Jornalistas Livres

Autor: Aloisio Morais

  • Jornalista viu o crime de perto

    Jornalista viu o crime de perto

    O jornalista Nairo Alméri, de Belo Horizonte, tem uma casa no arraial de Córrego do Feijão, onde costuma descansar nos finais de semana. Por coincidência, nesta sexta-feira, 25, ele estava lá e pôde presenciar um pouco do que se passou no pequeno distrito de Brumadinho, onde a Vale rói há alguns anos o alto de uma bela serra da região. As fotos acima são dele. Confira também, a seguir, o seu relato:

     

    “O ribeirão Córrego do Feijão dá nome ao arraial e à Mina Córrego do Feijão. A entrada do arraial fica a menos mil metros de onde era a Portaria.
    Desta vez não foi culpa da CEMIG. Eu ouvia a rádio CBN, 12h20, ou pouco mais, e o rádio ficou sem som. Pouco antes, as cachorras ficaram agitadas e as vidraças da casa fizeram barulho. A luz ameaçou devolver a voz do Carlos Sardemberg. Mas nada. O vizinho de chácara, Fernando, me indaga, do lado dele, se tinha acabado a luz. Confirmo. De repente ele informa: “Foi na Vale”. Eu brinco: “Então a CEMIG resolve logo!”. Vou pro Facebook e reclamo: ”CEMIG DETESTA O CÓRREGO DO FEIJÃO”. Já tinha faltado luz no Natal, na semana passada. E relato que o dia está ensolarado e não venta.

    Ouço vozes e gritos na rua. Caminho a alameda até o portão. Vejo na rua pessoas desesperadas nos celulares, chorando o nome de pessoas e gritando que a barragem da Vale se rompeu. Volto para casa e o Fernando confirma a tragédia. Uma dimensão em vítimas, até às 19h30, sequer os bombeiros calculavam. “Certamente supera a Samarco”, disse o tenente Errara, dos bombeiros, ao ser indagado sobre número de vítimas. Na hora estavam lotados o restaurante, o refeitório e a Mecânica (oficina de manutenção das máquinas). Mas, na mesma área, também havia muita gente na Administração e Portaria.
    Saí para ouvir e ajudar – conversar com as pessoas e, depois, ajudar a socorrer animais domésticos em propriedade que fica mais próxima onde havia uma lagoa, que, depois, recebeu uma barragem. À jusante, cerca 1,2 km, ficava a Pousada Estância Nova. Primeiras notícias eram de que havia 12 pessoas lá.
    Choro, lágrimas… no meio da tarde, congestiono o envio de informações e imagens para as redes sociais e os celulares perdem cargas. Fico sem contato e passo a ajudar as pessoas.
    Pessoas do Córrego do Feijão sempre falaram e ouviram falar dos riscos da tragédia. Mas se calam nas audiências públicas, em troca do emprego próprio, do marido, mulher e filhos. E o Ministério Público se cala sempre, ou seja, dá o voto silencioso para a Vale. Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente) e Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental) seguem o MP.
    O tenente do bombeiro relatou que a Barragem 4 rompeu primeiro. E puxou a Barragem 1. “Tem outra que estamos monitorando agora”, disse, às 18h30. “Mas se houver acidente não atingirá aqui”, assegurou em relação à segurança dos moradores da parte urbana do arraial do Corrego do Feijão. Isso logo após um militar da PM começar a informar que “ todos deveriam evacuar a área (o arraial).
    O arraial está sem luz e as autoridades pedem para que a população não consumir a água que está chegando nas casas. O governador de Minas, Romeu Zema, sobrevoou a área. Toda defesa civil do Estado e Brumadinho concentrou o atendimento no Centro Comunitário. O Córrego do Feijão fica a 12 km da sede do município e a 43 de Belo Horizonte, pela BR-040, sentido Rio de Janeiro.”

     

  • Mais um crime da Vale em Minas

    Mais um crime da Vale em Minas

    Fotos aéreas e feitas no local, divulgadas pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, mostram a lama de rejeitos de minério de ferro que se espalhou pela região de Córrego do Feijão, distrito de Brumadinho, na Grande Belo Horizonte. Depois de Mariana, há três anos, este é mais um crime cometido pela Vale em Minas, após o rompimento de barragem junto a mina de extração de minério de ferro.

