Jornalistas Livres

Tag: sindsep

  • EXCLUSIVO: Prefeitura de SP usa veneno vencido no “combate” ao Aedes Aegypti

    EXCLUSIVO: Prefeitura de SP usa veneno vencido no “combate” ao Aedes Aegypti

    Segundo denúncias feitas por trabalhadores do serviço público municipal das Unidades de Vigilância em Saúde (UVIS), os frascos de Deltametrina que estavam sendo utilizados nas nebulizações (também chamado fumacê), estão desde maio com validade vencida e foram usados por semanas após o vencimento.

    O Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (SINDSEP) denuncia que não é de agora que se usa material vencido. O inseticida anteriormente usado, Malathion, segundo os trabalhadores também estavam vencidos antes de esgotarem no estoque do Divisão de Vigilância de Zoonoses – DVZ (antigo Centro de Controle de Zoonoses – CCZ). Conforme os trabalhadores os inseticidas tinham “forte cheiro de podre”.

    Há também relatos de que o material vencido estava causando entupimentos e danificando os equipamentos de nebulização.

    Kits de sorologia da Dengue em falta

    Os dados sobre o aumento de casos de dengue na cidade não param de crescer. Um trabalhador de uma UVIS chegou a relatar ao SINDSEP que numa região da Zona Sul foram registrados mais de 300 casos de dengue nos últimos meses. O aumento foi tão significativo que há 20 dias, as Unidades de Saúde da Prefeitura esgotaram os kits de sorologia da Dengue, que confirmam ou não os casos suspeitos. A ausência de confirmação inviabiliza as ações ostensivas de combate aos focos do mosquito transmissor.

    Servidores passam mal

    A introdução da Deltametrina como inseticida nas operações de combate à dengue não foi acompanhada de orientações para os servidores, afirma o sindicato. Isso só ocorreu após casos em que trabalhadores passaram mal com utilização do material.

    Outros problemas graves

    A denúncia ainda traz outros relatos sobre problemas graves nas atividades das Unidades de Vigilância em Saúde (UVIS) como a falta de combustível para as viaturas de trabalho por atrasos no crédito dos cartões de voucher para combustível. Houve UVIS em que as equipes chegaram a ficar 30 dias sem uso dos carros no combate ao Aedes Aegypti.

    Também há relatos de dificuldade na manutenção dos veículos da Prefeitura, as “Denguinhas”, os carros do município destinados ao combate do mosquito transmissor da Dengue, Chikungunya e Febre Amarela. As picapes S10 disponibilizadas recentemente possuem a orientação de não serem utilizadas para carregar equipamentos.

    Foram feitas reclamações da execução de ações de combate à dengue fora do protocolo. O uso do inseticida exige o cumprimento de uma série de regras e protocolos de utilização. Esses protocolos são relativos a saúde dos trabalhadores e a eficácia do enfrentamento à epidemia.

    A nebulização em dias de sol, chuva ou garoa perde boa parte da sua eficiência. No entanto, há relatos de que estaria sendo realizada para “bater metas”, mesmo sendo operações irregulares frente ao protocolo orientado.

    Denúncia formalizada

    O SINDSEP protocolou junto a Prefeitura ofícios formalizando a denúncia no dia 24 de junho e irá reunir os representantes sindicais das UVIS para discutir a situação. O sindicato também está debatendo ações para proteger os trabalhadores e defender o serviço público frente a atitude irresponsável da administração municipal na gestão Bruno Covas.

  • O desgoverno Dória e o sofrimento do povo paulistano

    O desgoverno Dória e o sofrimento do povo paulistano

    O Governo Dória fez um desmonte – leia-se extermínio – na Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial do Município de São Paulo (SMPIR).

    Pior ainda: acabou com uma Secretaria que atendia o povo negro sem discutir com as pessoas interessadas e a sociedade civil, mostrando total desprezo à causa das negras e negros, maioria da população.

    No inicio de sua gestão, usou instalação de telas para esconder moradores de rua e tirou o leite das crianças carentes.

