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  • Zé Dirceu percorre Brasil para lançar memórias e estratégias de resistência

    Zé Dirceu percorre Brasil para lançar memórias e estratégias de resistência

    Entrevista exclusiva a Nícolas Horácio/EstopimColetivo

    “O povo brasileiro não é como Bolsonaro. Dos 55% de votos que ele teve, seguramente, o núcleo duro dele é de 15 a 20 milhões de votos. Esse é o eleitorado que abraça as teses de violência pra resolver o problema da segurança, de preconceito, de racismo, de desqualificação da mulher, de desprezo pela democracia, pela liberdade de expressão, a visão pró norte-americana e esse abraço de urso ao neoliberalismo de mercado, que é, na verdade, entregar o país ao capital financeiro, na nossa opinião, evidentemente. Acho que nós temos que fazer essa disputa também com o eleitorado dele. O eleitorado não vai ficar com ele” (José Dirceu)

    Ele esteve no centro do poder no governo Lula e foi cogitado para a sucessão presidencial depois de chefiar a Casa Civil, um dos mais estratégicos ministérios do país. Condenado a mais de 30 anos de prisão, teve a trajetória política interrompida e, no estilo Graciliano Ramos, escreveu um livro de memórias no período do cárcere. Fundador do PT, ex-militante do PCB e da luta armada, José Dirceu responde os processos em liberdade como um dos mais polêmicos personagens da política brasileira na atualidade. Por fora do tabuleiro político, continua atuando como um importante intelectual para a militância do PT, através de sua força e influência.

    Em Florianópolis desde o dia 15 de novembro, foi recepcionado pela amiga e ex-ministra Ideli Salvatti, conversou com lideranças de outros partidos da esquerda, como PSOL e PCdoB, com militantes da juventude do PT e dos partidos aliados. Na segunda-feira (19/11), realizou sessão de autógrafos do livro “Zé Dirceu – Memórias Volume 1”, no qual narra momentos importantes da história brasileira e deixa seu ponto de vista sobre a conquista do poder pelo Partido dos Trabalhadores, o legado dos seus dois governos e a análise do processo intervencionista que culminou com a violação da democracia.

    Em entrevista ao Estopim Coletivo, de Florianópolis, Dirceu conta detalhes do livro que será lançado em pelo menos 25 capitais brasileiras e indica como o PT, agora na oposição, deve se comportar nos próximos anos.

    A Entrevista

    No lançamento do seu livro em Brasília, você disse que o PT está em uma defensiva e precisa de estratégia política. Qual deve ser essa estratégia? E qual a sua participação nela?

    Zé Dirceu: Minha participação vai ser como filiado. Eu não pretendo, nem devo voltar para a direção do PT e muito menos participar diretamente do partido.

    Eu quero andar pelo Brasil, lançar meu livro, fazer palestras e participar de seminários. Quero estar com os movimentos, com a CUT, o MST, os partidos aliados. Eu tenho diálogo com PCdoB, com PSB e quero estar com a juventude. Eu tenho priorizado esses três eixos.

    Quando eu digo que estamos em uma defensiva, não é só o PT.

    Essa coalizão que elegeu Bolsonaro não é só uma coalizão religiosa, com os setores militares e partidos. Ela tem uma cabeça que é o capital financeiro internacional e tem uma política que é pró Estados Unidos.

    É uma coalizão que pretende fazer grandes mudanças no Brasil, basta olhar a pauta dele. Começa pela política externa, que ele vai virar totalmente, não só a nossa política externa, como a dos tucanos também. Por isso que pelo menos alguns tucanos estão contra.

    Nós temos força, mas nós viemos sofrendo derrotas desde 2013.

    Você se refere às grandes manifestações de 2013?

    Zé Dirceu: Sim, porque eram manifestações contra o aumento das tarifas em São Paulo e foram capturadas, com papel muito forte da Rede Globo e dos setores que financiaram aquela mobilização, para um movimento contra o governo da Dilma, o PT e que com a Lava Jato fez uma escalada de criminalização do PT e do próprio Lula, levando ao impeachment da Dilma e a prisão do Lula, que culmina com a eleição do Bolsonaro.