  • Cresce a violência contra os jornalistas

    Cresce a violência contra os jornalistas

     

    Os casos de violência contra jornalistas em 2018 cresceram 36,36%, em relação a 2017. Foram 135 ocorrências de violência, entre elas um assassinato, que vitimaram 227 profissionais. Os números mostram que esse crescimento esteve diretamente relacionado à eleição presidencial e episódios associados a ela, como a condenação e prisão do ex-presidente Lula. É o que mostra o Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil – 2018, apresentado no dia 18 pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) no Rio de Janeiro. Além do número de casos de violência ter crescido, o jornalista Ueliton Bayer Brizon foi assassinado em Rondônia. 

    Eleitores/manifestantes foram os principais agressores, sendo responsáveis por 30 casos de violência contra os jornalistas, o que representa 22,22% do total. Entre esse grupo, os partidários do presidente eleito Jair Bolsonaro foram os que mais agrediram a categoria, somando 23 casos. Já os partidários do ex-presidente Lula, que não chegou a ser candidato, estiveram envolvidos em sete episódios.

    A greve dos caminhoneiros (movimento com características de locaute) também contribuiu para alterar o perfil dos agressores. Com 23 casos (17,04% do total), os caminhoneiros ficaram sem segundo lugar na lista dos que cometeram atos de violência contra os jornalistas. Caminhoneiros e eleitores/manifestantes foram os responsáveis pelo crescimento significativo do número de agressões físicas, agressões verbais, ameaças/intimidações e impedimentos ao exercício profissional.

    Os jornalistas foram vítimas também de políticos, policiais, juízes, empresários, dirigentes/torcedores de times de futebol e populares. Além do assassinato, das agressões físicas e verbais, das ameaças/intimidações e dos impedimentos ao exercício profissional, houve ainda casos de cerceamento à liberdade de imprensa por decisões judiciais, censuras, atentados, prisão e práticas contra a organização sindical da categoria.

    Para a presidenta da FENAJ, Maria José Braga, o crescimento da violência contra jornalistas é uma demonstração inequívoca de que grupos e segmentos da sociedade brasileira não toleram a divergência e a crítica e não têm apreço pela democracia. Segundo ela, é preciso medidas urgentes por parte do poder público e das empresas de comunicação para garantir a integridade dos profissionais.

    Entre as medidas defendidas pela FENAJ, estão a criação de um protocolo de atuação das polícias em manifestações públicas e a garantia, por parte das empresas de comunicação, de adoção de medidas mitigatórias dos riscos para cada situação específica. “Essas medidas podem e devem variar. Em um caso pode ser necessário, por exemplo, a utilização de equipamentos de proteção individual. Em outro, pode ser melhor o jornalista não estar sozinho”, comentou.

    Maria José também ressaltou o crescimento das ameaças/intimidações e agressões verbais praticadas por meio das redes sociais. Para a ela, esses casos também são graves e precisam ser denunciados, para que os agressores sejam identificados e punidos.

    Durante a apresentação do relatório, na sede do Sindicato dos Jornalistas do Municípios do Rio de Janeiro, o jornalista Marcelo Auler fez uma exposição sobre o caso de censura imposto pela delegada Érica Mialik Marena a seu blog ‘Marcelo Auler Repórter’ por meio de uma ação na Justiça. Ela é integrante da Operação Lava Jato em Curitiba. Também a jornalista Melissa Munhoz relatou o episódio de sua prisão por um guarda municipal quando fazia uma cobertura jornalística pelo SBT no Rio de Janeiro, quando acabou demitida pela empresa. 

    Acesse o relatório completo.

  • Pais e alunos repudiam censura em escolas de Minas

    Pais e alunos repudiam censura em escolas de Minas

    Poucas horas após o Ministério Público de Minas Gerais soltar nota na quarta-feira, 28, em defesa da liberdade de ensino e, portanto, contra a chamada ‘escola sem partido’, nesta quinta-feira, 29, docentes, pais, alunos e alunas das unidades do Colégio Santo Agostinho em Belo Horizonte, Nova Lima e Contagem realizaram manifestações contra a adoção da medida defendida por setores do futuro governo federal.

