Jornalistas Livres

Autor: Carolina Rubinato

  • Vaza documento secreto da Abin com projeção de 5.571 mortes no Brasil

    Vaza documento secreto da Abin com projeção de 5.571 mortes no Brasil

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    Para quem não sabe, a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) é um órgão da Presidência da República, vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional, responsável por fornecer ao presidente da República e a seus ministros informações e análises estratégicas, oportunas e confiáveis, necessárias ao processo de decisão. ABIN tem por missão assegurar que o Executivo Federal tenha acesso a conhecimentos relativos à segurança do Estado e da sociedade, como os que envolvem defesa externa, relações exteriores, segurança interna, desenvolvimento socioeconômico e desenvolvimento científico-tecnológico.

    Ou seja, em seu último pronunciamento, em 24 de março, Jair Bolsonaro já tinha acesso ao Relatório da ABIN 015/2020, concluído no dia anterior (23/03), às 22h10, e divulgado para os integrantes do Centro de Operações de Emergência – Coronavírus (COE-nCoV) com o carimbo “SIGILOSO”, que aponta por meio de estudos e gráficos, o cenário de mais de 5 mil mortes e 200 mil infectados pelo coronavírus no Brasil até o dia 6 de abril. Ainda assim, o Presidente da República criticou em rede nacional, o fechamento das escolas e dos comércios, voltou a minimizar o Covid-19, ao compará-lo com uma “gripezinha” ou “resfriadinho”, atacou governantes que seguem as orientações da Organização Mundial da Saúde para a contenção da epidemia, culpou a imprensa por causar histeria na população e incentivou a população a voltar à rotina.

    Seguindo um caminho para o genocídio de uma parte da população brasileira, Jair Bolsonaro, ignorou protocolos mundiais que garantem a saúde da população, quando disse:

    “Devemos, sim, voltar à normalidade. Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, como proibição de transporte, fechamento de comércio e confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Então, por que fechar escolas? Raros são os casos fatais de pessoas sãs, com menos de 40 anos de idade”.

    Divulgado em primeira mão pelo The Intercept Brasil, o relatório sigiloso da ABIN diz que a proporção de casos de COVID-19 que ainda aguardam resultados laboratoriais (sejam eles negativos ou positivos) é de cerca de 75% do total de casos notificados ao Ministério da Saúde.

    O estudo dos casos notificados mostra que há um alto número de casos com diagnóstico ainda não definido (área azul do gráfico abaixo).

     

    O relatório ainda deixa claro, que a China só conseguiu diminuição na taxa de crescimento cerca de 10-15 dias depois da adoção de medidas de contenção, inclusive com lockout (fechamento da entrada e saída de pessoas) em municípios e cidades. A partir desse período o número de casos novos parou de crescer na mesma taxa e o número de casos ativos começou a reduzir em função da melhora dos pacientes mais antigos.

    O Ministério da Saúde divulga os casos confirmados e dos óbitos por COVID-19, o que não permite, com base nos dados, fazer projeções mais precisas sobre o crescimento dos casos no País. Em relação aos pouquíssimos casos já confirmados, lembrando que 75% deles ainda esperam uma confirmação dos laboratórios de análises, os dados do Ministério da Saúde já indicam que 10% dos casos exigiram hospitalizações.

    Os gráficos do documento sigiloso da ABIN mostram as projeções da evolução dos casos confirmados de COVID-19 até o fim deste mês, considerando dois possíveis cenários. Até 30 de março o Brasil pode chegar a 35.906 infectados.

    Gráfico: Projeção Casos Covid-19 até 30 de março

    Cenário I (linha laranja) – comportamento semelhante às curvas epidêmicas de Irã, Itália e China.

    Cenário I I (linha cinza) – comportamento semelhante às curvas epidêmicas de França e Reino Unido.

