Jornalistas Livres

Autor: Henrique Cartaxo

  • Ao censurar entrevista com Lula, Luís Fux suspende toda a imprensa brasileira.

    Ao censurar entrevista com Lula, Luís Fux suspende toda a imprensa brasileira.

    Tudo aconteceu em um único dia

    Na manhã de 28 de Setembro de 2018, o Ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski concedeu liminar que autorizava o ex-presidente Lula a conceder entrevista à Folha de São Paulo. Seria a primeira entrevista de Lula desde a sua prisão, no dia 7 de Abril. À noite, foi publicado pelo portal UOL a informação de que a própria procuradoria da Lava Jato teria feito um pedido de que a autorização fosse estendida a outros meios de comunicação na forma de uma entrevista coletiva única.

    Mas ainda antes da meia noite do dia 28, o também ministro do STF Luís Fux suspendeu a liminar de Ricardo Lewandowski. A querela entre dois supremos meretíssimos leva o caso para votação em plenário, mas não há data para votação e estamos a menos de 10 dias do primeiro turno das eleições.

    O pedido de suspensão da liminar foi protocolado pelo partido Novo, do candidato à presidência João Amoedo, que, segundo a última pesquisa do instituto Datafolha, tem apenas 3% das intenções de voto.

    Luís Fux vai além: ele declara em sua decisão que, caso a entrevista com Lula já tenha sido realizada no ínterim entre as duas liminares, ela está proibida de ser publicada. Isto configura claramente censura prévia, que é expressamente vedada pela constituição. Leia o trecho:

    Trecho da decisão de Luís Fux, Suspensão de Liminar 1.178 Paraná

    A justificativa de Luís Fux é que uma entrevista com Lula não poderia ser realizada antes das eleições, porque poderia influenciá-la. Poderia afetar “a liberdade do voto.” O trecho seguinte é absolutamente terrível:

    Trecho da decisão de Luís Fux, Suspensão de Liminar 1.178 Paraná

    Ora, a liberdade do voto então só é preservada quando a população vota desinformada?

    Que entrevista com qualquer ator político, em véspera de eleições, não influenciaria as eleições?

     

    Isto é dirimir o próprio papel da imprensa, diante do evento mais importante em qualquer democracia. É praticamente suspender a atividade da imprensa brasileira. Um absurdo completo, algo que não pode acontecer numa democracia.

    A decisão do Ministro Lewandowski é inequívoca ao declarar como CENSURA a proibição de entrevistar ou publicar entrevistas com Lula, uma vez que não há qualquer proibição legal da concessão de entrevistas por um cidadão preso em qualquer condição, não é necessário haver a expressão especial de uma permissão. Na Lei de Execução Penal, Artigo 41, inciso XV, consta que o constitui direito do preso o “contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes.”

    Citada por Lewndowski, a ADPF 130/DF foi expedida em 2009 pelo então ministro do STF Ayres Britto, que interdita qualquer censura prévia, nos preceitos da constituição brasileira:

    Do então Ministro do STF Ayres Britto, ADPF 130/DF

    Depois de ser amplamente difamado, agora Lula é censurado.

    O pedido do Partido Novo, acatado pelo juiz Fux, sugere que Lula poderia, em uma entrevista, vir a questionar a legitimidade do seu encarceramento e confundir o eleitor, uma vez que ele era originalmente o candidato do PT e foi impedido de disputar as eleições, como se não fosse claro para o eleitor brasileiro que o candidato do PT agora é Fernando Haddad e que ele tem o apoio legítimo de Lula. Segundo o Partido Novo, portanto, a imagem, a voz, até a palavra escrita de Lula deveria ser proibida.

    É no mínimo irônico, uma vez que os opositores do PT e os veículos majoritários da mídia brasileira usaram amplamente a imagem de Lula por anos para tentar destruir o seu prestígio, atacaram sua honra e a de sua família incessantemente, deram-no como condenado antes do julgamento, divulgou ilegalmente seus grampos telefônicos, apoiaram uma justiça que o condenou sem provas, que o tirou da disputa das eleições quando ele era o candidato preferido do povo brasileiro.

    Agora, esgotadas as armas da difamação, apela-se à censura. Falar de Lula é proibido.

    Porque, a despeito de toda a campanha de difamação contra ele, ainda é o político mais querido do Brasil, o político brasileiro mais respeitado no mundo.

    STF já decidiu contra censura prévia no passado.

    Em decisão de 2014, também ano eleitoral, em petição ligada a entrevistas de candidatos, outro ministro do Supremo, Luís Barroso já decidiu inequivocamente contra a possibilidade de censura prévia. Nas suas próprias palavras:

    MEDIDA CAUTELAR do Minsitro do STF Luís Barroso,RECLAMAÇÃO 18.687/AMAPÁ

     

  • Datafolha confirma tendência do Ibope e dá derrota de Bolsonaro em todos os cenários de segundo turno.

