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  • Impasse sobre Enem 2020 reflete desigualdades brasileiras na educação

    Impasse sobre Enem 2020 reflete desigualdades brasileiras na educação

    Por: Beatriz Passos – do Com_Texto

    Entrar em uma universidade pública é o sonho de muitos estudantes brasileiros. Mesmo com diversos fatores que tornam complicadas as vivências na universidade, milhares de alunos em todo Brasil se inscrevem no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para tentarem uma vaga no ensino superior. Mas essas instituições estão preparadas para receber esses alunos? Quais são os obstáculos desses jovens? Quem os ajuda nessa caminhada? São questões como essas que fizeram o Com_Texto investigar um pouco dessa trajetória, em 2020, no cenário inédito de pandemia mundial causada pela Covid-19.

    Em maio de 2019, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) divulgou que a maioria dos seus estudantes era mulher, parda, com idade entre 18 e 24 anos e com renda per capita familiar de até um salário mínimo. Tais dados foram levantados a partir da V Pesquisa Nacional de Perfil dos Graduandos das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes), promovida pelo Fórum Nacional de Pró Reitores e Assuntos Estudantis (Fonaprace) da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Para a coleta de informações foram entrevistados 28.481 estudantes dos cinco campi da UFMT, consultando 68,6% da sua comunidade estudantil.

    Cerca de um ano depois, em meio à pandemia causada pelo novo coronavírus, estudantes com perfis parecidos com a realidade da UFMT correm o risco de não terem a oportunidade de pleitear uma vaga no ensino superior. Afinal, a edição 2020 do Enem, principal meio de entrada nas universidades, ainda não tem sequer uma data certa para ocorrer, apesar do governo ter gasto muito dinheiro numa propaganda onde atores com mais de 20 anos interpretavam secundaristas com pleno acesso a computadores, smatphones importados, quartos individuais e livros nas estantes. Esse cenário utópico está muito longe da realidade da maioria dos estudantes brasileiros.

    DEMOCRATIZAÇÃO DO ENSINO

    A UFMT foi uma das primeiras universidades a aderir o sistema de cotas sociais, em 2011, antes mesmo da consolidação da Lei 12.711 de 2012, a Lei das Cotas. Ocasionando um quadro de 69% de seus estudantes pertencentes à categoria de baixa renda, além de ter 55% vindos de escolas públicas. Segundo Vinicius Brasilino, Conselheiro de Estado de Educação, representante dos estudantes do ensino superior na Câmara de Educação Profissional e Ensino Superior e também graduando de Saúde Coletiva pela UFMT, essa realidade ampliou o processo de democratização da universidade. “A maior participação de estudantes das redes públicas garantiu que mais jovens das classes populares tivessem acesso ao ensino superior, podendo dar continuidade ao seu processo de formação e escolarização formal”, afirma.

    Brasilino ressalta, contudo, que a manutenção desse acesso não basta. É preciso também garantir a permanência dos alunos no ensino superior. “O fato desta democratização ter dado acesso à universidade aos diferentes perfis de estudantes, ocasionou na demanda pela permanência estudantil, o que a gente chama de assistência estudantil: garantia de benefícios para que o estudante possa estudar com qualidade”, explica. “Esses meios podem ser, por exemplo, bolsas alimentação e moradia. Foi por isso que o Brasil criou o Programa Nacional de Assistência Estudantil, para dar conta de atender a esses estudantes que têm especificidades e demandas emergentes dentro das universidades”.

    Porém, especialmente por conta dos cortes de verbas desde 2014, as políticas de assistência não conseguem garantir tais benefícios a todos os que necessitam. No caso da UFMT, em 2020 o orçamento total de custeio é 21% menor do que no ano passado, e da assistência estudantil foram retirados cerca de 40% da verba. “Os principais obstáculos que estudantes em vulnerabilidade social enfrentam estão relacionados às políticas de permanência e assistência estudantil. Afinal, a educação vem sofrendo nos últimos anos vários cortes, como a Emenda Constitucional nº 95 , de 2016, que congelou os investimentos em educação, saúde e outras áreas do desenvolvimento social do país por 20 anos”, comenta o Conselheiro de Estado de Educação.

    Vinicius Brasilino também vê como prática perigosa aos cidadãos o possível agendamento da prova do Enem ainda em 2020. “Observando o movimento da pandemia no Brasil e as ações que o Governo Federal vem tomando, que são muitas vezes contrárias ao que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem proposto, a realização do Enem não só coloca em vulnerabilidade sanitária milhares de estudantes, como também se transforma em instrumento de ampliação das desigualdades educacionais e sociais do Brasil”, analisa.

    Em razão da pandemia do Covid-19, o Enem 2020, incialmente marcado para os dias 1 e 8 de novembro, provavelmente será adiado de 30 a 60 dias, de acordo com Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) que aplica a prova. A contragosto do Ministro da Educação, Abraham Weintraub, e do Governo Federal, o Senado aprovou um projeto de adiamento o exame por 74 votos a 1 (do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República). No dia seguinte, o presidente do Congresso, deputado Rodrigo Maia, informou ao presidente o projeto teria placar semelhante na Câmara dos Deputados, forçando o mudança.

    Sem dúvida essa foi uma grande vitória das pressões de organizações como a União Nacional dos Estudantes (UNE). Mas ainda não é o suficiente. “O adiamento do Enem de 30 até 60 dias, mantém o processo perverso desse governo de privilégios, assim como a anuncida modalidade virtual do exame. Quem realmente tem acesso à internet para fazer o Enem digital? Quem fará virtualmente poderá fazer a prova de sua casa com um conjunto de livros e conteúdos ao lado, com condições de ter um melhor resultado na prova? Para mim, o Enem digital reforça ainda mais uma falsa meritocracia e condições desiguais de acesso à universidade. É um equívoco”, afirma Vinicius Brasilino.

    Alunos da UFMT em manifestação contra o projeto Future-se, em 2019 (Foto: Com_Texto)

    FUTURO E INCERTEZAS

    Luiz Antônio está no quinto semestre do ensino médio integrado ao curso técnico em edificações, no Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) – campus Várzea Grande. Com 18 anos, seus planos no início de 2020 eram prestar o Enem e concorrer a uma vaga na UFMT. “Eu costumava passar em torno de 35 a 40 horas semanais na escola, tudo isso entre aulas, projeto de pesquisa e extensão e grupo de estudo. Esse ano seria o meu último ano do ensino médio, mas agora já estamos nos encaminhando para o terceiro mês de aulas interrompidas por causa da pandemia do novo coronavírus”, conta.