     

    Já quando o estudo considera o horizonte de duas semanas, a situação fica extremamente grave em qualquer hipótese. Segundo os gráficos produzidos pela ABIN, até o dia 6 de abril, teremos, na pior das hipóteses 207.435 casos confirmados (com 5.571 mortes), ou na hipótese menos ruim, 71.735 casos, com 2.062 mortes. A pior hipótese trabalha com uma crise epidemiológica com comportamento semelhante às curvas do Irã, Itália e China. A segunda trabalha com comportamento epidemiológico semelhante às curvas da França e Alemanha.

    Cenário II (linha cinza) – comportamento semelhante às curvas epidêmicas de França e Alemanha.

     

     

    O documento traz a informação de que nova pesquisa científica mostra que duas em cada três infecções do novo coronavírus foram causadas por pessoas que não foram diagnosticadas com o vírus ou que não apresentavam sintomas. Isso significa que as pessoas infectadas que se sentem saudáveis ou têm sintomas muito leves estão espalhando o vírus sem perceber, representando um grande desafio para a contenção da pandemia. Destaca ainda que os cientistas dizem que a probabilidade é que haja entre cinco e dez pessoas sem diagnóstico para cada caso confirmado.

    Esse conjunto de dados eleva o discurso do Jair Bolsonaro à categoria de crime contra a humanidade.

     

    BAIXE a íntegra do documento da ABIN: Abin-Documento-23-Março

     

     

     

  • Estamos vivendo uma loucura social

    Estamos vivendo uma loucura social

    Começamos perdendo nossos direitos, duramente conquistados, levaram de nós a CLT, a previdência social, a educação, os investimentos em pesquisa, em ciência, mais de 10 mil médicos, nos tiraram a saúde, a segurança, até a água no Rio de Janeiro tiraram.

    Nos entregaram goela abaixo um presidente incapaz, que sempre pregou armas como solução, discriminação de todos os tipos, o prazer de cortar benefícios, mas apenas dos trabalhadores, os deles, jamais.

    Um governo com diversos envolvimentos que deixam evidentes a presença de milicianos, um presidente ridicularizado no mundo inteiro, que não perde a oportunidade de ficar com a boca calada.

    Estamos enclausurados há muito tempo. Hoje, da pior forma possível, está estampado em todos os rostos o medo de estar preso num emaranhado social e financeiro.

    Sinto informar que estamos presos num mundo cruel, que acredita em meritocracia, que funciona assim: quem tem dinheiro vive bem, quem não tem, come o pão que o diabo amassou e ele que lute!

    Mas, pelo destino e pela primeira vez, muitas pessoas estão sentindo o peso do ELE QUE LUTE!

    Hoje, uma parte significativa da população entendeu que o dinheiro compra quase tudo, menos a vida! A vida digna para todos, ninguém merece viver preso num sistema capitalista.

    O peso do amanhã financeiro está batendo à porta de muitos. Pela primeira vez, a palavra fome começa a passar na cabeça da classe média. A fome é foda. A morte é foda, tudo está batendo na porta.

    Foto de Carolina Rubinato – Criança em situação de vulnerabilidade social, no centro de São Paulo

    Espero que possamos renascer como seres humanos, que haja a morte desse sistema cruel que pode nos deixar de uma hora para outra sem teto, que possamos deixar morrer a normalização com que tratamos a falta de uma casa para grande parte da nossa população.

    Acredito que agora dá para entender, vamos morrer, agora ou depois. Que a humanidade aprenda a compartilhar, isso aqui vai durar no máximo 80 anos, não existe nenhuma estabilidade em viver!

    Em nosso rico país, passar fome não deveria existir. Estamos vendendo tudo, nossas empresas, a saúde, a educação, estamos vendendo a alma para ter cada vez mais, somos o consumo desenfreado.

     

    Em tempos de corona, de incertezas plantadas, de isolamentos sociais, de medos, que possamos entender que o capitalismo é um sistema falido.

    Todo mundo tem o direito e merece viver bem.

    PS: Deixo claro que se Jesus estivesse vivo entre nós, o Bolsonaro faria arminha para ele.

