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  • A votação do novo Fundeb: em busca da educação que precisamos

    A votação do novo Fundeb: em busca da educação que precisamos

    A pauta do país deve voltar a ser dominada pelo tema da educação nessa semana. Finalmente, vai entrar em votação no Congresso Nacional a proposta de emenda constitucional número 15 de 2015, que prevê o que foi chamado de novo Fundeb.

    Por Fábio Faversani, professor de História da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) em Mariana, MG

     

    O Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) foi criado pela Emenda Constitucional 53 com duração limitada (2007-2020) e ocupou o lugar do seu antecessor, o Fundef (que vigorou de 1998-2006). Não se trata de algo totalmente “novo”, portanto. A novidade consiste em um aperfeiçoamento do modelo, mas sobretudo em tornar permanente essa política nacional de financiamento da Educação Básica.

    O Fundeb funciona como um mecanismo de redução da desigualdade entre os municípios e estados no que se refere à sua capacidade de financiamento da educação. Todos os entes federados, municípios, estados e União contribuem com o Fundo. A maior parte do dinheiro do fundo é dos estados e municípios. A União entra com uma complementação, que corresponde à menor parte. A União precisa se comprometer mais com o financiamento da Educação Básica e é isso que prevê o novo Fundeb. Mas, mesmo assim, a União continuará dando uma parcela menor do que estados e municípios.

    O dinheiro que compõe o fundo é distribuído considerando o número de alunos em cada município e a modalidade de ensino ofertada para esses alunos. Assim, cada município recebe recursos conforme o número de alunos e o ensino ofertado (da pré-escola ao ensino médio, parcial e integral, urbano e rural, regular e profissionalizante, EJA, tudo é considerado, menos o ensino superior). Um estudo técnico da Câmara dos Deputados mostrou que a desigualdade de investimento entre os municípios, mesmo com o Fundeb, é de 564% entre os que investem mais e os que investem menos. É uma diferença grande e que precisa ser reduzida para que tenhamos mais oportunidade de superar as barreiras para a mobilidade social. No entanto, sem o Fundeb, tal diferença seria de 10.000%, segundo esse mesmo documento (Estudo Técnico 24/2017 da Câmara dos Deputados).

    O Fundeb vence agora no final de 2020 e ficar sem ele significaria o colapso da educação pública. Consciente disso, há um debate no Congresso Nacional sobre o novo Fundeb que se intensificou nos últimos anos, mas que vem desde 2015, quando a PEC que será votada amanhã foi proposta. Ao longo desses anos foram realizadas centenas de audiências públicas e outras reuniões com ampla participação da sociedade e dos gestores da educação. Todo esse trabalho levou à construção do relatório da deputada Professora Dorinha (DEM-TO), que traz uma série de avanços e consolida consensos. Não se trata de todos os avanços que alguns esperavam, como uma ampliação da participação da União, que arrecada a maior parte dos impostos, para 40% do Fundeb. Nesse ponto, o relatório da deputada prevê um aumento da participação da União de forma escalonada em seis anos até chegar a um teto de apenas 20%. É mais do que os 10% atuais, mas é menos do que muitos desejariam para podermos avançar mais rápido na urgente melhoria de nossa Educação.

    O atual governo, especialmente o MEC sob a gestão desastrosa de Abraham Weintraub sempre se recusou a participar dos debates e da construção do novo Fundeb. Foi instado a isso de forma até mesmo dura por parlamentares de todos os partidos todas as vezes que esteve no Parlamento. A arguição da deputada Tábata Amaral (PDT-SP), insuspeita de “socialismo”, ficou marcada. O fato é que o governo Bolsonaro está brincando de guerra ideológica e nada fez para a gestão da educação e a efetiva resolução dos problemas do setor. Essa ausência do governo federal no debate sobre o Fundeb foi particularmente escandalosa em meio a um descaso e incompetência generalizados.