    Sem aulas desde o dia 17 de março, o estudante declarou que sua rotina mudou bastante. Como passava muito tempo na escola, se organizava para estudar no colégio, e em casa dedicava-se às outras responsabilidades domésticas. Diferente de outros alunos da sua escola, Luiz Antônio tem acesso à internet em casa, mas ainda assim preferiu fazer a prova na modalidade física, por segurança. “Eu tenho acesso à internet em casa, o que tem me ajudado bastante nesse processo de adaptação. E devido aos problemas da correção da edição passada do Enem, eu optei pela versão impressa da prova, porque tenho um pouco de incerteza com essa experimentação”, assume.

    Apesar do ministro dizer que foi “o melhor Enem de todos os tempos”, a edição de 2019 teve erros de correção, além do vazamento de uma das páginas da prova durante o dia do exame, em 3 de novembro. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), foi divulgada uma foto da folha de redação antes do final do exame, já no momento da correção. E quem fez a prova com uma determinada cor de gabarito, teve suas respostas corrigidas com base em um gabarito de cor diferente.

    Diante de tantas dúvidas, Luiz comenta que, assim como ele, seus colegas estão muito inseguros. “Tudo isso tem sido muito comentado nos grupos de turmas sobre o Enem, e tudo é uma grande incerteza. Ninguém sabe como vai ser ou o que pode acontecer. Está todo mundo muito apreensivo porque o ano está correndo e já perdemos o final de semestre todo. Então estamos ficando para trás sim, comparado aos alunos de escola particular”, revela.

    Sobre os próximos acontecimentos com relação ao Enem, o estudante acredita que o melhor é o cancelamento da aplicação da prova em 2020. “Eu acho as discussões sobre o adiamento do Enem muito pertinentes, porém, ao meu ver, o correto nesse momento seria o cancelamento dessa edição. Porque já foi praticamente todo o primeiro semestre do ano e as escolas estaduais de Mato Grosso não chegaram nem a começar o ano letivo de 2020, enquanto as escolas particulares já estavam praticamente no fim do primeiro semestre”.

    OBSTÁCULOS DIFERENTES

    Para uma professora de biologia que atua há 20 anos em escolas estaduais de Mato Grosso, que preferiu não ter a identidade revelada, os alunos da rede pública e da rede particular têm condições intelectuais iguais para prestar o Enem. A diferença entre os dois perfis está nas oportunidades sociais que acabam por privilegiar apenas um dos lados. “Os alunos de escola pública têm que trabalhar mais para conseguir uma vaga na universidade. Então, quando eles conseguem, é muito gratificante porque é todo um universo que eles conseguiram vencer. Por isso que, intelectualmente, eles têm condições tanto quanto um aluno de escola particular, porém em relação à estrutura social eles saem perdendo”, comenta a professora.

    Com experiência no ensino também em escolas particulares, a professora ressaltou a diferença dos perfis dos alunos que frequentam escolas pagas daqueles matriculados em instituições públicas. “Quando dei aulas em escolas particulares, no começo da carreira, os alunos, em sua maioria, eram classe média ou classe média alta. As escolas tinham boas estruturas, como lousa mágica, internet veloz e salas climatizadas. Além do que, grande parte dos estudantes de escolas particulares não trabalhavam. Já os meus alunos do ensino público normalmente têm duplas jornadas. Se estudam de manhã, trabalham à tarde, e se estudam à tarde, trabalham de manhã, em sua maioria em empregos com carga horária pesada”, conta.

    A professora defende a educação pública, acredita que apesar das dificuldades enfrentadas por alunos e até mesmo por professores, o ensino gratuito garante o atendimento a demandas às quais as escolas particulares não se comprometem.

    “Outra grande diferença entre a escola particular e pública é que são poucas as escolas pagas que têm, no meu conhecimento, ensino inclusivo com alunos PcD (Pessoas com Deficiência). Na escola pública, esses estudantes são inclusos em salas regulares. E falando do estado de Mato Grosso, existem também as escolas quilombolas, indígenas e rurais com logísticas diferentes”, salienta.

    Atenta à diversidade de perfis, a educadora também se preocupa com o lado psicológico dos estudantes que pretendem realizar o Enem. “Como todos que estão passando por essa pandemia, os estudantes estão assustados e com medo, de certa forma sem condições psicológicas para fazerem uma prova densa como o Enem”, acredita a professora. “E nesse momento, o aluno de escola pública estadual soma a essas inseguranças a angústia de não ter iniciado o ano letivo devido à greve realizada ano passado. E o que a Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT) disponibilizou para eles, que são aulas online e/ou pelo canal da TV Assembleia, não é o ideal. Eu sei disso porque participo de grupos de conversas com eles e eles dizem que não têm condições porque não entendem os conteúdos devido aos problemas de conexão”, revela.

    As transmissões das videoaulas acontecem via TV ALMT (canal 30.2), com aulas inéditas e reprises durante a semana. As aulas são sobre as quatro áreas do conhecimento exigidas no Enem: matemática; linguagem e suas tecnologias; ciências sociais aplicadas; e ciência da natureza e suas tecnologias. O projeto foi apresentado pelo deputado estadual Delegado Claudinei (PSL), no dia 8 de maio, pela indicação de n.º 1.572/2020, na qual propunha à Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT) a aplicação de método de ensino a distância para promover aulas virtuais para alunos da rede pública estadual durante a pandemia do novo coronavírus.

    Estudante segurando cartaz “Em defesa da educação pública” durante as manifestações contra os cortes no setor em 2019 (Foto: Com_Texto)

    DIMINUINDO BARREIRAS

    A Rede de Cursinhos Populares Podemos+ formada pelo Levante Popular da Juventude ajudou a aprovar em 2019 mais de 100 alunos no Enem. Criada em 2017, em São Paulo, a rede está presente em 50 cidades, distribuídas em 21 estados do Brasil, e tem em sua organização 1600 educandos e 800 educadores. Com componentes voluntários a Podemos+ reúne pessoas que buscam ajudar jovens brasileiros que são afastados ou excluídos do ensino superior a ingressar em universidades federais ou estaduais.

    “As experiências na nossa rede de cursinho estão vinculadas aos jovens da classe de trabalhadores, que são moradores de periferias, jovens estudantes de escolas públicas, jovens mães, e aos que não têm possibilidade de pagar mensalidades absurdas em cursos preparatórios. Nosso objetivo é com as questões de igualdade mesmo, de facilitar o acesso à universidade, como é o caso do cursinho de escrita acadêmica que serve justamente para aqueles que têm dificuldades em desenvolver trabalhos com critérios acadêmicos”, explica a Coordenadora da Rede de Cursinhos Populares Podemos+ e da Frente Territorial do Levante Popular da Juventude, Lorhana Lopes.