  • Rede de produtoras faz campanha de financiamento coletivo para sobreviver

    Rede de produtoras faz campanha de financiamento coletivo para sobreviver

    Com mais de 50 expositoras, a Feira Agroecológica e Cultural de Mulheres no Butantã há quase dois anos oferece mensalmente o acesso a alimentos orgânicos e artesanatos de qualidade em uma relação direta entre produtoras e consumidores.O evento, que é um espaço de fortalecimento da agroecologia e da economia solidária e feminista, pode deixar de existir por falta de apoio financeiro.

    Para dar continuidade ao movimento, a rede de produtoras lançou uma campanha de financiamento coletivo que vai até o dia 22 deste mês. O objetivo inicial é arrecadar R$ 8.000 para a garantir a realização de quatro edições da Feira Agroecológica e Cultural de Mulheres do Butantã no próximo ano. Caso a meta não seja atingida, o valor será devolvido aos doadores.

    Feira Agroecológica e Cultural de Mulheres no Butantã
    Feira Agroecológica e Cultural de Mulheres no Butantã tem se tornado um ponto de encontro, espaço de comercialização e lazer na capital paulista

    Tainá Holanda, uma das coordenadoras do evento explica como os custos da feira estão relacionados à preocupação em tornar o espaço mais acessível tanto para às expositoras como para o público:

    “Os custos incluem desde o transporte dos materiais da feira, como barracas, mesas e cadeiras, até o pagamento dos realizadores da aula de yoga, da roda de capoeira, da apresentação musical e das oficinas. Acreditamos que essa programação cultural gratuita e aberta ao público é parte importante da feira, através da qual buscamos fortalecer os circuitos da cultura popular em São Paulo e democratizar o acesso da população a atividades de lazer diversas.”

    A Feira Agroecológica e Cultural de Mulheres do Butantã é organizada por meio da gestão coletiva. Diferentemente de outros locais de exposição em São Paulo, não há cobrança de taxas para a participação. Cada expositora contribui com 10% do total de vendas. Em média, cada edição da feira tem um custo total de R$ 2.000.

    Olivia Obri, uma das coordenadoras do evento, também ressalta como o espaço tem criado alternativas financeiras e de inclusão social para as mulheres que participam:

    “A proposta da feira é alimentar um coletivo de mulheres que possa autogerir sua organização, seus acordos internos, sua viabilidade econômica. A partir disso, foram criados, coletivamente, critérios para a seleção das expositoras que prezem por uma diversidade não só de produtos, mas de mulheres, levando em conta aspectos como classe, raça, etnia e cultura, sem se descolar da proposta agroecológica da feira.”

    Feira Agroecológica e Cultural de Mulheres no Butantã
    Feira Agroecológica e Cultural de Mulheres no Butantã oferece mensalmente o acesso a alimentos orgânicos em uma relação direta entre produtoras e consumidores. Crédito da foto: Aguapé Produções.

    Atualmente, a feira conta com expositoras que apresentam desde alimentos agroecológicos vindos direto do campo; a cosméticos naturais; artesanatos variados (bolsas em tecido, bonecas negras, brinquedos infantis, bordados); roupas; objetos para decoração, como artes em cerâmica e reciclado.

    A organização do evento tem colocado em prática diversas estratégias de arrecadação de recursos financeiros em todas as edições, como a venda de rifas e bingos. No entanto, a rede de produtoras ainda não alcançou sustentabilidade econômica.

    Holanda conta que o público vem crescendo, assim como o total de vendas. Dessa forma, ela destaca que a feira tem se fortalecido enquanto ponto de encontro, espaço de comercialização e lazer na capital paulista.

    “Estamos certas que poderemos construir a viabilidade do projeto a longo prazo. E é por esse motivo que iniciamos a campanha de financiamento coletivo através da plataforma da Benfeitoria, em busca do recurso necessário para a realização das próximas 4 feiras de 2020. Ao longo desse tempo, buscaremos amplificar ainda mais nossas estratégias de captação de recursos, assim como buscar editais de financiamento que dialoguem com essa iniciativa.”