    Cada dia que passa ele apaga mais ciclofaixas, sem esquecer que o senhor prefeito adora um cinza – pois apagou grafites históricos da cidade.

    E o que falar da crueldade em tentar empurrar goela abaixo a ideia de dar resto de comida (farinata) para estudantes e famílias humildes?

    Existe um desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS) e o caso mais grave recentemente é a febre amarela. Incrível que diante da epidemia mais séria da historia do país, o prefeito não vem a publico falar o que realmente acontece e qual a causa do problema, já propondo solução. Então, a omissão só gera cada dia mais um pânico na cidade. Uma vergonha!

    Vale lembrar também os cortes e congelamentos de serviços públicos, inclusive da Cultura. A Secretaria da Cultura agoniza em São Paulo, respira por aparelhos nesta administração, que vem prejudicando diversos programas como: o Fomento à Periferia, Prêmio Zé Renato, Fomento ao Circo, Fomento ao Teatro, Fomento à Dança, Programa VAI, artistas em gerais e quem deseja contribuir pela cultura da cidade.

    Sobre privatização, cabe a pergunta ao prefeito: por que esta ânsia em privatizar a cidade inteira de forma estranha e ainda não bem explicada?

    João Dória congelou de um lado, porém aumentou as arrecadações. O prefeito mais brincou de reality show nas redes sociais e viajou pelo Brasil e mundo do que zelou pela cidade. E por falar em zeladoria, da tal Cidade Linda só sobra hoje sujeira e buracos nas ruas.

    Em relação às doações dos amigos empresários, hoje tem menos de 10% do prometido. Porém, a prefeitura sempre fala que está dentro do combinado. Ou seja, onde estão os valores reais? Se tem quase 20 vezes menos que o prometido, ou está guardado ou não existe.

    E ainda se gasta mal o que tem aumentando os gastos. Ou seja, mentiu que iria ter muito dinheiro, o que não se confirmou. E ainda gasta mal o que tem.

    Lembrando que sua “gestão” teve problemas internos, o que acarretou em trocas e problemas com as Prefeituras Regionais. E agora João Dória deseja mexer na aposentaria dos servidores municipais.

    Por isso, o dia 19 é de suma importância. Não apenas pelos servidores, e sim contra um governo que a cada dia torna São Paulo em um lugar pior para se morar e viver.

    Não contente, o João “trabalhador” pensa em outras possibilidades políticas. Cabe à população mostrar ao “Prefeito Cosplay” o que os munícipes estão dizendo: Não! Chega! Basta!

    Confira abaixo uma entrevista com Sérgio Antiqueira, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep):

    Quem é o Sergio? E qual entidade representa?