    O Ministério Público se posicionou a respeito após análise de uma ação de alguns pais de alunos junto à 23ª Promotoria de Justiça da Capital, com atribuições na Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, pedindo indenização pelas supostas aulas ministradas sobre gênero e sexualidade no Colégio Santo Agostinho, alegando tratar de “teoria de gênero”.

    Ao acolher a ação, a Promotoria da Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente definiu que a suposta implementação da “ideologia de gênero” poderia expor “inúmeras crianças a uma doutrina exótica e radical, contrária à própria natureza humana”.

    O Ministério Público já havia publicado orientação em defesa da liberdade do ensino devido a um caso semelhante ocorrido em Juiz de Fora, mas a publicação do comunicado nessa quarta foi motivada pela recente polêmica envolvendo a instituição sediada em Belo Horizonte. Na nota o MP “reafirma o seu compromisso pela garantia da liberdade de ensino e aprendizagem”.

    O MP acentuou que “a nota é uma forma de reforçar a posição publicada pelo Conselho Nacional de Procuradores-Gerais ‘pela defesa dos princípios constitucionais da liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, do pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas’”. O comunicado é assinado pela Coordenadoria Estadual de Defesa da Educação e Centro de Apoio das Promotorias de Justiça das Crianças e dos Adolescentes. Os promotores mineiros lembram que “são inconstitucionais as propostas legislativas visando afrontar princípios, como aqueles conhecidos como ‘Escola Sem Partido’ ou ‘Escola Livre’, devendo o Ministério Público atuar para que seja garantida a todos os brasileiros uma educação pública de qualidade, coibindo-se as tentativas de estabelecer proibição genérica e vaga do conteúdo pedagógico desenvolvido nas escolas, com risco, inclusive, de aplicação persecutória e seletiva da lei”.

    O comunicado do MP mineiro lembra ainda que “a disseminação da ideia de que existe uma doutrinação ‘político-ideológica’ generalizada em curso nas escolas brasileiras desvia o foco dos reais problemas estruturais da educacional, que urge serem superados”.

    Manifestação

    No início da tarde desta quinta-feira, centenas de pais, estudantes e professores/as realizaram o ato “Abraço ao Colégio Santo Agostinho”, realizado nas unidades de Belo Horizonte, Contagem e Nova Lima. A manifestação reforçou a solidariedade à instituição diante dos recentes ataques ao livre exercício da atividade docente e em repúdio à ação judicial proposta por dois promotores do Ministério Público de Minas Gerais, com base em um suposto ensino da “ideologia de gênero”.

    Presente em um dos atos, o vereador Gilson Reis, diretor do Sindicato dos Professores, ressaltou que o ato demostrou o repúdio à Lei da Mordaça, que reforça cada vez mais atitudes conservadoras contra princípios da educação universal. “Setores fundamentalistas da sociedade brasileira estão tentando impor o retrocesso nas escolas e a manifestação aqui hoje é um levante da sociedade. É preciso denunciar essas atitudes, porque o nosso silêncio possibilita o avanço daqueles que querem o retrocesso”, afirmou.

    Durante o ato, os/as estudantes ocuparam as ruas e falaram por eles/as mesmos/as. Tiago Pato Magalhães, aluno do 2º ano do ensino médio disse que todos se uniram para construir o movimento. “Eu sou a favor de toda essa mobilização, porque precisamos de fato ter educação na escola”, ressaltou. Já a estudante do 3º ano do ensino médio, Sofia da Matta, destacou que é importante não só a posição da escola, mas de toda a comunidade: “Em uma sociedade que debate constantemente sobre as liberdades, sobre o direito das minorias, não se pode excluir isso do ambiente escolar, é sempre importante refletir e mostrar que as pessoas estão em busca desse debate”, disse.

