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Tag: Quilombo

  • Elisa Lucinda: Quero a história do meu nome

    Elisa Lucinda: Quero a história do meu nome

    É Brasil. Há uma esfera civil que os perseguidores da democracia não alcançam. Algo parece estar para acontecer. Estou em Brasília no Simpósio Internacional “Indígena-Negro, da ancestralidade ao futuro”, promovido pelo MPT e a OIT. Estou entre os meus e descubro que minha tribo me perdeu. Quando entraram aqueles parentes cantando, vibrando seus maracás nas mãos ornadas, fiquei tonta: rostos pintados cobertos de simbologia; dos cocares aos adornos de peito, mãos, quadris e pés, o corpo tela. Pigmentos, cores, tudo vindo da natureza sem a ajuda de uma papelaria para pincéis ou tintas. Segue a tonteira, a doidera, a ancestralidade gritando na cabeça. É que a maioria do povo brasileiro conta que teve uma avó pega a laço. Ora, se de um lado somos herdeiros de tais estupros, por outro, somos também filhos de uma força que existe há muito mais de 40 mil anos. E que é sabedora dos poderes da natureza mais do que qualquer um da civilização branca. Começo a chorar. O que dói no meu peito é o vácuo. Nunca conheci minha bisavó Domingas. Como se chamaria originalmente? Só ouvi dizer. Que não gostava de usar calcinha. Teria nome de flor? De pássaro? Quem saberia? Foi pega a laço, roubada de sua aldeia, sua gente, sua família. Seu corpo ficou à disposição de seu caçador. Quem sabe me dizer como se chamava antes de receber o nome Domingas?

    Julio e o filho, Yonã

    O indígena Júlio, dono do cocar mais bonito do simpósio, me apresentou seu menino Yonã e me disse com um sorriso luminoso, banhado de puro Oxóssi: significa “Aquele que caminha sobre as águas”, na língua Xucuru. O outro veio me dizendo o seu nome original, do qual agora não me recordo, e me diz que significa “Barulho que faz o rio que corre à beira dos cajueiros”. Uma outra ainda, linda, pintada de urucum meticulosamente em volta dos olhos, precisa, e absolutamente roots, como se tivesse pulado de um quadro para a realidade, me disse com olhos sorridentes que seu nome era Pekāshaya que significa “Pena linda e verdadeira”. Mas, como não era permitido que indígenas pusessem nomes indígenas nos seus filhos (seria cômico se não fosse trágico) deram-lhe o nome de Edna. Um verdadeiro poema lhe foi tirado para ser nomeada com um nome que não conta a sua história, o seu lugar na sua tribo.

    Depois veio a conversa com os Kalungas, os quilombolas, o povo preto que está no mundo desde os primórdios, o primeiro homem. A mesma história se repete, nomes lindos que em sua tradução ficam parecendo versos: “A que veio para trazer a paz”, “Os olhos de Deus”, “Presente de Oxalá”, “A que traz grande honra”. Veio uma jovem escritora linda me dizendo que seu nome era Semayat, em aramaico, língua etíope, e que quer dizer “Sol ou Céu do meio dia”. Meus olhos se encheram de lágrimas de novo ao saber disso. A hora em que nasci! Me senti órfã também da história do nome africano que me antecedeu.

