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  • Ativista teve a casa invadida e foi intimidada por policiais

    Ativista teve a casa invadida e foi intimidada por policiais

    Ao testemunhar uma abordagem violênta que ocorria próximo a janela da sua casa a professora e ativista Maria Nilda de Carvalho, a Dinha, começou a gravar com o celular. Os policiais perceberem a filmagem, e invadiram sua casa arrombando o portão, e a porta, abrindo a janela e derrubando a cortina. Os policiais fizeram xingamentos e jogando as luzes lanternas, tentaram intimidar a ativistas com ameaças de prisão.

    Dinha é articuladora em seu bairro, zona sul de São Paulo, da Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio, e graças a sua experiência e consciência teve coragem de gravar a ação da polícia contra pessoas no seu bairro. Ela gravava e transmitia simultaneamente a um dos grupo da Rede, para conseguir se proteger. Os policiais então invadiram a sua casa.

    Campanha de proteção a Ativista

    Em função dos danos causados a sua casa e a necessidade de maior proteção a ativista, a Rede lançou uma campanha no link :
    https://abacashi.com/p/portas-janelas-e-camera-de-vigilancia-para-dinha as doações também servem para comprar uma câmera de vigilância e ampliar a proteção da ativista que sofreu ameaça dos policiais.

    Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio é um grupo que se pauta no trabalho em rede composto por organizações, como coletivos, ONGs e Pastorais, e pessoas, com atuação voluntária, que são ativistas e profissionais de várias áreas tanto do setor público, quanto do privado do Estado de São Paulo. Esta articulação de militantes denuncia as frequentes ações de violência policial, que ocorrem principalmente nos bairros periféricos de São Paulo, e buscam informar as vítimas e as conectar as instituições e ONGs que possam protegê-las.

    Assista a entrevista de Dinha contando mais sobre a ação e sua atuação na Rede de Proteção ao testemunho.

    A campanha Fala Quebrada promovida pela Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio contém dois formulários que permitem denúncias em dois casos:

    Para CASOS DE VIOLÊNCIA POLICIAL, clique ou copie e cole em seu navegador: https://forms.gle/f446ajmbiPpcmyVC6

    Para DENÚNCIAS RELACIONADAS A TRABALHO, clique ou copie e cole em seu navegador: https://forms.gle/qpEcaq1QgWAn4nys6

    Para mais informações, acompanhar
    https://www.facebook.com/RedeContraoGenocidio/
    https://www.instagram.com/rededeprotecao_e_resistencia

    Como a ativista foi intimidada pelos policiais

    Apesar das ameaças ela não saiu de casa com medo dos policiais. Eles arrombaram a porta da sala, causando destruição em sua casa e desespero em sua família, composta por crianças pequenas. Os policiais tomaram o celular da mão de Dinha, na tentativa de apagar os vídeos, ameaçando levá-la à delegacia, incriminá-la, ou fazer isso com vizinhos, caso ela não cedesse o aparelho ou se recusasse a ir com eles.

    Os policiais também olharam sua casa, fotografaram o interior e uma policial feminina a revistou truculentamente. Antes da invasão, Dinha ainda teve tempo de avisar amigos e familiares, que logo foram socorrê-la. Ao fim, os policiais foram embora e deixaram seu celular com sua vizinha.

    Os policiais alegavam estar na abordagem, procurando o assassino de um outro policial, que segundo a reportagem da Ponte.org teria acontecido num bairro à 18 km. De qualquer forma nada justifica essa abordagem ilegal, que contraria a Constituição Federal, a qual garante a casa como um asilo inviolável. Neste vídeo da Ponte.org é possível ver algumas das imagens gravadas por Dinha da ação da polícia na rua e na invasão da sua casa.

    MAIS SOBRE
    https://jornalistaslivres.org/miguel-quantos-como-ele-correm-perigo-nas-casas-das-patroas-de-suas-maes/

  • Para discutirmos a volta às aulas

    Para discutirmos a volta às aulas

    Na próxima quarta-feira 04.08.2020, deve entrar para votação na Câmara dos Vereadores de São Paulo a PL 452/2020 de autoria do governo Bruno Covas, que estabelece medidas de retorno a volta às aulas presencial, em São Paulo. Neste artigo Joana Monteleone, levanta uma série de questões, não apenas sobre a decisão de retorno, ou de adiamento, mas também as consequências gerais que envolve a volta ou não as aulas. Como o campo progressista quer fazer esse debate?