    A mãe de alunos Carolina Rodrigues explicou que é um grupo minúsculo de pais que está entrando com a representação junto ao Ministério Público e que, em resposta, já foram colhidas centenas de assinaturas contra os ataques ao Colégio. “A escola não ensina ‘ideologia de gênero’ e, sim, educação sexual, que é de extrema importância para a formação humana”, afirmou.

  • QUEM AMA NÃO MATA

    QUEM AMA NÃO MATA

     

    Trinta e oito anos depois, na noite desta sexta-feira, 9, a partir das 18 horas, será reeditado na Praça Afonso Arinos, no Centro de Belo Horizonte, o ato ‘Quem Ama Não Mata’, para denunciar a violência contra a mulher e o feminicídio. O evento será marcado por muita música, performance, dança, poesias, rappers, DJs, apresentadoras profissionais etc., com direção do ator Adyr Assumpção e produção da promotora de eventos Nely Rosa.

    “Neste ano, diante do recrudescimento da violência contra as mulheres – dados comprovam um
    aumento de mais de 100% nos últimos dez anos -, e, no meu caso, pelo assassinato da
    advogada do Rio Grande do Sul, Tatiane S. , novamente nos unimos e resolvemos ‘fazer algo’.
    Aí o Ato de 1980 foi novamente nossa inspiração. Aquele ato, tão simples, continua com uma
    potência enorme. O slogan “Quem ama não mata” é muito poderoso. Só que o ato de agora,
    naturalmente, está adaptado aos dias de hoje”, contou a jornalista Mirian Chrystus de Mello e Silva.

    “Antes, nós feministas falávamos pelas mulheres trabalhadoras rurais, pelas prostitutas. Agora
    elas estão lá no Ato, falando por si mesmas. O feminismo negro está lá de forma muito crítica
    ao feminismo hegemônico branco – aquele nosso de 1975. Agora as pessoas não têm paciência
    de ouvir discursos, então, eles serão muitos, cerca de 17, mas cada um com dois minutos”, prosseguiu Mirian.

    O primeiro ato aconteceu em 18 e agosto de 1980, nas escadarias da Igreja São José, no centro de Belo Horizonte. Foi originado dentro da TV Globo local, da indignação de três jornalistas (Dagmar Trindade, Antonieta
    Goulart e Mirian) pela morte, no espaço de duas semanas, de duas mulheres assassinadas por
    seus maridos: Heloísa Ballesteros e Maria Regina Souza Rocha. O primeiro por desconfiança de
    traição.

    “No julgamento, me marcou ele descrever a última noite, anterior ao assassinato, em
    que ele percebeu sinais de ‘esfriamento’ por parte dela durante o ato sexual. Ali ela assinou a
    sua morte, naquela ‘frieza’. O segundo, por não aprovar os novos hábitos dela, que ‘tinha dado para fumar’. Foi morta ainda
    com o uniforme de ginástica, ao voltar da academia para casa”, observou Mirian.

    “Cobraram de nós, jornalistas, que mulheres pobres eram assassinadas todos
    os dias nas favelas; nós sabíamos, éramos jornalistas. Mas sabíamos também que duas
    mulheres de classe média e alta assassinadas davam uma boa pauta. Não éramos ingênuas.
    O ato que ficou conhecido como Quem Ama Não Mata (originado da frase anônima, pichada
    em muros de BH, “Se se ama não se mata”) foi muito simples. Mas original para os padrões da
    época, porque foi em plena ditadura”, lembrou a jornalista.

    “Reuniu cerca de 400 mulheres que seguravam velas e rosas
    vermelhas (doadas pela dona do Sobradão da Seresta, no bairro Santa Tereza). Falaram umas seis ou
    mais pessoas, entre elas, o deputado Genival Tourinho, a poetisa Adélia Prado, que veio
    de Divinópolis, Maria Campos, pela Liga das Mulheres Católicas, uma feminista do Rio e
    eu, que li um manifesto que escrevi de uma vez só. E que começava com um poema anônimo,
    lido por mim na revista Senhor, provavelmente em 1968 ou 1969, no Colégio Estadual Central.
    O único poema que guardei de cabeça:
    ‘Senhora, aqui está vossa chave
    para vos abrirdes quando quiserdes e com quem quiserdes
    porque maior que a dor de vos perder
    é a dor de vos deixar presa nesses ferros’.