    Estou aqui entre Guaranis, Kaiowás, Kalungas, Pataxós, Fulniôs, quilombo Buriti do Meio, Terenas, Xukuru, Shanenawas, Bororós, Xoklengs, quilombo Retiro dos Bois de Minas, Kadiweu, Kariri xocó, Quilombo de Mesquita, Tupinambás ha ha hãe, Quilombo João Borges de Uruaçu, Jardim Cascata de Aparecida, Xavantes, BarésMundurucus e quilombo Conceição das Criolas. Estou em casa. Entre memórias. Se a gente tivesse se juntado antes, índios e negros, Crivella não tinha ganhado no Rio, nem o Witzel. Faltou terreiro, faltou maracá. Pouca gente sabe, porque isso nossa história oficial não quer contar, que em Palmares viviam indígenas, pretos refugiados e até brancos legais. Consta que eles já existiam naquela época. Inconformados, Lgbts, os sensíveis em geral, orientados por Xangô, pelo Sol, pela Lua, fundaram ali uma nação justa. O Sol, deus indígena, governa para todos. O Sol é de esquerda já que ilumina sem diferenças de classes, em relação a negros, indígenas e baianos. A união dessas forças sob fundamentos tão comuns é mesmo imbatível. Para o indígena, ele é quem pertence à mata, não é dono dela, por isso é guardião. Ele cresceu brincando de fazer a própria casa com material vindo da natureza: barro, palhas, galhos, troncos, folhas. Não sobrevive sem as coisas que planta ou que caça. Da mesma maneira, um filho de Oxóssi não desmatará pois é ele próprio a mata. Uma filha de Yemanjá não ofende o mar pois é ela o próprio mar. E assim por diante.

    Alguma coisa parece que vai acontecer, uma coisa nova. Sinto os tambores, a força do canto desses dois povos. Ser humano é um ser ambientalista naturalmente. Fomos separados, foram queimados os nossos nomes, fomos pulverizados em navios diferentes para que não nos juntássemos, vivemos numa hora em que essa união se tornou irreversível. Há pouco tempo raramente se via um elenco de maioria negra em cartaz. Agora, pelo menos nas principais cidades brasileiras, o que se vê é uma proliferação imparável do que estão chamando de lugar de fala. Uma ocupação de espaços nunca dantes navegados em grupo. Era sempre um único preto solitário em cada elenco, em cada trincheira. Agora que avançamos e que o sistema de cotas misturou as cartas do jogo, agora quando nós somos a maioria pela primeira vez nas Universidades, não se pode dar mais ré nisso, e podemos dizer que o Brasil está realmente se preparando para ser um novo país. No último dia do simpósio, com saudações aos orixás, à ancestralidade, às sagradas escrituras todas expostas na natureza e nela refundadas, todos tínhamos a impressão de que algumas coisa muito grande estava para acontecer. Não passou um dia e deu bem alto nos jornais virtuais e gerais que Lula estava livre! Eu sabia que alguma coisa ia acontecer.

    Toda dominação branca que nos acostumou a chamá-la de civilização tem muito que aprender com os fundamentos dos que tenta, há anos, dizimar.

    Eu só sei dizer que quanto mais aprendemos com os povos originários, mais acessamos os antídotos para mazelas atuais, mais encontramos explicações para o que somos, de onde viemos, para onde vamos. Apartada e separatista, longe dos princípios amorosos com o planeta, a humanidade civilizada segue batendo cabeça, longe de si e louca por dinheiro, motivo de crimes,roubos e infelicidades.

    Voltei mais nutrida, tomei lição de casa. Não sei se no meu nome indígena corre um rio, nem sei se há no meu nome africano uma estrela do mar, mas caminho na linhagem da ancestralidade e quanto mais pesquiso, quanto mais aprendo sobre o que mataram ou tentaram ocultar, fica mais fácil lembrar.

  • O Império Bolsonaro no vale da miséria

    O Império Bolsonaro no vale da miséria

    O cunhado não gostou quando uma parte de sua fazenda, fruto de invasão de terras, virou quilombo. Capangas destruíram a nova plantação de bananas assim que o processo de reconhecimento da área foi finalizado, em setembro passado. Por sua vez, em 2015, uma das irmãs se apossou do lote urbano de mais de 800m2 que foi regularizado por um programa voltado a pequenos posseiros. Seis meses depois, ela vendeu o lote para o prefeito do município. Já o núcleo familiar da caçula dos cinco irmãos de Jair Bolsonaro alugou 3 imóveis, sem licitação e na faixa dos R$ 8 mil por mês, para prefeituras do Vale do Ribeira, uma das áreas mais pobres do Estado mais rico do Brasil.