    Datafolha confirma tendência do Ibope e dá derrota de Bolsonaro em todos os cenários de segundo turno.

    Tendo ouvido 9 mil pessoas, a pesquisa do Datafolha divulgada hoje é a de maior amostragem realizada até agora.

    A projeção indica que vão ao segundo turno Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. Os 5 primeiros colocados são:

    1. Jair Bolsonaro (PSL): 28%
    2. 
Fernando Haddad (PT): 22%
    3. Ciro Gomes (PDT): 11%
    4. Geraldo Alckmin (PSDB): 10%
    5. Marina Silva (REDE): 5%

    Em todos os cenários projetados, Bolsonaro é derrotado no segundo turno:

    • Haddad 45% x Bolsonaro 39%
    • 
Ciro Gomes 48% x Bolsonaro 38%
    • 
Alckmin 45% x Bolsonaro 38%

    #Elenão

  • José Celso faz discurso histórico sobre Lula

    José Celso faz discurso histórico sobre Lula

    O Teatro Oficina Uzyna Uzona estava lotado para presenciar o lançamento do livro “Lula Livre – Lula Livro”, que reúne textos, ensaios, poesia, prosa, charges e fotos de 90 autores, com presenças ilustres como Eduardo Suplicy, Chico César, Alice Ruiz e muitos outros. O primeiro a discursar no evento foi o diretor do teatro e “anfitrião do evento”, José Celso. Seu discurso enfatizou a potência espiritual de Lula, sua alegria, seu talento para a política e a vida e sugeriu que nós devemos incoporar estas qualidades.

    Leia o discurso completo, transcrito a partir da gravação da transmissão ao vivo realizada pela Fundação Perseu Abramo:

    “Livro? Livro?
    Livro!
    Lula Livre! Livre! Livre!

    Realmente depende de cada um de nós esse momento. Cada um de nós livra o Lula. E tem que livrar porque o Lula é um talento extraordinário que surgiu na sociedade brasileira, na política brasileira. É um ator e um político extraordinário, só comparável a Getúlio e a Leonel Brizola. Ele faz parte da grande arte que é a política. E nesse momento, depois que ele conheceu a Sônia Guajajara, que pôs o dedo na cara dele e falou “Você não fez nada por nós”, ele sacou. Ele sacou o que é exatamente a importância das terras pros seres que cuidam da terra, não somente os indígenas. Os indígenas sagram as terras, têm essa sabedoria. Nós aqui do teatro, que vamos fazer 60 anos, também sagramos não só esse teatro, não só o entorno do Bixiga, do Parque-Rio das Artes do Bixiga. O bairro do Bixiga é um bairro sagrado e ele está ameaçado de ser exterminado agora porque houve um acordo entre os candidatos, o candidato a presidente da República Alckmin…

    (vaias)

    Não, não gasta muita energia não! Aquele cara é um chuchu de picolé. Não, calma.

    E o outro lá, o Dória.

    (vaias)

    Isso eu desafio o jornalismo a pesquisar. Saber como é que é o negócio. Porque é o seguinte: O Sílvio Santos sempre quis trocar o terreno dele, desde que foi tombado pelo IPHAN. Ele disse “Não quero empatar o serviço de você, nem quero que você empate o meu.” Ficamos amigos e tal, mas de repente, depois do Golpichmant, ele quer ter o monopólio do bairro do Bixiga para revitalizar o bairro. Revitalizar é a palavra que ele usa, mas a palavra certa é genocídio. Expulsar a população toda!

    A periferia central de São Paulo é um luxo! O Bixiga é a periferia central. Nesse lugar existe povo. O mesmo povo que está nas periferias existe aqui, e perto de teatros, cantinas, de uma vida vivida de uma maneira, que precisava sim de muito incentivo pras pessoas. As pessoas aqui são muito massacradas. Nós inclusive aqui no Teatro Oficina estamos na mesma onda do Lula Livre e do Parque Augusta.

    Isso não para.

    Mas acontece o seguinte: eu acho importante que algum jornalista tenha coragem de estudar o caso. Porque foi uma cessão de um bairro, a começar pelo teatro, pra massacrar um povo. Quer dizer, é uma coisa… Que a gente tá vivendo um momento! Nossa! Imagine arrochar a saúde! A saúde é a gente. É a vida. Arrochar a saúde por 20 anos! É ridículo acima de tudo. Nós não podemos permitir. Todo mundo tem pulsão de vida. Todo mundo quer viver, todo mundo quer viver com alegria. Você vê as ruas cheias de moradores de rua. Essa situação, eu não vou nem falar nela, porque estou nela, estou vivendo, nós todos estamos dentro dela.