    Outra ação neste sentido foi o mutirão de ajuda na realização das inscrições no Enem. “A gente precisava fazer com que o máximo de pessoas tivesse acesso. Por isso, movimentamos mais de 800 pessoas, em ação voluntária, para contribuírem nesse processo que é extremamente burocrático. Então, passamos por processo formativo, lemos todas as informações da plataforma do Inep, e depois entramos em contato por telefone com pessoas que preencheram o formulário básico para solicitar a ajuda, além dos outros educandos já inscritos”, conta Lorhana. Em Mato Grosso, a Podemos+ atua desde 2019 em Cuiabá e conta com 42 educadores voluntários. No primeiro ano de curso foram aprovados três alunos na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Em 2020, o processo de mobilização foi interrompido pela pandemia do Covid-19, e até o momento da pausa cerca de 60 jovens já estavam inscritos para participarem das aulas.

    Questionada sobre o porquê de não continuar com as aulas no formado de Ensino a Distância (EaD), a coordenadora da Rede de Cursinhos Populares Podemos+ em Mato Grosso, Amandla Sousa, revela que a modalidade seria incompatível com as realidades dos educandos que a rede atende. “Nós da Podemos+ não podíamos pensar na manutenção das aulas do cursinho em uma modalidade EaD. Essa não é a realidade da população brasileira. Essa não é a realidade dos sujeitos com os quais estamos contribuindo para que acessem a universidade e essa também não é a realidade de Mato Grosso. Nós temos bairros do município de Cuiabá, onde é a situação de vulnerabilidade dos trabalhadores é tamanha que falta por vezes alimentação para essas pessoas. O que dirá internet”, esclarece.

    Segundo a coordenadora, a Podemos+ utiliza uma metodologia da educação popular e justamente por isso considera mais importante acompanhar os educandos e suas famílias neste período de fragilidade causada pela crise sanitária e econômica mundial. “Neste momento nós temos que nos preocupar com a vida do nosso povo. Temos que nos preocupar em garantir condições de vida digna, e o Enem deve se adaptar a esse processo para que ele não seja mais excludente. Na realidade do nosso povo que é tão diverso, que tem tantas dificuldades, adiar o Enem com base no ano letivo de 2020 é fazer justiça social”, afirma Amandla Sousa.

     

    NOTA OFICIAL DIVULGADA NO PORTAL DO INEP

    Atentos às demandas da sociedade e às manifestações do Poder Legislativo em função do impacto da pandemia do coronavírus no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Ministério da Educação (MEC) decidiram pelo adiamento da aplicação do exame nas versões impressa e digital. As datas serão adiadas de 30 a 60 dias em relação ao que foi previsto nos editais.

    Para tanto, o Inep promoverá uma enquete direcionada aos inscritos do Enem 2020, a ser realizada em junho, por meio da Página do Participante. As inscrições para o exame seguem abertas até as 23h59 desta quarta-feira, 27 de maio.

     

    SAIBA MAIS:

     

    V Pesquisa Nacional de Perfil dos Graduandos das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes): https://noticias.paginas.ufsc.br/files/2019/05/VERSAO_MESTRA_DO_RELATORIO_EXECUTIVO_versao_ANDIFES_14_20h52_1.pdf

    NOTA OFICIAL | Adiamento do Enem 2020: http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/nota-oficial-adiamento-do-enem-2020/21206

    Rede de Cursinhos Podemos+: @cursinhospode

    Matéria original no site do Com_Texto: https://com-texto.wixsite.com/comtexto/post/impasse-sobre-enem-2020-reflete-desigualdades-brasileiras-na-educa%C3%A7%C3%A3o

  • Bolsonaro abandona estudantes de universidades federais na Colômbia

    Bolsonaro abandona estudantes de universidades federais na Colômbia

    Por Safira Campos, da Redação do PNBOnline

    Em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), oito estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que estão na Colômbia, enfrentam dificuldades para saber quando poderão retornar a suas casas. Eles fazem parte de um grupo de 51 brasileiros que está em mobilidade acadêmica desde o começo do ano (até ontem, 31 estudantes haviam sido identificados, com a divulgação do caso hoje, mais 20 se juntaram ao grupo – nota dos Jornalistas Livres). Com fronteiras fechadas e cancelamentos de vôos comerciais em razão da pandemia, os jovens aguardam um posicionamento da embaixada do Brasil em Bogotá para um possível voo de repatriação. 

    Na semana passada, os brasileiros enviaram uma carta à Embaixada do Brasil em Bogotá solicitando ajuda. O que mais preocupa é que a maior parte dos estudantes é composta por bolsistas, que recebem alimentação e estadia, e que não têm como manter as despesas sem os auxílios, que já estão próximos de expirar.

    “Os brasileiros que atualmente se encontram na Colômbia e que se manifestam por meio desta carta, exortam aos órgãos consulares brasileiros a coordenação, juntamente com os órgãos competentes, a organização de um voo de repatriação humanitário e/ou apoio diante das necessidades que se desenham nesse cenário, como por exemplo a de estudantes com bolsas prestes a expirar”, inicia a carta.

    Em entrevista ao PNBonline, a estudante do curso de Comunicação Social Isabelle Fanaia, que atualmente estuda na Universidad de Boyacá, comentou sobre a preocupação do grupo de brasileiros. “O problema gira em torno do fato de que estamos aqui porque nos mantemos com a bolsa, que garante estadia e alimentação. Mas ela tem um prazo e o prazo tá se aproximando. Minha universidade aqui já pronunciou falando que não tem como prorrogar a bolsa caso a gente fique por mais tempo. O problema é que voos estão sendo cancelados e o aeroporto está fechado. O risco é sermos obrigados a ficar e nem ter um auxílio para isso”, relata Fanaia.

    Cerimônia de boa viagem da Secretaria de Relações Internacionais da UFMT antes da ida dos estudantes ao exterior.
    Cerimônia de boa viagem da Secretaria de Relações Internacionais da UFMT antes da ida dos estudantes ao exterior

    O sentimento é compartilhado pela colega de curso Pollyana Rodrigues, que está na Universidad Simón Bolívar, localizada na cidade de Cucuta. “A nossa situação é bem delicada. Eu por exemplo recebo a última bolsa na primeira semana de junho, ou seja, daqui a poucos dias. Se não tivermos auxílio e alojamento, não sabemos o que fazer para nos manter. Ainda pesa o fato de que os seguros de saúde que nós contratamos só vão até essa data. Se eventualmente acontecer algo depois desse limite, nós não temos nem isso”, lamenta.

    Em resposta à carta, a embaixada informou que já repatriou 577 brasileiros desde o fechamento das fronteiras em março e que está acompanhando a situação das cidadãos interessados em repatriação. Não há, entretanto, qualquer estimativa de quando isto pode acontecer.

    Sem informar algum tipo de previsão, o secretário de Relações Internacionais da UFMT,  Prof. Lucas Oliveira de Sousa, afirmou em resposta à redação que a instituição está buscando alternativas de trazer os estudantes de volta a Mato Grosso. “Desde o início da pandemia, a Secretaria de Relações Internacionais da UFMT faz um trabalho constante de acompanhamento individual dos estudantes em mobilidade internacional (…). Dentro deste diálogo, busca alternativas para viabilizar o retorno ao Brasil dos manifestaram interesse. Em todos os casos cuja mobilidade ainda está em vigor, a UFMT já se articula para que, após a conclusão e durante a pandemia, os estudantes tenham o amparo das embaixadas brasileiras nos respectivos países e garantido o retorno ao estado de Mato Grosso”, disse.

    Além dos estudantes da UFMT, estão na mesma situação alunos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas (IFSULDEMINAS), Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Universidade Estadual de Goiás (UEG), Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Universidade Tiradentes (Unit) e Universidade Vale do Rio Verde (UninCor).

     

    Confira a nota enviada pela UFMT na íntegra: 

    Desde o início da pandemia, a Secretaria de Relações Internacionais (SECRI) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) faz um trabalho constante de acompanhamento individual dos estudantes em mobilidade internacional, mantendo contato direto e frequente com os mais 50 alunos em 6 países e 15 instituições parceiras anfitriãs. Dentro deste diálogo, busca alternativas para viabilizar o retorno ao Brasil dos que, após consultados, manifestaram interesse, concretizando, até o momento, oito casos.

    Vale ressaltar que, infelizmente, esta situação não é exclusiva da UFMT. Estudantes de outras universidades passam pela mesma situação e no contexto do fechamento de fronteiras e cancelamento de voos comerciais, a repatriação é de competência exclusiva do Ministério de Relações Exteriores e do corpo diplomático brasileiro em cada país.

    Em todos os casos cuja mobilidade ainda está em vigor, a UFMT já se articula para que, após a conclusão e durante a pandemia, os estudantes tenham o amparo das embaixadas brasileiras nos respectivos países e garantido o retorno ao estado de Mato Grosso

    Matéria original em: https://www.pnbonline.com.br/geral/em-carta-a-embaixada-estudantes-da-ufmt-na-cola-mbia-pedem-ajuda-para-retornar-ao-brasil/66291

  • “Corte das bolsas significa evasão de universitários mais pobres”, diz estudante da UFMT

    “Corte das bolsas significa evasão de universitários mais pobres”, diz estudante da UFMT

    O corte nas bolsas da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) reportado semana passada pelos Jornalistas Livres (veja aqui) tem afetado diversos estudantes. No dia 11 de outubro (sexta-feira) a universidade cortou todas as bolsas de tutoria, monitoria e extensão sem qualquer aviso prévio aos estudantes. O auxílio, que não chega a um salário mínimo (R$ 400 e R$ 800), é utilizado pelos alunos para a permanência, alimentação e custos com o faculdade. Sem o recurso, os estudantes de Comunicação Social procuram novas alternativas para vivenciar os programas que a UFMT oferece.

    Sonhos interrompidos 

    Esse é o caso de Pollyana Diva Rodrigues da Silva, 23, estudante de Rádio e TV, que recebia R$ 400 por participar do projeto de extensão do Teatro Universitário. Com o dinheiro, a graduanda pagava a alimentação e ajudava nas despesas de casa, incrementando a renda da mãe, que é empregada doméstica.

    Pollyana foi aprovada, recentemente, no programa de intercâmbio para estudar em Cúcuta, Colômbia, na Universidad Simón Bolivar. Os critérios exigidos para a aprovação em uma universidade estrangeira levam em conta o coeficiente durante o curso, se o estudante não possui mais de uma reprovação e/ou trancamento, e se recebeu prêmios ou menções honrosas. Apesar do sonho de realizar o intercâmbio, a UFMT não paga o translado e o custo com as passagens. “Eu estava contando com a bolsa, isso pode me prejudicar muito. Nós estamos buscando outras alternativas através da vakinha online, rifa e eventos beneficentes”, comenta Pollyana.

    “O corte das bolsas de extensão, monitoria e tutoria significa evasão de universitários mais pobres da faculdade e/ou paralisação das atividades”, relata David da Silva Ferreira de Souza, 21, graduando em Publicidade e Propaganda. Assim como Pollyana, David também foi bolsista e conseguiu permanecer no curso graças aos auxílios, já que o universitário é natural de Sorocaba (SP) e sua mãe não consegue ajudá-lo financeiramente.

    Pollyana recebeu o prêmio de melhor roteiro de documentário do Centro Oeste, em maio, no Congresso da Intercom, principal entidade de estudos da comunicação no Brasil

    Aprovado para estudar em Bragança, Portugal, David também tem procurado outros meios para arrecadar verba. “Desde a 8° série tenho vontade de realizar intercâmbio. Infelizmente, pela condição financeira, nunca foi possível”, relata.

    Cortes atrapalham pesquisas 

    De acordo com a apuração do emanuelzinho, existem 1.111 pesquisas registradas pela UFMT. Além de fomentar a ciência, as pesquisas constroem uma sociedade melhor, levando informação e conhecimento público e gratuito. Os bolsistas estão se movimentando para reverter a situação, e amanhã (22), participam de uma reunião com o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) para discutir a questão.

    Outra estudante afetada pelo corte de bolsas é Verônica da Rocha Paulino, 20, estudante de Comunicação Social – Rádio e TV. A bolsista recebia R$ 400 para trabalhar na Agência Experimental de Comunicação (TOCA). “O projeto surgiu para fazer as atividades que, muitas vezes, a gente não consegue realizar dentro da sala de aula”, explica Verônica. O trabalho desenvolvido pela TOCA, criada em 2017, possibilitou a universitária de ser uma das primeiras narradoras de esportes em Mato Grosso, transmitindo ao vivo, pelas redes sociais, a Liga das Nações de Voleibol Masculino em junho.

    Verônica já participou de outros projetos além da TOCA. “Eu passo praticamente o dia inteiro na universidade. Eu chego em torno das 6h e saio por volta das 19h/20h, todos os dias. Às vezes sábado eu estou aqui também”, relatou a universitária. Com a bolsa, Verônica comprou um novo computador para conseguir estudar e ainda auxilia nas despesas de casa.

    De acordo com a União Estadual de Estudantes (UEE MT), 329 bolsas de extensão, 342 de monitoria e 50 de tutoria foram cortadas, totalizando 721. A UFMT ainda não divulgou o número oficialmente.

    Apesar do Ministro da Educação, Abraham Weintraub, ter anunciado na última sexta-feira (18) o desbloqueio de 100% do orçamento das universidades e institutos federais, a UFMT não se posicionou sobre o retorno das bolsas ou porque elas foram bloqueadas. Porém, mesmo sem o auxílio, vários estudantes permanecem em suas atividades e pesquisas.

    Você pode ajudar Pollyana e David através da vakinha online clicando aqui e aqui.

    Matéria original em: https://www.muvucapopular.com.br/mato-grosso/corte-das-bolsas-significa-evasao-de-universitarios-mais-pobres-diz-estudante-da-ufmt/31570

     

  • Comunidade acadêmica se articula contra projeto de privatização do ensino público

    Comunidade acadêmica se articula contra projeto de privatização do ensino público

    Apresentado com pompa e circustância, num evento high tech em Brasília, como um plano que traria “liberdade” às universidades e institutos federais para buscar financiamentos privados a seus projetos de pesquisa, inovação e mesmo manutenção, o Future-se finalmente está sendo discutido pela comunidade acadêmica. Sim, porque o pacote de medidas que podem transformar (ou desestruturar) totalmente o ensino público superior no país foi montado por não se sabe quem dentro do Ministério da Educação, já que não teve participação dos principais atingidos: professores, alunos e funcionários das escolas.

    Com consulta aberta por menos de um mês (vai até o próximo dia 15 de agosto), o projeto tem recebido críticas de todos os lados. Reuniões, assembleias e bate-papos estão sendo realizadas por todo Brasil e as conclusões em geral seguem a linha de ser, no fundo, um projeto de privatização das universidades e institutos federais (vejam abaixo link para debate HOJE) . Ao lado da “liberdade” de buscar recursos, vem a exigência de abrir mão da autonomia universitária na gestão desses recursos. Junto à promessa vaga de que “professores empreendedores podem ficar ricos”, projeto de lei paralelo segue rápido no Senado para permitir a demissão de servidores que “não atinjam a produtividade esperada”.

    Pressionada pelos cortes efetivos de verbas (chamados de “contingenciamento” pelo governo) que já levaram a problemas graves como o corte de energia na Universidade Federal de Mato Grosso e ameaça de paralização da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pelo curto prazo de análise, pela recusa de dar posse aos primeiros colocados nas eleições internas ao cargo de reitor como aconteceu hoje na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, e pelo perigo iminente de represálias contra instituições que não aceitarem o projeto, a comunidade acadêmica prepara o terceiro Tsunami da Educação para o próximo dia 13 de agosto. As manifestações de rua prometem ser bem maiores do que as ocorridas em junho e devem juntar outros servidores públicos e demais setores da sociedade contra a escalada do fascismo e os ataques do governo e do bolsonarismo aos advogados, jornalistas, cientistas, índios, quilombolas e, finalmente, democratas. Vejam abaixo algumas das manifestações e eventos colhidas apenas hoje nas redes sociais:

    Canal Resistentes esclarece dúvidas sobre o Future-se, hoje (05/08) às 19:00

    Participantes do Programa:
    Professor Valdemar Sguissardi – Universidade Federal de São Carlos.
    Professor Huyra Estevão de Araujo – Instituto Federal de SP Campus Piracicaba.
    Professor Alexandre Silva – Instituto Federal de SP Campus Piracicaba.

    https://www.youtube.com/watch?v=rF-mjCTLNCw

     

    Comunidade da UFPB realiza “funeral” do Future-se e da reforma da Previdência

    Os cortes no orçamento da Educação, o programa Future-se e o projeto de reforma da Previdência serão “cremados” nesta terça-feira (6/8) no campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Professores, servidores técnico-administrativos e estudantes vão realizar um velório simbólico durante todo o dia, em João Pessoa, para demonstrar o repúdio da comunidade universitária aos ataques do governo às instituições federais de ensino e aos direitos sociais e trabalhistas.

    A atividade terá início às 9h, no Centro de Vivência do campus I. Os “corpos” serão “velados” em caixões durante toda a manhã e parte do período da tarde. Para as 11h30, está programada uma apresentação do Coletivo de Dança Redemoinho, com a performance “Se a Carapuça Servir”.

    Às 16h, ocorrerá um “cortejo fúnebre” até a entrada do CCHLA, onde o velório ficará instalado até 19h, quando terá início um novo cortejo pelos centros de ensino do campus. Na sequência, os caixões irão retornar à entrada do CCHLA e haverá um ato crematório do Future-se, da reforma da Previdência e dos cortes no orçamento.

    Deliberada pela plenária unificada dos segmentos da UFPB, no dia 25 de julho, a atividade tem como objetivo chamar a atenção da sociedade e mobilizar as diversas categorias contra os ataques do governo federal. A proposta também é convocar todos(as) para o 13 de agosto, Dia Nacional de Luta contra a reforma da Previdência, que será marcado por protestos em todo o país.

    Compõem a organização da atividade o Sindicato dos Professores da UFPB (Adufpb), o Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior da Paraíba (Sintespb) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE).

    SERVIÇO
    “Funeral” na UFPB

    Data: terça-feira, 6/8
    Horários:
    – 9h – Início da atividade no Centro de Vivência
    – 11h30 – Apresentação do Coletivo de Dança Redemoinho, com a performance “Se a Carapuça Servir”
    – 16h – Cortejo fúnebre até o CCHLA
    – 19h – Cortejo pelos centros de ensino
    – Encerramento com “ato crematório”

     

    UNE e mais 186 entidades estudantis assinam nota contra o ”Future-se”

     

     

     

    por Renata Bars.


    Para os estudantes, programa anunciado pelo MEC vai na contramão dos anseios e necessidades da educação pública brasileira

    A União Nacional dos Estudantes (UNE) e mais 186 entidades estudantis entre DCEs, Centros Acadêmicos e Uniões Estaduais dos Estudantes lançaram neste sábado (3) nota sobre o programa ”Future-se” anunciado pelo MEC no último dia 17 de julho.

    O documento  ressalta a importância da autonomia das universidades federais, assim como sua independência do setor privado. Para os estudantes, o programa vai na contramão dos anseios e necessidades da educação pública brasileira, diminuindo a responsabilidade do financiamento público e sem nenhuma consulta prévia à comunidade acadêmica.