    Nesse sentido, nós temos que reconhecer a derrota, ao mesmo conhecer as nossas forças e a necessidade de repensar o que vamos fazer nos próximos anos.

    Temos algumas tarefas óbvias: a liberdade do Lula; a oposição a pautas como Escola sem Partido que, na verdade, é escola com partido, o deles.

    Por outro lado, o governo vai anunciar uma série de medidas, nós temos que apontar alternativas. Não podemos apenas ficar contra. Se ele vai fazer uma Reforma Tributária, temos que apresentar nossa visão e para a Reforma na Previdência, a mesma coisa.

    Você vem articulando essas conversas nos estados?

    Zé Dirceu: Não. Eu não articulo. Eu Tenho relações, porque desde 1965 eu sou militante político e eu participei dos principais eventos do país a partir de 1979.

    Participei da clandestinidade, da luta armada, participei da geração de 1968, fui do PCB, depois, fui um dos fundadores do PT, então tenho muitas relações.

    Procuro, sou procurado e converso, exponho a minha opinião e tentando ajudar nesse sentido, nessa linha.

    Mas exerce influência, certo?

    Zé Dirceu: É. Influência eu exerço, mas não significa que eu vá participar de direções do PT, disputar mandatos ou participar de governos. Eu nem posso, porque estou inelegível.

    Aqui em Santa Catarina você fez algumas conversas com militantes de outros partidos. Sentiu possibilidade de unificação da esquerda aqui? Há caminhos pra isso?

    Lançamento e palavra de resistência em Florianópolis

    Zé Dirceu: Eu acredito que há sim, na base. Temos que começar pelas lutas concretas em cada cidade, em cada estado, pelas agendas que estão colocadas.

    Acho que a Reforma da Previdência é uma questão fundamental, a Escola sem Partido é outra, a defesa da liberdade de manifestação, esses ataques ao MST, ao MTST, ao João Pedro Stédile e ao Guilherme Boulos, nós não podemos aceitar.

    A agenda da anulação da condenação do Lula é importante e nós devemos construir uma agenda a partir dos sindicatos e da juventude, da luta das mulheres.

    Nós devemos construir uma agenda de oposição, porque temos legitimidade e fomos para oposição por decisão do eleitorado. Nós temos 47 milhões de brasileiros e brasileiras para representar e, no caso do PT, um mínimo de 30 milhões, que foi a votação do Haddad no 1° turno em aliança com PCdoB e com o PROS.

    Então, nós temos obrigação de exercer essa oposição, essa fiscalização, apresentando propostas e alternativas e temos que resolver nossos problemas, como a debilidade na área das redes.

    Quais redes? As redes sociais?

    Zé Dirceu: Isso. Elas são importantes desde 2008, na eleição de Obama, depois na eleição do Trump, que gerou uma crise internacional, e quando chega a eleição aqui nós não estamos preparados?! Alguma coisa tá errada.

    Mesma coisa a nossa presença nos bairros, na luta do dia a dia do povo trabalhador no bairro. Temos que analisar e tomar medidas com relação a isso.

    Você acha que faltou ser mais presente nas redes sociais para ganhar o público?

    Zé Dirceu: Sem dúvida nenhuma. A rede social é um potencializador e quando você tá ausente também lá no bairro, o potencial aumenta, porque você não tem como contraditar e responder. Se você não responde nas redes, não responde nas casas, na igreja, na lotérica, no açougue, no cabeleireiro, no supermercado.

    Depois que nós saímos na rua com o Vira Voto, nós crescemos muito. Porque é sempre importante o contato pessoal, o diálogo, o olho no olho, o debate, a reunião, a experiência de vida em comum. Eu aposto muito também na juventude nesse sentido. Acho que ela pode e dever ter um papel importante.

    Você disse recentemente que o PT perdeu a eleição ideologicamente. O povo brasileiro é como o Bolsonaro?

    Zé Dirceu: O povo, não é como Bolsonaro. Dos 55% de votos que ele teve, seguramente, o núcleo duro dele é 15 a 20 milhões de votos. Esse é o eleitorado que abraça as teses de violência pra resolver o problema da segurança, de preconceito, de racismo, de desqualificação da mulher, de desprezo pela democracia, pela liberdade de expressão, a visão pró norte-americana e esse abraço de urso ao neoliberalismo de mercado, que é, na verdade, entregar o país ao capital financeiro, na nossa opinião, evidentemente.