    Mas nós temos uma coisa importante. Nós somos num certo sentido o renascimento. Porque o que tá aí é um quadrado morto. É uma fase do capitalismo imobiliário que traz o momento da maior corrupção do mundo que é a desigualdade. Nunca na história da humanidade houve tamanha desigualdade como existe hoje no mundo. Eles estão apavorados. Esses golpes todos, esse endireitamento do mundo é uma reação deles a todo movimento que veio desde… durante a ditadura, teve 68, movimentos subterrâneos, luta armada, a gente nunca permitiu isso, teve a constituição de 1988… E nós tivemos um momento luxuoso com o Lula.

    Imagina, o Lula! O Lula hoje em dia tem uma compreensão, eu chamo muita atenção pra isso porque é muito importante, nesse ato inclusive a gente pratica isso, é a cosmopolítica. Cosmopolítica é o momento em que você liga o social ao cósmico. O que é o cósmico? É o sol, é o ar que você respira, é a terra que você pisa. Não se trata de uma coisa espiritual é concreto. Tudo isso é concreto. E nós que estamos ameaçados, que estamos aqui há 60 anos, nós somos índios, nós sagramos esse lugar em que nós estamos e nós não admitimos isso.

    Então passa a ser uma luta, e o Lula representa uma luta de todos, pela vida!

    Por isso a política tem que ganhar uma coisa, tem que deixar a seriedade. Saber que a vida é trágica mas é cômica, é ridícula, dá pra rir, tem que rir, alegria é a prova dos 9! Sem alegria não se muda nada, com cara feia, cara de militante, isso já era! É verdade.

    (aplausos)

    A gente tem que entrar nas coisas de corpo e alma, inteirinho, a gente tem que se dar. A ideologia é uma coisa morta. Eu não tenho ideologia nenhuma, nem quero saber. Porque idéias, como disse Oswald de Andrade, levam as pessoas a queimar gente em praça pública, por idéias. São as idéias que nos dominam, as idéias abstratas, abstrações desse capitalismo que não nos reconhece como gente, como bicho humano, gente de verdade.

    O Lula realmente é um ser cosmopolítico. Porque é um cara que, como se diz na minha linguagem mais favorita, que sabe das coisas. O Lula sabe das coisas. Sabe.

    (aplausos)

    Ele não é só um político no strictu sensu, ele é, como tem a mulher da vida, a puta, ele é um homem da vida. Um ser da vida. Ele já passou por tudo que tinha pra passar. E agora ele tá passando por um momento fabuloso. Um movimento que se compara ao suicídio do Getúlio. Porque ele prefere ficar preso do que ser libertado e não poder concorrer. Ele tá lutando por uma causa e muita gente não compreende a grandeza dessa causa. Não compreende, não sabe, porque foi numa balela de um judiciário, que felizmente nos EUA não existe, mas um judiciário que atuamente é a ideologia dominante, do grande Moro.

    Moro? Morô? Moro, qualé? Não dá.
    (vaias)

    Nós fizemos uma peça do Artaud que se chama – Esse casaco aqui é de índio do México, Tarahumara, ele dizia – “Pra dar um fim no juízo de Deus”. A gente não precisa de juízo. A gente não precisa de juiz. Nós somos nossos juízes. A gente vive sob a tirania do juízo bíblico, sob a teoria do Freud, do super-ego, isto é, da polícia na cabeça. Não tem polícia nenhuma! Tira! Fica com o ego, o id e o inconsciente que já dá pra tudo. Não precisa ter polícia interna.

    Por isso a política tem que ganhar uma forma de alegria. A gente só vence se conseguir criar toda uma atmosfera de primavera. Se for uma primavera brasileira. É muito sério: a coisa mais desprezada do mundo chama-se teatro, até então. O próprio Oswald de Andrade quando escreveu o Rei da Vela disse: “A esse enjeitado, o teatro brasileiro.” Mas é que nas épocas como esta o teatro surge. Os teatros todos tão maravilhosos. Tão cheios de gente. Ontem eu vi uma peça extraordinária aqui. E há peças extraordinárias em todos os lugares. Ou seja, há um levante da condição humana. Do poder humano, do poder do bicho homem, ligado à natureza evidente, à natureza animal e vegetal. Quer dizer, é o momento de você assumir totalmente que você é um ser terráqueo, que você tem uma coisa chamada desejo e liberdade. São duas coisas que todo ser-humano tem. É uma coisa que tá acima de tudo e abaixo de tudo. Os baixo são muito importantes. A política precisa rebolar.