    Por Joana Monteleone especial para os Jornalistas Livres

    A volta às aulas têm gerado debates acalorados. A data, marcada, pelo estado e pela prefeitura de S. Paulo, para setembro parece ser cedo demais no meio de um número crescente de casos. As discussões se concentram em torno dessa data: voltar ou não voltar em setembro. Mas o problema vai muito além disso, que parece ser um muro intransponível para qualquer tipo de outra discussão sobre o tema. Contudo, não discutir os problemas envolvidos na volta às aulas é deixar a solução para gestores pouco preocupados com a saúde da população e muito preocupados com os negócios privados envolvendo a educação. 

    Vamos pensar que não voltaremos às aulas em setembro. O que acontece depois disso? Quando voltarão as aulas? Em janeiro de 2021? Em fevereiro? Em março? Muitos dizem que só voltam à escola com uma vacina. Mas poucos pensam nas consequências que isso acarretará. E se a vacina demorar? E se só tivermos vacina em 2022? E se o Bolsonaro não quiser comprar a melhor vacina? Por quanto tempo as crianças e adolescentes ficarão trancados em casa sem socialização, com pouco exercício físico, grudados em telas de computador e televisão. Quais as consequências psicológicas de deixar um enorme grupo de crianças presos? Muitos médicos alertam que algumas dessas consequências começam a aparecer: obesidade, crianças sem fôlego, doenças como diabetes descontroladas. Isso sem falar das consequências psicológicas: ansiedade, depressão, angústia, insegurança. E nem vamos mencionar a evasão escolar, que certamente será altíssima no ensino médio, com a pandemia se somando a uma economia em ruínas. 

    ASSISTA A LIVE QUE FOI FEITA NO DIA 21 junho pelos canais dos Jornalistas Livres, sobre a volta às aulas na educação Infantil, em São Paulo.


    Mas é importante pensar as estratégias para o futuro agora e sair da paralisia da volta em setembro. O governo joga com isso para mascarar o absoluto fracasso das aulas online tanto em escolas públicas como nas particulares.  Aliás, pouco se fala que nas escolas particulares, como nas públicas, os professores foram abandonados à própria sorte tentando entender um sistema complexo de aulas à distância. A maioria também não teve acesso a recursos pedagógicos, internet e equipamentos. O governo, e o ministério da Educação que está se fingindo de morto, joga essa volta para mascarar a falta de planejamento, de vontade política de fazer qualquer coisa, além a própria incompetência na gestão da crise. Isso se reflete na enorme insegurança do sistema como um todo, professores, pais e alunos, para a volta às aulas. 

    Para voltarmos em janeiro o seria preciso? Reformar as escolas, abrindo janelas e melhorando a ventilação, equipamentos de proteção pra professores e alunos, equipamentos de higienização, menos alunos por sala e, portanto, mais professores (seria possível contratar mais professores de maneira emergencial? Muitos foram demitidos pelas escolas particulares e precisam de trabalho). Rodízio de alunos por dia da semana. Isso todos concordam, mas vai ser preciso mais. Médicos, enfermeiras e equipes de saúde em visitas permanentes com as escolas – é possível fazer acordos com as Postos de Saúde, as UBSs, dos bairros? É possível usar a rede de transporte escolar para pegar alunos em horários escalonados, incluindo os mais velhos, assim eles não pegam o transporte público? Talvez até buscarem professores?

    Teremos de ter testes e testagens contínuas. Não se pode começar as aulas sem testar todos os professores. E tem-se que estabelecer protocolos de isolamento e rastreamento de contatos caso alguém apresente febre ou sinal de alguma doença. Mas os testes têm de ser contínuos para conseguirem pegar a quantidade de infectados. Quando a vacina chegar, os professores têm de estar no começo da fila. 