    Acho que nós temos que fazer essa disputa também com o eleitorado dele. O eleitorado não vai ficar com ele. Essa questão dos médicos cubanos, que é uma coisa totalmente estúpida que ele fez, porque os médicos nunca se envolveram em política no Brasil, nunca participaram de nenhuma atividade que não fosse trabalho médico, ele não pensou nos 30 milhões de brasileiros, brasileiras, as famílias, as mães, os idosos, as crianças que são atendidos por esses médicos.

    Essa história de que os médicos cubanos foram nomeados no lugar dos brasileiros, todo mundo sabe que não é verdade, porque os médicos não querem ir para essas cidades.

    Dois terços [dos recursos] vão para o governo, mas os filhos deles estudam em escolas públicas até o ensino universitário. Eles têm hospitais públicos fantásticos. Em Cuba tem atendimento, o país não tem violência. O país tem segurança e um bem estar básico.

    As dificuldades e a escassez ocorrem em parte por causa do bloqueio e por uma série de questões que os cubanos estão procurando resolver agora.

    Poucos sabem que os cubanos estão fazendo uma Constituinte, agora, que se discute em todos os bairros, fábricas, escritórios, lojas, no campo. Milhões e milhões de cubanos estão discutindo a Constituição do país. Poucos sabem disso.

    O que o Brasil vai descobrir no seu livro? O que há de novo nele, por exemplo, em relação ao seu processo?

    Zé Dirceu: Eu procuro contar a história do Brasil, contando a minha história e da minha geração, que lutou contra a ditadura e foi pra clandestinidade, participou de ações armadas de resistência.

    Depois as vitórias do MDB, o que foram os governos militares, particularmente, o governo Geisel e, depois, o que foi o surgimento da luta contra a carestia, das pastorais, das comunidades eclesiásticas de base, do sindicalismo autêntico, do PT, da CUT.

    O livro passa pelas Diretas, o Collor e o impeachment dele e conta a trajetória das eleições até o Lula ser presidente. Eu procuro sempre mostrar como o Brasil era no cinema, no teatro, na música, como eram os meios de comunicação.

    Existe algum fato na sua biografia que ninguém sabia ainda?

    Zé Dirceu: Tem fatos que eu relato pela primeira vez, como o dia em que eu pedi demissão e eu conto como foi a reunião. Chorei naquele momento e explico o que significava aquilo para mim. Foi uma reunião com Lula feita para concretizar minha demissão.

    O depoimento do Carlos Cachoeira, que mostra toda a operação Valdomiro Diniz, CPI dos correios, mensalão, hotel Naoum, foram tudo escutas telefônicas dirigidas contra o PT negociadas com a direção da Veja, o Policarpo Jr. com o Cachoeira, com os Arapongas, com escutas ilegais para montar fatos políticos negativos pra fazer matérias contra os adversários deles.

    Veja passou impune. A CPI não teve condições de convocar o Roberto Civita. O Policarpo Jr. nunca respondeu perante a justiça sobre isso.

    Contando o que vivi, busco contar a história do Brasil, tentando tirar lições disso. Conto, por exemplo, como foi possível lutar e derrotar uma ditadura e de onde surgiu a luta.

    Nós vamos enfrentar esse problema agora. Como lutar? De que forma lutar? Com quem lutar? Eu procuro, na verdade, transmitir para as novas gerações a minha experiência, com erros, acertos e a experiência do PT, da esquerda, inclusive recontando a experiência do Brasil com relação à esquerda, o papel do PCB.

    Os tenentes, qual foi o papel dos tenentes? O que foram as Forças Armadas da República até a Constituição de 1988? Elas sempre foram uma força determinante na disputa política brasileira.

    A revolução de 1930 foi uma revolução militar e civil. Toda a luta dos tenentes, a Coluna Prestes também é, 1935 é, 1932 é, 1937 é, 1946 é.