    Em Minas, mil anos depois, prosseguia eu, os homens matam as mulheres que querem a
    separação… etc, etc. E reivindicávamos a redemocratização do país alertando que a democracia tinha que começar
    ‘dentro das nossas casas’. Dali nasceram a frase ‘Quem ama não mata’ (que virou série da Globo) e o Centro de Defesa da
    Mulher, que iniciou pesquisa sobre o tema “violência contra a mulher” e promoveu o
    atendimento de mulheres que sofriam violência doméstica e reivindicava a criação de
    delegacias especializadas no atendimento a mulheres (que foram criadas por todo o país a
    partir de 1985).”
    Enfim, será um ato feminista, cultural, político, no sentido amplo, porque é suprapartidário. Os Jornalistas Livres vão cobrir o evento ao vivo pelo Facebook.

  • Fotografia contra a barbárie

    Fotografia contra a barbárie

    A exemplo de seus companheiros e companheiras de São Paulo, Rio de Janeiro e, certamente de outros estados, os(as) repórteres fotográficos(as) de Minas também estão organizados em torno da luta pela democracia neste momento difícil em que passa o país, às vésperas de uma eleição presidencial. Na noite desta quinta-feira, 25, a categoria esteve reunida durante ato no Sindicato dos Jornalistas, em Belo Horizonte, onde a conjuntura política foi colocada em debate e várias atividades foram realizadas durante o evento Fotógrafxs Pela Democracia.
    Em sua abertura, a repórter fotográfica dos Jornalistas Livres, Isis Medeiros, uma das organizadoras do evento, falou sobre os esforços colocados em prática para que a iniciativa se concretizasse, seguindo a trilha aberta pelos profissionais da fotografia de São Paulo e Rio de Janeiro. Em seguida, o diretor da Casa do Jornalista, Mauro Werkema, falou um pouco sobre a história da entidade que abrigou o evento e sua luta em favor da democracia ao longo das últimas décadas, inclusive e sobretudo durante a ditadura, destacando que a Casa sempre esteve ao lado e aberta àqueles que estão na luta de resistência contra a repressão, o arbítrio e o fascismo.
    Já o repórter fotográfico Fernando Rabelo falou sobre a importância do acervo fotográfico familiar como registro da história, abordando os dramas vividos pela sua família desde a infância, quando viu seu pai, o jornalista José Maria Rabelo, diretor do extinto jornal “Binômio”, ser perseguido pela ditadura militar após o golpe de 1964, o que o obrigou a se exilar na Bolívia, Chile e França ao lado da mulher e filhos. Fernando mostrou várias fotos suas e de seus familiares durante o exílio e destacou a importância de se lutar, hoje, contra o fascismo.
    Em seguida, a repórter fotográfica Madu falou sobre o medo durante os dias de ditadura, quando presenciou a invasão policial do antigo prédio da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) no bairro Santo Antônio, onde estudantes em fuga eram abrigados por professores e colegas do Colégio de Aplicação, vizinho ao prédio da Fafich. “Por isso é importante estarmos unidos neste momento, para que não tenhamos de volta aqueles tristes dias de repressão política”, disse.
    Durante o evento foram ainda apresentados vídeos de dezenas de repórteres fotográficos(as) da Argentina, Chile, Colômbia, Portugal, e também de diversas regiões do Brasil, manifestando sua solidariedade aos colegas e ao povo brasileiro. As mensagens mostravam a importância e necessidade da luta pela democracia, contra a violência, o fascismo e o retrocesso político e social. Na ocasião, o radialista comunitário, Élder Pacheco, lembrou que justamente no dia 25 de outubro de 1975, portanto, há 43 anos, foi assassinado sob tortura o jornalista Vladimir Herzog no Doi-Codi, em São Paulo.
    Por fim, o evento terminou com a leitura do manifesto em defesa da democracia divulgado pelos(as) repórteres fotográficos(as) paulistas, que hoje conta com milhares de assinaturas de apoio em todo o país.