    Sérgio Antiqueira – Meu nome é Sérgio Antiqueira, Presidente do Sindsep (Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo). Sou diretor de escola na Prefeitura de São Paulo, lotado em Centro de Educação Infantil (CEI). Entrei na Prefeitura em 1998 pelo concurso quando o cargo era de Diretor de Equipamento Social e as Creches pertenciam à Assistência Social.
    O Dória gosta de servidor publico?
    Sérgio Antiqueira – O Prefeito João Doria demonstrou já no seu primeiro ano de mandato, não ter interesse em investir nos serviços públicos que a população tanto precisa. Quis desmontar as farmácias nas UBSs, reduziu remédios, fechou unidades e reduziu horários de atendimento. Parou a construção de Hospitais e CEUs. Reduziu o transporte escolar e a merenda e queria colocar ração para a população de rua e para as crianças. Quer fechar bibliotecas, acabou com equipamentos culturais e quer vender o Centro Cultural Vergueiro. Desmontou os programas de assistência social. Quer vender os cemitérios. Não fez uma chamada de AGPPs, pessoal administrativo com quadro extremamente defasado e sem os quais os serviços na prefeitura ficam absolutamente precários. E pretende extinguir o quadro de Agentes de Apoio (nível operacional) hoje já amplamente terceirizado. Cortou mais de 3 bilhões em saúde e educação até metade do ano, afirmando que havia um déficit na Prefeitura, mas desmentido pela imprensa que revelou que Doria mantinha em caixa 11 bilhões para investir nos serviços que São Paulo tanto precisa. Iniciou o ano eleitoral com mais de 6,5 bilhões em caixa. Essa falta de compromisso com os serviços, além do reajuste de 0,01%, já seria o suficiente para demonstrar o desapreço com os trabalhadores que fazem os serviços funcionarem, às duras penas, sem condições de trabalho, com pessoal insuficiente. Mas para fechar 2017, Doria enviou em 18 de dezembro um projeto de lei que pretende aumentar os descontos previdenciários de 11% hoje e que poderiam chegar próximos a 19% para algumas categorias, e taxando até aposentados com salários baixos que hoje são isentos. E mesmo assim, esse projeto se aprovado irá quebrar a previdência dos servidores atuais.
    O que é o Sampaprev?
    Sérgio Antiqueira – Sampaprev seria um órgão gestor de previdência complementar para futuros servidores que ganham acima do teto do INSS (R$ 5.645,80). A proposta apresentada por Haddad foi retirada da Câmara após pressão dos servidores e das entidades, mas reapresentada no final do seu mandato (dez/2016), descumprindo o negociado. O PL 621/2016 de Haddad foi totalmente reformulado por Doria, deixando de ser o PL do Sampaprev, que já era ruim, para se tornar o que chamamos de PL do Extermínio, pois quebrará definitivamente nosso Iprem e servirá como mais desculpas para acabar com o funcionalismo municipal. Nesse novo projeto de Doria que corta salário de servidores, a previdência complementar também é imposta aos futuros servidores, reduzindo ainda mais o caixa do Iprem. A diferença é que a contribuição máxima do governo foi reduzida de 8,5% para 7,5% e a Prefeitura não é obrigada a constituir o Sampaprev podendo a previdência complementar ser gerida por órgãos de outros entes, como o SPPREV do governo Alckmin.
    O Iprem ja emprestou dinheiro para servidor, por que hoje esta quebrado? Como chegou a isso?
    Sérgio Antiqueira – Até 2005 o Iprem servia para gestar apenas pensões por falecimento de servidores. Contribuíamos 3% e o governo 2%. As aposentadorias eram pagas integralmente pelo tesouro municipal. Como o Iprem era superavitário, os governos como os de Maluf e Pitta, usavam o dinheiro do Iprem como empréstimos para o caixa da Prefeitura que aplicava no mercado financeiro. Com a reforma previdenciária de 2003 aplicada em 2005, passamos a contribuir 11%, o que diziam que tornaria o Iprem sustentável. O Governo Serra além de não colocar nenhum aporte inicial para o Caixa não pagou o que devia ao Iprem, dizendo que a dívida seria abatida pelos aportes futuros, ou seja, aquilo que a Prefeitura tem a obrigação de complementar às contribuições dos servidores e da prefeitura, para garantir o pagamento das aposentadorias e pensões, direito dos servidores que construíram e mantiveram os serviços públicos por uma vida toda.
    O governo justifica que deve mexer na previdência por qual motivo?
    Sérgio Antiqueira – O governo chama o dinheiro que complementa para garantir as aposentadorias e pensões de déficit. Sua justificativa é que em 2025 o gasto com pessoal chegaria a 60%. As projeções utilizadas pelo governo são uma farsa. De 2005 a 2017, diferentemente do que o governo quis que todos acreditassem, a proporção de gasto com pessoal foi reduzida. Gastava-se 38% da Receita Corrente Líquida em 2005, em 2017 a Prefeitura gastou apenas 35%. Pela Lei de Responsabilidade Fiscal o Executivo pode gastar até 54%. Estamos muito longe dos limites previstos, e São Paulo não tem problemas financeiros. O governo fez uma projeção até 2025 como se o gasto com servidores ativos e aposentados fossem crescer entre 10% e 11% ao ano, sendo que de 2016 para 2017 cresceu apenas 3,6% (crescimento vegetativo da folha). Enquanto isso projetou crescimento da receita de 5% ao ano até 2025, sendo que só no último ano, em relação a 2016, a Receita Corrente Líquida da cidade cresceu 10%. Ou seja, não é o gasto com ativos e aposentados o problema. 
    Houveram reuniões com o governo? E o que saíram dessas reuniões?
    Sérgio Antiqueira – O governo Doria fez reuniões com as entidades sindicais ao longo de 2017 para discutir a previdência. Mas apenas mostrou projeções catastróficas e um estudo atuarial para os próximos 75 anos, questionado na própria Câmara. A proposta limitava-se à previdência complementar (antiga proposta de SAMPAPREV). E mesmo quando questionado, o governo nunca confirmou se faria aumento de alíquotas, alíquota complementar ou segregação de massas e nem apresentou os temas para debate. Disse ainda que apresentaria o projeto quando o encaminhasse à Câmara. Nada disso foi feito. Quando perguntado pelo Sindsep se haveria disposição de apresentar os números de gastos com Organizações Sociais (para onde vão grande parte dos recursos que serviriam à reposição de pessoal e de contribuições), o governo se negou explicitamente.
    O que é o PL do Extermínio? Quem é prejudicado por esse projeto?