    Em 1950 e 1955 eles tentam dar o golpe. Em 1961, eles tentam dar o golpe e a resistência popular armada impede e, em 1964 eles dão, governam o país até 1985 e voltam agora a exercer um papel moderador no país.

    Transmissão em Porto Alegre (SC): https://www.facebook.com/blogdozedirceu/videos/335362210574885

    Transmissão da palestra de lançamento do livro em Florianópolis (SC)

    https://www.facebook.com/PTdeSantaCatarina/videos/333184410568854/

  • Zé Dirceu volta para a peleja

    Zé Dirceu volta para a peleja

    por Laura Capriglioni e César Locatelli

     

    Eles venceram? O sinal está fechado para nós?

    O que está acontecendo é uma derrota política para eles, estratégica. É a maior derrota política da história do Brasil. Só a volta do Getúlio em 50 é tão grande como essa que está acontecendo. Com tudo o que fizeram, eles são minoria no país. Nós temos a maioria do país do nosso lado. Numa eleição normal, com o Lula candidato, nós ganhamos a eleição.

    O processo do Lula é sumário, de exceção e político. Todo o resto é secundário. O objetivo é banir o Lula. Eles queriam banir o PT, mas a memória da experiência vivida da imensa maioria dos trabalhadores é que esse é o governo deles: o do Lula.

    Éramos perto de 50 jornalistas de meios independentes de comunicação. O convidado era Zé Dirceu, para falar da conjuntura, das eleições, do futuro e de seu livro “Zé Dirceu: Memórias”. O auditório do Centro de Estudos da Mídia Alternativa “Barão de Itararé” foi o cenário.

    Estamos vivendo uma eleição ‘sob controle’. A campanha está proibida.

    A Justiça Eleitoral permitiu que os candidatos financiem campanhas com recursos próprios. Isso significa o retorno do financiamento empresarial. É o poder que vai ditar essa eleição.

    Basta andar pelo país para ver que a compra de votos atingiu um nível avassalador.

    Diminuíram o tempo da propaganda eleitoral e a Globo dobrou o tempo com os candidatos. Os jornais, as revistas, televisões e rádios vão dobrar o horário que elas vão dizer como votar e em quem votar.

    Estamos numa situação-limite, mas podemos ganhar a eleição mesmo assim. Se Lula for candidato, ganha no primeiro turno. Se não for temos chances reais de ir para o segundo turno. Aí será uma nova eleição.

    Zé Dirceu não tem dúvidas de que, se preciso, as classes dominantes entregarão a presidência para Bolsonaro.

    Não subestimem o Bolsonaro. Eles entregaram o poder para Jânio Quadros, sabem o que é eleger o Jânio presidente do Brasil? E para o Fernando Collor. Entregaram o governo para o Michel Temer. Entregam para o Bolsonaro sem tapar o nariz.

    Estamos sob uma ditadura?

    Nós temos uma situação privilegiada do ponto de vista histórico. Quando acabou o golpe de 64, quando ele consolidaram o poder, os sindicatos estavam fechados, havia dezenas de milhares de líderes sindicais desempregados, no exílio, nas prisões. A Contag estava fechada. As ligas camponesas foram reprimidas. Sete mil oficiais foram expulsos das Forças Armadas. A imprensa estava censurada. A repressão foi muito maior do que nos temos pesquisado e documentado nos meses de 64, muito maior. É uma história por ser contada ainda.

    Hoje, não. Eles deram um golpe, mas nós temos um nível de organização política, um nível de consciência, uma base social e eleitoral, organizações, partidos.

    Temos experiência de governo. Porque a classe operária brasileira, a classe trabalhadora brasileira, as camadas populares muitas vezes se alçaram, se constituíram da história do país e eles reprimiram a ferro e a fogo e cortaram. Agora nós conseguimos uma continuidade

    Saímos da passividade. Somos uma força ativa no país.

    Ele conta sobre seu plano pessoal.

    Precisamos ter uma força de massas, a médio prazo. É a isso que quero me dedicar nos 10 ou 15 anos que me restam.

    Nós já conhecemos a nossa elite: não tem pudor nenhum de governar pela força. Não nos iludamos.

    A direção do partido precisa ter programa e teoria.