    Em Portugal a gente cantava: “Criar, criar, poder popular! Criar, criar, poder popular! A revolução faz quem cria com tesão! É debaixo pra cima! Ah! Ah! É de cima pra baixo! Ah! Ah!” E Portugal ia nessa, porque é uma revolução que ninguém conhece. (aqui ele fala sobre o golpe de Estado que aconteceu em Moçambique em 2017) Vai sair um livro que vai se mostrar um momento de democracia. E é um golpe que veio através televisão. De repente havia um movimento dos soldados, os soldados “unidos venceremos”, a televisão era livre, era uma janela aberta, eu tava montando um filme sobre Moçambique lá com o Celso Lucas, e de repente, estava num restaurante e entra uma imagem da Columbia Pictures e uma porção de enlatado brasileiro.

    Foi um golpe dado pela televisão. Uma coisa assim inacreditável. Era uma coisa que o mundo nem sabe disso. E nós tamos com um material todo que a gente tem que soltar porque a gente viveu isso, a gente sabe disso. Tem que virar livro também. Mas enfim.

    O que é mais importante é o que a gente vai recebendo no corpo através dessa revoluções todas. É o corpo humano junto ligado. Por exemplo, eles têm uma coisa muito bonita, por exemplo… Me dá as mãos. Vem cá Suplicy, vem cá chico. Vamos dar as mãos.

    Eles cantam assim. Todo mundo pode cantar, tamo junto.
    Tamo junto quer dizer, em uma das línguas de moçambique…

    E se todo mundo se der as mãos? Isso é teatro. Os corpos têm que estar juntos. Você tem que sentir o calor das pessoas. É isso que dá força. Juntos, o corpo junto e suingando. Olha aqui pra mim, olha a corrente! Corrente! Firma!

    (todos no Teatro Oficina dão as mãos e cantam juntos um canto moçambicano, em que Zé Celso emenda um “Lula Lá, Lula Livre”)

    Olha, o Lula é mais do que se vê nele. O Lula é um Xamã. Tem que ter a coragem de dizer essas coisas, porque é. Ele não tem só o poder de político no nível realista, de conchavo social. Ele é um poder humano.

    (No teatro, cantam “Olê, Olê, Olê, Olá, Lulá, Lulá!”, Zé Celso grita “Alegria!)

    Se o Lula falou que cada um… Mas não é idéia! Cada um é mais que uma idéia! A idéia não tem nada a ver. Aí eu discordo dele. Eu amo ele, acho ele um xamã, mas não é uma idéia, é incorporação, é macumba! Imagina! Se baixasse o talento do Lula em todos nós! Meu deus! E tem que baixar! O que tem que baixar em nós é a qualidade humana dele, a qualidade divina dele. O Lula é sagrado! O Lula é uma entidade muito forte. Eu acho que tem que começar a ver esse lado. Porque só o lado briguento da política às vezes não revela o poder político de uma tendência na sociedade.

    Essa sociedade não deve fazer cara feia, por favor! Você vê nos programas de esquerda, por favor! O programa do Haddad, eu vi ao mesmo tempo em que vi aquele daqueles bostas todos, com algumas exceções, mas era uma coisa que ficou entre o clube do PT. Não pode ser. Tem que ser aberto. Tem que ser aberto como é o Lula.

    Eu vou embora. Mas eu imploro pra que vocês acreditem que alegria é a prova dos 9 e encontrem motivos viscerais pra lutar. Não adianta ter motivos ideológicos. Motivos ideológicos, abstratos, não têm poder mais. O que tem poder é o poder humano, o poder da expressão da vida, da verdade da vida.

    Vida!
    Vida!

    É uma luta de vida e morte. É uma guerra, porque estão querendo nos matar. A gente tem que reagir com vida e tentar passar uma rasteira nessas pessoas. Tentar antropofagizar, comer toda essa porcaria e vomitar ou cagar ou abençoar. Abençoar é melhor.

    (aplausos)

    Olha, eu quis falar naquela hora porque eu queria implorar pra vocês cultivarem o amor, o humor e muito mais. O humor é imprescindível, a dança é imprescindível. O PT vai rebolar, porque o Lula rebola. O Lula tem jogo de cintura, ele vai, o Lula é grande. Então você tem que ter o Lula dentro, o Lula pinguço, com todos os defeitos humanos e todos as qualidades divinas. Então nós temos que observar esse lado e viver como ele. Seguir o exemplo dele no sentido vital. Claro, cada um na sua área, cada um na sua jogada, cada um do seu jeito, mas deixar essa coisa carrancuda da política de lado. Isso já morreu, é resto de stalinismo. Com todo amor, com toda sinceridade, eu acho que a gente tem que rir disso pra poder vencer isso.”

    *José Celso Martinez, diretor do Teatro Oficina, em sua sede, no dia 13 de Agosto de 2018, na ocasião do lançamento do livro Lula Livre – Lula Livro.

  • Poucos dias antes de ser preso, Lula enfatizou integração da América Latina.

    Poucos dias antes de ser preso, Lula enfatizou integração da América Latina.

    Hoje, de brincadeira e repercutindo o debate da Bandeirantes, falamos em URSAL. Mas para Lula, integração da América Latina é coisa séria. Em um dos últimos eventos de que participou antes de se tornar preso político, Lula defendeu a integração da América Latina na Unila, Universidade Latino Americana, localizada na tríplice fronteira entre Argentina, Paraguai e Brasil e que tem como missão oficial promover a integração da região.

    A união da América Latina pela sua independência econômica dos países do eixo Estados Unidos Europa é assunto sério e a política externa aplicada desde o golpe vem justamente para retroceder nas realizações dos governos Lula e Dilma em relação ao Mercosul e ao desenvolvimento econômico conjunto da região. O golpe quer recolocar o Brasil numa posição de subserviência colonizada.

    A integração era o sonho de Bolívar, de Martí. Lula abraçou essa idéia na democracia.

    Segue o discurso que ele fez na ocasião, em que encontrou Fernando Lugo, presidente Paraguaio que sofreu um golpe Parlamentar em 2012:

    “Quando pensei em criar uma universidade de integração com a América Latina, e criar uma universidade de integração com o mundo africano [Unilab], tinha em mente uma coisa que me envergonhava. Me perguntava como Cuba, um país do tamanho de Pernambuco, com população de 10 milhões de habitantes, com um PIB pequeno, renda per capita baixa, como Cuba dava tantas bolsas de estudo a meninos pobres da América Latina para estudar lá”, relatou o ex-presidente.

    “Pensava porque a Argentina e o Brasil não podiam fazer. A única explicação que encontrei não era falta de dinheiro, era falta de interesse político de contribuir para que as pessoas mais pobres da América Latina tivessem acesso a universidade”.

    Lula lembrou que o Brasil foi o último país do mundo a abolir a escravidão, o último a fazer a independência, o último aonde a mulher teve direito ao voto e o último a ter uma universidade.

    “O Brasil tem menos aluno na universidade do que o Chile, do que a Argentina e proporcionalmente menos que outros países”, relembrou Lula.

    “Eu achava que a Unila era importante também para contar a história do nosso continente, que sempre foi tratado como quintal do nosso Império”.

    “Fiquei pensando, porque se a gente muda a geografia mundial, a economia e a política, porque não pode fazer universidade de integração. Nada melhor que Itaipu para fazer a universidade. Da mesma forma pensei em fazer a Unilab para integrar o Brasil e os povos africanos, porque a dívida que o Brasil tem de 300 anos de escravidão não pode ser paga com dinheiro, só pode ser paga com gestos, com solidariedade, com transferência de tecnologia”.

    Lula afirmou que teve dois motivos para começar a caravana pelo Rio Grande do Sul. “Primeiro queria prestar homenagem no túmulo do Getúlio Vargas, do João Goulart e do Brizola, por causa do desmonte da legislação trabalhista brasileira que foi feita em 1943, que ninguém podia dizer que não era boa. Ninguém poderia deixar de reconhecer que o Getúlio deu cidadania ao povo brasileiro”.

    “Eu sou o único presidente que não tem diploma universitário e sou o presidente que mais fez universidade no Brasil. Eu faço isso um pouco pra provocar, porque você percebe que governar não é ter diploma. Governar é saber quais são as prioridade do país e saber para quem governar”.

    “Eu sou o único presidente desse país que todo ano me reunia com todos os reitores das universidades. Os outros presidentes não se reuniam com reitores porque eles iriam levar reivindicações. Em oito anos consecutivos me reuni com reitor e aprendi para caramba”.

    Lula relatou a perseguição que tem sofrido por parte de grupos fascistas desde que chegou no Rio Grande do Sul. Primeiramente na cidade de Bagé, depois em outras cidades como Passo Fundo, São Leopoldo e Chapecó, sendo que nesta última tentaram evitar o pouso de seu avião. “Em alguns estados foi engraçado porque os agressores estavam ali, a polícia ficava olhando e por cima da policia tacando pedras e paus”.

    “Eu to contando isso para contar que enfrentamos uma barra que pensei que nunca aconteceria. Agora vamos terminar nossa caravana em Curitiba. Nós somos de paz, mas a única coisa que não aceitamos é provocação”.

    “As pessoas tem que ser ensinadas a conviver democraticamente. Não queremos que as pessoas não se entendam porque são de partidos diferentes. Esse ódio começou a ser vendido nesse país de fora para dentro. Estou convencido que as manifestações de julho de 2013 tem o dedo norte americano”, afirmou Lula.

    “Tem interesse de privatizar a Petrobras, fraquejar o Brasil diante do mundo, porque não querem que tenha soberania. Não querem integração. O fato da gente fortalecer o Mercosul na cara do Bush em Mar del Plata”.

    “Quando descobrimos o pré-sal, que foi a mais importante descoberta de petróleo no século 21, o que fez o EUA: colocou para funcionar a Quarta Frota do Atlântico, que estava desativada. Em resposta criamos o Conselho de Segurança da Unasul”.

