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  • HIGH SOCIETY FAZ CAMPANHA EM INGLÊS PARA “APOIAR” MORADORES DE RUA. SQN!

    HIGH SOCIETY FAZ CAMPANHA EM INGLÊS PARA “APOIAR” MORADORES DE RUA. SQN!

    Por Luiza Rotbart, dos Jornalistas Livres

     

    Será lançada hoje, dia 12.09, no descoladíssimo Mirante Nove de Julho, em São Paulo, a campanha Nós, que vai se transformar em uma exposição de fotos com celebridades e pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social.

    Artistas e famosos como Alinne Moraes, Bruno Gagliasso, Ticiane Pinheiro, Popó, Vivi Orth, Gabriela Pugliesi, Fernanda Paes Leme, Henrique Fogaça, Carol Celico, Cris Arcangeli, Giovanna Lancellotti, Manu Gavassi, Mica Rocha, Paloma Bernardi, Giane Albertoni, Fran Fischer, Luciana Gimenez e Enzo Romani, clicados pelo fotógrafo Gabriel Wickbold, abraçam pessoas em situação de rua, em campanha publicitária que mostra como o oportunismo empresarial e a falta de ética não encontram limite na nossa sociedade.

     

    Chega a ser constrangedora tamanha audácia marqueteira.

    Toda a campanha leva o nome em inglês (só podia ser em inglês, não é?): “I Believe in Good People” (eu acredito em pessoas boas). Camisetas com a inscrição estão à venda no site da ONG ARCAH e nas lojas Riachuelo, além dos 60 pontos de venda nas rede de lojas pelo país. Custam adulto (R$ 39,90) e infantil (R$ 29,90).

    O incrível dessa iniciativa é quem a promove.  A ONG ARCAH tem como um de seus fundadores ninguém mais, ninguém menos do que Filipe Sabará, secretário de assistência social do prefeito João Doria (PSDB), um notório inimigo da população em situação de rua. Desde o início da gestão Doria, intensificaram-se as ações higienistas no centro da cidade, com abordagens truculentas da Guarda Civil Metropolitana e do rapa, que invariavelmente terminam com a destruição de roupas, cobertores e documentos do povo sem teto. Até jatos de água fria, em madrugadas de frio invernal, já foram disparados contra famílias que moram nas ruas por absoluta falta de opção.

    Segundo a revista “Veja São Paulo”, a ONG Arcah tem três fundadores com “sobrenomes sonoros e os rostos conhecidos das colunas sociais”.

     

    “A família de Filipe Sabará (…) fornece insumos à Natura, e ele é dono da marca de cosméticos Reload. Fabi Saad, 30, herdeira do Grupo Bandeirantes, possui uma loja virtual de moda e decoração. Alex Seibel, 29, acionista da Duratex, integra o clã que controla a Livraria da Vila.”

     

    Como sempre, o high society rejeita políticas governamentais de inclusão social, como o programa Braços Abertos, criado durante a gestão de Fernando Haddad (PT), e destruído assim que Doria assumiu o cargo de prefeito. Como sempre, o high society gosta de fazer caridade e dar esmolas. Como sempre, adora participar de ações sociais, desde que apareçam nas colunas sociais.

     

    A Riachuelo é outro parceiro na iniciativa. “Diga-me com quem andas…” O presidente da Riachuelo é Flavio Rocha, um entusiasta do golpe de estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, além de ser um cara que acredita que a melhor forma de combater a corrupção é a economia de mercado (sei, aquela que tem a JBS, a Vale do Rio Doce e as operadoras de telefonia, essas excelências em serviços e respeito ao consumidor).

     

    O site das lojas Riachuelo, aliás, exibe as camisetas “I BELIEVE IN GOOD PEOPLE” apresentadas por modelos exclusivamente brancos, em um retrato do apartheid que nos corrói.

     

    Até quando a hipocrisia e inversão de valores terão holofotes em nossa sociedade? Quem comprará os produtos “I BELIEVE IN GOOD PEOPLE”? Quem participará desse negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim!

     

     

     

     

  • Doria corta serviço de atendimento aos moradores de rua

    Doria corta serviço de atendimento aos moradores de rua

    Com o prefeito Doriana é assim: na propaganda, entrega de cobertores para pessoas em situação de rua. Na vida real, demissão de cerca de 400 trabalhadores terceirizados que fazem abordagem a esta população na cidade de São Paulo.

    As demissões serão possíveis porque a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) resolveu cortar o turno da manhã do Serviço Especializado de Abordagem – SEAS. Para a Maria Gusmão, diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência e Educação à Criança, ao Adolescente e a Família do Estado de São Paulo – SITRAEMFA, a decisão afeta diretamente o serviço, pois é no período da manhã que a abordagem é mais eficaz já que muitos fazem uso de bebidas alcoólicas e drogas durante o dia e a noite, o que prejudica o vinculo com os profissionais.

    “O problema é que um prefeito que tem pouco mais de 100 dias de governo e um secretário que está ocupando o cargo há alguns meses acham que entendem de uma situação tão complexa como a que vivemos em São Paulo. Tomam decisões sem ouvir os trabalhadores que lidam todo dia com o problema”, explicou Maria Gusmão.

    Segundo a dirigente, nem mesmo o Conselho Municipal de Assistência Social de São Paulo – Comas-SP foi ouvido.

     

    Visão limitada da Assistência Social

    O que está por trás do corte do serviço de abordagem durante o dia é uma visão limitada e assistencialista da Assistência Social da pasta comandada pelo secretário da Secretaria Municipal de Assistência Social, o empresário Filipe Sabará.

    Para a orientadora sócio-educativa do SEAS da Zona Norte, Brenda Lima, ao limitar as abordagens no período da tarde e noite, o secretário limita o serviço ao encaminhamento para os albergues, “mas o nosso trabalho é muito mais do que isso, tem as orientações para retirada de documentos, acompanhamento dos tratamentos médicos, do vínculo com a família, e tudo isso é feito durante o dia, não à noite”, explica.

    Outra perversidade da medida é que os mais prejudicados com as demissões serão as crianças e os adolescentes. Segundo a orientadora Rosa Silva, do SEAS – Oeste, que trabalha diretamente com esta faixa etária, este é grupo mais sensível para a criação de vínculos, e a queda repentina desta relação pode afetar as relações de cofiança que vêem sendo estabelecidas a longo prazo.

     

    > Na próxima segunda-feira, 31/07, às13h, haverá novo protesto dos trabalhadores, desta vez na porta do COMAS/ SP que fica na Praça Antônio Prado, 33, em São Paulo.