    Para a volta em janeiro é preciso começar a preparar e treinar os professores pra dar conta de conteúdos perdidos, de casos de desaprendizagem, defasagem e falta de vínculo com a escola. Planejamentos têm de ser feitos, coordenações têm de afiadas com metas e afetivamente ligadas às crianças, professores sem se fala, têm de treinados, direcionados e apoiados. E esse treinamento tem que começar agora – senão em janeiro e fevereiro não estarão preparados. Esse treinamento pode começar online, mas tem que acontecer. É completamente desumano jogar professores e alunos (e funcionários e coordenação) numa volta da pandemia sem treinamento, acolhimento e ajuda psicológica. 

    E se seguirmos a máxima de sem vacina, sem volta à escola. Ficarmos dois anos em confinamento? Uma criança de 5 anos ficará dois anos sem aprendizagem presencial, sem socialização? Com 7 ela voltará a ter o conteúdo de quando tinha 5? Se ela está mais avançada, vai pular séries? Os alunos de escolas particulares que tiveram aulas online vão ser privilegiados, como sempre, mas as consequências da falta de socialização serão duramente sentidas. O ensino médio sofrerá uma enorme evasão, com os alunos tendo que ir trabalhar para ajudar nas despesas da casa por causa do agravamento da crise econômica. O governo de São Paulo, já sabendo disso, prepara um novo modelo de ensino médio tentando reverter o quadro de evasão. 

    Mas voltando um pouco. Se vamos ter mais tempo de confinamento, que os alunos tenham computadores, internet e acesso a psicólogos e psicopedagogos. Que os professores recebam treinamento pra dar essas aulas (e tb acesso a esses profissionais), livros didáticos condizentes, auxílio-internet e auxílio-computador (que também deve incluir auxílios para luz, uma parte da moradia tem que ser bancada pelo Estado), além de auxílios para livros e materiais para fazer as aulas online. A discussão da volta ou não volta máscara tudo isso, coloca uma barreira impenetrável na discussão. Se não formos nós a proteger professores, alunos e trabalhadores a volta vai ser de qualquer jeito.

    Não seria esse um bom momento para diminuir o gap tecnológico e dar ou emprestar computadores ou tablets com acesso a internet aos alunos e professores? Sar acesso a materiais online de qualidade para professores prepararem as aulas. Filmes, exposições, shows de música, por exemplo?

    No meio dessa volta sem planejamento e desse longo período sem escola presencial já começam a ser divulgadas Fake News dizendo que os trabalhadores da educação não trabalham e são privilegiados. Bolsonaro e seu Ministério da Educação, ao lado de Dória e outros governadores, Covas e outros prefeitos, estão com a caneta na mão preparando o fim da estabilidade por concurso. É acender o fósforo e jogar para o congresso. 

    Sem que o campo progressista discuta, debata e fale sobre a volta às aulas e ensino à distância as soluções vão partir das instâncias governamentais liberais ou de extrema-direita. É preciso dar uma perspectiva de volta e diretrizes seguras para todos. Não é simples. É urgente tomar a frente dessa discussão, senão vai ser mesmo o massacre — não vai ser só um massacre do vírus, mas dos trabalhadores da educação.


    Joana Monteleone, é mãe, professora, editora e historiadora. Autora dos livros “Toda comida tem uma história” (Oficina Raquel, 2017) e “Sabores Urbanos: alimentação, sociabilidade e consumo” (Alameda Casa Editorial, 2015), também é colunista do Brasil de Fato.


    Os Jornalistas Livres tem feito diversas matérias sobre essa questão desde de o início da pandemia.
    LEIA:
    Aulas presenciais para aumentar o genocído?

  • PSOL monta chapa com Boulos e Erundina de olho no eleitorado petista

    PSOL monta chapa com Boulos e Erundina de olho no eleitorado petista

    E eis que o PSOL escolheu Guilherme Boulos e Luiza Erundina como seus candidatos a prefeito e vice da cidade de São Paulo, no próximo pleito, a realizar-se no dia 15 de novembro, com segundo turno marcado para 29 de novembro, dependendo de a quantas ande a tragédia da covid-19. Trata-se de uma chapa mezzo petista (PT), mezzo psolista (PSOL), já que Boulos é tido como o mais lulista dentre os psolistas e que a deputada Erundina fez grande parte de sua carreira política dentro do PT, partido pelo qual foi eleita prefeita da Capital em 1988.