    Mas nada é tão ruim que não possa piorar, não é mesmo? Pois, então, nessa sexta-feira, quando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pautou a votação do novo Fundeb, o governo enviou uma proposta de alteração do relatório da Professora Dorinha. Trata-se de um desrespeito com o Congresso e com todas as entidades que participaram do debate desse relatório por anos. É uma proposição que nunca foi discutida com a sociedade nem apresentada em qualquer momento anterior a entidades representativas dos gestores da educação ou trabalhadores da educação ou quem quer que seja. Para piorar, pois afinal “para o pior não há limites”, a proposta do governo descaracteriza o Fundeb totalmente. Para começar, propõe que o Fundeb não exista em 2021, voltando apenas em 2022. Depois de um ano de pandemia e todos os desequilíbrios que isso gerou nos sistemas educacionais, quem pode pensar em cortar os recursos centrais para o financiamento da Educação por um ano? É algo ridículo e que certamente será rejeitado, mas mostra a extensão da irresponsabilidade e incapacidade dos que construíram essa proposta que veio do governo, do nada.

    Não bastasse isso, a proposta do governo quer tirar 5% dos recursos que seriam ampliados como contribuição da União para política de renda mínima. Os recursos já são insuficientes e ainda se quer desviar a finalidade de uma política estrutural, que é educação, para uma política emergencial? Mais um ponto a ser rejeitado, obviamente.

    Para um último exemplo da imperícia da proposta irrefletida do governo citamos a mudança do percentual destinado ao pagamento dos profissionais da Educação. No relatório da Professora Dorinha, foi estabelecido após amplo debate com todos os setores que um mínimo de 70% dos recursos do Fundeb irá para pagamento de todos os trabalhadores da educação (professores, auxiliares, monitores, cantineiras, coordenadores, diretores etc.). A valorização dos profissionais da educação é, seguramente, um desafio para a melhoria da qualidade. Bem sabidas são as muitas dificuldades para pagar o Piso Nacional para os Professores, mesmo com o Fundeb atual. A proposta alternativa do governo é trocar o piso por teto. Ou seja, no máximo 70% do Fundeb poderia ser utilizado para o financiamento de pessoal. Isso significa aniquilar a possibilidade de valorização desses trabalhadores com planos de carreira e políticas de qualificação permanente. Em outras palavras, significa condenar à míngua um aspecto central em qualquer política educacional: pessoal! Não nos estendemos mais examinando ponto a ponto esse desastre que o governo atual, de turno, quer fazer com o Fundeb.

    Esse é um problema grave da educação: os desmandos dos governos de turno e as descontinuidades. Por isso, é fundamental aprovar o relatório da Professora Dorinha na votação que tem início nessa semana no Congresso Nacional, gerando, finalmente, um passo importante para consolidar uma política de Estado para o financiamento da Educação Básica. As pressões serão muitas, especialmente, como vimos, de setores que não participaram do debate e nada entendem da educação como uma política de Estado, como direito da cidadania.

    Aprovar o Fundeb como construído no relatório da deputada é fortalecer o consenso construído em torno do tema com entidades como a Undime (que reúne todos os secretários municipais de educação) e Consed (dos secretários estaduais), além de inúmeras outras entidades representativas. No entanto, mais importante, aprovar o Fundeb como se encontra no relatório da Professora Dorinha é superar uma parte importante sobre o debate fundamental do financiamento da educação e podermos nos concentrar em outro tema urgente que é a gestão da educação. O financiamento é fundamental e o Fundeb garante um mínimo que deverá ser ampliado pelos gestores que queiram dar mesmo prioridade à educação. Mas sabemos que o financiamento não é condição suficiente para a melhoria da educação que necessitamos e sonhamos. Para isso, é preciso gestão. Esse é o passo que devemos dar. Construir uma gestão democrática, tecnicamente capaz, centrada em metas e resultados a serem construídos por todos os envolvidos e com uma liderança por parte do poder público é fundamental. Em outras palavras, para uma boa educação, precisamos financiamento, pessoal qualificado e motivado, gestão democrática e eficiente, liderança. Aprovar o “novo” Fundeb previsto no relatório da deputada Dorinha sem mudanças amadoras e perversas de última hora é o primeiro passo de uma longa caminhada que precisamos dar.

    Veja mais: APEOESP lança petição para pressionar votação do FUNDEB na Câmara

     

  • Entenda o Sistema Eleitoral da Venezuela

    Entenda o Sistema Eleitoral da Venezuela

    Publicado originalmente em Opera Mundi, por Caio Clímaco (*)

    A cobertura que os grandes meios de comunicação fazem sobre as eleições na Venezuela apresenta uma visão segundo a qual se busca construir no imaginário coletivo das pessoas a ideia de que nunca se oferecem garantias nos processos eleitorais realizados no país. Não por acaso, dissipa-se de forma rápida e massiva na imprensa internacional uma narrativa bastante semelhante às ideias centrais contidas nos pronunciamentos de Mike Pence, vice-presidente dos EUA, no sentido de se criar um clima de desconfiança com relação ao processo eleitoral venezuelano.