    ” A proposta de captação própria é uma entrega das universidades à uma dependência do setor privado e uma desresponsabilização do governo de financiamento público à educação superior. Isso também significa retirar a autonomia didático-científica e administrativa das universidades, para ficarem cada vez mais à mercê de interesses privados que buscarão retornos de seus investimentos, acabando com a base de financiamento público da universidade”, diz a nota.

    Você pode participar e assinar também. Acesse aqui a petição.

    Confira na íntegra:

    NOTA DA UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES(UNE), DAS UNIÕES ESTADUAIS DOS ESTUDANTE(UEES) E DOS DIRETÓRIOS CENTRAIS DOS ESTUDANTES SOBRE O PROGRAMA “FUTURE-SE”

    A cada dia que passa tem ficado mais nítido para a população brasileira que o Governo Bolsonaro tem colocado a Educação no centro de seus ataques. Desde o início do ano nenhuma proposta concreta de política pública para o avanço da educação e a solução dos problemas nessa área foi proposto, pelo contrário, há uma perseguição ideológica, a disseminação de ódio e mentiras contra as universidades, institutos federais, escolas, professores e estudantes, e verbas foram cortadas, tanto do ensino superior quanto do básico.

    Mas foi também, a partir do setor da educação, especialmente dos estudantes, que se levantaram as principais manifestações de oposição às medidas do governo e sobretudo em defesa da nossa educação, de mais investimentos, de maior cuidado com nossas instituições, e de um projeto educacional que possa garantir um futuro de desenvolvimento social a nossa nação com formação de qualidade, ciência e tecnologia para um país soberano.

    É nesse cenário que recebemos com grande indignação e repudiamos a proposta do programa “Future-se” apresentado pelo Ministério da Educação no último dia 17 de Julho, estamos elaborando estudos mais apurados e detalhados acerca de todos os pontos desse projeto, mas inicialmente podemos destacar alguns motivos em geral que nos levam a essa posição:

    1-  O governo nem sequer dá respostas sobre o problema imediato das universidades e institutos federais e quer criar um programa para o futuro (qual futuro?). Ao apresentar esse projeto, o MEC pretende jogar para as universidades e institutos federais a responsabilidade de captação via setor privado, reduzindo as responsabilidades do financiamento público, em um momento que essas instituições sofreram um corte de 30% em seu orçamento e correm sérios riscos de terem suas atividades paralisadas no próximo semestre, além de diversas pesquisas que já estão paradas por falta de bolsas para que os estudantes continuem trabalhando.

    2-  O programa “Future-se” foi construído sem nenhum debate prévio com os setores que compõem a universidade: estudantes, professores, técnico-administrativos, reitores e pró-reitores. Fala-se em discussões com especialistas e empresários, mas em nenhum lugar se explícita quem são. Isso demonstra a que interesses servem a implementação desse projeto, certamente não são os da educação e do povo brasileiro. A criação da consulta virtual é, portanto, uma mera formalidade para apresentar um caráter democrático, mas que é notoriamente uma ferramenta superficial e insuficiente para esse debate, inclusive porque não se explica como será a análise das opiniões coletadas.

    3-  Não há transparência no debate público do projeto. Na apresentação feita aos reitores, à imprensa e também no documento disponível para a consulta pública, faltam alguns elementos importantes que constam na minuta do projeto de lei do “Future-se” e outros que o próprio ministro só expôs depois através de entrevistas à imprensa, como por exemplo a possibilidade de contratação de professores sem concurso público e por regime da CLT.

    4-  Um dos principais elementos omitidos é referente às responsabilidades das Organizações Sociais. O que não fica claro nas apresentações do MEC e no documento do “Future-se” é como as OSs poderão exercer atividades fim nas universidades, como contratação de professores, e gestão nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, e não só na gestão de serviços como energia, água, limpeza, etc. como se apontava inicialmente. Essa é a principal característica de uma verdadeira terceirização com rumo à privatização da universidade pública brasileira, pois cria uma verdadeira organização paralela dentro das instituições que atende a outros interesses, é o fim da autonomia universitária.

    5-  A proposta de captação própria é uma entrega das universidades à uma dependência do setor privado e uma desresponsabilização do governo de financiamento público à educação superior. Isso também significa retirar a autonomia didático-científica e administrativa das universidades, para ficarem cada vez mais à mercê de interesses privados que buscarão retornos de seus investimentos, acabando com a base de financiamento público da universidade. O que pode reduzir as áreas de pesquisa, ensino e extensão somente àquelas que agradem mais aos mercados que tenham interesse em financiar determinadas universidades.

    6-   É o fim da expansão das universidades e pode significar o desaparecimento das federais no interior. Justamente porque uma dependência do setor privado irá forçar a concentração dessas instituições próximas dos grandes centros industriais e financeiros, criando inclusive grandes distorções regionais.

    Por fim, entendemos que esse projeto se apresenta com uma máscara de muitas complexidades, entupida de conceitos empresariais, mas vazio de qualquer citação à projetos pedagógicos, categorias científicas e outros elementos fundamentais para uma universidade forte e que sirva ao povo brasileiro. Mas primeiro, por ignorância, repete uma série de atividades que já existem nessas instituições, como os reitores tem insistido, e em segundo propõe descaradamente, embora o ministério tente esconder, um projeto liberal e privatizante para a universidade brasileira, que inverte a lógica que seguimos em toda história da educação brasileira e que tem feito, com investimento público, das nossas universidades federais as melhores do país, responsáveis por grande parte da pesquisa brasileira e referências no mundo todo.

    Seguiremos exigindo a devolução imediata das verbas da nossa educação e em defesa da universidade pública e gratuita, com garantia do tripé do ensino, pesquisa e extensão e que tenha um profundo enraizamento com a sociedade na garantia de melhorias para o nosso povo e a soberania do nosso país.