    Por Laura Capriglione dos Jornalistas Livres

    Assim, é natural que muitos petistas lancem olhares apaixonados para a chapa do PSOL, que seria o feliz encontro da juventude de Boulos (38 anos) com a experiência de Erundina (85 anos), o match perfeito entre o poderoso movimento de moradia dos dias atuais (Boulos) e a resistência histórica do povo trabalhador, nordestino e periférico (Erundina).

    A chapa Boulos-Erundina inflama de entusiasmo os corações petistas porque parece ser o PT de raiz, aquele que era mais ligado às lutas do que aos conchavos. Parece ser o PT sem a burocracia partidária, sem os funcionários sabichões que substituíram a militância. Parece ser o PT sem medo de sonhar. Sem medo de desejar o impossível.

    Ocorre que o PT já escolheu Jilmar Tatto para representá-lo na disputa pela Prefeitura, depois de uma disputa acirrada, que envolveu um total de sete candidatos a candidato. Jilmar venceu, é preciso dizê-lo, legitimamente, depois de um processo reconhecido por todos os demais candidatos.

    Mas é grande a diferença entre vencer e convencer. Jilmar Tatto parece ter dificuldade para unificar o seu próprio partido em torno de si, que dirá empolgar os movimentos sociais e os setores democráticos. Ou seja, a candidatura de Jilmar Tatto corre o risco de não decolar, apesar do empenho da máquina partidária.

    Diante dessa situação, militantes inconformados sustentam que Lula deveria —de novo— “forçar” o ex-prefeito Fernando Haddad a se candidatar pelo PT. Haddad que seria “o único nome com força para empurrar a esquerda para o segundo turno, [que] poderia inclusive unificar a esquerda na cidade.”

    Só que Haddad não quer, não cogita, acha que já se “sacrificou demais” pelo partido. Haddad precisa descansar.

    Prevê-se um “desastre político gigantesco”, como decorrência de o PT ir para a disputa na principal capital do país “sem a possibilidade de chegar ao segundo turno”.

    O drama é que o PT já foi para a disputa na principal capital do país e não chegou ao segundo turno. Foi na última eleição para prefeito, em 2016, quando o candidato era o próprio Haddad, que perdeu a eleição para a chapa Doria-Covas no primeiro turno, fato inédito na história da cidade desde as eleições municipais de 1992, ano em que foram realizadas as primeiras eleições municipais em dois turnos no Brasil.

    Mas o PT preferiu recalcar a memória desse desastre anterior, em vez de tentar entender o que levou o maior partido de esquerda ao vexame eleitoral.

    A crise do PT na cidade de São Paulo está escancarada. Nenhum dos pré-candidatos que disputaram a candidatura pelo partido empolga a militância. Aliás, todos, com exceção de Kika da Silva, ativista do movimento negro que entrou na disputa na última hora, representam um PT com uma cara muito diferente daquela que tem o povo trabalhador. Jilmar Tatto, Alexandre Padilha, Nabil Bonduki, Paulo Teixeira, Carlos Zarattini e Eduardo Suplicy, os outros pré-candidatos, são homens brancos, de classe média, que estudaram em ótimas faculdades e que estão no PT desde o século passado.

    O ex-presidente Lula, na casa do deputado federal Paulo Maluf, ao lado de Haddad: campanha eleitoral de 2012 Foto: Eliária Andrade
    O ex-presidente Lula, na casa de Paulo Maluf, ao lado de Haddad: campanha eleitoral de 2012 Foto: Eliária Andrade

    O PT envelheceu e perdeu o encanto porque não foi capaz de compreender as novidades que surgiram dos becos e vielas das periferias. Porque se acostumou demais com os acordos sem princípios (lembra daquela foto-vergonha de Lula, Haddad e Maluf?). Porque se tornou parte do establishment.

    Não tem indicação de Lula, não tem “sacrifício” de Haddad, nada e nem ninguém poderá, de agora até as eleições, reverter esse quadro.

    E, no entanto, o povo pobre continua gerando inteligências agudas, mobilizadoras e de luta. Como a grande liderança do movimento de moradia no centro de São Paulo, Carmen Silva Ferreira, mulher negra, sem teto, mãe de 8 filhos, que não se cansa de testemunhar como a vida era melhor durante os governos Lula e Dilma. Ou como Paulo Lima, o Galo, membro dos Entregadores Antifascistas, que me disse que “nunca falaria mal do Lula porque sabe que na época em que ele esteve na Presidência os pobres viviam com mais dignidade”. Ou como os professores e professoras que lutam todos os dias nas quebradas em defesa da escola pública e gratuita.