    É nessa região que Jair Bolsonaro morou até os 18 anos de idade, quando saiu para o serviço militar. Filho de um dentista prático e de uma dona de casa, viveu na pacata cidade de Eldorado Paulista. O município hoje tem pouco mais de 15 mil habitantes, 40% deles ganhando menos de dois salários mínimos. Não por acaso, o município sofre com o segundo pior índice de mortalidade infantil do Estado.

    Mas Eldorado Paulista também é o quarto maior município em extensão territorial de São Paulo. No começo do século passado, foi apelidado de “Amazônia Paulista” e, em 1993, reconhecido pela Unesco como “Reserva da Biosfera do Patrimônio Mundial”. Cerca de 70% do território é coberto por Mata Atlântica protegida por reservas e parques, estações ecológicas e áreas de proteção ambiental naturais tombadas, além de 26 quilombos e cerca de 50 comunidades remanescentes de quilombos. Mas Bolsonaro diz que não quer saber de nada disso. É obcecado por minérios como nióbio (usado em siderurgia) e tório, um elemento químico radiativo.

    Natural de Campinas, foi em Eldorado que Bolsonaro se criou. E é aquela região que explica algumas das obsessões do ex-capitão, a começar pela idolatria à caserna. Bolsonaro adora dizer que sua “vocação” militar foi despertada no começo dos anos 1970, quando a região do Vale do Ribeira viu-se ocupada por 2.500 homens do Exército, auxiliados por um contingente não determinado de policiais cedidos pelo governo de São Paulo, que caçavam míseros 17 militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), sob o comando do guerrilheiro Carlos Lamarca, este sim, um mito. Pois não é que os soldados, depois de bloquear a BR-116, a Rodovia Régis Bittencourt, além de estradas vicinais, depois de prender 120 pessoas e varrer a Mata Atlântica com helicópteros, depois – por fim – de bombardear áreas civis suspeitas de abrigarem os guerrilheiros com bombas de napalm jogadas de cargueiro B-26 da FAB; depois disso tudo, Lamarca conseguiu furar o bloqueio do Exército e fugir.

    Nada menos do que 41 dias de fome e cerco depois, e Lamarca conseguiu escapar da maior mobilização da história do II Exército, atual Comado Militar do Leste. O baile que o guerrilheiro deu no Exército marcou indelevelmente o psiquismo do menino Jair Bolsonaro, que até hoje promete vingar-se da esquerda.

    A família do candidato à presidência – que chama ocupantes de terras e fazendas improdutivas de “terroristas” e pretende não “dar nenhum centímetro” de terra para reservas indígenas e quilombolas – está espalhada por todo o Vale do Ribeira. Lá, os Bolsonaros construíram um império. Em municípios como Barra do Turvo (o mais pobre do Estado), Jacupiranga, Pariquera-Açu, Miracatu e outros que compõem a área de baixíssimos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), o clã dos Bolsonaro contabiliza mais de 60 imóveis. Agregam-se ao sobrenome presidenciável os dos cunhados José Orestes Fonseca Campos e Theodoro da Silva Konesuk, considerados os mentores financeiros da família. Mas não só de casas, fazendas e terrenos vive a próspera família. Além das propriedades, eles são donos de empresas. Muitas.

    Um levantamento na Junta Comercial de São Paulo aponta, pelo menos, 19 foram registradas em oito municípios. Se forem contabilizadas as filiais das lojas “Campos Mais” (Magazine Campos Mais, Campos Móveis e Campos Materiais de Construção), e da “Art’s Móveis”, de móveis e produtos eletrônicos, em 13 cidades, são cerca de 30 empreendimentos, de acordo com uma reportagem da revista Época de setembro passado.

    A crise econômica parece que não abalou a família: 14 lojas foram abertas nos últimos oito anos. À boca miúda, diz-se que o shopping em construção em Eldorado também é do grupo, assim como um empreendimento em hotelaria no centro de Cajati, no litoral Sul.

    Um dos negócios mais peculiares da família em Eldorado é a casa lotérica “Trilha da Sorte”, registrada como “Casa Lotérica Bolsonaro ME Ltda”. O empreendimento está no nome do irmão do candidato, Angelo Guido Bonturi Bolsonaro, e desperta a curiosidade. Uma rápida busca no Google, afinal, explica como loterias fazem lavagem de dinheiro sujo: basta o criminoso pagar mais do que o prêmio em troca de um bilhete sorteado.

    Na cidade, também fica a loja de sapatos da mãe, dona Olinda Bonturi Bolsonaro, de 92 anos. Ela mora no mesmo prédio do comércio. Todo esse patrimônio, no entanto, não inclui aquele formado pelo próprio núcleo familiar do candidato à presidência e seus três filhos políticos.

    Uma série de reportagens publicada no começo do ano pelo jornal Folha de S. Paulo apontou que os quatro acumulariam mais de R$ 15 milhões em 13 imóveis. Entre eles, os de Brasília – apesar de o candidato à presidência e seu filho Eduardo, que é deputado federal, receberem R$ 6,1 mil por mês de auxílio-moradia pela Câmara dos Deputados, benefício a que teriam direito apenas os parlamentares sem casa em Brasília.

    A conta feita pra estimar o patrimônio, porém, não contabiliza bens como carros que vão de R$ 45 mil a R$ 105 mil, um jet-ski, além de aplicações financeiras, em um total de R$ 1,7 milhão, como consta na Justiça Eleitoral e em cartórios. As dúvidas sobre transações suspeitas de lavagem de dinheiro e de enriquecimento após começar a atuar na política não foram esclarecidas pelo Bolsonaro-pai nem pelos Bolsonaros-filhos.

    Toda a família e seus tentáculos, por sinal, estão proibidos por Jair Bolsonaro de dar entrevistas. Apesar disso, os Jornalistas Livres foram atrás dos personagens, empreendimentos e atividades do clã no Vale do Ribeira. A partir de documentos, relatos, dados fornecidos por cartórios de registros de imóveis, pela Junta Comercial de São Paulo e no Tribunal de Justiça de São Paulo, traçamos, ao menos em parte, pistas do império dos Bolsonaros.

    O cunhado fazendeiro que não gosta de quilombos

    Theodoro da Silva Konesuk é casado com Vânia Rubian Bolsonaro, a caçula dos irmãos do candidato à presidência pelo PSL. Há pouco mais de um mês, Konesuk perdeu uma área de 55 hectares de uma de suas fazendas para a Associação dos Remanescentes de Quilombos da Barra de São Pedro do bairro Galvão, em Iporanga. A propriedade, em áreas devolutas que pertencem à União e ao Município, foi ocupada por seu pai, que foi prefeito da cidade de Eldorado por dois mandatos, entre os anos 60 e 80. Os quilombolas aguardavam a regularização da terra desde 2013, quando a Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) e o governo paulista entraram como o processo de reintegração de posse. Theodoro Konesuk não se manifestou. Mas parece que não gostou da sentença.

    Dias depois de os quilombolas receberem o direito à terra, lideranças do quilombo contam que os capangas do cunhado de Jair Bolsonaro destruíram o cercado e as recém-plantadas mudas de bananeiras das 32 famílias da comunidade, segundo reportagem do site www.deolhonosruralistas.com.br.

    O relatório técnico do Itesp realizado em 2000, época de análise dos territórios do bairro Galvão, chamou atenção para os altos níveis de violência na região e até um assassinato ocorrido em conflitos de grilagem das terras. Ao defender a demarcação das terras quilombolas, o documento feito pela antropóloga Maria Celina Pereira de Carvalho afirma que “o sistema agrícola dessas comunidades permanece o mesmo que era praticado pelos antepassados há duzentos, trezentos anos, apoiado em um saber-fazer que exige profundos conhecimentos da natureza e seus ritmos”.

    Aponta ainda que há décadas os descendentes de homens e mulheres negros escravizados lutam contra a construção de uma barragem, ao longo do rio Ribeira de Iguape, que forneceria energia elétrica para uma empresa do grupo Votorantim, e também contra mais três barragens que seriam construídas pela Companhia Energética de São Paulo que, segundo dados do Instituto Socioambiental, inundariam cerca de 60% do território de inúmeras comunidades negras da região.

    Além da propriedade em Iporanga, constam em nome de Konesuk, nos serviços registrais de imóveis, ocorrências nas cidades de Apiaí, Cananéia, Eldorado, Iguape, Itanhaém, Jacupiranga, Miracatu, Peruíbe, Registro e Sorocaba. Em sua fazenda em Registro, há negócios de extração de areia e gado de corte em sociedade com o empresário Maurici Ribeiro Botelho Junior, dono de uma empresa de terraplenagem e de uma transportadora que tem em seu registro de atividades o comércio atacadista de ferramentas, cigarros, cigarrilhas e charutos, artigos de viagem, tecidos, lustres, couros, lãs e peles, jóias, relógios e bijuterias, inclusive pedras preciosas e semipreciosas lapidadas.

    A irmã Vânia e os aluguéis para prefeituras: sem licitação

    Ela é casada com o empresário que perdeu parte de suas terras para quilombolas, Theodoro da Silva Konesuk, e começou seus negócios na venda de artigos para pesca e camping, há 23 anos. Mudou de ramo em 2011 e hoje o casal tem 11 lojas Art’s Móveis. As seis no nome de Vânia Bolsonaro estão registradas como de pequeno porte e as do marido como Eireli, que separa o patrimônio empresarial do pessoal.

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    Os portais de transparência dos municípios da região apontam que Vânia e Theodoro Konesuk já alugaram imóveis para as prefeituras de Cajati, Iguape e Jacupiranga. Todos sem licitação. Entre eles, locação firmada em 2014 do imóvel que hospeda a Delegacia Civil em Cajati. Em Iguape, o nome de Vânia consta como locadora do imóvel destinado à administração do Paço Municipal. Em um ano de aluguel, a partir de março de 2015, a irmã do presidenciável embolsou R$ 90 mil. A locação foi estendida por mais um ano, a R$ 8.325 mensais, totalizando outros R$ 99.906 até março de 2017. Em Jacupiranga, desde 2010, o imóvel onde funciona a Câmara Municipal é do marido, Theodoro Konesuk. Atualmente, ele cobra R$ 8.000 mensais pelo espaço.

    Maria Denise: a empresária-posseira e fazendeira

     

    Na cidade de Barra do Turvo, a mais pobre do Vale do Ribeira, houve regularização de fundiária urbana realizada pela Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) em 2015. Maria Denise Bonturi Bolsonaro, irmã do candidato à presidência que já declarou a intenção de criminalizar movimentos sem-terra, foi beneficiada pelo programa “Minha Terra”. Ela recebeu a concessão de um lote de 869,28 m2 na cidade. A propriedade do terreno era do município.

    De acordo com o site do Itesp, o programa “Minha Terra” consiste em um projeto social do Governo do Estado de São Paulo “voltado a pequenos posseiros da cidade ou do campo que, devido à insegurança dominial sobre os imóveis que ocupam, convivem com conflitos pelo uso e posse da terra e com sérios obstáculos para o desenvolvimento social e econômico das comunidades.” Seis meses depois de receber o lote, entretanto, Maria Denise Bonturi Bolsonaro o vendeu para o atual prefeito da cidade, o médico Jefferson Luiz Martins, eleito pelo PSDB em 2014.