     Sérgio Antiqueira – Além de aumentar para até 19% as alíquotas atuais e taxar aposentados isentos, o PL permite que a Prefeitura reduza a sua contribuição patronal atual de 22% hoje para 14%. Ou seja, os servidores passariam a assumir os encargos do governo com seu próprio salário. É confisco, corte de salário. O caixa do Iprem vem diminuindo porque o governo não faz concursos para suprir as vagas que vão surgindo. De 2009 a 2017 a Prefeitura que tinha 132 mil servidores na ativa passou a ter 122 mil, portanto, 10 mil servidores a menos. Esses dados são do próprio governo. Com esse repasse de obrigações do governo para os servidores (aumentado a contribuição do servidor e reduzindo da prefeitura), não haverá aumento de caixa. E se isso não bastasse, o novo projeto de Doria pretende segregar massas. Ou seja, os atuais servidores ativos, aposentados e pensionistas vão ficar segregados em um caixa à parte dentro do Iprem (FINAN) em que não receberá nunca mais a contribuição dos futuros servidores que ingressarem por concurso. Esses futuros servidores ficarão em outro fundo chamado FUNPREV. É o dinheiro deles que servirá à capitalização por instituições financeiras.Com o aumento de aposentados e redução de ativos sem reposição da contribuição de novos servidores o FINAN cada vez exigirá um volume maior de aporte da Prefeitura e servirá de desculpas para congelamentos salariais como já aconteceu em vários entes federativos. Nesses casos, além de não poder reajustar mais, fica proibido o concurso, ou o pedido de novos adicionais como quinquênio e sexta-parte, e ficam impedidos os servidores de progredirem, promoverem ou evoluírem na carreira. É o fim do funcionalismo municipal na cidade.

    Por que é importante o Ato do dia 19 de fevereiro no centro de São Paulo? Que horas e onde vai ser? 

    Sérgio Antiqueira – O Sindsep já realizou um ato na Câmara, articulando a unidade com inúmeras entidades, no dia 1º de fevereiro. Serviu de alerta aos vereadores, mas dia 19 será ainda mais importante. É dia de demonstrarmos a Doria que não aceitamos confisco de nossos salários e que vamos lutar para defender nossos direitos e nosso futuro. Estamos chamando para o ato/assembleia às 13 horas na Praça do Patriarca, na esquina com a Rua São Bento e Quitando, em frente ao Sindsep. Temos que manifestar contra Doria, demonstrando nossa indignação para construir um calendário unificado com todo o funcionalismo municipal para a construção de uma greve, se necessário. Temos a palavra de ordem: Se botar para votar, São Paulo vai parar! 

    Por que foi escolhida essa data, do dia 19?