    Hoje eu me arrependo, porque o Frei Betto queria criar os Conselhos do Fome Zero. Aí começou aquela discussão que a direita e a esquerda adoram “mas e a Câmara Municipal? E o Poder Legislativo? … Podíamos ter hoje 10 ou 20 mil conselhos … Não teria acontecido o que aconteceu.

    Zé Dirceu tem repetido que a carta escrita por Lula para o dia do registro da candidatura é o que deve balizar o discurso petista.

    Precisamos resolver a questão tributária e reformar o sistema bancário.

    A principal arrecadação de impostos não pode continuar a vir do consumo e deixar a alta renda sem tributação.

    As altas taxas de juros permitem uma apropriação absurda da renda nacional pelo sistema bancário e a parcela rentista da população brasileira.

    Como conseguir governar?

    Não há como governar o país se nós não fizermos o que fizeram: milhões de pessoas na rua e força de pressão.

    Nós não vamos apelar para a força. Nós temos que criar um forte, poderoso, grande movimento de massas no Brasil.

    Eles sabotaram o governo, desestruturaram o governo, independentemente dos nossos erros. Botaram milhões de pessoas nas ruas. E falaram para o Congresso e para o Supremo: arruma um jeito aí e diz que é legal e constitucional e tira esse governo.

    Nós não temos poder econômico, não temos poder militar, não temos as instituições. E vamos governar? Só seremos capazes de fazê-lo se tivermos força popular.

    O Brasil está rapidamente entregando sua soberania

    Nem os países árabes, nem as monarquias do Golfo deixam que a renda do petróleo seja apropriada pelas empresas estrangeiras.

    Essa questão do pré-sal era determinante para nós porque era a renda nacional que podíamos fazer uma profunda revolução cultural, educacional, científica no Brasil. E mais, eles cortaram o coração do salto de desenvolvimento, que era a exportação de tecnologia, serviços e capital.

    O Brasil estava ocupando o espaço que antes era do espanhóis, das empresas francesas. Eu visitei a América Latina durante os seis anos entre 2006 e 2012. Em qualquer país de três obras de infraestrutura, duas eram de empresas brasileiras. Metrô, estaleiro, siderúrgica, não era só rodovia e saneamento, hidroelétrica, termoelétrica, aeroportos. Foi cortado isso.

    O Brasil tem um estado de bem-estar social, porque tem o SUS. Vocês pensam que os outros países têm SUS? Aonde? A Previdência nossa como é, o Seguro-Desemprego, a LOAS, além do Bolsa Família, agricultura familiar, a educação pública e gratuita do fundamental ao ensino médio.

    Nós sabemos como é a devastação rápida, que eles fizeram na primeira fase [governo FHC]. Cadê o centro de pesquisas que a Eletrobras tinha? Onde estão os centros de pesquisa que as estatais tinham? O perigo da Petrobras é esse. Não é só a entrega das reservas.

    PT é muito criticado por não ter feito uma reforma política.

    Não é verdade que deixamos de lado a reforma política. Porque todos se lembram quando houve a farsa do Mensalão, o Tarso Genro e Márcio Thomaz Bastos percorreram esse país, conversaram com todas entidade, com todos os partidos o Lula apresentou a proposta de reforma política.

    Essa reforma, o Henrique Fontana fez toda concessões que nós podíamos fazer para tentar aprovar. Eles não queriam aprovar. Quando aconteceram as manifestações de 2013, a nossa presidente apresentou a proposta de uma constituinte exclusiva. Que era correta. Com referendo depois, que é ultrademocrática

    O que vem depois?

    A eleição não vai resolver o problema do país. O problema do país é um problema de raiz, estrutural. É um embate histórico e conjuntural, estrutural. Histórico porque eles querem quebrar o fio da história de um país soberano, independente e com um projeto de desenvolvimento. É disso que se trata.

    Estou propondo que a gente tenha força de massa, política, consciência política capaz de confrontar isso.

    Os reveses não o conformaram. Sua disposição para a peleja política parece a mesma de outros tempos, como na campanha de 1990 quando seria eleito deputado federal pela primeira vez.

    Veja a íntegra: