Jornalistas Livres

Tag: resistência

  • Teatro Porque Não: cultura de resistência recria a experiência teatral com apresentações online durante a pandemia

    Teatro Porque Não: cultura de resistência recria a experiência teatral com apresentações online durante a pandemia

    Grupo de teatro gaúcho está em cartaz com apresentações ao vivo de “Isso não é um espetáculo” previstas para julho e agosto

    “O teatro é o agora e agora tudo está mudado.
    Isso não é um convite, mas sinta-se convidado.”

    Provocados pelo negacionismo crescente durante a pandemia, e pelas inúmeras questões sociais, políticas, culturais e de saúde que atravessam o chamado por alguns de “novo normal”, o “Teatro Por Que Não?”, grupo de teatro de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, propõe ao público uma experiência teatral virtual. Com a paralisação das apresentações no Espaço Cultural Victório Faccin, administrado pelo grupo, e as dificuldades que a cultura enfrenta para se manter de maneira independente, o grupo decidiu inovar na modalidade virtual, e estreou “Isso não é um espetáculo” em julho. A experiência teatral online é realizada via aplicativo Zoom, e tem classificação anos. Para adquirir os ingressos e obter informações sobre as próximas datas de apresentação, basta acessar o site teatroporquenao.com/agenda .

    Para conhecer mais sobre o projeto, os Jornalistas Livres entrevistaram Juliet Castaldello, atriz, e Felipe Martinez, diretor do grupo. Confira:

    Jornalistas Livres: O que é o teatro pqn?

    Juliet: O “Teatro Por Que Não?” é um grupo de teatro da cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul fundado em 2010, composto por 7 integrantes. O nosso trabalho é marcado pela diversidade em ações culturais, como espetáculos, eventos, cursos, entre outras atividades. O grupo tem passagens por Portugal, São Paulo, Paraná, Goiás, Santa Catarina e várias cidades do Rio Grande do Sul. Atualmente, administramos o Espaço Cultural Victorio Faccin com o TUI (Teatro Universitário Independente), grupo ativo há mais de 50 anos em Santa Maria – RS.

    Jornalistas Livres: Como surgiu a ideia de um (não) espetáculo na pandemia?

    Felipe: A ideia surgiu da necessidade de continuar as atividades artísticas do grupo mesmo em meio ao distanciamento social. Assim, continuamos em processo criativo durante a quarentena e ao mesmo tempo diminuímos o impacto financeiro negativo que o fechamento do teatro causa em nossa estrutura. Fazer teatro independente no interior do Brasil sempre nos obrigou a encontrar soluções para a sobrevivência de nosso trabalho e de nossos integrantes, portanto, a capacidade de adaptação a situações adversas é uma característica que permeia nossos 10 anos de coletivo, pois a realidade da maioria dos artistas no país é de dificuldades diárias.

    Divulgação | TPQN

    Jornalistas Livres: Do que o não espetáculo fala e como interage com o momento atual?

    Juliet: São apresentados sete personagens, artistas de teatro que, por não terem mais um espaço de trabalho, se encontram através do aplicativo Zoom (uma sala de bate-papo), pra tentar construir alguma coisa e dialogar sobre o teatro e a arte em tempos de isolamento social. Naquele espaço virtual as coisas se confundem e se mesclam entre o que é interpretação e o que é realidade. Assim abordamos diversos temas como a própria pandemia e seus desdobramentos, o trabalho com arte e como as pessoas veem a relação da arte com o momento atual. Também falamos da mecanização do trabalho através do capitalismo e como períodos de crise evidenciam ainda mais essa situação, a criação de esteriótipos para o amor e os relacionamentos, dentre outros assuntos.

    Jornalistas Livres: Como a (não) peça contribui pra pensar o momento difícil da pandemia, principalmente para os agentes da cultura brasileira?

    Felipe: A dramaturgia tem como pano de fundo a própria realidade do grupo na pandemia: agenda cancelada, escassez de suporte público e consequente quebra financeira. A partir disso, o elenco discute não somente sobre o próprio trabalho, mas sobre o momento que o país vive em diversos aspectos influenciados por um crescente negacionismo na sociedade. É portanto um trabalho que busca dialogar com os dias de hoje, buscando refletir não somente sobre o Brasil durante a pandemia, mas sobre o papel do artista de teatro neste momento. Pra quê e pra quem a arte é essencial? Sabemos que, principalmente em um período como este, um médico ou um enfermeiro é muito mais essencial que um artista. Mas isso significa que a arte não deve ter papel algum para enfrentar este momento? Acreditamos que não. Com o entendimento que o teatro é, historicamente, um espaço de encontro para a discussão de ideias, propomos que ele continue com esta função, mesmo que o distanciamento social imponha dificuldades e esse encontro não possa ser em um mesmo espaço físico.Porém, sem abrir mão de aspectos que ultrapassem o cotidiano, se utilizando do sensível, da estética e do corpo para comunicar. Por fim, propomos um debate sobre o espaço do artista de teatro. Sabemos que este trabalho não é um espetáculo, mas quais os lugares que o teatro pode ocupar? Até que ponto podemos aproveitar os recursos tecnológicos para alcançar novas plateias sem abrir mão da linguagem teatral? Nosso entendimento é que o teatro, por ser efêmero, sempre dialoga com o momento presente. Não importa o conteúdo da peça, o diálogo é com o agora. Portanto, se o nosso presente está transformado, não devemos nós nos adaptar a ele enquanto for necessário? Acreditamos que sim. Um artista sempre deve se reinventar, não importa se isso deixa de ser teatro, ainda é arte e ainda deve lutar para continuar a existir e comunicar.

    Divulgação | TPQN
  • MARIELLE FRANCO, 41 ANOS DEMOLINDO AS VELHAS ESTRUTURAS

    MARIELLE FRANCO, 41 ANOS DEMOLINDO AS VELHAS ESTRUTURAS

    Lembro-me que, naquele 14 de março de 2018, eu estava em um trabalho na Bahia, quando soube do assassinato de Marielle Franco. Era também, a data de meu aniversário. Cercada de amigos num restaurante, o mundo literalmente parou. Eu não havia conhecido Marielle pessoalmente, mas já acompanhava a sua atuação política e comunitária, mesmo antes de ser vereadora. Não acreditei que aquilo pudesse ter acontecido. Aliás, em época de fake news, eu achei que aquela era mais uma, e devido às minhas vivências profissionais com diversos parlamentares, no meu imagético mundo, a tal da imunidade parlamentar era como se fosse uma grande muralha impenetrável a qualquer tempestade. Marielle Franco faria 41 anos hoje.

    Por Matheus Alves e Katia Passos

    Amanhecer

    É óbvio que eu já havia me deparado com histórias de execuções de prefeitos, por exemplo, de pequenas cidades, mas pensar que uma vereadora legitimamente eleita havia sido morta no Rio de Janeiro, era algo absurdo e inadmissível para mim. Mais inaceitável ficava, ainda quando eu lembrava do rosto de Marielle Franco, que era, entre outras parlamentares, uma das minhas referências no modo de atuar politicamente, como mulher preta. A comida e a bebida já não desceram mais. Lembro-me que saí do restaurante e o Pelourinho estava metaforicamente silencioso para mim. Havia aquela movimentação com xêro de Pelourinho, mas pairava no ar um clima absorto de indignação e medo. Caminhando por ali, encontrei outros amigos e sentamos num bar. Nossos corpos sentiam uma exaustão que não era fruto do calor bahiano e logo entendemos que era dor. 

    Ali as nossas fichas começaram literalmente a cair. Aguardávamos Marielle para o dia seguinte participar de uma das atividades nas quais eu trabalharia como jornalista. Ela não viria. Recordo agora que choramos na mesa e não conseguimos mais tirar os olhos das telas dos celulares e queríamos ir embora para o Rio de Janeiro. 

    O amanhecer foi absurdamente horrível. Lembro que acordei com uma pressão no peito. Liguei para casa. Chorei. 

    Marielle Franco 41 anos

Katia Passos (à dir.) com os pais e irmã de Marielle Franco

Foto: Arquivo pessoal de Katia Passos
Marielle Franco 41 anos.
    Katia Passos (à dir.) com os pais e irmã de Marielle Franco
    Foto: Arquivo pessoal de Katia Passos

    Um ato público já estava organizado em protesto ao assassinato de Marielle e seu motorista Anderson Gomes. Durante a manifestação lembro-me que eu tentava fazer uma transmissão ao vivo, e num momento choroso encontrei Marcelo Rocha, um jovem fotógrafo negro, de amizade íntima e longeva. Nos abraçamos e caminhamos. Um silêncio, alías o único som era da terra dos campos da Universidade Federal da Bahia, onde acontecia a manifestação.  

