Jornalistas Livres

Autor: Katia Passos

  • O mínimo: promotora Bolsonarista pede pra sair de caso Marielle

    O mínimo: promotora Bolsonarista pede pra sair de caso Marielle

    Após ser revelada como bolsonarista em redes sociais, a promotora Carmen Eliza Bastos de Carvalho pediu para sair das investigações da execução de Marielle Franco e Anderson.
    Isso aconteceu após Bolsonaro ter seu nome citado em notícia que o liga ao assassinato. Imparcialidade da promotora começa a ser questionada.
    Lembrando que Carmen é responsável por arquivar o caso Amarildo.
    Perguntamos: Carmen poderá ter interferido nas investigações? Perguntar não ofende!
    NOTA

    A promotora Carmen Eliza Bastos de Carvalho pediu nesta sexta-feira (1º) o afastamento das investigações do Ministério Público estadual sobre a morte de Marielle Franco e Anderson Gomes, em 14 de março de 2018.

    Segundo o MP, ela pediu para sair após a repercussão dos posts em redes sociais que mostram que ela apoiando a campanha do então candidato à Presidência Jair Bolsonaro.

    A Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) reconhece o zeloso trabalho exercido pela Promotora de Justiça Carmen Eliza Bastos de Carvalho, que nos últimos dias vem tendo sua imparcialidade questionada no que afeta sua atuação funcional, por exercer sua liberdade de expressão como cidadã, nos termos do art. 5º da Constituição Federal.

    Assim como Procuradores e Promotores de Justiça, no cumprimento diário de suas funções, velam incansavelmente pela promoção dos Direitos Fundamentais, é compromisso da Instituição defender o Estado Democrático de Direito e a livre manifestação de pensamento, inclusive de seus membros.

    O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (GAECO/MPRJ) esclarece que as investigações que apontaram os executores de Marielle Franco e Anderson Gomes foram conduzidas pelas Promotoras de Justiça Simone Sibilio e Letícia Emile Petriz.

    Findas as investigações, a Promotora de Justiça Carmen Eliza Bastos de Carvalho passou a atuar na ação penal em que Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são réus, a partir do recebimento da denúncia pelo 4ª Tribunal do Júri da Capital. Sua designação foi definida por critérios técnicos, pela sua incontestável experiência e pela eficácia comprovada de sua atuação em julgamentos no Tribunal do Júri, motivos pelos quais Carmen Eliza vem sendo designada, recorrentemente, pela coordenação do GAECO/MPRJ para atuar em casos complexos.

    Cumpre informar que, diante da repercussão relativa às postagens da promotora em suas redes sociais, a Corregedoria-Geral do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro instaurou procedimento para análise.

    Nesta sexta-feira (01/11), o GAECO/MPRJ recebeu os pais de Marielle Franco, Marinete da Silva e Antônio Francisco da Silva, e a viúva de Anderson Gomes, Agatha Arnaus Reis, que defenderam a permanência de Carmen Eliza à frente do processo penal, em andamento no Tribunal de Justiça.

    No entanto, em razão dos acontecimentos recentes, que avalia terem alcançado seu ambiente familiar e de trabalho, Carmen Eliza optou voluntariamente por não mais atuar no Caso Marielle Franco e Anderson Gomes, pelas razões explicitadas em carta aberta à sociedade.

    Francisco da Silva, e a viúva de Anderson Gomes, Agatha Arnaus Reis, que defenderam a permanência de Carmen Eliza à frente do processo penal, em andamento no Tribunal de Justiça.

    No entanto, em razão dos acontecimentos recentes, que avalia terem alcançado seu ambiente familiar e de trabalho, Carmen Eliza optou voluntariamente por não mais atuar no Caso Marielle Franco e Anderson Gomes, pelas razões explicitadas em carta aberta à sociedade.

  • Assista o Programa Pensa Nisso

    Assista o Programa Pensa Nisso

    Um programa, que ao longo de suas 16 edições já realizadas, vem testando um formato mais espontâneo, de elevar o debate democrático, com muita simplicidade, sobre temas atuais.

    Iniciamos esse experimento em agosto desse ano e de lá para cá, resistimos com muita coragem e respeito ocupando semanalmente o Youtube, um espaço que hospeda majoritariamente conteúdos de grupos conservadoras do país.

    A cada edição, vamos entendendo junto com você que nos acompanha, o que podemos melhorar no próximo e no próximo programa, seja na difusão do debate do tema escolhido, seja na parte técnica, já que, sem recursos, sendo os Jornalistas Livres uma rede voluntária, onde ninguém recebe salário, por exemplo, contamos com o maior capital que possuímos: a vontade corajosa de defender a Democracia, os mais pobres, os Direitos Humanos. Essa é a nossa moeda!

    Por isso, pedimos seu apoio para se inscrever no canal e tocar no sininho para receber as notificações, sempre que um novo conteúdo pintar por lá.

    https://www.youtube.com/channel/UCjwyfg7vfsScSPfzPyWkEUg

    No programa de hoje, comentamos a notícia dos últimos dias, veiculada pela midia tradicional, que liga Bolsonaro à execução da vereadora carioca, Marielle Franco.

