosa, como boliviana, de ter Evo Morales Ayma como presidente, uma pessoa que muitos criticaram por não ter frequentado a universidade. Deram vez a pessoas que foram presidentes, que foram candidatos, que estudaram em Harvard e não fizeram absolutamente nada por este país.

    Discriminaram os povos mestiços e indígenas e até agora seguem fazendo e vocês são testemunhas. É crime ser mestiço e indígena, é crime ser aimara, sendo que 80% das pessoas daqui são do campo. Não podemos negar de onde vem nossa comida. Se o campo não nos provê de produtos, de onde comemos? Não sabem, não têm nem ideia do sacrifício que há no campo. Colher, semear, colher debaixo de sol, debaixo de chuva. Isso as pessoas da cidade não valorizam, e como vão valorizar se nunca conheceram o campo? O que vão valorizar? Temos um candidato a presidente, Mesa, que não sabe quantos municípios existem na Bolívia e assume isso. Ignorou totalmente o voto do campesino. Votaram incomodados, o campesino está incomodado porque foi ignorado, foram discriminados seus votos. Tivemos progresso, vias, praticamente toda Bolívia está asfaltada, podemos chegar em pouco tempo. E o asfalto são as veias de cada país. Quando se pensou que a Bolívia teria um satélite? Vamos instalar o segundo satélite na Bolívia. Há três anos começaram a construir com a mais moderna tecnologia locais para detecção de câncer. Não temos mais que ir até a Argentina, Chile ou a outro país para que nos detectem o câncer. Temos tecnologia de última geração, e em novembro já se começa a fazer exames, quimioterapias. Neste ano se aprovou a lei a favor do câncer. Através do Sus, as pessoas que não trabalhamos, esse é nosso plano de saúde. Através do Sus podemos nos beneficiar de uma cirurgia de mama, ou uma cirurgia de ovários, que na rede privada custa de 12 a 15 mil dólares. Onde conseguiríamos esse dinheiro para ter esse acesso? Nós conseguimos graças ao Evo, agora o compromisso dele é fazer uma fábrica para produção de produtos aqui na Bolívia. Quanta gente vai se beneficiar? Sabe quanto custa um medicamento para o câncer? Uma injeção custa 1.500 bolivianos. Mais de duzentos dólares em uma injeção aplicada quando as defesas baixam por causa do câncer.

    Uma injeção para uma pessoa que tem câncer avançado custa 2.200 dólares. A partir do ano que vem, o governo vai financiar as quimioterapias. As radioterapias são gratuitas. As cirurgias são gratuitas. Tudo isso é graças a Evo. Como não estarmos agradecidos a ele? Nos cinco anos que ainda restam, ele vai terminar tudo. Hospitais de níveis 3 e 4 no campo. Antes haviam alguns quartinhos que estavam caindo aos pedaços. Agora, eu queria que as pessoas que estão em La Paz e não conhecem esses lugares em Ravelo. São infraestruturas. Daqui a alguns dias vão entregar em Llallagua hospitais de última tecnologia, onde usarão sistemas inteligentes com sensores, para lavar as mãos e para que não circule ar contaminado. Há maquinários caríssimos onde até as pessoas de La Paz poderemos ir fazer tomografias porque no primeiro ano vai custar 400 bolivianos. Então, saiamos de La Paz, nos informemos como estamos asfaltados. De La Paz até Oruro são três horas, ida e volta. De Oruro até Llallagua são duas horas. De Llallagua até Ravelo, uma hora. E de Ravelo, algumas horas até Sucre. Estamos conectados a Sucre, e tudo está asfaltado. Então as pessoas que nao saem daqui nao sabem absolutamente nada. Se dizemos que temos o candidato Mesa que nem sabe quantas cidades temos, que diz que não existe gente no campo, e aqui está demonstrado qu

    anto faltava de votos dos campesinos, que eles tanto discriminam. O forte de Evo é o campo, as cidades, esse é o povo que eles ignoram. Aqui na Bolívia 80% somos de origem indígena, de origem aimara. Todos têm uma mãe mestiça ou indígena, uma avó mestiça ou indígena. Repito, quem renega sua raça e seu sobrenome não serve para nada, nem aqui nem na China. Temos que estar orgulhosos do que somos. Meus queridos irmãos, progredimos na Bolívia. temos satélite, já vamos para o segundo. As pessoas não estão cegas, as pessoas veem o progresso. Quando na Bolívia se teve senadoras, ministras de origem mestiça ou indígena? Quando se teve um mineiro como autoridade? Quando as pessoas tiveram, tão oprimidas em gestões anteriores? Isso os incomoda agora, que uma mulher mestiça e indígena seja senadora, ministra, deputada, que tenha todos os cargos. Isso os incomoda. Por isso nos discriminam, por isso tanto ódio por nós, os aimaras, aos campesinos, esse é o ódio que têm por nós, porque não há mais repressão.”
  • Milhares se reúnem no Palácio do Governo na Bolívia em apoio a Evo Morales

