Jornalistas Livres

Autor: Katia Passos

  • Sem papas na língua. Juliano Medeiros no Dialogando de hoje

    Sem papas na língua. Juliano Medeiros no Dialogando de hoje

    Quais interesses políticos estão por detrás da próxima disputa eleitoral? No Programa Dialogando desse domingo (26/07), 18h, o Pastor Fábio recebe Juliano Medeiros, presidente do PSOL para um papo sobre eleições e aprendizados da pandemia que passa por uma das fases mais críticas do momento, onde prefeituras e governos de vários Estados do país programam reabertura de mais uma parcela considerável de setores, enquanto isso, a mídia normaliza as curvas ascendentes do número de infectados pelo Coronavírus.

    Outra pergunta que precisa ser respondida é qual é o sentido das eleições serem realizadas ainda neste ano? Quais interesses políticos estão por detrás da próxima disputa eleitoral? Tudo isso e um pouco mais, sem papas na língua, como diz o Pastor Fábio. Vem!

    Assista, compartilhe. comente e mande perguntas no Facebook.

    Juliano Medeiros é um jovem dirigente político da esquerda brasileira e desde janeiro de 2018 ocupa a presidência do Partido Socialismo e Liberdade. Historiador e Mestre em História pela Universidade de Brasília, é Doutor em Ciências Políticas pela mesma instituição.

    Co-autor e organizador de Um Mundo a Ganhar e Outros Ensaios (Multifoco, 2013), Um Partido Necessário – 10 anos do PSOL (Fundação Lauro Campos, 2015) e Cinco Mil Dias: o Brasil na era do lulismo (Boitempo, 2017), colabora com sites, jornais e revistas no Brasil e exterior.[2]

    Em 2018 coordenou a campanha de Guilherme Boulos à Presidência da República pelo PSOL[3] e, no segundo turno, após decisão do partido, passou a integrar a coordenação da campanha de Fernando Haddad[4]. Desde a vitória de Jair Bolsonaro, participa do Fórum dos Presidentes de Partidos de Oposição[5].

    Durante mais de uma década Juliano Medeiros foi dirigente da corrente interna Ação Popular Socialista – Corrente Comunista do PSOL. Em Junho de 2019, a APS-CC se fundiu com o Coletivo Rosa Zumbi e mais oito coletivos regionais para fundar a Primavera Socialista, atualmente maior tendência do PSOL, da qual Juliano também é dirigente.[6]

    Fábio Bezerril Cardoso é Pastor, cientista social, ativista social e Cofundador & Coordenador da Escola Comum e atualmente apresenta o Programa Dialogando, todos os domingos, às 18h. É um dos pastores progressistas que têm lutado pela defesa dos povos periféricos e costuma não ter papas na língua para falar sobre a realidade desses lugares. A produção é de Katia Passos, com arte de Sato do Brasil.

    Conheça mais sobre a atuação do Pastor Fábio https://www.facebook.com/fabio.bezerrilhttps://www.facebook.com/fabio.bezerril

  • Quanto vale um estudante para o Brasil?

    Quanto vale um estudante para o Brasil?

    Hoje, às 20h30 Daniel Cara entrevista José Marcelino Rezende, professor da USP

    Bem na semana da vitória histórica do FUNDEB, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica, completamos 3 meses de encontros com mais de 15 programas, desde o início da pandemia, com o cientista político Daniel Cara, um forte defensor de uma educação pública e de qualidade, por isso, hoje (20h30), comemoramos essa marca com o Professor Titular José Marcelino de Rezende Pinto (USP) num papo sobre Custo Aluno Qualidade no FUNDEB.

    Sem dúvida, essa é a melhor oportunidade para quem deseja entender o CAQ e fortalecer o próximo período de defesa do FUNDEB, que passará por votação final, em breve, no Senado Federal.

    Na vitória dessa semana, o texto-base da PEC que aumenta a participação da União no fundo de 10% para 23% até 2026 e o torna permanente obteve vitória expressiva.

    No primeiro turno, a aprovação foi por 499 favoráveis contra sete.

    O texto foi obviamente rejeitado pelos seguintes bolsonaristas: Bia Kicis (DF), Chris Tonietto (RJ), Filipe Barros (PR), Junio Amaral (MG), Luiz Orleans e Bragança (SP), Márcio Laber (RJ), todos do PSL; e Paulo Martins (PSC-PR). No segundo turno, a votação ficou em 492 x 6. Os contrários foram Kicis, Tonietto, Barros, Amaral, Martins e Dr. Zacharias Calil (DEM-GO)

    E como sabem: #FundebPraValer É #FundebComCAQ. No YouTube e Facebook dos JLs.