    UEB- UNIÃO DOS ESTUDANTES DA BAHIA

    UEE-SP

    UEP- União dos Estudantes de Pernambuco Cândido Pintor

    UEE – RJ

    UCE

    UEE LIVRE RS

    UPE

    UEE – AM

    UEE – MG

    UEE livre Maranhão

    DCE LIVRE DA USP

    Diretório Central das e dos Estudantes Livre Carlos Marighella – UESC

    DCE UNIJUI Santa Rosa

    DCE UFRN

    DCE UFOB

    -DCE UFBA

    -DCE UFF

    -Dce UFMT/Rondonópolis

    DCE UFOP

    DCE UNESPAR

    DCE UNICAP

    CEU IFRS Viamão

    CEU IFRS Rio Grande

    DCE IFRS Bento Gonçalves

    DCE IFRS Caxias do Sul

    DCE IFRS Feliz

    DCE IFRS Rolante

    DCE UFPel

    CEC Unipampa Alegrete

    DCE Feevale

    DCE UCS

    DCE Unicruz

    DCE Ulbra

    DCE IFRS Porto Alegre

    – DCE SOPECE

    – DCE Uninabuco Paulista

    – DCE Faculdade Nova Roma

    – DCE UNIRIO

    – DCE UNIMONTES

    – CAHIS UFPEL

    DCE UNIP

    DCE Livre UNINOVE

    DCE FMU FIAM FAAM – Dina do Araguaia

    DCE MACKENZIE

    CES (Centro dos Estudantes de Santos e Região)

    DCE UNIITALO

    DCE UNICID

    DCE Livre da USP – Honestino Guimarães

    DCE FATEC

    DCE UFABC

    DCE UNIFESP

    DCE UNISO – Alexandre Vanuchi Leme

    DCE UNITAU

    DA CASPER LIBERO – Vladmir Herzog

    DA FDSBC

    DCE ANHANGUERA Campinas & Região

    DCE UNICAMP

    DCE UESPI

    DCE UFRJ

    DCE UFPI

    DCE UFGD

    Diretório central dos estudantes da UFRPE – Odjas Carvalho de Souza

    Diretório Central dos estudantes da UPE- Prof Paulo Freire

    DCE UFPA

    DCE UFOPA

    DCE UFRA

    DCE UNIFESSPA

    DCE UEPA

    DCE UNAMA

    DCE UFMA

    DCE UEMA

    DCE Estácio

    DCE UFAC

    DCE UFMT/SINOP

    DCE UFMT/VARZEA GRANDE

    DCE UNIFOR

    DCE UFC

    DCE Estacio CE

    DCE UFOP

    DCE UFU

    DCE UFJF

    DCE UFMG

    DCE UFRPE

    DCE UPE

    DCE Facig

    DCE Estácio Recife

    DCE Famasul

    DCE Unicap

    Diretório Central dos Estudantes da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) campus Grande Florianópolis

    Diretório Central dos Estudantes da Universidade federal da Fronteira sul

    DCE Fabeja

    DCE Facho

    DCE Fafire

    DCE UFERSA

    DCE UFES

    DCE da Unilab-Ce

    DCE José Montenegro de Lima-IFCE

    DCE Centec- Quixeramobim

    DCE Ciswal Santos – Fatec Cariri

    DCE da Faculdade de Juazeiro do Norte

    DCE IFRS Osório

    DCE UniCruz

    DCE ULBRA RS

    DCE Ideau Caxias do Sul

    DCE UFRN

    – DCE UFPI

    – DCE UFABC

    -DCE IFPI

    – DCE UFFS Erechim

    – DCE UFRGS

    DCE UFG

    Centro Academico de Letras – Francês UFAM

    Centro Acadêmico da Escola de Comunicação UFRJ (CAECO)

    DCE UFPR

    DCE UNIFACS

    CA de engenharia ambiental e sanitária do IFCE – Maracanaú

    CA de engenharia de controle e automação do IFCE – Maracanaú

    Centro Acadêmico Luísa Mahin – Pedagogia UFF/Angra

    Centro Acadêmico Manoel Moraes – Políticas Públicas UFF/Angra

    Centro Acadêmico do Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades- Unilab/Ce

    Centro acadêmico de letras da Unilab/Ce

    Centro Acadêmico de Engenharia Mecânica do IFBA – Jequié

    DCE UESB – Jequié

    Centro Acadêmico de Letras Pedro Rodrigues Salgueiro – IFCE Campus Umirim

    Centro Acadêmico de Tecnologia em Alimentos-Fatec Cariri

    Centro acadêmico Batista Neto – Ciências sociais – UFC

    DCE FJN – Faculdade de Juazeiro do Norte

    Centro Acadêmico Nilo Peçanha – Gestão Pública IFSP

    Centro Acadêmico Centro Acadêmico de História Maurício Manoel de Albuquerque (CAMMA/UFRJ)

    Centro Acadêmico de Ciências Sociais – Heloísa Manzano UFT – Porto Nacional

    Centro Acadêmico Cândido de Oliveira – (FND/UFRJ)

    • Centro Acadêmico de Gestão de Turismo- DE TODAS AS VOZES- IFCE CAMPUS CANINDÉ.

    DCE UPF

    – Diretório Acadêmico América Latina Livre IFCH UPF

    – Diretório Acadêmico Santo Agostinho Faculdade de Educação UPF

    – Centro Acadêmico de História Assentamento 10 de Abril – Universidade  Regional do Cariri

    – DCE UFV

    – Centro Acadêmico de Pedagogia UPE – Campus Garanhuns

    – Centro Acadêmico de Psicologia UPE – Campus Garanhuns

    -Centro acadêmico de História, CAHIS UFPI, Teresina.

    – CACOS Vladimir Herzog – UEPB

    – Centro acadêmico de Ciências Sociais UFPI

    – CAXIM|UFG

    –  DCE UFRJ

    – CAFIL UFCG

    – CA de Pedagogia UFCG

    – CA de Nutrição UFCG Cuité

    – DCE UFMT Cuiabá

    – CA de Ciência e Tecnologia da UFBA

    – DA de História da UNEB Campus IV (Jacobina)

    – Diretório Acadêmico Carlos Gomes – Faculdade de Artes e Comunicação UPF

    – Diretório Acadêmico de Física da UNICAP – Padre Machado

    – Diretório Acadêmico de História da UNICAP – Maria da Glória Dias Medeiros

    – DAFA U

    FRGS

    – CA Xico Sá de Jornalismo UFCA

    – CA de Matemática UFCG

    – Centro Acadêmico de Pedagogia – CAPED/UFPI

    – Centro Acadêmico de Letras Torquato Neto – CALTNe/UFPI

    -Centro Acadêmico de Moda, Design e Estilismo, CAMDE/UFPI

    -Centro Acadêmico de Enfermagem, CAENF/UFPI

    -Centro Acadêmico de Biologia, CABIO/UFPI

    – Diretório Acadêmico de História Tamires Suriel (DAHIS UFRRJ – Seropédica)

    – Diretório Acadêmico de Geografia (DAGEO- UFPE)

    – DCE UNISUAM

    – Federação do Movimento Estudantil de História – FEMEH

    – Centro Acadêmico Cromwell de Carvalho (CACC), Direito/UFPI

    – Centro Acadêmico de Física – CAFIS/UFPI

    -Centro acadêmico de História, CAHIS UFMG

    – DCE Unisãomiguel

    – Centro acadêmico de educação física, CAEF/UFPI.