    Milhares se reúnem no Palácio do Governo na Bolívia em apoio a Evo Morales

    Milhares de pessoas se reuniram na noite do último domingo, 20, dia da eleição presidencial da Bolívia, em frente a sede do Palácio do Governo em La Paz. Com cartazes e palavras de ordem o povo fez silêncio somente durante o pronunciamento de Evo Morales, que aconteceu por volta das 21h30.

     

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/783425045411487

  • Confusão e desinformação atrasam apuração de eleição da Bolívia

    Confusão e desinformação atrasam apuração de eleição da Bolívia

    Por Martha Raquel Rodrigues e Leonardo Milano, direto da Bolívia, especial para os Jornalistas Livres 

    A primeira parcial das eleições presidenciais da Bolívia saíu antes das 20h. Com 83% das urnas apuradas, Evo Morales, do Movimento ao Socialismo e atual presidente, tinha 45,28% dos votos. Seu principal concorrente Carlos Mesa, do Comunidade do Cidadão, tinha 38,16%. Segundo Antonio Costas, vice-presidente do Tribunal Supremo Eleitoral da Bolívia, a segunda parcial deveria sair às 22h e contaria com 90% dos votos apurados. O fato é que até agora ninguém sabe de quanto é a vantagem de Evo sobre o segundo colocado e, portanto, se haverá segundo turno.

    Depois de mais de duas horas de atraso, um anúncio gerou muitas dúvidas na população e nos veículos de mídia que acompanhavam a apuração dos votos e aguardavam pelo resultado no Hotel Real Plaza, em La Paz. A contagem vinha sendo feita através dos relatórios de cada posto de votação. Mas os tribunais departamentais receberam, já no final da noite, a informação de que deveriam realizar a recontagem dos votos oficiais e por isso não poderiam fazer os dois processos ao mesmo tempo.

    Outro fato que causou estranheza em quem acompanhava a apuração foi que a TREP, Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares, já havia divulgado, desde as 20h, o resultado da votação em outros países. De forma oficial, a contagem dos votos começou a ser anunciada depois das 23h.

    As dúvidas geraram um clima de terrorismo. Enquanto diversos canais de televisão exibiam resultados não-oficiais em que diziam estar confirmado o segundo turno, Carlos Mesa tratou de dizer que temia fraudes nas eleições. Um pequeno grupo de menos de 10 pessoas apoiadoras de Carlos Mesa chegou a entrar no Hotel com palavras de ordem contra Evo Morales. A pequena panelinha chamou o atual presidente de assassino e diziam que a fraude já era certa.

    Os grandes jornais, na falta do resultado, acabaram por inventar um: noticiaram que as eleições da Bolívia iriam para o segundo turno.

    Quase perto de virar a noite veio o anúncio diretamente da presidenta do TSE, María Eugenia Choque: todos os votos deverão ser recontados e o resultado pode levar entre 2 e 7 dias para ser divulgado.

  • Com 83% da contagem preliminar dos votos, Evo Morales tem 45,28% contra 38,26% de Mesa

    Com 83% da contagem preliminar dos votos, Evo Morales tem 45,28% contra 38,26% de Mesa

    Saiu o primeiro relatório de votos das eleições da Bolívia. Com votos impressos, até o momento 83% das urnas foram conferidas. Na Bolívia, para ser eleito presidente são necessários 40% dos votos e uma diferença de 10% para o segundo colocado, ou mais de 50% da votação.

  • Eleições da Bolívia acontecem em clima familiar

    Eleições da Bolívia acontecem em clima familiar

    Este é um colégio eleitoral, o Colégio Huayna Potosi, na cidade de El Alto, próximo a capital La Paz. Trata-se de uma região com maioria indígena, e a todos os entrevistados declararam que voto em Evo Morales.

    Foto: Leonardo Milano / Jornalistas Livres

     

    Em frente do colégio foi montada uma feira com venda de todo o tipo de produtos e um parque para as crianças brincarem. As pessoas estão indo em grupos familiares votar, levando filhos e até seus animais de estimação. Uma senhora levou seu gato.

    As pessoas entrevistadas falam que vão votar em Evo Morales por que ele sempre investiu em saúde e educação para a população mais pobre, e destacam a construção do teleférico para esta região, que permite que eles cheguem em La Paz em cerca de 15 minutos.