    Numa incansável tentativa de desfigurar e desgastar a imagem do governo de Nicolás Maduro, os mandatários norte-americanos, com apoio da grande mídia internacional, buscam associar o chavismo ao “terrorismo internacional e o crime organizado” afim de que consigam respaldo internacional suficiente para realizarem o que eles mesmos chamam de “intervenção humanitária”.

    Em pronunciamento realizado durante a reunião especial do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), o vice-presidente Mike Pence disse que “não haverá uma verdadeira eleição na Venezuela no dia 20 de maio e o mundo já sabe. Será uma eleição falsa.”

    Por outro lado, em 2012, o Centro Carter de Estudos divulgou um relatório afirmando que “o sistema de votação da Venezuela é um dos mais conceituados sistemas automatizados do mundo”. O Centro Carter de Estudos é coordenado pelo ex-presidente norte-americano Jimmy Carter e é responsável por monitorar as eleições ao redor do mundo.

    Para você leitor, diante de posições tão antagônicas, é possível acreditar que a afirmação do vice-presidente norte-americano faz algum sentido? Buscamos algumas informações junto ao Conselho Nacional Eleitoral venezuelano que colocam em xeque a narrativa criada e fomentada pelo consórcio midiático-imperialista.

    Vejamos como funciona o Sistema de Garantias Eleitorais da Venezuela:

    Desde de 2004 o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) vem construindo o Sistema de Garantias Eleitorais (SGE) que busca efetivar os direitos dos eleitores e da segurança dos candidatos e dos partidos postulantes. O SGE inclui todos os aspectos do evento eleitoral, desde o momento em que se convoca a eleição até depois de anunciados os resultados. Por tanto, esse sistema é responsável por revisar, validar e assegurar o bom funcionamento do Sistema Eleitoral Venezuelano. O sistema tem dois aspectos fundamentais que são inerentes a organização, administração e execução do evento eleitoral:

    As garantias sobre a segurança do sistema automatizado de votação: Um conjunto de 16 auditorias são realizadas onde se revisam todos os componentes, software, dados eleitorais e a programação das maquinas de votação e dos meios de transmissão. Todos os fatores e etapas do processo são revisados, auditados e certificados pelos partidos políticos que participam dos processos de votação.

    As garantias sobre a transparência e a confiança do processo eleitoral: Um conjunto de medidas que toma o CNE para gerar confiança no eleitorado em geral. Contem aspectos automatizados como a auditoria do programa de seleção dos integrantes de mesas de votação, juntas estaduais e municipais, e elementos não automatizados como a auditoria que checa os dados dos cadernos impressos de votação com o registro eleitoral.

    Quem participa das auditorias

    Em cada auditoria realizada participaram representantes do corpo técnico do Conselho Nacional Eleitoral, Técnicos representantes de cada partido político e auditores externos. Os técnicos que participaram são qualificados e foram responsáveis por certificar através de sua própria revisão, que o sistema funciona e se maneja assim como está estabelecido na lei.

    Já os partidos políticos contribuem na construção de uma cadeia de confiança pois certificam que, por exemplo, o software da máquina de votação mantem sua integridade e é exatamente o mesmo que tem sido auditado; que tem o mesmo dado depois do processo eleitoral e que nenhum desses componentes foi modificado ou sofreu algum tipo de intervenção.

    Desde o ano de 2013 o CNE adotou a decisão de transmitir e difundir ao vivo pela internet o desenvolvimento das auditorias, agregando maior transparência e confiabilidade nos processos de revisão técnica. Além disso, o CNE incorporou os observadores nacionais nos processos de auditoria, tais observadores são representantes de organizações da sociedade civil e recebem o convite a participar das auditorias por parte do Conselho Nacional Eleitoral. Para cada processo eleitoral o CNE amplia e fortalece as garantias de acordo com as solicitações feitas pelos partidos políticos e pelos candidatos participantes das eleições. Todas as solicitações são recebidas, discutidas e avaliadas tecnicamente pelo CNE e são acolhidas todas aquelas que fortalecem, enriquecem e aportam uma maior confiança no processo eleitoral.

    Há também os acompanhantes internacionais com qualificação técnica que também podem ser convidados a presenciar os processos. Nesse sentido, o apoio técnico oferecido pelo Conselho de Especialistas Eleitorais da América Latina (CEELA) tem cumprido um importante papel, pois seu corpo técnico é conformado por especialistas que já administraram processos eleitorais em cada um de seus países, fortalecendo o Sistema de Garantias Eleitorais venezuelano. Nessas eleições estarão presentes 150 acompanhantes internacionais, desde parlamentares, acadêmicos, políticos, intelectuais, jornalistas e especialistas eleitorais da América Latina, Europa, Ásia, África e América do Norte.

    Entre as contribuições mais relevantes do SGE está a auditoria de verificação cidadã que foi implementada em 2004. Essa auditoria consiste na revisão física dos comprovantes de voto para verificar o correto funcionamento da máquina de votação e a consistência dos resultados escrutinados na máquina. Nessa auditoria participam os membros das mesas eleitorais, representantes dos partidos, eleitores e eleitoras, observadores nacionais e acompanhantes internacionais.

    Uma das atividades mais importantes durante as auditorias ao sistema eleitoral é a criação da assinatura eletrônica. Esse procedimento de segurança se aplica nas auditorias de software da máquina de votação, do software de totalização dos votos, na base de dados dos eleitores e na dos meios de transmissão. Uma vez revisado o componente e certificado o seu correto funcionamento, os auditores criam uma chave segmentada, esta chave informática se compõe da soma dos segmentos de cada um dos participantes da auditoria. Desta forma, a única maneira de se fazer alguma modificação é que as diferentes partes envolvidas introduzam o segmento que possui a chave informática, o que possibilita, por sua vez, a blindagem do sistema eleitoral venezuelano contra possíveis tentativas de fraude.

    Alguns números do evento eleitoral do dia 20 de maio:

    – 14.638 centros eleitorais estarão em funcionamento
    – 34.143 maquinas de votação estarão disponíveis
    – 127 centros eleitorais estarão instalados nas sedes diplomáticas de outros países
    – 20.531.039 milhões de eleitores poderão exercer seu voto
    – 14.580 coordenadores de centros de votação
    – 33.867 operadores do sistema integral
    – 3.927 suplentes de operadores do sistema integral
    – 4.641 técnicos de suporte preparados para atender eventualidades

    *Caio Clímaco é cientista do Estado e mestrando pela Universidad Bolivariana de Venezuela (UBV).

  • Deputados salvam pmdbistas da cadeia e PM reprime manifestantes com bombas

    Deputados salvam pmdbistas da cadeia e PM reprime manifestantes com bombas

    Márcio Anastacio para os Jornalistas Livres

    A Assembleia Legislativa do Estado Rio de Janeiro (ALERJ) decidiu soltar três deputados do PMDB em votação realizada sob protestos da população. Por 39 a 19 votos, o plenário revogou a ordem do Tribunal Regional Federal da Segunda Região (TRF2) que determinava a prisão preventiva dos deputados Jorge Picciani, Edson Albertassi e Paulo Melo.

    Na porta da casa legislativa, manifestantes de várias tendências se reuniram para pressionar os deputados. O povo exigia que os legisladores votassem contra a revogação da ordem emitida pelo TRF2. Pedido não atendido e reprimido com bala de borracha e bomba de gás lacrimogêneo.

    A reportagem dos Jornalistas Livres flagrou o atendimento de um manifestante atingido na testa. Rapidamente ele foi socorrido pela Cruz Vermelha que realizou o socorro em uma das ruas por onde os manifestantes escaparam das bombas de gás.

    Em uma votação conturbada, a Justiça concedeu liminar para abrir as galerias da Assembleia, mas a presidência da Casa só deu acesso aos assessores dos deputados presentes no plenário, ação que revoltou os manifestantes. A bancada do PSOL na Alerj vai entrar com ação na Justiça para anular a sessão desta sexta-feira (17/11), realizada com as galerias fechadas em descumprimento à decisão judicial, e com irregularidade na convocação da sessão desta sexta.

    A Comissão de Ética da Alerj também receberá um pedindo investigação dos fatos contra os três deputados pmdebistas. As ações serão abertas para outros deputados que queiram aderir.

    Saiba como foi a votação:

    Votaram pró Picciani, Paulo Melo e Albertassi:

    André Ceciliano – PT
    André Corrêa – DEM
    André Lazaroni – PMDB
    Átila Nunes – PMDB
    Chiquinho da Mangueira – Pode
    Christino Aureo – PSD
    Cidinha Campos – PDT
    Coronel Jairo – PMDB
    Daniele Guerreiro – PMDB
    Dica – Pode
    Dionísio Lins – PP
    Fábio Silva – PMDB
    Fatinha – SD
    Filipe Soares – DEM
    Geraldo Pudim – PMDB
    Gustavo Tutuca – PMDB
    Iranildo Campos – PSD
    Jair Bittencourt – PP
    Jânio Mendes – PDT
    João Peixoto – PSDC
    Luiz Martins – PDT
    Marcelo Simão – PMDB
    Marcia Jeovani – DEM
    Marco Figueiredo – Pros
    Marcos Abrahaão – PTdoB
    Marcos Miller – PHS
    Marcio Canela – PSL
    Marcus Vinícius – PTB
    Milton Rangel – DEM
    Nivaldo Mulim – PR
    Paulo Ramos – PSOL*
    Pedro Augusto – PMDB
    Renato Cozzolino – PR
    Rosenverg Reis – PMDB
    Silas Bento – PSDB
    Thiago Pampolha – PDT
    Tio Carlos – SD
    Zaqueu Teixeira – PDT
    Zito – PP

    Votaram contra a cúpula do PMDB:

    Benedito Alves (PRB)
    Carlos Macedo (PRB)
    Carlos Minc (Sem partido)
    Carlos Osório (PSDB)
    Julianeli (REDE)
    Eliomar Coelho (PSOL)
    Enfermera Rejane (PCdoB)
    Flavio Bolsonaro (PSC)
    Flavio Serafini (PSOL)
    Gilberto Palmares (PT)
    Luiz Paulo (PSBD)
    Marcelo Freixo (PSOL)
    Marcia Pacheco (PSC)
    Martha Rocha (PDT)
    Samuel Malafaia (DEM)
    Wagner Montes (PRB)
    Waldeck Carneiro (PT)
    Wanderson Nogueira (PSOL)
    Zeidan (PT)

    • Afastado para expulsão: http://ift.tt/2AWqkD1)

    Fotos: Francisco Proner e Guilherme Imbassahy para os Jornalistas Livres

     

     

  • E SE A UMBANDA FOSSE A ÚNICA RELIGIÃO ENSINADA NAS ESCOLAS?

    E SE A UMBANDA FOSSE A ÚNICA RELIGIÃO ENSINADA NAS ESCOLAS?

    O Estado laico, mas nem tanto; o preâmbulo da Constituição diz “sob a proteção de Deus”. Permite ensino religioso nas escolas, mas nem tanto; existe a previsão de ensino religiosa facultativo em escolas de ensino fundamental (Art. 210, §1º da Constituição Federal). O Supremo Tribunal Federal foi chamado a dar uma [e não “a”] interpretação constitucional à questão do ensino religioso nas escolas. Nestes tempos em que o Brasil se consolidou como o “paraíso” dos conservadores e o “inferno” das minorias, escolheu a pior interpretação possível.

    Sem querer absolver os ministros de seus pecados, sejamos francos: a Constituição Federal de 1988 é a melhor que já tivemos, mas não a melhor que poderíamos ter. Tem diversos problemas, mas ainda temos, ingenuamente ou não, alguma fé na Carta Magna. A questão religiosa está latente na Constituição, direta ou indiretamente. Diretamente quando é promulgada “sob a proteção de Deus”; indiretamente quando textualmente reconhece união estável segundo padrões de heteronormatividade.