    A Feira Agroecológica e Cultural de Mulheres no Butantã acontece no Viveiro II do Butantã, através de uma parceria entre a Associação

    Feira Agroecológica e Cultural de Mulheres no Butantã
    Aula gratuita de yoga, às 10h, sempre abre a programação da Feira Agroecológica e Cultural de Mulheres no Butantã. Crédito: Associação Nacional Reggae – Portal RAS

    Nacional Reggae – uma das entidades coordenadoras do evento – e a Prefeitura Regional do Butantã. O espaço público foi aberto para a feira em dezembro de 2017 e, desde então, vem proporcionando uma experiência especial para quem vive na capital paulista, pois acontece em uma área verde gramada, entre árvores, sem edificações.

    Para contribuir com a campanha coletiva, clique no link: https://benfeitoria.com/feiraagroecologicabutanta?fbclid=IwAR0YS8fylSHXgpCOuYDksS6hh7qC2-_hGrVwQ7-6WyZw3TApcgoD68tm8QA

    Última feira do ano promoverá arte, cultura e resistência

    No próximo domingo, 15 de dezembro, acontece mais uma edição da Feira Agroecológica e Cultural de Mulheres no Butantã. O evento será exatamente uma semana antes de finalizar a campanha de financiamento coletivo, que se encerra no dia 22/12.

    Entre as atrações da programação, está o show de Forró Arrumadinho com Jamille Queiroz, Ju Flor e Naiara Perez, às 14h. O trio levará o melhor do ritmo nordestino, com muito pé de serra, zabumba, triângulo e sanfona.

    As atividades culturais da feira começam às 10h com a aula aberta de yoga; em seguida, às 11h, acontece a oficina de plantio para as crianças, e, às 12h30, é a vez de aprender a fazer cadernos artesanais. No período da tarde, após o show de forró, às 15h30, rola a já tradicional roda de capoeira.

    Oficina gratuita para crianças de massinhas naturais, realizada em setembro de 2019. Crédito da foto: Aguapé Produções.

    Para os pequenos, ainda há o espaço da Ciranda dos Curumins, local onde acontece contação de histórias e também é usado para o brincar das crianças. A entrada na feira e participação nas oficinas são gratuitas.

    A Feira Agroecológica e Cultural de Mulheres no Butantã integra a Rede de Economia Solidária e Feminista (RESF), e também é uma iniciativa coorganizada pelo Núcleo de Economia Solidária da Universidade de São Paulo (NESOL – USP) e pela Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares daUSP (ITCP/USP).

     

     

     

    Serviço:
    Feira Agroecológica e Cultural de Mulheres no Butantã
    Próximo evento: dia 15/12 (domingo)
    Local:
    Rua José Álvares Maciel, na altura do nº 847, Butantã, São Paulo – SP.  Próximo a praça Elis Regina.
    Horário: das 9h30 às 17h.
    Entrada gratuita

    Mais informações sobre a feira e o financiamento coletivo:

    https://benfeitoria.com/feiraagroecologicabutanta?fbclid=IwAR0YS8fylSHXgpCOuYDksS6hh7qC2-_hGrVwQ7-6WyZw3TApcgoD68tm8QA

  • Greve Geral em São Paulo termina com repressão violenta da Tropa de Choque

    Greve Geral em São Paulo termina com repressão violenta da Tropa de Choque

    Começou às 13 horas com algumas pessoas concentradas no Masp que ajudaram a fechar a Avenida Paulista, pois até aquele momento continuava aberta para os carros. Após o fechamento a população ocupou a avenida e assim apareceu o colorido da multidão.

    O dia era simbólico, 14 de Junho, comemoração de nascimento de Ernesto Guevara, um dos maiores líderes dentre os revolucionários do mundo conhecido como Che Guevara, dia da Greve Geral no Brasil, dia de lutar contra a Reforma da Previdência e o desmonte da educação no país.