    Sérgio Antiqueira – Dia 19 foi escolhido pela categoria em assembleia desde 17 de janeiro. Essa é a data proposta pela CUT e pelas centrais sindicais como um Dia Nacional de Luta, Mobilizações e Paralisações contra a reforma da Previdência proposta por Temer. Estamos sendo atacados tanto pelo governo municipal, quanto pelo Federal. Doria quer que paguemos mais e Temer que trabalhemos mais, até morrer. Ambos se demonstraram parceiros no ataque aos direitos e ao funcionalismo. Por isso às 17 horas também haverá ato na Avenida Paulista.  
    Por que o governo Doria deseja a todo custo passar este projeto de lei?
    Sérgio Antiqueira – As maiores interessadas nesse projeto são as instituições financeiras. Não é a toa que, segundo o governo, a FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos) “doou” estudos sobre a previdência dos servidores. São os nossos dados nas mãos de banqueiros. A página inicial do site da entidade tem uma enorme propaganda em defesa da reforma da previdência de Temer. Se a reforma de Temer passasse, os bancos teriam a garantia de manutenção dos recursos da união para pagamento de juros e títulos da dívida pública que consome metade do orçamento arrecadado por impostos.  Por outro lado, a reforma iria fazer com que os mais pobres morressem sem se aposentar (muitas regiões do país e da cidade a expectativa de vida é inferior aos 65 anos), e os com alguma renda melhor procurariam os bancos para comprar planos de previdência (direitos se tornam mercadorias). Da mesma forma, as instituições financeiras estão de olho no dinheiro dos servidores de São Paulo. Pelo Projeto de Dória, além do dinheiro da previdência complementar (gerida pelo Sampaprev ou por outro órgão), toda a contribuição dos futuros servidores sobre os vencimentos e subsídios abaixo do teto do INSS, podem ser aplicados no mercado financeiro, garantindo o lucro de bancos. Em 2017, o Itaú fechou o ano com 24 bilhões de lucro líquido. E ainda ganhou de Temer um perdão de mais 25 bilhões de Reais em dívida com a Receita Federal. Para o Santander, o perdão da dívida foi de 338 milhões. Itaú e Santander devem juntos para a Prefeitura de São Paulo mais de 6 bilhões de Reais, o que equivale a mais do que 11% da receita da cidade. Mas Dória prefere repassar a conta aos servidores.

  • Doria privatiza orçamento da saúde

    Doria privatiza orçamento da saúde

    Por Cecilia Capistrano Bacha e Gustavo Aranda, dos Jornalistas Livres

    Em duas canetadas o prefeito de São Paulo, João Doria Junior, fez a fatia das Organizações Sociais que administram parte dos serviços oferecido na cidade (OSs) crescerem de 57% para 66,6% sua participação no orçamento da saúde. Dos R$ 6,6 bilhões aprovados no ano passado, Doria congelou R$ 1,38 bi, e dos R$ 5,22 bi que restaram, destinou dois terços para a administração privada e um terço para a chamadas unidades com “administração direta”.

    Privatização do Orçamento

    Diante do contingenciamento de 20% no orçamento da saúde, anunciado pele prefeito no começo do mandato, a Secretaria da Fazenda solicitou uma redução de 15% nas despesas da pasta. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS), no entanto, em reunião extraordinária com as chamadas “entidades parceiras”, definiu um corte de 7,2% nos contratos firmados, ou seja, dos atuais R$ 3,8 bilhões, as organizações sociais terão uma redução de R$ 279 milhões, devendo receber R$ 3,6 bilhões pelos contratos em 2017. Caso não haja descongelamento de verbas durante o ano, a redução para o setor público será na ordem de 35%, cinco vezes maior do que o que foi imposto aos parceiros privados.

    Traduzindo os números em moeda, dos R$ 5,24 bilhões disponíveis no orçamento, R$ 3,6 bi serão gastos com as OSs, que administram 51% dos serviços prestados, restando apenas R$ 1,6 bi para o setor público administrar a outra metade do sistema.

    Questionada como faria para administrar os mesmos serviços com menos da metade do dinheiro, a SMS não respondeu, preferindo se ater ao corte destinado às OSs, conforme nota ao final da matéria.