    Assista:

  • A revolução da educação na quebrada é feita pela própria quebrada

    A revolução da educação na quebrada é feita pela própria quebrada

    “Nasci no escadão da Vila Solange, Guaianazes e tudo que sei sobre a vida aprendi aqui.”

    Assim começa o bate papo online que tive, na tarde desta sexta (19/06), com Pamela Vieira, bióloga e gerente de baladas que encontrei num grupo de Whatsapp.

    A postagem que estimulou esse contato trazia uma série de fotos de crianças da zona Leste de São Paulo estudando juntas, dentro de uma casa simples, como se fosse uma sala de aula improvisada. As imagens, em ampla maioria, mostravam mulheres negras da comunidade orientando as crianças em atividades recreativas e educacionais. Vi ali um cenário tão organizado – ou até melhor – que uma sala de aula de escola particular de um bairro de classe média da capital. O post havia sido publicado no grupo pelo professor de artes negro João Tody. 
    Imediatamente, lembrei do Ensino à Distância tão vangloriado por João Doria, governador de SP, e que tem sido seriamente criticado não só por pais e professores como, também, por estudantes que desde o início da pandemia do novo Coronavírus denunciam dificuldades absurdas para acessar as aulas.
    Além do improviso pedagógico e da falta de estrutura para amparar educadores nessa nova modalidade de ensino, não foram levados em consideração problemas inerentes à uma proposta de ensino universal; como a falta de acesso a computadores pelos alunos ou as péssimas conexões de internet, especialmente, em bairros das periferias de São Paulo.
    Tudo feito pela comunidade
    Aquelas fotos que retratavam a iniciativa em Guaianases me emocionaram. Resolvi saber mais sobre aquelas crianças e os métodos de organização das atividades. De cara, descobri que tudo é completamente autônomo, sem o incentivo de nenhuma empresa e subsidiada pelos próprios moradores do local. Algumas doações de materiais escolares vieram de pessoas próximas ao bairro.

    A bióloga, Pamela Vieira é a idealizadora do projeto

    Quando perguntei a Pamela o porquê de ter iniciado a atividade, ela trouxe a realidade de sua infância. “Parei um dia para observar a vida das crianças ao meu redor, inclusive do meu filho, e vi que por mais que ainda existam as brincadeiras, faltava educação de escola mesmo. Lembrei que quando pequena eu sempre brincava de escolinha com minhas primas e assim aprendia muitas coisas. No início dessa pandemia, me sentia muito triste e para não me entregar a uma depressão, decidi me ocupar dando amor e atenção a essas crianças e recebendo em dobro.“ 

     

    A iniciativa educativa atende cerca de 25 crianças e adolescentes que vivem nessa região da cidade e muitas ainda não são alfabetizadas. Algumas famílias têm mais de 5 filhos, todos crianças pequenas e muitos pais não conseguem, durante a pandemia, manter em seus lares o ritmo de aprendizado das escolas onde estudam. Assim, Pamela conta que o intuito do projeto é fazer com que esse tempo fora das “salas de aula oficiais” seja produtivo. Ela acha imprescindível ensinar e reforçar de forma divertida e criativa o papel da escola. As aulas acontecem entre 10h e 14h, de segunda a sexta.
    A maioria das crianças vive o dia inteiro em seus quintais, algumas são órfãs de pai ou mãe ou às vezes dos dois. Algumas moram com avós. O perfil predominante é daqueles que não têm o pai presente e, neste caso, suas mães trabalham em casa mesmo. Em tempos de pandemia, crise e fome crescentes, a situação anda cada vez mais trágica.
    A bióloga defende que o projeto vai fortalecer a educação dessas crianças, não só no tema da alfabetização, mas filosoficamente, pois uma visão sobre quem eles são e tudo que podem ser começa a ser ampliada.