    Os governos de Lula e Dilma ainda ressoam forte nos corações das classes populares e é esse o maior ativo do PT.

    Em 10 de fevereiro de 1980, dia da fundação do PT, os militantes da esquerda armada, os intelectuais, os sábios que tinham lido o Capital de trás para a frente e da frente para trás, a juventude, os artistas e os católicos ligados à Teologia da Libertação foram obrigados a ceder o protagonismo para a classe operária em luta no chão de fábrica. De lá para cá, a automação demitiu centenas de milhares e reduziu a força sindical dos trabalhadores, é verdade. Mas o povo não parou de lutar. Está lutando, está organizado nas periferias. É hora de os burocratas do PT entenderem que precisam abrir espaço para essas novas lideranças femininas, negras, LGBTs e periféricas (que, aliás, foram empoderadas durante os governos de Lula e Dilma), ou perecerão todos, sufocados e sem respiradores.

    O mais importante, agora, é ressuscitar a mais poderosa ferramenta para a emancipação dos trabalhadores já criada no Brasil: o Partido dos Trabalhadores.

    (Quanto às eleições para prefeito, é preciso analisar o quadro político com atenção. Ver como a candidatura de Boulos acontece. E como reagirá a candidatura Jilmar Tatto. Sobre essa base, tomar as decisões que reforcem a luta contra o governo fascista de Jair Bolsonaro. O resto, só a luta resolverá.)

    Leia mais: UMA BREVE HISTÓRIA DA CRISE, UMA BREVE HISTÓRIA DA CRÍTICA

     

    Leia mais textos de Laura Capriglione aqui:

     

    EXCLUSIVO: Um mês dentro do grupo dos Entregadores Antifascistas: política, solidariedade e empoderamento

     

    Edifício Caveirão: entre ruínas e violência policial, mulheres lutam para não ir para a rua

     

    Pandemia: Cumprimentar com o cotovelo é o fim! Viva o Namastê!

    EDITORIAL – HOJE É DIA DE LUTO! PERDEMOS O MENINO GABRIEL

    Torcedores antifascistas: Heróis da Resistência, Povo em Luta, nossos Panteras Negras

    Torcidas do Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo se unem contra o fascismo

    OSVALDO ANTÔNIO DOS SANTOS – Morre um herói da nação brasileira, vítima da Covid-19

     

     

  • #BrequeDosApps São Paulo – Fotos: Fernando Sato

    #BrequeDosApps São Paulo – Fotos: Fernando Sato

    #BrequeDosApps São Paulo – Avenida Paulista fechou com a paralisação dos entregadores de aplicativos

    Fotos: Fernando Sato (@Satodobrasil) para os Jornalistas Livres

     

     

  • Mais de um ano depois, inocentes por falta de provas

    Mais de um ano depois, inocentes por falta de provas

    Mais de um anos depois de serem mandados para a prisão, terem a liberdade provisória concedida e aguardarem a decisão final, jovens foram considerados inocentes. Na decisão a juíza declarou que “JULGO IMPROCEDENTE a denúncia, para o fim de absolver” os quatro jovens. A história dos quatro jovens do Jd São Jorge é exemplar e a decisão de sua inocência sair em meio explosões de manifestações contra o racismo e violência policial no mundo, por conta do assassinato de George Floyd pela polícia dos Estados Unidos, torna a situação exemplar.

    Washington Almeida da Silva, os irmãos Pedro e Fabrício Batista e Leandro Alencar de Lima e Silva foram presos em dezembro de 2018, após terem sido acusados de roubar um Uber na Zona Oeste da cidade de São Paulo. Eles foram para a prisão em seguida. Enquanto estiveram na prisão suas famílias passaram a lutar para provar sua inocência. Depois se organizaram e reuniram provas que demonstraram a inocência dos quatro. Com apoio da Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio, organizaram atos para mobilizar as pessoas do bairro onde os jovens nascerem e crescerem, Jd São Jorge, na Zona Oeste da cidade.