    Além da tesoura orçamentária, as entidades ainda terão que incorporar dois dissídios – setembro de 2016 e maio de 2017 – nos salários dos servidores. A expectativa dos trabalhadores da saúde é de demissões e aumento da precariedade dos serviços.

    Segundo a dirigente da Secretaria dos Trabalhadores da Saúde do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São Paulo (Sindsep – SP), Lourdes Estevão, os funcionários das entidades vivem um momento de apreensão. “Como até agora a pasta não apresentou nenhuma proposta concreta de trabalho nem para os trabalhadores nem para o Conselho Municipal, a impressão que temos é que eles lançam as ideias pelos jornais e, se ninguém reclamar, eles seguem cortando.”

    Lourdes contou ainda que o clima de boataria é tão grande que já chegou aos bairros. “No Capão Redondo, por exemplo, a entidade parceira ameaça fechar a AMA [Assistência Médica Ambulatorial] local. Como eles não conseguem enxugar nas emergências, é no serviço ambulatorial que recai a maior cobrança. Uma coisa é certa, se cortar verba, vai cortar serviço, não tem jeito”.

    “Muitos trabalhadores estão nos procurando preocupados porque a promessa é de que havendo demissões, os servidores serão absorvidos por outras organizações, porém, com salários até 40% mais baixos”, revelou a dirigente.

    Trabalhadores ouvidos pela reportagem confirmam as informações dadas por Lourdes.

    Segundo um assistente técnico administrativo de uma das maiores organizações parceiras da Prefeitura, que pediu anonimato, “o problema é que falta dinheiro até para mandar gente embora, mesmo maus funcionários vão ficando”.

    Procuradas, as entidades não quiseram se manifestar oficialmente. Porém, com a crise econômica e agravamento do desemprego, o aumento da procura pelo SUS já pôde ser sentido nos pontos de atendimento. Além disso, o desequilíbrio gerado pela má distribuição dos recurso deve aumentar a pressão sobre os serviços prestados pelas organizações parceiras.

    Para o Sindsep não há evidências de que os serviços de saúde tenham melhorado com a terceirização. Pelo contrário, as condições de trabalho têm piorado e o sucateamento do sistema é visível para os usuários.

    Só com publicidade, Doria gastou em abril R$ 805 milhões (mais da metade, ou 58% do corte total da Saúde), para anunciar o fim das filas com sua bandeira de campanha, o projeto “Corujão da Saúde” – fazendo uso de dados inflados, como revelou recente a checagem feita pela Agência Lupa para a revista Piauí. Essas filas, diga-se, já estão de volta, acelerando, como gosta de dizer o prefeito.

     

     

    Leia a íntegra da nota enviada pela Secretaria Municipal de Saúde:

    “A Secretaria Municipal de Saúde esclarece que, devido a uma queda na arrecadação, foi necessária a tomada de medidas e de ações no sentido de utilizar de forma mais inteligente os recursos da pasta. É preciso deixar claro que estas medidas não vão impactar no atendimento à população, pois o objetivo é a otimização de despesas, com base na readequação de contratos com as Organizações Sociais de Saúde (OSS), utilizando de forma mais eficiente o recurso disponível.

    A prioridade é a redução de despesas institucionais, aquelas que não impactam diretamente na assistência. Desta forma, não há qualquer decisão em torno de redução de equipe e de plantões médicos. Pelo contrário, o objetivo é o de manter a capacidade assistencial adequada. Cabe destacar que, em alguns casos, poderá ocorrer o remanejamento de equipes, saindo de uma área e indo para outra.

    Em relação a valores, não é possível fazer qualquer estimativa, pois as negociações com as OSS seguem em andamento. Algumas delas, inclusive, já apresentaram os seus novos planos de trabalho, com as readequações solicitadas pela secretaria, especialmente no que diz respeito às despesas institucionais, nas quais está se buscando um nível de economia sem qualquer comprometimento do atendimento à população.”