    Metrô, trem, ônibus, em sua maioria não circularam, foi possível assistir trabalhadores nas portas das indústrias pedindo para que seus direitos garantidos em constituição fossem respeitados. Escolas públicas e privadas aderiram e fecharam suas portas, ensinando a verdadeira história e cidadania para seus alunos, a aula foi nas ruas.

    De acordo com as entidades 45 milhões de pessoas paralisaram a economia do país. Portos e bancos foram fechados, trabalhadores de indústrias fabris e de montadoras do ABC aderiram ao movimento.

    As ruas de São Paulo estavam vazias, sem trânsito, em plena sexta-feira. A proposta de greve bem-sucedida era confirmada pelo trânsito fluído em uma cidade que vive caótica de carros.

    Com o passar das horas, a Avenida Paulista foi tomada por manifestantes, que levantavam suas bandeiras e cartazes contra a Reforma da Previdência, Bolsonaro, desmonte da educação, da saúde e dos programas de moradias populares.

    E assim começou o ato pacífico, colorido por jovens e adultos, com muita música e poucas bandeiras partidárias, a luta central não eram os partidos e sim o direito humano do cidadão brasileiro de viver com dignidade.

    O que começou de forma pacífica, terminou com a polícia militar e a tropa de choque violentando os direitos da população paulistana.

    Quando o ato chegou no início da Avenida Paulista com intuito de descer a Consolação, policiais sem motivos para truculência, se acharam no direito de jogar bombas de gás lacrimogêneo nos jovens que estavam na linha de frente da manifestação.

    Policiais mandados como ratos, que não entenderam até o momento que também são funcionários públicos, que recebem salários miseráveis e que estão sendo tomados dos seus direitos, ainda sim, revidaram na população que estava lá, lutando por eles e pelos seus filhos.

    Logo a fumaça do terror, tomou conta do local. Centenas de jovens foram atingidos pelo horror de uma ditadura disfarçada de democracia, impedidos de apenas caminhar num protesto legal e previsto em constituição. A linha de frente do ato, como uma forma de proteção, criou barreiras e atearam fogo para que a polícia não se aproximasse das pessoas com seus cruéis cassetetes.

    Não foi possível descer a Consolação, mas ainda assim, o ato persistiu e seguiu pelas ruas paralelas com destino ao centro de São Paulo. Mais tropas de choque chegaram à Praça da República para esperar a manifestação que seguia adiante.

    O movimento se dividiu como uma alternativa a represália, metade seguiu até o Teatro Municipal, outra parte se dirigiu para a Praça da República. Todos chegaram, objetivo cumprido apesar da força tarefa da polícia, comandada pelo Governador João Dória, de destruir o que estava lindo.

    Na Praça da República mais de cem policiais esperavam os manifestantes, em uma postura clara de violência e repressão por quem lutava pelos direitos dos cidadãos.

    Naquele momento as mulheres foram as protagonistas, de mãos dadas fizeram um cordão para que a polícia não continuasse a agir com truculência e mesmo ameaçadas pelas bombas que se via claramente nas mãos da tropa de choque resistiram e gritaram “Violência não”.

    A pergunta que não quer calar!

    Fica a pergunta, quão legítima é uma Reforma da Previdência, proposta por um presidente que se aposentou aos 33 anos e por um governo que votou a favor de uma aposentadoria especial para eles?

    O Brasil não precisa da Reforma da Previdência

    É de extrema importância que entendam que a Previdência Social tanto como política pública quanto como uma ferramenta jurídico-estatal foi conquistada após uma longa luta travada entre a classe trabalhadora, composta pela maioria da população e a burguesia, composta pela minoria da população detentora dos meios de produção e da exploração à mão de obra do trabalhador, os donos do capital.

    E desde então a elite ainda alimenta em cadeia cíclica todas as relações sociais presentes sejam por interesses individuais de cada classe ou segmento social, como também por interesses coletivos (no caso de vocês, a bancada favorável à Reforma) e a Previdência Social foi elaborada, proposta e aprovada para garantir o mínimo de equilíbrio e ordem social como um acordo de paz pública.