    As famílias reunidas
    Foto: Lucas Martins / Jornalistas Livres (Abril de 2019)

    Em março do ano passado a juíza Cynthia Torres Cristofaro, da 23ª Vara Criminal, concedeu liberdade provisória para os quatro. Desde então os jovens apresentaram as provas que as famílias e o advogado Luiz Toledo Piza juntaram ao longo do processo e aguardaram a decisão da juíza. Na última quinta feira, 4, veio então a decisão.

    Nela a juíza Cristofaro, depois de retomar os pontos do processo, afirma que “ao exame da prova dos autos persiste dúvida insuperável quanto à hipótese acusatória, mal esclarecida” e lembra que “em relação à identificação dos réus não foi possível tomar da vítima”, sendo que esta não compareceu nas audiências. E conclui com a absolvição dos quatro.

    Para o advogado o caso se faz exemplar uma vez que a “realidade mais uma vez traz à tona, o despreparo da nossa polícia e a falta de interesse do Estado em investigar os reais fatos de uma malfadada acusação contra inocentes” e recomenda “que as autoridades tomem maiores cuidados, mais cautela e promovam investigações mais profundas, antes de atirarem pessoas inocentes nos calabouços da prisão”.

    Relembre o caso 

    No dia 10 de dezembro de 2018, os jovens foram abordados por Policiais Militares que haviam encontrado um carro de um Uber, roubado numa rua próxima. Os quatro alegaram inocência ao serem presos pelo roubo. Mas mesmo assim foram mandados para a prisão.

    Além de organizar atos pela comunidade a família juntou provas para demonstrar a inocência dos quatro, como:

    • Uma testemunha que afirma ter visto os rapazes ali até por volta das 23:40h, enquanto o roubo estaria acontecendo (no B.O. a ocorrência está registrada como iniciada às 23:45h).
    • As roupas que a vítima descreveu não combinavam com as dos quatro na noite do crime.
    • Nenhum dos jovens estava com os itens roubados, o reconhecimento da vítima ter sido realizado de forma avessa ao código penal.
    • E um roubo muito parecido ter ocorrido pouco tempo depois, próximo do local.
  • Coronel da PM causou tumulto para provocar a repressão ao ato pela Democracia

    Coronel da PM causou tumulto para provocar a repressão ao ato pela Democracia

     

     

    O coronel Américo Massaki Higuti, oficial da reserva da Polícia Militar, foi o causador de uma briga que serviu de pretexto para a brutal repressão contra os manifestantes antifascistas que foram no domingo (1/6) à avenida Paulista  para defender a Democracia.

    Embora na reserva, o coronel Américo Higuti compareceu à avenida Paulista trajando uma farda do COE, Comando de Operações Especiais, tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo. Acontece que o uso de uniforme é privativo dos militares em serviço ativo. Os militares da reserva e os reformados podem usar seus uniformes por ocasião de cerimônias sociais, militares e cívicas, categorias em que a manifestação de domingo na avenida Paulista definitivamente não se encaixa.

    O coronel Américo Higuti é um ativo apoiador de Jair Bolsonaro. Ele mantém três perfis no facebook, em que posta fotos ao lado de celebridades de extrema direita, como o príncipe destronado Luiz Philippe de Orléans e Bragança, Carla Zambelli e o próprio presidente.

     

    Xingamentos na travessia

     

    No domingo, ele participaria do ato em apoio a Bolsonaro e contra o STF (Supremo Tribunal Federal), que acontecia a um quarteirão de onde se reuniam os Torcedores pela Democracia –corinthianos, palmeirenses, sãopaulinos e santistas contra o fascismo.

    Um cordão de isolamento formado por uma fileira de policiais militares separava um grupo do outro. Apesar das provocações fascistas dirigidas ao grupo dos torcedores, a situação estava sob controle. Cada grupos gritava suas palavras de ordem e agitava suas bandeiras.

    Foi então que o coronel Américo Higuti, o sargento PM Valdani, também fardado irregularmente, já que é da reserva, e um manifestante bolsonarista embrulhado na bandeira brasileira decidiram atravessar a pé a manifestação dos torcedores pela Democracia e contra o Fascismo. O grupo estava sendo escoltado por um soldado fardado da PM.