    O professor João Tody vai doar para as crianças suas experiências na arte

    O professor João Tody, que me alertou sobre a iniciativa, também vai se juntar às crianças e na próxima semana, iniciará aulas de artes para a molecada por lá. “Antes nós achávamos que a revolução seria feita quando algum senhor de terno, barba e óculos aparecesse na quebrada e criasse um projeto social, mas ninguém com essas características chegou por aqui e percebemos que a revolução teria de ser uma iniciativa de nós mesmos.” diz, Tody

    Importante dizer que além de aprender, as crianças recebem o lanchinho todos os dias. “A gente faz um pão com manteiga e nescau, ou bolacha com suco. A maioria das coisas que eles comem eu mesma compro e outros doam bolachas e doces. Para arrecadar algum dinheiro eu vendo geladinhos aqui em casa. As vezes, acham que somos salvadores dessas crianças, mas são elas é quem nos salvam.” Finaliza, Pamela

    Importante: no retorno às suas casas, crianças e pais cumprem rigorosamente todos os protocolos de assepsia e cuidados contra o COVID-19
  • A Polícia de Wilson Witzel matou João Pedro, um jovem estudante. Ele poderia ser seu filho

    A Polícia de Wilson Witzel matou João Pedro, um jovem estudante. Ele poderia ser seu filho

    Por Katia Passos e Lucas Martins, Jornalistas Livres 

    “Quero dizer, senhor governador Wilson Witzel que a sua polícia não matou só um jovem de 14 anos com um sonho e projetos, a sua polícia matou uma família completa, matou um pai, uma mãe e o João Pedro. Foi isso que a sua polícia fez com a minha vida”.

    Foi em razão da frase acima, um desabafo revoltado e trágico de Neilton Pinto, pai do garoto João Pedro, de 14 anos, que na segunda (18/05), enquanto brincava com primos em casa, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, foi atingido no peito por projétil de arma de fogo, que relembramos um fato público, de 50 anos atrás, que ocupou os jornais do Rio de Janeiro em março de 1968. Nada mudou.

    Naquele começo de mês de março de 1968, Edson Luís de Souto Lima, um jovem estudante paraense do ensino médio secundarista foi baleado pela polícia e os jornais deram a notícia em destaque dizendo que ‘mataram um jovem estudante e ele poderia ser seu filho.’ Eram tempos duros também, pois o país sobrevivia em plena Ditadura Militar e hoje, parece que nada mudou em pleno 2020 de novo Coronavírus.

    A necropolítica de Witzel e seus aliados não descansa nem mesmo durante a maior crise sanitária mundial. O Rio de Janeiro virou um necrotério.

    Por isso, é muito óbvio para o restante do país e para o mundo, que hoje o Rio de Janeiro é um dos territórios brasileiros onde jovens estudantes são mais executados pela necropolítica dos governos racistas, ditatoriais e fascistas. Uma contradição absurda, visto que, a polícia não deveria protege-los? Mas sabemos a resposta.

    É muito absurdo pensar que João Pedro Matos Pinto, de apenas 14 anos deixou o mundo. E como se a história não pudesse ser ainda mais trágica, depois de balearem o garoto, os policiais o levaram de helicóptero, “para socorre-lo”, sem satisfações à família. Sem desculpas, sem que ninguém pudesse sequer acompanha-lo.

    A família ficou em choque e uma rede de amigos, coletivos e influencers pretos da internet rapidamente fizeram uma corrente em busca de João Pedro. Procura-se João Pedro era a frase mais veiculada nas redes sociais, desde a tarde, entrando pela madrugada desta terça 19 de maio.

    O Corpo de Bombeiros, segundo o Jornal O Dia, informou que o menino foi deixado sem vida, por volta das 15h, de segunda-feira, 18/05, no Grupamento de Operações Aéreas (GOA) da Lagoa, Zona Sul carioca.

    Somente depois de centenas de buscas realizadas de diversas maneiras e em diferentes lugares é que os familiares encontraram o corpo do menino no Instituto Médico Legal) de São Gonçalo e assim a morte foi confirmada. Que dor!

    Cinicamente, hoje, uma nova operação das Polícias Civil e Federal foi realizada no mesmo bairro. Poucos dias atrás, na última sexta (15), uma outra ação no complexo do Alemão deixou pelo menos dez mortos, após a entrada do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) na comunidade.

    A carioca Mônica Cunha, que já perdeu um filho nas mesmas circunstâncias e hoje coordena o Movimento Moleque e a Comissão de Direitos Humanos da ALERJ, nos disse, por telefone, que acha um absurdo que em meio à pandemia do Coronavírus, Witzel continue admitindo essas operações de morte dentro das favelas do Rio de Janeiro: “Na sexta feira, foi no Complexo do Alemão, uma verdadeira chacina. E ontem, em São Gonçalo, mais uma operação desastrosa com a morte deste menino”.