    “Tenho a impressão que os Estados Unidos nunca aceitou a aproximação de Brasil e Argentina, Brasil e Colômbia, Brasil e Paraguai. O acordo que a gente tinha com Paraguai era um acordo leonino. O Brasil fez um acordo com Paraguai e cada país tinha 50% de energia. O acordo dizia que o Paraguai tinha metade da energia produzida e usava na medida que precisasse economicamente. O acordo dizia que não poderia vender a energia para terceiros, só para o Brasil. Refizemos o acordo e o Paraguai começou a crescer economicamente”.

    “Essa gente contra a integração não sabe que um pais do tamanho do Brasil, com a população do Brasil, tem a obrigação moral de fazer política de integração. Tem um bando de vira lata que fica puxando o saco dos Estados Unidos. Os argentinos também preferiam os Estados Unidos, o brasileiro preferia os Estados Unidos, o Paraguai prefira os Estados Unidos, achando que tudo feito lá era ótimo e aqui não valia nada. Eu acho que o que a gente faz aqui vale pra cacete, vale muito”.

    “Só a titulo de recordar a memória, vou dar números. O fluxo de comércio entre Brasil e América Latina era de apenas 19 bilhões de dólares em 2003, em 2013 era 95 bilhões. Nosso comércio com a América do Sul em 2003 era de 15 bilhões de dólares, em 2013 era de 73 bilhões. O fluxo no Mercosul era 10 bilhões de dólares em 2003, em 2013 era de 50 bilhões”.

    “Prestem atenção, o fluxo comercial com a Argentina era 7 bilhões de dólares, quando deixamos a preside era de 36 bilhões de dólares. O fluxo internacional era 7 bilhões e passou para mais de 40 bilhões de dólares”.

    “Cito esse números para dizer que a integração de um continente, com a política comercial justa, rende muito mais para o Brasil do que se a gente vende para Inglaterra, França. É muito mais fácil comprar do Paraguai e Uruguai e vender para eles do que da Europa”.

    “Nós provamos que integração da América Latina é muito importante, a integração da América do Sul é muito importante, o Mercosul era muito importante”, afirmou Lula.

    “O superávit do Brasil com a Venezuela era de 5 bilhões de dólares. Por isso inventamos de fazer a refinaria de Abreu e Lima, para comprar alguma coisa da Venezuela, para equilibrar as contas, depois produzir aqui, misturar óleo pesado com o leve. Comércio é via de duas mãos. Tem que comprar e tem que vender, tem que haver equilíbrio”.

    “Integração é importante na América Latina porque temos mais de 570 milhões de habitantes. Não podemos é valorizar o que a gente compra e desvalorizar o que a gente vende. A integração é necessidade de sobrevivência nesse continente onde o sistema financeiro não financia mais papel, caneta ou óculos. O sistema financeiro especula na bolsa, e quando quebra, como quebrou nos EUA, os americanos gastaram 13 bilhões de dólares e não resolveram o problema”.

    “Eu não consigo enxergar nenhum dos nossos países ser soberano se a gente não tiver política de desenvolvimento comum. O Brasil tem que compartilhar com seu seus vizinhos. O mais rico tem que ter política favorável aos mais pobre. Assim teremos integração na América Latina”.

    “Não querem que a gente se dê bem, querem a gente brigando entre nós. A diplomacia as vezes não se entende, muita vaidade, a gente briga e eles mandado na gente. A União Europeia não quer que a gente venda produto de valor agregado, que a gente se industrialize. Quer compra soja e vender carro, maquina de medicina. Como a gente vai passar a vida inteira só sendo exportador de commodities”.

    “Queremos exportar conhecimento, inteligência. Por isso temos que investir nas universidade de integração. Eu sei que é difícil fazer”.

    “Acho que no nosso período de governo vivemos o melhor momento de integração de toda a América Latina. O Chávez era professor da academia militar na Venezuela e cansou de dizer para mim e pro Lugo que a aula dele era para dizer que o Brasil era inimigo. Quem dizia para ele que o inimigo era o Brasil eram os Estados Unidos”.

    “Quando foi feito Itaipu, os generais argentinos queriam construir uma bomba atômica para se precaver contra o Brasil, porque Itaipu ia alagar Buenos Aires. Era assim a cabeça das pessoas. Todo mundo achava o Brasil muito grande”.

    “A soberania do nosso continente não é algo pequeno. A soberania é tomar conta do nosso território, é tomar conta da fronteira sem impedir que as pessoa26s transitem livremente entre os países. É dizer que a floresta, quem tem que cuidar é cada pais de forma soberana. É dizer que cada país tem que cuidar da sua água”.

    “O Brasil é o único país do mundo que tem na constituição que é contra armas químicas e bomba atômica. Tanto americanos quanto russos, ao propor que mundo repudiasse armas atômicas não diminuíram as deles. Agora estamos de estilingue e eles de armas nucleares.”

    “Respeito é bom, nós temos que aprender a dar, mas temos que exigir receber. Eu estou nessa empreitada porque to vendo a sacanagem que estão fazendo no Brasil.”

    “Na década de 1960 começaram a dar golpe na América Latina. Antes do golpe mandavam matar os presidentes, depois eles sofisticaram e resolveram dar golpe militar. O problema é que os militares não querem mais sair. Agora inventaram coisa sofisticada: um conluio entre os meios de comunicação, setores do Ministério Público, da Polícia Federal e do judiciário.”

    “É uma mentira que se inventa e se repete. No meu caso disseram que eu tinha um apartamento. Se eu fosse dono tinha que ter um titulo. Inventaram uma historia de uma offshore do Panamá. O sonho do Moro era me levar para a Lava Jato. Se fosse julgado por um apartamento que não era meu teria que ser em São Paulo.”

    “Eu falo bravo porque estou indignado. Não posso admitir que digam que sou dono de uma coisa se não sou dono dessa coisa. Nesse momento estou brigando em defesa da minha honra, da minha inocência. O Globo mente, a Polícia Federal mente, o Ministério Público mente e o Moro mente ao aceitar a peça mentirosa.”

    “Depois vai para o TRF4. Por isso não respeito a decisão, porque se aceitar a decisão de uma mentira, quando minha neta crescer vai sentir vergonha do avô que foi covarde e não teve coragem de brigar. Além de acreditar na integração latino-americana, da América do Sul, da América do Sul com a África, eu quero agora mais do que nunca ser candidato a Presidência da República desse país.”

    “Temos que fazer um referendo revogatório ou convocar uma constituinte nova porque a constituinte cidadã de 1988 eles rasgaram. Temos que resgatar a integração com a América Latina. Não podemos deixar vender o BNDES, o Banco do Brasil, a Petrobras e não entregar o petróleo do povo para garantir educação para a juventude brasileira. A primeira coisa que eu disse quando a gente descobriu o pré-sal é que seria o passaporte para o futuro Brasil.”

    “Se eles pensavam que eu estava velhinho, que eu não queria brigar. Sou mais velho que Requião, mas eles não sabem o que é um pernambucano com 72 anos de idade. Em busca da minha inocência, em busca do respeito que quero que tenham comigo, porque não estou acima da lei, mas quero que julguem o mérito do meu processo.”

    “Quero que saibam. Me prender para que? Para me tirar da rua? Estarei na rua pelas pernas de vocês, pela vontade de vocês, pela boca de vocês.”

    “De mentira em mentira eles deram um golpe. O Temer assumiu a Presidência da República, a gente dizia que não iam mudar a legislação trabalhista e mudou, só não mudou a previdência por causa das pesquisas. Ele trocou uma pauta com 90% da população contra por outra que tem 90% da população favorável.”

    “Vocês são todos jovens, a gente não tem limite para brigar pela democracia. Democracia não é dizer que quer estudar, é estudar. Não é dizer que está com fome, é comer. Não é dizer que quer cultura, é ter acesso.”

    “Eu descobri com esse golpe que a democracia nesse país é exceção. Se vocês querem uma motivação de luta, não se preocupem com o que está acontecendo com o lula, se preocupem com o que está acontecendo com esse país, porque se a gente vai voltar a ser um país sem soberania, eles vão tomar conta daquilo que nós temos aqui no Brasil.”

    “Mesmo que eu tiver um minuto, esse minuto será dedicado para a gente recuperar a possibilidade de integração da América Latina e para recuperar esse país. Esse país não pode ter complexo de vira lata, esse país é grande. A gente tem que ter autoestima, coisa que aprendi com uma mulher que morreu analfabeta aos 70 anos.”

    Depois de falar dentro do auditório da Unila, Lula foi ao lado externo da universidade, onde conversou com mais jovens. “Tenho a Unila como uma das coisas mais importantes que fiz como presidente da república. Sempre achei que o Brasil como é o maior país da América Latina, mais rico e mais industrializado, tinha que promover o processo de integração.”

    “Educação nunca custa caro, porque conhecimento não pede concordata nem entra em falência. Uma vez adquirido ajuda o país a se desenvolver, ser competitivo do ponto de vista da tecnologia e das trocas comerciais”, finalizou Lula.

    *Com informações da Agência PT.

     

  • Os melhores memes da URSAL

    Os melhores memes da URSAL

    Se você acordou hoje e não entendeu nada do que estava acontecendo na internet brasileira, você deve ter perdido o momento mais memético do debate dos candidatos a presidente ontem na TV Bandeirantes, a URSAL:

    É isso mesmo que você ouviu. Daciolo disse que Ciro é um dos autores de um plano para a formação da União das Repúblicas Socialistas da América Latina.

    Bom, Simón Bolívar já pensava em coisa parecida no começo do século XIX, mas, pra variar, o Cabo delirou. E, é claro, o maravilhoso time de memezeiros nacionais, sempre de plantão, não perdoou.

    Na internet brasileira, a URSAL é uma realidade.

    Pra começar, descubra o seu nome de cidadão URSALino:

    Depois, não que você vá precisar buscar nada fora da URSAL, mas é bom ter um passaporte para viajar e internacionalizar o socialismo.

    Adivinha quem é o mascote da URSAL?

    Um meme clássico:

    Também em vídeo…

    Os fãs de futebol também se animaram com a idéia:

    O internauta não se conforma, ele QUER QUE A URSAL SEJA REAL:

    As articulações já estão em andamento! Até Manuela está dentro desse sonho!

    Já tem até embaixador!

    O glorioso “bom dia grupo” não ficou de fora!

    Verdade seja dita, nós queremos MUITO a integração da América Latina

    Lula e Dilma lutaram muito para fortalecer o MERCOSUL, o BRICS e qualquer relação internacional que valorizasse os países em desenvolvimento, que quebrase os eixos da já batida dominação econômica dos Estados Unidos e Europa. Enquanto trabalhamos pela realização desse sonho, os memes podem rolar soltos.

    Você tem o seu preferido? Mande também pra gente!

  • Nossos mitos da caverna

    Nossos mitos da caverna

    Vejo numa padaria uma TV ligada na Globo News. Fico curioso pra ver a repercussão deles das vergonhosas manobras jurídicas que mantiveram Lula preso ontem. A manchete: “Estresse pós-traumático preocupa”, imaginei um grande trauma nacional depois do visível colapso do nosso sistema judiciário, mas se tratava das crianças que foram resgatadas de uma caverna na Tailândia. Não ouvia o som, mas pensei em qual seria essa preocupação com o estresse pós traumático. Porque um ser humano não deveria ficar traumatizado depois de uma experiência tão forte? Que resiliência é essa que o mundo parece esperar das pessoas? Já era a terceira vez eu via essa manchete em lugares diferentes. Será que querem saber com que rapidez essas crianças podem ser reinseridas na engrenagem de exploração e consumo? Com que rapidez podem voltar a iludir seus desejos, assistir televisão, querer brinquedos de plástico?

    Me choca já há algum tempo a rapidez com que se retoma, no Brasil, a aparência de normalidade. Há cerca de um mês não havia gasolina nos postos e se falava em caos. Um segundo depois, tanques cheios, foi como se nada tivesse acontecido. Há cerca de três meses Lula foi preso. Há cerca de quatro meses Marielle foi assassinada. Há cerca de dois anos Dilma Rousseff sofreu um golpe. Há trinta anos o Brasil era governado por uma ditadura. Há cento e trinta havia escravidão. E mesmo assim vivemos em suspensão, nos mitos da democracia racial, da democracia representativa, do Estado de Direito, do funcionamento normal das instituições. Não encaramos esses traumas, não olhamos, como país, propriamente para eles. A realidade, a concepção do que é possível, está golpeada, e com isso se vai a possibilidade do choque, com isso se vai a possibilidade de comover-se. Seguimos num teatro do absurdo, numa existência surreal em que nos foram roubados os limites, as ferramentas pra dizer “isso não pode”, “daqui você não passará”.

    Às vezes me parece mesmo que deveríamos estar em estresse pós traumático permanente. Mas não, perecemos lentamente. Me veio não sei de que lugar obscuro do inconsciente uma imagem de que um dia nos colocarão com os cotovelos virados pra fora e, depois de uma certa gritaria, no dia seguinte, já estaremos dizendo que assim é a vida. Ou pior, nem falaremos mais sobre o assunto, apesar da visível estranheza nos abraços dos casais na novela. Perversidade e apatia.

    Corta para a manchete seguinte: “Brasil tem 7.5 mil cavernas, a maioria em Minas Gerais.” Encontro uma aconchegante e perto do mar? Vejo circundar a minha cabeça e as dos meus amigos idéias de êxodo, de buscar cura nas coisas e nos ciclos eternos da natureza. A césar o que é de césar, meu reino não é deste mundo. Mas gosto ainda da luz do sol que me permite ver, mesmo quando não gosto do que vejo. Me comovo com o drama das crianças da Tailândia, desejo que elas possam lidar com o trauma de uma maneira saudável, que cresçam e contem histórias e tenham paixões. Anseio profundamente também por um Brasil livre, como um dia se vislumbrou no horizonte. Sem a dúvida que entre os comerciais me martela o pensamento: será que na caverna não já estamos?