     

    Ao se aproximarem, em atitude claramente provocativa, os homens foram advertidos. “Não entrem aí, vocês estão querendo briga? Não vão!” Mas foi inútil. Torcedores presentes na manifestação relataram aos Jornalistas Livres que o grupo bolsonarista do coronel Américo Higuti entrou, xingando, na concentração pela Democracia: “ladrões”, “vândalos” e “maconheiros” foram algumas das ofensas.

     

    O coronel Américo Higuti, ao sair do outro lado da manifestação, alegou ter sido espancado, esfaqueado e “vítima de uma emboscada”.

     

    O sargento Valdani, também da reserva, alegou ter sido violentamente agredido pelos Torcedores.

     

    Foi a senha para começar a repressão.

     

    Os PMs que atuavam na segurança dos atos entraram em alvoroço e começou a confusão. Arremessaram bombas contra os torcedores enquanto o coronel Américo Higuti conversava com um soldado, parecendo dar-lhe ordens.

     

    Quando a avenida Paulista já havia se transformado em uma praça de guerra, o coronel Américo Higuti ainda foi visto tomando água, ladeado por PMs, no posto móvel da polícia, em frente ao parque Trianon e ao Masp.

     

    Depois do ato, o coronel foi ao 78º Distrito Policial, denunciando ter sido agredido, esfaqueado, “vítima de uma emboscada” e “impedido de se manifestar livremente”. Mas as imagens mostram que, ao contrário, foi ele que armou contra os manifestantes. Quanto à facada, será mesmo que ocorreu? Um homem esfaqueado não estaria tranquilamente assistindo à repressão que desencadeou e, depois, tomando um copo de água com os soldados do posto móvel da PM. Nem muito menos dando entrevista na porta da delegacia para sites fascistas. 

     

    O sargento Valdani também conversou com blogs da extrema direita tão logo terminou de prestar queixa no 78º DP. Estava firme e forte. Estranhamente, logo depois, foi internado, alegando fortes dores causadas pelas supostas agressões dos torcedores.

     

     

    Jornalistas Livres encaminharam às 10h43 à assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo as seguintes questões. Recebemos a nota em resposta às 16h46.

     

    PERGUNTAS:

     

    Prezados senhores,

     

    (…) Gostaríamos de obter as seguintes informações:

     

    1. Qual o estado de saúde presente do coronel Américo Massaki Higuti? E do sargento Valdani?

     

    1. Por que o coronel Américo Massaki Higuti e o sargento Valdani compareceram à avenida Paulista trajando uniformes do Comando de Operações Especiais da Polícia Militar? PMs da reserva podem usar fardamento em atos políticos?

     

    1. Por que um policial militar da ativa escoltou os manifestantes pró-bolsonaro em sua passagem por dentro do grupo contra Bolsonaro, colocando em risco a segurança dos escoltados?

     

    1. Torcedores que entrevistamos dizem que a “provocação” do coronel Higuti foi o que deu pretexto para a repressão que se iniciou a partir daí. Gostaríamos que a PM descreva o fato que deflagrou a repressão.

     

    RESPOSTAS:

    Nota da Secretaria de Segurança Pública a respeito dos questionamentos feitos pelos Jornalistas Livres
    Nota da Secretaria de Segurança Pública a respeito dos questionamentos feitos pelos Jornalistas Livres

     

    Prezados senhores,

     

    (…) Gostaríamos de obter as seguintes informações:

     

    1. Qual o estado de saúde presente do coronel Américo Massaki Higuti? E do sargento Valdani?

     

    1. Por que o coronel Américo Massaki Higuti e o sargento Valdani compareceram à avenida Paulista trajando uniformes do Comando de Operações Especiais da Polícia Militar? PMs da reserva podem usar fardamento em atos políticos?

     

    1. Por que um policial militar da ativa escoltou os manifestantes pró-bolsonaro em sua passagem por dentro do grupo contra Bolsonaro, colocando em risco a segurança dos escoltados?

     

    1. Torcedores que entrevistamos dizem que a “provocação” do coronel Higuti foi o que deu pretexto para a repressão que se iniciou a partir daí. Gostaríamos que a PM descreva o fato que deflagrou a repressão.

     

    Leia mais sobre Manifestação dos Torcedores Antifascistas em:

     

    Torcedores antifascistas: Heróis da Resistência, Povo em Luta, nossos Panteras Negras

    Torcidas do Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo se unem contra o fascismo