    Nesse vídeo do programa, por coincidência número 17, rs, trouxemos nossas opiniões, as contradições e falhas a partir de nossas observações desde desta terça (29), após a veiculação da notícia.

     

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/1171854829872950/

  • Moro pede que Polícia Federal e PGR investiguem depoimento de porteiro no caso Marielle

    Moro pede que Polícia Federal e PGR investiguem depoimento de porteiro no caso Marielle

    Via BBC News

    O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, pediu nesta quarta-feira (30/10) à Procuradoria Geral da República e à Polícia Federal que investiguem o depoimento que um porteiro do condomínio onde mora o presidente Jair Bolsonaro deu à Polícia Civil do Rio de Janeiro no âmbito da apuração do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.

    Ato em São Paulo por Marielle Franco

    Na terça-feira, o Jornal Nacional, da TV Globo, veiculou uma reportagem que cita um depoimento que o porteiro teria dado aos policiais civis.

    Segundo a reportagem, o porteiro disse que um dos suspeitos de participar da morte de Marielle, o ex-policial militar Élcio Queiroz, visitou o condomínio Vivendas da Barra poucas horas antes do assassinato da vereadora, em 14 de março de 2018, e anunciou na portaria que iria à casa do então deputado federal Jair Bolsonaro.

    Mas o porteiro diz que Élcio acabou se dirigindo à casa do sargento reformado Ronnie Lessa, que também morava no mesmo condomínio e também é acusado de participar da morte de Marielle.

    Naquele dia, Bolsonaro estava no Congresso em Brasília, segundo o registro da presença dos parlamentares.

    No ofício, enviado ao procurador-geral da República, Augusto Aras, Moro diz que a presença de Bolsonaro em Brasília “sugere possível equívoco na investigação conduzida no Rio de Janeiro ou eventual tentativa de envolvimento indevido do nome do Presidente da República no crime em questão, o que pode configurar crimes de obstrução à Justiça, falso testemunho ou denunciação caluniosa, neste último caso tendo por vítima o Presidente da República, o que determina a competência da Justiça Federal e, por conseguinte, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal”.

    “Para que os fatos sejam devida e inteiramente esclarecidos, por investigação isenta, venho através desta solicitar respeitosamente a V.Ex.ª que requisite a instauração de inquérito para apuração, em conjunto, pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal, perante a Justiça Federal, de todo o ocorrido e de todas as suas circunstâncias”, diz Moro no ofício.

     

  • GLOBO X BOLSONARO

    GLOBO X BOLSONARO

    Depois de, na noite desta terça (29), literalmente, Bolsonaro perder a cabeça em live no Facebook, gritar, fazer ameaças e dizer que “querem prender um de seus filhos”, motivado por matéria veiculada no Jornal Nacional, que liga supostamente seu nome, ao assassinato de Marielle Franco, agora, ao vivo, depois da reação descontrolada do presidente, o Jornal da Globo volta a tocar no assunto.

    Vamos assistir juntos, comentar, debater e tirar nossas próprias conclusões. Afinal de contas, parece que a madrugada vai ser longa para o clã da família Bolsonaro.

     

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/1000255433652708/

     

  • O conteúdo da fala, registrada em gravação, de miliciano envolvido no assassinato de Marielle Franco

    O conteúdo da fala, registrada em gravação, de miliciano envolvido no assassinato de Marielle Franco

    Da Carta Capital, em 27 de outubro de 2019

    A vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes foram mortos a mando do político Domingos Brazão, que pagou por 500 mil reais pelo crime. É o que afirma o miliciano Jorge Alberto Moreth, durante uma conversa telefônica com o vereador Marcello Sicilliano (PHS), segundo documentos do Ministério Público Federal (MPF) obtidos pelo portal UOL.

    Raquel Dodge, quando ainda ocupava o cargo de procuradora-geral da República, apresentou ao Superior Tribunal de Justiça denúncia por obstrução no caso Marielle.

    Na gravação, o miliciano aponta os três verdadeiros assassinos da vereadora: Leonardo Gouveia da Silva, o Mad, Leonardo Luccas Pereira, o Leléo, e Edmilson Gomes Menezes, o Macaquinho.

    Os indivíduos citados são matadores de aluguel do Escritório do Crime e chefiam uma milícia no Morro do Fubá, na zona norte do Rio de Janeiro, indicam investigações da Polícia Civil.

    De acordo com Moreth, um dos líderes da milícia em Rio das Pedras – onde Brazão tem grande influência eleitoral -, o crime teve o comando de Ronald Paulo Alves Pereira, major da Polícia Militar (PM) e o apoio do major Ronald Paulo, que estava em outro carro no momento do assassinato.

    A ligação, encontrada no celular de Sicilliano pela Polícia Federal, ocorreu em 8 de fevereiro de 2019. Na época, o vereador e o miliciano Orlando Araújo eram suspeitos de envolvimento no crime.

    Moreth está preso desde maio.

    Também estão detidos o PM da reserva Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz. Para a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro, eles são os assassinos da vereadora. Ambos negam participação no caso.

    Conteúdos das gravações

    Na gravação, Sicilliano pergunta a Moreth quem era o mandante do crime. O miliciano responde que havia sido Brazão, adversário eleitoral do vereador. “Os moleques foram lá, montaram uma cabrazinha, fizeram o trabalho de casa, tudo bonitinho, ba-ba-ba, escoltaram, esperaram, papa-pa, pa-pa-pa pum. Foram lá e tacaram fogo nela [Marielle].”

    Domingos Brazão

    O assassinato custou 500 mil e teria sido intermediado pelo ex-PM Marcus Vinicius Reis dos Santos, o Fininho, também membro da milícia de Rio das Pedras.

    Moreth: Sim. Tu não conhece o “Fininho” não cara, que trabalha pro Brazão aqui no Rio das Pedras não? (…) Ele fez esse contato, o bagulhinho foi quinhentos conto, irmão, pra matar aquela merda, quinhentos cruzeiros. Cada um levou uma pontinha, o carro saiu realmente lá de cima do Floresta [um clube na zona oeste do Rio], eles foram lá, tiraram foto, câmera, ba-ba-ba, só que o carro era um doublé e o carro já acabou, a arma já acabou. Um dos moleques já está foragido por outras coisas, eles têm pica pra caralho. De todos esses caras que morreram eles têm pica. Quem empurrou foi os três moleques a mando de Sr Brazão, simples.

    Na conversa, Moreth diz não saber a motivação do crime. “Agora, a motivação do Brazão, se foi por motivo torpe, ou por ganância, ou por raiva da mulher, por qualquer coisa … porque eles não acharam que ia dar essa repercussão toda, chefe!”

  • É preciso racializar o progressismo

    É preciso racializar o progressismo

    Texto / João Luiz Moura | Edição / Nataly Simões

    Foto: Katia Passos, dos Jornalistas Livres

    Obra do artista No Martins exposta em SP

    Tenho observado com calma aquilo que hoje atende pelo nome de progressismo no Brasil. Sobretudo as figuras mais novas que desconhecem por completo a história de gente que, literalmente, deu a vida por um mundo mais justo, belo e bom.

    Em dados concretos e atuais, é curioso observar a discussão sobre a prisão em segunda instância. É muito importante ter em vista que o judiciário brasileiro, a mídia progressista, os partidos de esquerda e tantas outras organizações e pessoas se movimentaram para discutir essa problemática jurídica somente quando uma personalidade política importante foi alvo dessa interpretação inconstitucional.

    A repercussão sobre o julgamento da constitucionalidade da prisão em segunda instância no Supremo Tribunal Federal (STF) tem se pautado na possibilidade de beneficiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Apesar de o presidente do supremo, o ministro Dias Toffoli, ter afirmado que a discussão sobre o tema “não se refere a nenhuma situação particular”.

    O cumprimento da pena antes de esgotados todos os recursos é executado no país desde 2016. Uma mudança no posicionamento da corte poderá beneficiar condenados em segundo grau, como é o caso de Lula e mais 4.895 pessoas, de acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

    A demasiada visibilidade em torno do caso do ex-presidente petista revela apenas a invisibilidade com a qual a população negra e periférica sempre foi tratada. Não é de hoje que negros e negras envelhecem nas prisões sem o devido processo legal.

    Em 2016, a população carcerária do Brasil era de 726,7 mil presos, segundo levantamento do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Deste total, 64% eram negros. Em 2019, o número saltou para 812.564, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Dos mais de 812 presos, 41,5% são provisórios, ou seja, 337.126 ainda não foram condenados nem em primeira instância.

    O encarceramento em massa no país, especialmente da população negra, é denunciado há décadas. Na semana passada, a filósofa e ativista norte-americana Angela Davis denunciou a situação para mais de 15 mil pessoas em São Paulo. No campo religioso, por exemplo, há tempos Ras André, Liz Guimarães e Ronilso Pacheco também denunciam a superlotação dos presídios brasileiros.

    E veja, eu poderia até tensionar o fato de que o debate ainda gira em torno da prisão ser uma alternativa. Estamos discutindo apenas qual será o momento em que essa violência será efetivada, ou seja, continuamos nas bordas.

    Com efeito, talvez fosse necessário um certo revisionismo ético nas causas que inspiram algumas “resistências”. Se a mesma boca que grita pela liberdade de um HOMEM BRANCO, RICO e FAMOSO, gritasse contra toda e qualquer violência cujo objetivo seja encarcerar, nós poderíamos viver em um mundo onde, como disse o profeta bíblico Amós, “a justiça corra como as águas, e aquilo que é reto, como um rio que nunca seca.”

    João Luiz Moura é pedagogo, teólogo e cientista da religião. Coordenador de projetos no Instituto Vladimir Herzog e pesquisador nas áreas de direito, economia e religiosidade.