    A Previdência Social garante ao trabalhador e seus dependentes menores, amparo quando ocorre a perda, permanente ou temporária de sua capacidade colaborativa, ela está inserida em um conceito mais amplo que o da Seguridade Social, Saúde, Assistência Social e Previdência Social, é um fator muito importante no combate à pobreza e à desigualdade, que promove aos idosos e as pessoas por ela beneficiadas uma relativa estabilidade social.

    Nesse contexto a população entende que, para que continue a existir é necessário que cada trabalhador contribua com um percentual do seu salário, fato que ocorre mensalmente em toda a classe trabalhadora, eles pagam a sua parte. Mas por força de interesses individuais ou coletivos em favorecimento de grandes empresários a parte deles não é repassada.

    Segundo relatório datado de 2017 da CPI da Previdência, foi constatado que empresas privadas sonegaram, até aquela presente data, mais de R$ 450 bilhões à Previdência e conforme a Procuradoria da Fazenda Nacional, somente R$ 175 bilhões correspondem a débitos recuperáveis, isto quer dizer que, além de não repassarem para a Previdência as contribuições dos trabalhadores, esses empresários também embolsam recursos que não lhes pertencem.

    Desta forma, o fato da corrupção exercida entre alguns políticos e empresários, colocam o povo trabalhador brasileiro a pagar uma conta que não é dele. Assim estão dispostos a abrir mão da forma amistosa e romântica a qual a relação burguesia e proletariado tomou nos últimos anos e não mais se colocaram em função da submissão popular em prol de interesses pessoais, que é continuar a elevar cada vez a corrupção político-empresário no país.

    Um recado aos políticos favoráveis a Reforma da Previdência

    Aos senhores políticos favoráveis a Reforma da Previdência, existe uma oportunidade de repensar seus próximos passos, em uma análise que demonstrará o quanto é inconstitucional a aprovação da medida, na certeza de que não será interessante para o governo uma ruptura completa de paz entre o capital e o proletariado.

    Melhor escolherem pelo justo e pela paz entre a nação, única forma para que o sangue do povo brasileiro não suje vossas mãos e marque o sobrenome de cada um dos políticos favoráveis a Reforma e de seus familiares por todo o futuro da história.

    Abaixo motivos pelos quais você não deve apoiar essa Reforma

    • A Reforma da Previdência fere o Art. 6º da Constituição que prevê como direito a todos os trabalhadores brasileiros a proteção social e a Previdência pública.
    • A Reforma da Previdência fere o Art. 60º que define o princípio do “não retrocesso” de direitos e garantias individuais.
    • Exigir 40 anos de contribuição para se ter acesso ao benefício integral em um país que findou sua legislação trabalhista é transformar a classe trabalhadora em escravos.
    • Rebaixar o BCP para menos da metade de um salário mínimo é colocar em seres humanos em situação de pobreza extrema.
    • A Reforma favorecerá os mesmos bancos que devem a previdência, obrigando cidadãos a contribuição privada.
    • O problema do país são os juros da dívida pública e não a Previdência, em 2018 pagamos R$ 380 bilhões de juros.
    • 1% da população, os verdadeiros privilegiados, não pagam tributo sobre a renda que recebem. É preciso findar a lei que garante isenção para lucros e dividendos de acionistas, só em 2018 foram R$ 50 bilhões gerados entre lucros e dividendos que deveriam ser taxados.
    • Antes de qualquer Reforma da Previdência é preciso de uma Reforma Tributária. Nossa tributação é taxada sobre o consumo e o certo seria taxá-la sobre a renda e a propriedade da classe mais rica. É muita desigualdade cobrar do pobre a mesma taxa de imposto que é cobrado do rico, que se utiliza da mão de obra trabalhadora para enriquecer cada vez mais, assim desestabilizando a desigualdade social do nosso país.
    • De acordo com o relatório emitido pela CPI da Previdência não há déficit. Segundo cálculos da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip) citados no relatório da CPI, a Seguridade Social apresentou média de saldo anual positivo de R$ 50 bilhões entre 2005 e 2016.
    • Ainda segundo o relatório emitido pela CPI da Previdência os analistas foram categóricos: “As inconsistências nos modelos de projeção do governo descredenciam qualquer avaliação séria sobre esses números”. Isso quer dizer que vocês não possuem capacidade para realizar estimativas populacionais e financeiras adotadas pelo governo para definir o déficit da Previdência Social.
    • Em um país tão desigual se tornará impossível para os trabalhadores pobres comprovarem a idade mínima e o tempo de contribuição. Eles serão jogados para a assistência e isso tornará nosso país a maior população de idosos miseráveis.
    • Para que a economia do nosso país gire é preciso que a população tenha dinheiro para gastar, conceito básico aprendido no ensino fundamental. Se os senhores cortam a verba da população a mesma não terá a renda necessária para consumir, levando a economia brasileira ao colapso.
    • A Reforma deve ser igualitária, para todos a mesma reforma, por que militares e políticos terão privilégios, o que difere os senhores de nós? Senhores sinto informar, mas somos todos Seres Humanos.
    • Essa Reforma vai custar caro para o país, pois durante a transição estima-se que a Previdência gaste mais de R$ 6,6 trilhões, pois quando os trabalhadores migrarem para o novo sistema, deixarão de contribuir com o atual, causando um rombo financeiro para pagar os já aposentados.
  • Feliz dia das Mulheres é o caralho!

    Feliz dia das Mulheres é o caralho!

    Hoje é dia de ouvir e ler dos machistas de plantão, Feliz dia das Mulheres, agradecendo a existência da mulher por lavar, passar, cozinhar, sustentá-los.

    Hoje é dia de ouvir machistas que chamam mulheres de loucas, desejando feliz dia das mulheres.

    Hoje é dia de ouvir dos homens que abandonam seus filhos, Feliz dia das mulheres.

    Feliz dia das mulheres é o caralho, morremos mais hoje do que ontem.

    Aumento de 12% no número de registros de feminicídios. Uma mulher é morta a cada duas horas no país.

    Em três meses foram computados 119 feminicídios e 60 tentativas de matar mulheres, feliz dia é o caralho.

    Hoje é dia de ouvir de quem votou no Bolsonaro, Feliz dia das Mulheres, hipocrisia a gente vê por aqui todos os dias.

    Ele diz feliz dia, mas acha que mulher que transa quando quer é Puta,

    Ele diz feliz dia, mas grita com a mulher e a faz de empregada doméstica,

    Ele diz feliz dia, mas não respeita as escolhas dela,

    Ele diz feliz dia, mas na primeira oportunidade chama ela de louca,

    Ele diz feliz dia, mas usa o dinheiro para mantê-la cárcere de um relacionamento abusivo,

    Ele diz feliz dia, mas sai para beber todo final de semana sozinho, enquanto ela fica em casa cuidando dos filhos,

    Ele diz feliz dia, mas abandonou os filhos da ex-mulher,

    Ele diz feliz dia, mas te traiu uma vida inteira,

    Ele diz feliz dia, mas a agride verbalmente,

    Ele diz feliz dia, mas a agride fisicamente,

    Ele diz feliz dia, mas controla o tipo de roupa que usa,

    Ele diz feliz dia, mas te afasta dos teus amigos,

    Ele diz feliz dia, mas diz que você não precisa estudar ou trabalhar,

    Ele diz feliz dia, mas você sofre violência psicológica, violência física, violência moral, violência sexual, violência patrimonial,

    Ele diz feliz dia, mas diz: “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”,

    Ele diz feliz dia, mas diz: “um tapinha não dói”,

    Ele diz feliz dia, mas diz: “apanha porque merece”,

    Ele diz feliz dia, mas diz: “ela sabe porque está apanhando”,

    Ele diz feliz dia, mas faz piada com mulher,

    Ele diz feliz dia, mas acha que lavar a louça é “ajudá-la” nos afazeres domésticos.

    Aos hipócritas de plantão, feliz dia é o caralho, nós queremos é revolução!

    Não venha dizer Feliz dia das Mulheres, pegue a bandeira do feminismo e se junte a nós de verdade!

    Ato hoje, às 16h no Masp, contra a opressão e o patriarcado!

  • Lideranças mundiais convocam as mulheres para construção de uma articulação Internacional Femininista

    Lideranças mundiais convocam as mulheres para construção de uma articulação Internacional Femininista

    Há um chamado internacional, assinado por lideranças feministas como Angela Davis, para que as mulheres se unam além de 8 de março. Estão sendo convocadas reuniões para atos e ações unificados em mais de nove países e foi lançado o Manifesto Feminista – PARA ALÉM DO 8 de Março: rumo a uma Internacional Feminista

    O movimento tem como principal objetivo fazer uma frente feminista contra o movimento opressor, autoritário, depreciador, racista e homofóbico da extrema direita no mundo.

     

    Trechos do Manifesto:

    “Estamos vivendo um momento de crise geral. Essa crise não é de forma alguma somente econômica; é também política e ecológica. O que está em jogo nessa crise são nossos futuros e nossas vidas. Forças políticas reacionárias estão crescendo e apresentando-se como uma solução a essa crise. Dos EUA à Argentina, do Brasil a Índia, Itália e Polônia, governos e partidos de extrema direita constroem muros e cercas, atacam os direitos e liberdades LGBTQ+, negam às mulheres a autonomia de seu próprio corpo e promovem a cultura do estupro, tudo em nome de um retorno aos “valores tradicionais” e da promessa de proteger os interesses das famílias de etnicidade majoritária. Suas respostas à crise neoliberal não é resolver a raiz dos problemas, mas atacar os mais oprimidos e explorados entre nós”.

    “Diante da crise global de dimensões históricas, mulheres e pessoas LGBTQ+ estão encarando o desafio e preparando uma resposta global. Depois do próximo 8 de março, chegou a hora de levar nosso movimento um passo adiante e convocar reuniões internacionais e assembleias dos movimentos: para tornar-se o freio de emergência capaz de deter o trem do capitalismo global, que descamba a toda velocidade em direção à barbárie, levando a bordo a humanidade e o planeta em que vivemos”.

    Para assinar o manifesto entre no site https://www.internacionalfeminista.org/

    Manifesto assinado por 24 lideranças, são elas:

    Amelinha Teles (União de Mulheres de São Paulo, Brazil)

    Andrea Medina Rosas (Lawyer and activist, Mexico)

    Angela Y. Davis (Founder of Critical Resistance, US)

    Antonia Pellegrino (Writer and activist, Brazil)

    Cinzia Arruzza (Co-author of Feminism for the 99%. A Manifesto)

    Enrica Rigo (Non Una di Meno, Italy)

    Julia Cámara (Coordinadora estatal del 8 de marzo, Spain)

    Jupiara Castro (Núcleo de Consciência Negra, Brazil)

    Justa Montero (Asamblea feminista de Madrid, Spain) Kavita Krishnan (All India Progressive Women’s Association)

    Lucia Cavallero (Ni Una Menos, Argentina)

    Luna Follegati (Philosopher and activist, Chile)

    Marta Dillon (Ni Una Menos, Argentina)

    Monica Benicio (Human rights activist and Marielle Franco’s widow, Brazil)

    Morgane Merteuil (feminist activist, France)

    Nancy Fraser (Co-author of Feminism for the 99%. A Manifesto)

    Nuria Alabao (Journalist and Writer, Spain)

    Paola Rudan (Non Una di Meno, Italy)

    Sonia Guajajara (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil)

    Tatiana Montella (Non Una di Meno, Italy)

    Tithi Bhattacharya (Co-author of Feminism for the 99%. A Manifesto)

    Veronica Cruz Sanchez (Human rights activist, Mexico)

    Verónica Gago (Ni Una Menos, Argentina)

    Zillah Eisenstein (International Women’s Strike, US)