    Não devemos negar influência religiosa no âmbito legal e estatal, mas enfrentá-la criticamente, e o STF tem possibilidade de fazer isto. Tomando o exemplo do reconhecimento da união estável entre homem e mulher (Art. 226, §3º). Não é porque o texto diz “homem e mulher” que não se deva reconhecer união estável e casamento de casais homoafetivos, já que há própria Constituição positiva o direito à igualdade entre todos (e não só heterossexuais). É necessário garantir a existência digna a todos, numa perspectiva de ampliar direitos. Não estamos mais em 1988, mas isto não significa que não vale mais nada. Calma lá, irmão, nem tão ao Céu e nem tão à Terra!
    Não é descabido lembrar o que reza a Constituição:

    Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
    VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
    VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
    VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
    Mais alguns artigos adiante, diz:
    Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
    I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;

    Pelo amor de Deus, a intepretação do STF foi farisaica. Primeiro por não levar em conta que, ao permitir que apenas uma religião seja ensinada numa escola, discrimina negativamente todas outras crianças que, por convicção ou imposição, têm outra religião. Se ensinar catolicismo ou protestantismo não viola a liberdade de consciência da criança umbandista, então o que, em nome de Jesus, o que é violação de consciência e crença, nos termos do inciso VI do Art. 5º? O Art. 205, que trata da educação, diz que esta deve visar o “pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, ressaltando sua integração com o espaço público (cidadania) e social (trabalho), mas não tão estritamente privados como é o caso da religião. O Artigo, 206, inciso III, coloca como princípio o “pluralismo de ideias”. A criança tem direito a esta pluralidade, e esta não pode ser privada por motivos religiosos. Pois ensinar que “macumba” é do Diabo é racismo; que ser gay é pecado, é homofobia e que mulher deve ser submissa ao homem, é machismo. Machismo, racismo e homofobia não são compatíveis com o modelo constitucional de educação.

    No mais, voltando ao art. 19, o professor ou a professora podem ser representantes religiosos. Não sejamos ingênuos, quanto a isto. É normal e saudável, mas na vida privada de cada um deles. Se um professor ensina uma doutrina com base na interpretação dada pela instituição religiosa a qual é ligado, age como representante de uma religião.

    O estado não pode se tornar o anexo de uma Igreja (em que pese já ter inúmeras características eclesiásticas). Mas se nenhum destes argumentos bastar para que um moralista se “converta” em defensor das liberdades, deixo a pergunta:
    E se as escolas públicas só pudessem ensinar o Candomblé para as crianças, como os ministros do STF e milhões de pais cristão reagiriam?

    Hermínio Porto para os Jornalistas Livres

  • Presidente da Câmara dos Deputados acaba de anular sessão de votação da admissibilidade do processo de impeachment

    Presidente da Câmara dos Deputados acaba de anular sessão de votação da admissibilidade do processo de impeachment

    O presidente em exercício na Câmara dos Deputados, dep. Waldir Maranhão, acaba de anular a sessão de votação do impeachment da presidente Dilma, aquela realizada no dia 17 de abril, com base na punição do STF à Cunha.
    A intenção dele é reabrir um novo processo de impeachment, desta vez incluindo o vice-presidente Michel Temer.
    Presidente da Câmara em exercício Waldir Maranhao acaba de anular a sessão q autorizou o impeachment. E convocou nova. Veja nota oficial:

    Presidente em exercício da Câmara, o deputado Waldir Maranhão (PMDB-MA) acaba de anular a sessão que autorizou o impeachment na Casa, realizada no dia 17 de abril; o parlamentar atendeu a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), apresentada pelo ministro José Eduardo Cardozo, e convocou uma nova sessão, a acontecer daqui cinco sessões; entre os pontos alegados pela AGU estão o de que na votação de impeachment não cabe antecipar votos e nem orientação de bancadas; decisão já foi informada ao Senado
    9 DE MAIO DE 2016 ÀS 11:54

     

    Aqui vocês podem ler o pronunciamento público de Waldir Maranhão

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  • O que vem por aí

    O que vem por aí

    Reação na Paulista aos votos de Bolsonaro, Jandira Feghali e Jean Wyllys expõe claramente o que esperar dos golpistas

    https://www.youtube.com/watch?v=bRkB1GzfCaU

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    A estratégia do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, de separar por estados os votos pela admissibilidade do processo de impeachment da Presidenta Dilma Roussef, começando pelo Sul onde teria mais votos a favor, e depois por ordem alfabética, colocou na sequência as falas de três parlamentares do Rio de Janeiro, todos de posições firmes e ideológicas: Jair Bolsonaro, Jandira Feghali e Jean Wyllys. E a reação do público na Paulista que assistia à votação nos telões e palco montados pela Federação das Indústrias de São Paulo são um claro indicativo do que os golpistas preparam para aqueles que não comungam do seu ideário. Tudo sob aplausos e vaias de milhares de brasileiros enfeitiçados por retóricas vazias de hipócritas que, sob os holofotes da imprensa venal, dedicavam seus votos a deus e à família.