    – DCE CEFET/RJ

    – CA de Linguas Estrangeiras Aplicadas às Negociações Internacionais CALEA CEFET/RJ

    – CAEng CEFET/RJ Campus Nova Iguaçu

    – Centro Acadêmico de Turismo – CAT CEFET/RJ Campus Petrópolis

    – Centro Acadêmico Afonso Ricardo Vaz – Física CAARV CEFET/RJ Campus Petrópolis

    – CA de Gestão de Turismo – CATur CEFET/RJ Campus Nova Friburgo

    – CA de Fisica – CAFIS CEFET/RJ Campus Nova Friburgo

    – Centro Acadêmico de Pedagogia – UFPA

    – Centro Acadêmico de Educação do Campo, CA – LEDOC/UFPI.

    – DCE UEZO

    – Centro acadêmico de farmácia – GALENOS DO OESTE/UEZO

    – CAHIS USP

    – CAHIS UEPA CAMPUS XI

    – Centro acadêmico de Engenharia Florestal, CAEF UFPI/CPCE, Bom Jesus-PI.

    – DCE Luis Travassos – UFSC

    – Centro Acadêmico de Arqueologia – CAARQ/UFPI

    – Diretório Acadêmico das Licenciaturas do IFSP – DALC

    – Centro Acadêmico de História- CAHIS UFF

    – CENTRO ACADÊMICO DE HISTÓRIA (CAHIS) – UFF NITERÓI

    – CAHIS Unimontes – MG

  • Corte$ viram tragédia em Alfenas

    Corte$ viram tragédia em Alfenas

    A cada dia ou a cada hora vêm à toma os números da tragédia provocada pelo desgoverno Bolsonaro nos diversos setores, principalmente na educação pública. Em Alfenas, no Sul de Minas, centenas de alunos da Universidade Federal (Ufal) tiveram de abandonar os mais variados cursos e voltar para casa, muitos deles chorando, após receberem a notícia de que 400 bolsas de auxílio moradia foram cortadas pelo desgoverno federal, assim como o direito de se alimentarem no Restaurante Universitário.

    A cidade é um polo de ensino universitário no Sul de Minas e os estudantes acabam dando vida ao município. Imagina o reflexo disso para os estudantes, suas famílias e para o comércio do município!

    A instituição teve mais de R$ 11 milhões bloqueados pelo desgoverno federal. Pelo menos 70 projetos de pesquisa da universidade paralisados. Entre as consequências está o fim dos atendimentos odontológicos gratuitos para a população. A clínica de odontologia faz cerca de 3 mil atendimentos por mês.

    Segundo o reitor da Unifal, Amadeu Cerveira, a universidade teve o bloqueio de 30% da verba de custeio, ou R$ 11 milhões. A verba de capital, destinada a reformas e investimentos, era de cerca de R$ 1 milhão e também foi cortada em 90%. O resultado é que 89 funcionários terceirizados foram dispensados.

    Na vizinha Universidade Federal de Lavras (Ufla), que tem no curso de agronomia o seu forte, o corte foi de 26% do orçamento de 2019, que é de pouco mais de R$ 62 milhões. Portanto, o corte ficou em pouco mais de R$ 16 milhões.

    Na Unifei, em Itajubá, também no Sul de Minas, o corte foi de 20% do orçamento deste ano: cerca de R$ 8 milhões, enquanto nos institutos federais do Sul de Minas, foi de 39,86% do orçamento, o que representa cerca de R$ 16 milhões para este ano. Na região há institutos federais em oito cidades.

    Também profundamente afetada, a Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, divulgou a seguinte nota pública a respeito dos cortes:

     

  • O maior ataque à Universidade Pública Brasileira

    O maior ataque à Universidade Pública Brasileira

    Depois de começo de ano conturbado com o ex-ministro Ricardo Vélez à frente do MEC (Ministério da Educação), a chegada do novo ministro, Abraham Weintraub, traz novas polêmicas e ataques contra a educação pública.
    Na sexta-feira passada, 26/04, o presidente Bolsonaro se pronunciou contra o ensino de matérias de Humanas em universidades federais e prometeu cortes na área, prometendo focar em cursos que “dão retorno imediato”, como medicina, veterinária e afins. Ontem, o ministro Weintraub assinou decreto que corta 30% de verbas para universidades federais. Até agora as Unb, UFF e UFBA foram identificadas como as primeiras universidades afetadas pelos cortes. Para a Unb o corte significa um corte de R$ 38 milhões.

    A justificativa do ministro, dada ao Estado de S. Paulo, para o decreto é o ambiente universitário: “A universidade deve estar com sobra de dinheiro para fazer bagunça e evento ridículo”. O ministro também vinculou o corte a supostas baixas posições em rankings, sem especificar em que rankings, em algo que ele caracteriza como um desempenho “aquém do esperado”. Uma terceira justificativa é o contigenciamento pedido pelo Ministério da Fazenda de, pelo menos, R$ 4 bilhões por parte do MEC. No levantamento feito pela THE (Times Higher Education), ranking britânico que avalia universidades em todos os continentes, em 2018, as três universidades ocupam as respectivas posições entre as melhores do país: Unb – 8º; UFBA – 10º e UFF – 29º. As três apresentaram melhoras, segundo o ranking, do ano passado para este.

    O PSOL emitiu nota dizendo que entrará com uma representação na PGR (Procuradoria Geral da União) contra o ministro da educação por improbidade administrativa, em ação assinada pelo presidente do partido, Juliano Medeiros. Na mesma nota, o partido descreve o decreto como uma “clara perseguição política” e justifica que a improbidade no ato seria “patrocinar o descontrole dos gastos, ferir a autonomia das universidades, afetar o sistema e percentuais obrigatórios de financiamento da educação, demonstrar profundo descaso com a coisa pública, com normas de finanças públicas e com a responsabilidade fiscal”. Em outra nota, o partido diz que, por meio de sua bancada na Câmara, apresentará um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para revogar os cortes em universidades públicas.

    Alessandro Molon, do PSB, entrará com uma representação no STF contra a determinação de Weintraub.

    A Unb se pronunciou dizendo: “Importante ressaltar que a UnB é uma das universidades com reconhecida excelência acadêmica no país, atestada em rankings nacionais e internacionais. Temos nota 5, a máxima, no Índice Geral de Cursos (IGC) do MEC, a avaliação oficial da pasta para os cursos de graduação. Também somos a 8ª melhor universidade brasileira, segundo avaliação do Times Higher Education (THE), uma organização britânica que acompanha o desempenho de instituições de ensino superior em todo o mundo. Há dois anos, ocupávamos a 11ª posição.”