    Para Jacqueline Muniz, professora do bacharelado em segurança pública da Universidade Federal Fluminense, a atuação da polícia se insere em um contexto maior:  “Seguimos de desastre operacional em tragédia social por conveniência política e conivência corporativista. Qual doutrina policial, de uso da força profissional, valida este tipo de operação? Precisa que mais um João Pedro, mais um menino, mais um de nós morra para reconhecer que polícias, em democracias, não são autarquias sem tutela que se auto governam. O meio de força não decide seus fins, o martelo não desenha a mão e não decide seu uso”.

    O Ministério Público Estadual, outra instituição que poderia ter sido mais dura no trato com o caso de João Pedro, divulgou uma nota meramente protocolar e informativa: A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) instaurou inquérito para apurar a morte de um adolescente ferido durante operação da Polícia Federal com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. Foi realizada perícia no local e duas testemunhas prestaram depoimento na delegacia. Os policiais foram ouvidos e as armas apreendidas para confronto balístico. Outras diligências estão sendo realizadas para esclarecer as circunstâncias do fato. A ação visava cumprir dois mandados de busca e apreensão contra lideranças de uma facção criminosa. Durante a ação, seguranças dos traficantes tentaram fugir pulando o muro de uma casa. Eles dispararam contra os policiais e arremessaram granadas na direção dos agentes. No local foram apreendidas granadas e uma pistola. O jovem foi ferido e socorrido de helicóptero. Médicos do Corpo de Bombeiros prestaram atendimento, mas ele não resistiu aos ferimentos. O corpo foi encaminhado para o IML de São Gonçalo.”

    Então, com um Estado que não garante o direito à vida o que pode acalentar os pais de João Pedro? Quanto mais serão vítimas da necropolítica?

     

    Reações

    Depois que a execução de João Pedro ganhou repercussão nas redes sociais, diversas manifestações de apoio à família e repúdio à tragédia tomaram as redes. Aqui ttazemos algumas delas.

    “Não podemos aceitar que João Pedro seja apenas mais um adolescente negro na estatística. Nosso mandato está em contato com a Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, sugerindo iniciativas para ajudar a família do adolescente morto dentro de sua própria casa. Isso precisa acabar!” Talíria Petrone, Professora de História, negra, feminista. Ex-vereadora de Niterói e deputada federal pelo PSOL do Rio de Janeiro 

    “Foi confirmada a morte do menino João Pedro, atingido ontem dia 18, por um tiro na barriga, dentro de casa, durante operação no Complexo do Salgueiro, RJ. Sua família ficou sem notícias até esta manhã. À ela, minha solidariedade neste momento revolta e dor. “NÃO VEJO A HORA DE TUDO VOLTAR AO NORMAL”. A vida normal, gostosa, boa, cheia de desafios, sonhos e expectativas que você está louca pra ter de volta, sempre coexistiu com vidas violentadas, desvalorizadas e interrompidas. Desde sempre gritamos! Onde estavam que nunca ouviram? Os corpos aos montes em necrotérios, que hoje assusta brancos pelo Covid19, é o normal para negros, TAMBÉM pelos tiros da polícia. O estado genocida, a violência policial, militar e civil que mata 45 mil negros por ano no Brasil, são pandemias de sempre. Douglas Belchior, professor de história e militante da Uneafro Brasil 

    “2020, uma pandemia global assola o mundo. Há muitas mortes, colapso da saúde, fome, sede e dor. No Brasil, em meio a tudo isso, no estado do Rio de Janeiro o governador usa sua polícia para cometer ações violentas nas favelas e periferias, inclusive assassinando pessoas como João Pedro, um adolescente de 14 anos que estava dentro de sua casa, fazendo o isolamento social pedido pela Organização Mundial da Saúde, para evitar a contaminação do #coronavírus. Que a história lembre de @wilsonwitzel como tão monstruoso como o vírus da pandemia desses tempos. Raull Santiago, comunicador social do portal Papo Reto e membro da Anistia Brasil 

    “Na noite de ontem recebemos a notícia do assassinato de João Pedro, que tinha apenas 14 anos. Mais um jovem assassinado por essa política de segurança pública que tem a morte como destino final para os nossos corpos favelados. Onde era pra chegar água, comida e cuidado, ainda mais em tempos de pandemia, vemos a realidade, vemos o que o Estado nunca deixou de levar para a favela, o seu braço armado.” Renata Souza, deputada estadual pelo Psol no RJ.

    “Domingo, Demétrio, pela dor imputada por um sistema que nos atravessa a vida. Fazendo com que pensemos todo dia, toda hora: seja forte, seja guerreirx, lute, lute, lute…É assim que deve ser, senão for assim, te caçam e destroçam nos dentes. Mastigando aos poucos, vão moendo a vontade, o desejo, a vida… Hoje, João uma criança de 14 anos. Para o mesmo sistema, um suspeito, um corpo massificado no meio de outros corpos negros, onde todos eles são nada mais que um número na assistência precária do Estado, na morte por bala, nas filas dos hospitais… João Pedro foi baleado em casa. Nem o isolamento social lhe deu a chance de continuar.” Erica Malunguinho, deputada estadual pelo Psol em SP

    “Depois de horas sem saber do filho, a família do João Pedro, jovem de 14 anos baleado dentro de casa, descobre que ele está no IML. Desumano. Triste. Avassalador. Até quando o Estado vai enxugar o sangue de jovens, pretos e favelados?” Áurea Carolina, Lutadora negra feminista. Especialista em gênero e igualdade e mestra em ciência política. Ex-vereadora de BH e deputada federal pelo Psol 

     

     

     

    https://www.instagram.com/p/CAYpc4HA-Fn/?igshid=1crmwxiokiaz0

    Outros casos

    Maria Eduarda, uma menina de 13 anos, foi morta em 2017, enquanto fazia aula de Educação Física, na Escola Municipal Jornalista Daniel Piza, em Acari, na Zona Norte do Rio. O Policial Militar, Fábio de Barros Dias foi apontado como responsável pelo tiro que matou a garota.

    Marcus Vinicius da Silva, jovem de 14 anos, foi morto na Maré, Zona Norte, em 2018. A mãe dele, que o viu morrer na Unidade de Pronto Atendimento, contou que ele disse ter visto o tiro sair de um “blindado” da PM.

    Ágatha Vitória Sales Félix, uma menina de 8 anos, foi morta por um tiro no complexo do Alemão, Zona Norte do Rio, em setembro de 2019. Enquanto estava com a mãe em uma Kombi, foi atingida por um tiro. Os moradores da região e testemunhas afirmaram que o disparo veio de um Policial Militar e em novembro de 2019, o inquérito reforçou a versão.

    Para nós, Jornalistas Livres não foi tarefa fácil racionalizar para escrever esse texto, que na verdade é também um desabafo.

    Somos mães, pais, irmãos, tios, primos de nossas crianças e enfim, seres humanos que não aceitam essa história.

    Por isso, seguimos impressionados com a capacidade dessa máquina de opressão e morte, e com a necropolítica fortemente implementada no Estado do Rio, por Wilson Witzel e desejamos muito que a família do garoto João Pedro encontre uma maneira de fazer com que isso nunca mais seja esquecido e sobretudo, que essa história horrível seja resolvida de alguma maneira. A vida de João Pedro não volta mais, claro, mas queremos registrar o nossa força para continuar acompanhando o desenrolar desse caso. 

    João Pedro, presente! Hoje e Sempre! 

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    A cada 23 minutos, mais uma mãe preta chora⁣
    Coração apertado e ele só foi jogar bola⁣
    Se tiver atrasado, devagar, não corre agora.⁣
    A polícia não viu que era roupa da escola?⁣
    Necropolitica é isso, ⁣
    Te incomoda?!⁣
    Mbembe me ensinou⁣
    E eu to repassando agora!⁣
    Cheguei falando alto, agora tô fazendo alarde⁣
    Espero que entenda e comece a sua parte! ⁣
    Porque⁣
    Não vai chorar sua mãe⁣
    Nem vai chorar a minha⁣
    Povo preto se armando⁣
    Com a palavra e a escrita⁣
    Não vai chorar sua mãe⁣
    Nem vai chorar a minha⁣
    Povo preto se armando⁣
    Conhecimento é a saída. ⁣
    (Bia Ferreira)

    NO INSTAGRAM @igrejalesbiteriana

     

     

    Necropolítica é um conceito desenvolvido pelo filósofo negro, historiador, teórico político e professor universitário camaronense Achille Mbembe que, em 2003, escreveu um ensaio questionando os limites da soberania quando o Estado escolhe quem deve viver e quem deve morrer. A tese virou livro e chegou ao Brasil em 2018, publicado pela editora N-1. Para Mbembe, quando se nega a humanidade do outro qualquer violência torna-se possível, de agressões até morte.

     

  • “Erro do judiciário”, declara advogado Flávio Campos sobre caso Babiy Querino

    “Erro do judiciário”, declara advogado Flávio Campos sobre caso Babiy Querino

    Por Lucas Martins e Katia Passos, Jornalistas Livres 

    Dia 13 de maio é data da abolição inconclusa e por incrível que pareça, foi nessa mesma data, na semana passada, que uma das cortes mais brancas, masculinas e conservadoras, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo inocentou Barbara Querino de Oliveira, conhecida, artisticamente, como Babiy Querino.

    A jovem que é modelo e coreógrafa, hoje, do grupo Turmalinas Negras foi acusada de roubo, cometido em 2017. Por isso, Babiy passou 1 ano e 8 meses encarcerada, até que pôde cumprir pena em regime semi aberto passando, posteriormente ao regime aberto.

    Na decisão, tomada de forma colegiada, o desembargador e relator Guilherme Souza Nucci verbalizou “para o fim de absolver a ré Bárbara”.

    Do dia em que foi acusada e presa até o momento da progressão de pena e soltura, Bárbara sempre declarou ser inocente e apresentou provas de que estava trabalhando, em outra cidade, no momento em que o crime, de fato, aconteceu em São Paulo.

    Nucci afirma que “no tocante à ré Bárbara, as provas produzidas nos autos não se mostraram suficientes para a demonstração de sua participação no crime em questão”.

    Na decisão ele relembra as inconsistências do caso e das provas que motivaram a prisão “(…) ressaltar que a primeira identificação da acusada pelas vítimas ocorreu, em circunstâncias pouco esclarecidas (vítimas vizinhas de condomínio do delegado), por meio de fotografias enviadas pelo aplicativo “whatsapp”, quando os ofendidos reconheceram Bárbara em razão de seu cabelo” e que “posterior reconhecimento judicial pessoal, realizado aproximadamente um ano após os fatos, os quais, consubstanciam os únicos elementos de prova a sustentar eventual condenação da apelante”.

    Ela também havia sido acusada de um segundo roubo, realizado poucos dias depois, mas foi inocentada. Em ambos os casos as vítimas todas eram brancas, e os reconhecimentos foram  determinantes para a condenação de Babiy.

     

     

    Erro Judiciário

    O advogado Flávio Campos acha importante a decisão, mas ressalta que “essa decisão é meramente declaratória. Uma vez que, passados um ano e três meses de cumprimento de pena da Barbara, ela recebeu o direito ao regime aberto, ainda na pendência desse julgamento. Esse julgamento vem para absolver, depois que ela já cumpriu pena. É uma declaração de que ela sofreu um erro judiciário. Uma declaração de que ela foi vítima da atividade policial que, de forma tendenciosa, fez com que ela fosse submetida à justiça penal, mesmo tendo provas cabais da sua inocência. Provas que foram ignoradas pelo juiz de primeira instância, que funcionou como um mero convalidador dos atos ilegais praticados pela polícia”.

    Já Nucci lembra, em sua decisão, que a defesa de Babiy tinha “apresentando um álibi no sentido de que estaria no Guarujá desde o dia 9 de setembro de 2017, sendo impossível estar no local dos fatos no dia seguinte”, mas que não tinham sido aceitas.

    Para Flávio, a situação escancara que “a justiça, numa verdadeira postura de raça e classe, convalida toda e qualquer hipótese de reconhecimento fotográfico e pessoal” e explica as fragilidade das provas contra Babiy “muitas vezes esse reconhecimento, feito em descumprimento ao que manda o artigo 226 do código de processo penal [CPP], leva as vítimas ao erro. Uma vez que que o Código de Processo Penal exige que as fotografias sejam apresentadas juntas com outras fotografias de pessoas semelhantes e que isso seja apenas um caminho, um meio, para o reconhecimento pessoal, que também deve ser feito em comparação com outras pessoa também semelhantes ao acusado. E, óbvio, que isso ainda não é uma prova absoluta de culpa, uma vez que ela deve estar em consonância com outras provas que são colhidas no processo”.

    Ele resume a situação: “o reconhecimento fotográfico e pessoal tem sido utilizado pelo judiciário para a manutenção dos estereótipos racistas. E a utilização do judiciário como instrumento de aflição aos povos estratificados e que são objeto de preconceito e perseguição social”.

     

     

    A decisão de absolvição e os agradecimentos de Babiy em suas redes sociais

     

    https://www.instagram.com/p/CAVWWrhnGeZ/

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Acima, um dos vídeo de Babiy, em sua primeira “saidinha”, nome popularmente dado para a saída temporária concedida a apenados que cumprem pena em regime semi-aberto, que até a data da saída tenha cumprido um sexto da pena total se for primário, ou um quarto se for reincidente. Tem que ter boa conduta carcerária, pois o juiz, antes de conceder a saída temporária, consulta os Diretores do Presídio.

     

     

     

    Relembre o Caso

    Após dois roubos realizados na zona sul de São Paulo, em novembro de 2017, e a prisão de seu irmão e um primo, Babiy foi levada para uma delegacia e fotografada.

    As vítimas dos roubos alegaram reconhecer a jovem negra, por meio das fotos tiradas na delegacia. Uma das vítimas chegou a falar que achou  “bem familiar por causa dos cabelos”. O Ministério Público denunciou e ela foi presa.

    Em novembro de 2018 ela foi absolvida por um dos crimes, mas continuou presa pelo outro roubo. Já em 2019 Bárbara conseguiu a progressão para o regime aberto, mas continuava lutando, de dentro do cárcere para provar sua inocência. Lá fora, a família, amigos e diversos coletivos faziam o mesmo, colhendo novas provas, fazendo visitas incessantes às cortes e sobretudo realizando campanhas virtuais para limpar a imagem de Babiy. Todas as ações e pressões populares colocadas no fato de tamanha injustiça, deram resultado e no dia 13 de maio de 2020, Babiy recebeu por meio de ligação telefônica, a notícia de que estava finalmente absolvida.
    Nesta terça (19), seis dias após a notícia, conversamos, ao vivo, com a coreógrafa. Ela estava em sua casa, no extremo sul de São Paulo e além, claro de falarmos sobre o sentimento de liberdade, Babiy nos contou quais são seus planos e o que anda fazendo para ajudar a sua comunidade durante a pandemia que atinge de maneira cruel a periferia onde mora. A arte foi o tema final de nossa conversa. Assista, compartilhe e sinta como a liberdade e a justiça fazem muita diferença na vida das pessoas.
    Ah! Babiy também dançou para o público dos Jornalistas Livres.
    As Turmalinas Negras 

    Conheça também o projeto Turmalinas Negras, do qual Babiy Querino faz parte e que nasceu para que seja possível, cada vez mais valorizar as artistas negras, pois o grupo entende que pode e devem ocupar todos os espaços da arte.

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  • “Não tenho medo de miliciano”, Flávio Dino, governador do Maranhão em entrevista, ao vivo

    “Não tenho medo de miliciano”, Flávio Dino, governador do Maranhão em entrevista, ao vivo

    O Maranhão é o primeiro Estado do Brasil que implementou o lockdown. Flávio Dino (PC do B-MA), o governador desse estado tem tomado essas e outras atitudes contrárias às do presidente Jair Bolsonaro, quando o assunto é o foco na preservação de vidas durante a pandemia no novo Coronavírus.

    E por essa contraposição à Bolsonaro, Dino sofre diariamente diversos ataques do governo federal, seja pelas redes sociais ou TV. “Não tenho medo de miliciano”, diz Dino

    Segundo o governador, a última perseguição em forma de fake news dizia que Dino estava contaminado de COVID 19 e internado em Brasília.

    Não é segredo que Bolsonaro declarou diversas vezes que considera Dino um comunista e por isso, “tomava distância” de qualquer possibilidade de relação.

    Como se “ser comunista” ou pertencer ao respeitoso Partido Comunista do Brasil, fosse alguma espécie de doença contagiosa. E agora, quando país está dentro de um tempo de calamidade, Bolsonaro deu ombros, não só à Dino, como para outros governadores do Nordeste politicamente contrários a extrema Direita, a ideologia do presidente que vem matando milhares de brasileiros de COVID 19.

    Para entender tudo e saber como o Maranhão vem se comportando no combate ao novo Coronavírus, assista a conversa que os Jornalistas Livres tiveram com o governador Flávio Dino nesta semana.

    Imperdível!