    Sabíamos que aquele 14 de março não era só mais um dia para comemorar aniversário, sentimos que a data trazia um limítrofe com giz preto riscado no chão, sobre o que não iríamos mais tolerar e qual legado queríamos imortalizar. Entendemos ali o sentido da frase: “não serei interrompida!”.

    Depois de mais de 2 anos sem respostas sobre quem mandou matá-la, hoje chegamos vivos, eu e Matheus e muitos outros pretos, ao 27 de julho de 2020, data dos 41 anos de Marielle. Sim, porque para nós, Marielle Franco permanece em legado e semente representando obviamente um verdadeiro incômodo à Casa Grande, milicianos e racistas. 

    Mãe

    Dessa trajetória surgiram centenas de milhares de novas mulheres negras que se reconhecem como parte de uma estrutura que tem como engrenagem os seus próprios corpos e esses precisam se movimentar, como diz a mestra Angela Davis, para que toda uma estrutura se movimente, evolua e por nossa sobrevivência, que seja inclusive demolida e novas construções defendam uma das trajetórias mais ricas em poderio político, humanitário e afetuoso já vista na história de uma mulher preta, altiva e de tom permanentemente voraz em sua militância. E por falar em afeto, nesses 41 anos nós negras e negros amanhecemos literalmente afetados com a declaração daquela que pariu Mari, D. Marinete Silva:

    “Vinte e sete de julho de 1979! Era uma sexta de sol lindo com desenhos infinitos e desordenados, nem parecia inverno. A criança que veio ao mundo, tinha peso e tamanho de menino. A mãe feliz, segura, e tomada de confiança em Maria, sua intercessora, sua mãe Filó, que chegara de João Pessoa para acompanhar o nascimento da criança. A partir daquele dia nunca mais me senti sozinha, começava ali uma missão de doação, entrega e amor eterno com aquele ser indefeso e frágil que nos remete a pensar em você como prioridade para nada no mundo. Chegava sua melhor, amiga, companheira, guerreira, irradiando luz, esperança e um futuro brilhante para sua trajetória.

    Marielle Franco 41 anos

D. Marinete e Marielle recém nascida

Foto: arquivo das redes sociais da família de Marielle Franco
    D. Marinete e Marielle recém nascida
    Foto: arquivo das redes sociais da família de Marielle Franco

    Foram 38 anos de luta, sacrifícios, dedicação e amor infinito. Formei caráter, personalidade e principalmente o respeito ao sagrado. Cumpri minha missão de mãe e devolvi minha filha para Deus, precocemente, sem entender o porquê! Acreditando em sua misericórdia de pai que nunca me desamparou e sem perder minha fé. Só o senhor mudaria minha história e a da Marielle. A justiça dos homens pode não chegar, a sua jamais falhará e nessa eu acredito. O céu está em festa. Que toquem as trombetas da eternidade por nos dar de presente seus 38 anos de existência.” 

    Descobrir 

    Conheci Marielle bem de perto em dois eventos onde estive no Rio de Janeiro. Eu não era, de fato, um jovem próximo da vereadora, apesar de termos sido formalmente apresentados um ao outro. Mas desde quando a conheci, nunca mais acordei igual. Descobertas, um novo desperta.  Tornei-me um jovem preto mais esperançoso com a vida e avançado na consciência sobre meu real papel no país. 

    Sou um contrariador das estatísticas, e embora vivo, estou há dois anos angustiado lutando diariamente para que seja respondida a pergunta sobre os mandantes do crime. E mesmo não possuindo provas jurídicas sobre os assassinos, é muito claro que para nós, militantes do campo progressista, a sensação das conexões do assassinato com determinados personagens, esteja presente e por isso somos afetados por resistência e angústia ao mesmo tempo, desde o 14 de março de 2018. E isso piora quando somos apresentados a fatos supostamente ligados ao crime, veiculados pela mídia tradicional. Alternâncias intrigantes entre angústia, ardor no peito e resistência. 

    Hoje amanheci lembrando do sorriso e da firmeza das palavras da vereadora, que como diz Jorge Mautner, em canção que leva seu nome, “é uma força furiosa” . 

    Quando verbalizam “Marielle Franco”, logo vem à cabeça a sensação de exemplo, de coletivo, dá vontade de sorrir e de abraçar alguém. Seu nome remete a muitas coisas, dentre elas o amor à causa, seja ela qual for, desde que faça bem ao mundo. Sua vida é um enredo de amor à família e respeito ao chão em que se pisa. Trata-se do novo mundo que seus passos firmes no solos íngremes moldam a cada dia que sobrevivemos.

    Marielle é sobre a vontade de empurrar os nossos para adiante com um foco: projetar a favela como união e transgressão política em comunidade. É demolir as estruturas arcaicas da branquitude.

    Os 41 anos de Marielle Franco nos colocam num processo de felicidade que seu sorriso aberto levará por décadas e centenários para várias partes do Brasil e do mundo, onde quer que chegue, representando uma galera aí que pertenceu aos humilhados e ofendidos, mas que hoje é do barulho. E sim, esse sorriso barulhento aí, escancarado ao mundo, é o maior exemplo das centenas de fatos, posturas e conquistas que incomodam quem não gosta da felicidade do povo preto e tão pouco está interessado em fazer a alternância de poder necessária na política, nos partidos, movimentos sociais e até coletivos de mídia, essa é a turma do sono profundo e que se for para atrapalhar ou fortalecer o racismo que permaneçam inertes em suas zonas de conforto, mas não atrapalhem o legado de Marielle. 

    Semear

    Dizer que Marielle é semente, significa colocar em prática um projeto bom para acabar com um projeto mal: o de extermínio da população negra. Significa darmos asas a PANE ANTIRRACISTA, uma plataforma que vai construir, através do Instituto Marielle Franco, uma nova mobilização do sistema político no Brasil. Essa é a primeira eleição municipal sem a presença física de Marielle. Mas a PANE pretende derrubar o que até hoje foi “lógica” colocando no sistema político a responsabilidade da população negra que quer alterar essa lógica irresponsável e racista. 

    Marielle foi autora de sete importantes projetos de lei, que representavam grandes mudanças nas vidas de mulheres, crianças e da comunidade LGBTQIA+ carioca.

    O PL 17/2017 do Espaço Coruja, programa que garante creches noturnas aos filhos de famílias que estudam à noite; o Dossiê Mulher Carioca, que visa garantir dados mais detalhados sobre crimes de violência contra a mulher na cidade do Rio de Janeiro; a Campanha Permanente de Conscientização e Enfrentamento ao Assédio e à Violência Sexual são alguns dos exemplos.

    Há 15 dias de seu assassinato, no dia 28 de fevereiro de 2018, Marielle Franco assumiu a relatoria de uma comissão criada na Câmara Municipal do Rio para acompanhar a Intervenção Federal na Segurança Pública do Rio, se tornando a responsável pela fiscalização dos militares nas favelas do Rio e, como socióloga, faria linha dura a qualquer descontrole. Não há caminho de retorno sobre os frutos que a história de Marielle entrega para fortalecer a luta antirracista. Eu sou porque nós somos é o mantra diário de nós mulheres e homens negros no país e não, não admitiremos sermos interrompidos em nossa construção.

    Marielle Franco, 41 anos
    Foto: Matheus Alves / Jornalistas Livres

    Katia Passos tem 44 anos, é mãe de duas meninas de 19 e 14 anos, ativista em Direitos Humanos, jornalista da bancada do PT na Alesp, fundadora dos Jornalistas Livres, integra o Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas em Comunicacão, da Fundacão Perseu Abramo e atualmente constrói um projeto literário em homenagem e defesa do legado de Marielle Franco.

    Matheus Alves, 22, é fotojornalista freelance baseado em Brasília (DF). Tem seu trabalho dedicado a documentar Movimentos Populares de luta pela terra e direito à cidade. Premiado pelo Concurso Fotográfico “Combater os Retrocessos: Existir e Resistir à Retirada de Direitos”, promovido pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos em 2019. É militante do Levante Popular da Juventude e colabora com a rede Jornalistas Livres.

  • Mulheres à Frente da Tropa. Uma bela homenagem do Ira!

    Mulheres à Frente da Tropa. Uma bela homenagem do Ira!

    O Ira! escolheu o Dia da Mães, para mostrar seu mais recente clipe, “Mulheres à Frente da Tropa”. Coloca à frente do vídeo, um batalhão de mulheres guerreiras, lutadoras, vencedoras e corajosas. Mais que um sonho, uma vontade de ver um novo pensamento de País, calcado na luta, na empatia e na verdade.

    Após 13 anos sem voltar aos estúdios, o Ira! traz um trabalho de inéditas em 10 faixas no álbum de nome homônimo “IRA”, entre elas, “Mulheres à Frente da Tropa”.

    Mulheres à Frente da Tropa
    Capa do novo disco: IRA

    Deste álbum, o primeiro clipe que estea sendo lançado hoje, é o da canção “Mulheres à Frente da Tropa”, cantada e composta por Edgard Scandurra, com um coro de mulheres, entre elas, a cantora Virginie Boutaud, da saudosa banda Metrô.

    Gravado em boa parte nas dependências da Ocupação 9 de Julho, o vídeo, dirigido por Luciana Sérvulo, conta uma história a partir do sonho de uma senhora que cochila em sua poltrona. Nesse sonho, surgem diversas mulheres que caminham para seus destinos, entre elas, representantes de outros tempos como a sufragista norte americana na luta pelo seu direto ao voto.

    O vídeo mostra ainda, pinturas e figuras marcantes como Marielle Franco, Dandara, Preta Ferreira e conta com a participação de mulheres ativistas, representantes do Movimento dos Trabalhadores Ruais Sem Terra – MST, Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST, Movimento dos Sem Teto do Centro – MSTC, estudantes, adolescentes, crianças, artistas e performers, como a bailarina Sandra Miyazawa e lideranças comunitárias como a indígena guarani Sônia Ara Mirim e Carmen Silva, do Movimento dos Sem Teto do Centro – MSTC.

    Ao final, muitos rostos de mulheres observam o ‘voar’ da bailarina sobre suas cabeças e sobre a cidade, num claro símbolo de leveza, amor e liberdade. A senhora acorda e o sonho segue.

    Assista a esse lindo clipe aqui:

    Para seguir a banda Ira!

    Site oficial: http://www.iraoficial.com/

    Instagram: https://www.instagram.com/oficialira/?hl=en

  • LGBTQIA+. Resistência do Movimento em tempos de COVID-19

    LGBTQIA+. Resistência do Movimento em tempos de COVID-19

    Por Karina Iliescu, para os Jornalistas Livres

    Fotos: Sato do Brasil

    Membros da Frente Parlamentar Em Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, no dia 08 de abril de 2020, abriram um ofício à Secretaria dos Direitos Humanos e Cidadania da Cidade de São Paulo, cobrando ações emergenciais, frente à crise do coronavírus, para proteção da população LGBTQIA+ em tempo.

    Maria Clara Araújo, educadora em formação/PUC-SP e articuladora política na Mandata Quilombo da Deputada Erica Malunguinho respondeu algumas perguntas sobre a articulação e a prefeitura neste momento de pandemia.

    LGBTQIA+
    Deputada e educadora Erica Malunguinho

    – Existe alguma forma que a população possa estar ajudando para pressionar mais a prefeitura?

    Sim, sem dúvidas. Toda colaboração de outros coletivos, entidades e ativistas é bem vinda – inclusive, convidamos que venham construir a Frente conosco. Como exemplo, ofícios também são construídos pelo associativismo civil e se configuram como um instrumento de pressão institucional.

    A sociedade civil tem se articulado bastante para garantir cestas e produtos de higiene para LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade. São iniciativas importantes, mas que evidenciam a omissão do Estado. Temos equipamentos LGBTI no município, temos uma Secretaria que cuida da pasta e é legítimo que sociedade civil indague e pressione por proposições que incidam objetivamente na garantia de subsídios, atendimento psicológico e acolhimento seguro para indivíduos LGBTQIA+ em um momento de crise como esse.

    Também acredito ser benéfico quando portais jornalísticos visibilizam proposições como essa e questionam a Secretaria sobre as ações que estão sendo pontuadas pela sociedade civil. Ficamos felizes com a procura do Jornalistas Livres e esperamos que outros portais também se engajem. Não só em São Paulo, como em todo Brasil.

    LGBTQIA+
    Intervenção do coletivo casadalapa. Projeto Famílias LGBT no Largo do Arouche, São Paulo.

    – E agora no momento de pandemia, as frentes que cuidam da população LGBTQIA+ estão sofrendo com falta de recurso pela prefeitura para estar viabilizando as ações?

    Tendo em vista que os equipamentos LGBTI do Município são referencia para a população LGBTQIA+, é compreensível que os pedidos de ajuda para se alimentar ou para adquirir produtos de higiene cheguem por via dos Centros. Infelizmente, as OS que administram os Centros não conseguem dar conta sozinhas da grande demanda que vem chegando por conta do Covid-19. É urgente um apoio significativo por parte Secretaria de Direitos Humanos e da Coordenação Municipal para Políticas LGBTI aos Centros de Cidadania LGBTI.

    As OS criaram campanhas e isso é válido, mas enquanto Frente Parlamentar que atua na institucionalidade, nos cabe indagar e exigir ações efetivas que partam da própria Secretaria de Direitos Humanos e da Coordenação Municipal para Políticas LGBTI. Enquanto movimentos, é visível como a vulnerabilidade se acentuou para LGBTQIA+ no Município e no Estado. Portanto, que o Poder Público reconheça as questões postas pela população LGBTQIA+ nesse momento. Os pontos elencados pelo Ofício se baseiam nessas questões.

    LGBTQIA+
    Intervenção do coletivo casadalapa. Projeto Famílias LGBT, no Largo do Arouche, São Paulo.

    As medidas são:
    – A importância de um repasse emergencial para os Centros de Cidadania LGBTQIA+, a fim de suprir a grande demanda de cestas básicas e produtos de higiene;
    – A viabilização, de forma conjunta com a SMADS, do cadastramento no CadUnico dos LGBTQIA+ que constam no cadastro de atendimento dos Centros LGBTQIA+ e dos Centros de Acolhimento da Assistência que atendem LGBTQIA+. E, caso exista algum impasse cadastral, que as Secretarias possam auxiliar juridicamente na efetivação do cadastro da LGBTQIA+;
    A criação de uma campanha nas redes da Secretaria sobre a importância do CadUnico para LGBTQIA+;
    – A criação de um “gabinete” LGBTQIA+ de crise para o enfrentamento do coronavírus, de modo a possibilitar a escuta ativa das demandas e construção de um plano de ação. Nesse gabinete, contaríamos com a Secretaria de DH, SMADS, Coordenações Municipal e Estadual de Políticas LGBTQIA+ e representantes do movimento LGBT com experiência no atendimento a população LGBT vulnerável, como o Coletivo Arouchianos, Projeto Seforas, TransEmpregos;
    – A importância dos psicólogos dos centros de cidadania LGBTI realizarem o acolhimento e o atendimento aos LGBTQIA+ que procurem o serviço diante do aumento de pessoas com vulnerabilidade psíquica em tempos de Covid-19. Caso seja possível, que os atendimentos também possam ocorrer através de videoconferência, visando o cumprimento da quarentena para os residentes da cidade.
    – O acolhimento, por parte dos Centros de Cidadania, de mulheres LBT vítimas de violência doméstica e o acompanhamento dos processos preliminares com essas mulheres, o que inclui registro de ocorrências, exame de corpo de delito e encaminhamento para um abrigo onde a segurança da mulher esteja resguardada;
    – A garantia de espaço seguro, de forma conjunta com a SMADS, às pessoas LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade, sobretudo mulheres trans, travestis, homens trans e pessoas transmasculinas.

    Saiba quais são os membros que formam a Frente Parlamentar Em Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ e as informações completas do ofício no link: https://www.professorabebel.com.br/wp-content/uploads/2015/12/OficioLGBTQIA.pdf

     

    LGBTQIA+
    Desfile da Daspu no Festival Verão Sem Censura

  • Tenda contraria a justiça e comete crime ambiental

    Tenda contraria a justiça e comete crime ambiental

    INFORME T.I. Jaraguá 27 de março
    Centro Ecológico Yary Ty contra Imobiliária TENDA

    Por Povo Guarani T.I.Jaraguá

    Após a comunidade desmobilizar a ocupação, em 10 de março, na data da execução da ação de reintegração de posse, e também em respeito e cuidados necessários de recolhimento e isolamento devido a quarentena para prevenção de contágio do Coronavírus, COVID-19, nos mantivemos em nossas aldeias a partir de então. Pelo menos até a realização da audiência de conciliação, 6 de maio, o qual ficou estabelecido, através de uma determinação da Juiza Federal, que a área em conflito ficará fechada e restrita de qualquer atividade, desde obras a manejo arbóreo.

    Porém há dois dias, notamos uma movimentação suspeita no terreno e nos dirigimos ao local para averiguação. A atividade foi constatada no terreno, funcionários trabalhando em total descumprimento da quarentena e da determinação judicial.

    Funcionários da Tenda contrariando a justiça, colocam cerca elétrica

    Então nos reunimos, entre guerreiros e guerreiras na entrada do terreno, para que ficasse esclarecido que a comunidade não irá permitir quebra do acordo em hipótese nenhuma, por conta da Tenda.

    Em poucos minutos aglomerou no local um forte contingente policial. Aproximadamente 56 “polícia” em 8 viaturas e 4 motos Rocam, todos trabalhando em favor da Tenda. Tiramos fotos e gravamos a ação, incluindo a ação da PM entrando a 1h madrugada do dia anterior, na aldeia para nos intimidar, configurando outra ação inconstitucional e abuso de poder. Eram policiais militares sem a companhia de um agente federal e desprovidos de documentos para entrarem em área de proteção da União.

    Grande contingente da polícia militar para defender a Tenda

    Polícia não protege a população, protege o empresariado

    A Tenda se manifestou da ocasião, justificando apenas estarem providenciando medidas de segurança na área, grades, reforço das entradas e cerca de arame farpado nos muros. Por ora, foram aceitas as explicações, mas “alertas” sempre, dia e noite, até que a Tenda aceite a reivindicação da comunidade e da natureza, aceite a realidade dos fatos. Que a Natureza, através dos Guaranis a faça entender e aceitar o acordo com a prefeitura da transferência do potencial construtivo e vá! Que vá construir em outro local, já degradado, já concretado.

    O dinheiro da Tenda, que tem como maior acionista e consequente financiador o Banco Itaú, conseguiu “comprar” a Prefeitura e a SVMA (Secretaria do Verde e Meio Ambiente), para que fechassem os olhos e liberassem os devidos alvarás de execução, indevidamente. Quanto dinheiro vale para tanta infração? Quanto dinheiro vale para construir infringindo leis federais, municipais, ambientais e desconsiderando a constituição?

    A relação é grande e fere todos os quesitos, ignoram o componente indígena da portaria interministerial 060/2015 do IBAMA, a OIT 169, o Cinturão Verde do Bioma Mata Atlântica reconhecido pela UNESCO, desconsideram a ocorrência de um raríssimo remanescente da Mata Atlântica negando improcedente da Vegetação de Preservação Permanente (VPP) da lei municipal 10.365/87. Apresentaram um projeto completamente incompatível com Zona de Amortecimento do Parque Estadual do Jaraguá e totalmente em desacordo com Plano de Manejo e Lei Federal do SNUC 9.985/2000 (Sistema Nacional de Unidades de Conservação). Foram derrubadas quase 500 espécimes arbóreas, entre exóticas, nativas, raríssimas sendo muitas delas em extinção. Graças a nossa ação de ocupação o desastre foi contido (pelo menos até o momento, ou até dia 6 de maio).

    Não obstante os abusos apresentados, a Tenda teve seu alvará de execução expedido, os órgãos “i”responsáveis, a fim de justificar a liberação dessas licenças resumiram todo esses esplendor e magnitude da Mãe Natureza a um mero conjunto arbóreo uniforme e estagnado.

    Esse genocídio foi constatado e lavrado minuciosa e maravilhosamente detalhado no Laudo do Mistério Público Estadual, através de um parecer técnico, Inquérito Civil no. 59/2020 – 2ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente da Capital, elaborado pelo Dr. Ivandil Dantas da Silva, tendo sido baseado em vistoria no local, no estudo de imagens aéreas e de documentos do licenciamento municipal disponíveis no D.O. e no SIMPROC.

    Queremos que a TENDA enTENDA, não conseguirão seguir em frente com essa ação apocalíptica, não vão construir 1.672 unidades de apartamento para proximadamente 8.000 habitantes! #Fora Tenda!

    Esta área não é de habitação é área de preservação, sendo assim, se dará a criação, neste local, do Centro Ecológico Yary Ty – CEYTY – e Memorial da Cultura Guarani!

    Centro Ecológico Yary Ty, uma utopia possível

  • Indígenas Guarani M’Bya resistem no Jaraguá contra despejo

    Indígenas Guarani M’Bya resistem no Jaraguá contra despejo

    Por Laura Capriglione, Lucas Martins e Fernando Sato | Jornalistas Livres

    Ao lado da aldeia do Jaraguá, na zona norte de São Paulo, fica uma das poucas áreas de Mata Atlântica preservada. É no Jaraguá que os indígenas Guaranis M’Bya têm sua terra sagrada, terra de seus ancestrais. Mas é nessa terra que a empreiteira Tenda pretende construir um conjunto de apartamentos com vista direta para o pico do Jaraguá. A construtora Tenda tem entre seus acionistas o bilionário Jorge Paulo Lemann, dono da Ambev, e fundos de investimentos administrados pelo Banco Itaú. Os guaranis resistem à devastação e estão ocupando a sua terra ancestral, enquanto a PM observa, a postos para reprimir o povo que, desde a conquista da América pelos europeus, há 520 anos, segue sendo massacrado pelos interesses capitalistas.

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/197805758169088/

     

    Autoridades, parlamentares e representantes dos indígenas Guaranis conversaram com o Coronel Alexander Bento, da Polícia Militar, que comanda a operação da reintegração de posse no terreno no Jaraguá, zona noroeste de SP.

    Os indígenas exigem a presença do prefeito Bruno Covas para que saiam do terreno. Os Guaranis não oferecem nenhuma ação violenta. Seguem pacíficos aguardando Bruno Covas. A presença do prefeito traria uma possibilidade de diálogo sobre a importância do debate de demarcação de terras, da preservação e cuidados com o meio ambiente no local.

    A palavra dos Guaranis é uma só, se as autoridades cumprem com o pedido, os indígenas saem do terreno. Mas não, sem antes, explicarem ao prefeito os males que podem ocorrer no local com a construção de torres de prédios.

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/2609103059370678/?v=2609103059370678

     

    Veja a resistência logo nas primeiras horas da manhã de hoje (10)

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/660432661394948/

     

    ATUALIZAÇÃO: 12:40

    A Juíza Estadual Maria Cláudia Bedotti já disse aos vereadores presentes que não vai rever a reintegração de posse. Apenas a construtora Tenda pode reverter a reintegração de posse. Os Guarani seguem resistindo em defesa do resto de Mata AtlÂntica que há no terreno entorno do seu território.

    Uma comissão de vereadores, com Eduardo Suplicy, Juliana Cardoso, Eliseu Gabriel e Gilberto Natalini, foi encontrar com o prefeito Bruno Covas, que pode intermediar a negociação. A justiça federal é quem vai dizer o que pode ou não pode fazer. Pela justiça Federal, a obra está embargada, e é preciso esperar 40 dias.

    Mas os Guarani precisam de mais garantias para sair do terreno onde a construtora Tenda já cortou cerca de 500 árvores nativas, e matou vários espécimes de aves e mamíferos.

    Os Guarani estão ocupando para garantir a defesa da natureza e de sua cultura, já que propõem que ali seja construído um parque público destinado a preservar a sabedoria e as tradições guaranis, além das fontes de água e a biodiversidade da região.

     

    Nota do Banco Itaú, enviada aos Jornalistas Livres no dia 11/03/2020

     

    “O Itaú Unibanco não detém participação proprietária na construtora Tenda. A participação do banco na empresa se dá por meio de fundos de investimento distribuídos a clientes, que são indexados a índices da B3 e incluem diversas outras companhias de diferentes setores. O banco esclarece, ainda, que não aportou recursos no empreendimento em questão, seja por meio de financiamento ou de qualquer outro instrumento financeiro.”