    O palco em frente à Fiesp, entidade cujo presidente em 1964 pagou US$ 1 milhão ao ex-ministro da guerra e comandante do 2º Exército Amaury Kruel para trair o
    Presidente da República João Goulart e consolidar o golpe (camara.sp.gov.br/blog/fiesp-pagou-us-1-milhao-para-ajudar-golpe-de-64-diz-coronel/), foi montado do lado direito do grande pato amarelo “contra os impostos” cujo design foi plagiado do artista holandês Florentijn Hofman (bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160329_pato_fiesp_fs). Entre pato e palco, um varal trazia cópias de capas e recortes de artigos e “reportagens” de veículos como Veja, Estadão e outros acusando o governo e, principalmente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de corrupção.
    Bem no meio a montagem com a imagem de Lula vestindo uma camisa listrada de “presidiário” que serviria de inspiração para o boneco inflável cuja presença é indispensável nos protestos contra o governo. Uma bem traçada estratégica midiática-imagética cujo objetivo final, mais do que derrubar o atual governo, é eliminar o ex-presidente da disputa política.

    Em cima do palco, um animador de público contratado para comentar os votos, puxar gritos de guerra, vaias e aplausos vibra quando Bolsonaro diz que seus adversários “perderam em 64, perderam agora em 2016”e quando dedica seu voto à “memória do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Roussef”, fazendo referências a um dos pouquíssimos assassinos e torturadores do regime militar reconhecido como criminoso condenado pela justiça brasileira a indenizar a família de uma das vítimas (http://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/15/politica/1444927700_138001.html). Em seguida puxa um “quem não pula é petista, quem não pula é petista”.

    paulista1No meio da fala da deputada pelo PCdoB Jandira Feghali, o animador “informa” a plateia que ela é “a socialista que tem loja que vende a Coca Cola a R$ 9,00” pouco antes de puxar uma vaia e em seguida orquestrar um novo coro para o público: “Não é mole, não. É socialista de iPhone e de carrão”. O pior, entretanto, ainda estava por vir. Ao ouvir o nome do próximo deputado a votar, o animador dá um gritinho: “ ahhh Jean Wyyyylyyyyyyyyyysssssss”. E pede “a maior vaia que essa avenida Paulista já deu! Cadê, cadê, cadê? Vaia, vaia, vaia! Vaia nele, vaia nele, vaia nele! Não deixa ele falar, não!! Não deixa ele falar, UUUUUUUUUUUU!!! A maior vaia da Paulista, agora, agora agora!!!”. E a única coisa que o povo em frente à Fiesp conseguiria ouvir, se tivesse interesse, seria a última frase do deputado pelo Psol: “Durmam com essa, canalhas!!”.

    Bolsonaro está certo em uma coisa. As forças democráticas perderam em 1964. Muitas vozes, como a de Jean Wyllys hoje, foram silenciadas durante a ditadura. Não por vaias, mas por torturadores e assassinos como Ustra, em associação com empresários da Fiesp como Henning Boilesen, então presidente da Ultragaz, que ajudou a financiar a Operação Bandeirantes (Oban) que serviria como modelo para as ações dos DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações-Coordenação de Defesa Interna) e famoso por fazer questão de assistir pessoalmente as sessões de tortura (https://www.youtube.com/watch?v=U4O0_BqNZKQ ) de dissidentes comunistas e socialistas como são hoje Feghali e Wyllys.

    Mas 2016 não é 1964. A vitória ainda não está dada. Já há luta, resistência e organização que só aconteceriam na ditadura a partir de 1968. Além disso, ainda que percamos a guerra no final, vale sempre a pena lembrar a famosa citação do antropólogo Darcy Ribeiro que, aliás, foi ministro da Educação e Chefe da Casa Civil de João Goulart até o golpe de 31 de março:

     

    “Fracassei em tudo o que tentei na vida.

    Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.

    Tentei salvar os índios, não consegui.

    Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.

    Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.

    Mas os fracassos são minhas vitórias.

    Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.”

    paulista3