    Constam, nos registros da Associação dos Registradores Imobiliários de São Paulo, 12 (doze!!!) menções a imóveis no CPF de Maria Denise nas cidades de Eldorado, Jacupiranga, Itanhaém e Miracatu. Vale citar só alguns:

    • Uma casa residencial de 762,50m² no perímetro urbano da cidade de Jacupiranga

    • Uma área de terra urbana de 941,96m² no perímetro de Jacupiranga

    • Uma área de terra urbana com 190,48m², na cidade de Pariquera-Açu

    • Um lote de terreno urbano na cidade de Barra do Turvo

    Documento original

    Separada há 5 anos, ela foi casada por 30 anos com José Orestes Fonseca Campos, dono da rede de materiais de construção “Campos Mais”, que inclui 14 filiais da Magazine “Campos Mais” (saiba mais no perfil abaixo). Seus filhos também são empresários. Osvaldo está no mesmo ramo da família. Já a empresa de Orestes oferece peças de vestuário, calçados, suprimentos de informática e suporte técnico em tecnologia da informação. Os Bolsonaro Campos também são donos de duas fazendas, uma de gado e outra de banana.

     

    O ex-cunhado José Orestes e o impressionante crescimento em tempos de crise

    2015 foi um ano excelente para o ex-cunhado de Jair Bolsonaro José Orestes Fonseca Campos, que foi casado com Maria Denise Bolsonaro Campos, quando ele inaugurou mais três filiais da Magazine “Campos Mais”. O crescimento do negócio de materiais de construção de fato impressiona. Em cinco anos, entre 2005 e 2010, foram abertas oito lojas espalhadas por todo o Vale do Ribeira e litoral Sul. O último empreendimento, no ano passado, foi em Jacupiranga. Mas, para ampliar ainda mais os negócios, José Orestes montou outra empresa. Agora é dono da incorporadora, construtora e administradora de bens imobiliários “Campos Mais”. Além da gestão de imóveis, as atividades da empresa incluem construção de edifícios e hotéis. Na cidade onde mora, Cajati, está construindo um hotel e espaço de eventos.

    Diante de todas essas informações, fica evidente que os ataques do candidato Jair Bolsonaro às comunidades quilombolas e a movimentos, como o MST e o MTST, são hipócritas e criminosos. Os sem-terra e os sem-teto são humildes e pobres que ocupam propriedades improdutivas, enquanto os parentes de Jair Bolsonaro, riquíssimos, invadem terrenos públicos para transformá-los em objeto de especulação imobiliária e cobiça. Eles querem auxílio-moradia, mas só para eles!

  • Quilombo resiste à violência em área turística da Ilha de Santa Catarina

    Quilombo resiste à violência em área turística da Ilha de Santa Catarina

    Atraso em laudo antropológico ameaça sobrevivência dos remanescentes do Quilombo Vidal Martins, que chegaram a ser registrados como brancos e com sobrenome diferente para não ter acesso à terra herdada dos escravos. Localizado no Norte da Ilha de Santa Catarina, no acesso às praias, o Quilombo Vidal Martins vive neste final de semana um momento dramático da sua história à espera que um documento público devolva-lhe o direito à vida em comunidade. O reconhecimento definitivo do território se arrasta desde 2013, quando a Fundação Cultural Palmares expediu a certidão de autorreconhecimento quilombola. Esse libelo para o martírio de 28 famílias (cerca de cem pessoas) descendentes de escravos que resistem a uma situação de marginalidade social, fora da área de demarcação, depende, contudo, da apresentação de estudo histórico, socioeconômico, cultural e ambiental da área. Depois de um tortuoso processo burocrático, a comunidade espera que o laudo antropológico seja entregue na segunda-feira (20/8), como prometido, para que possa dar continuidade ao processo de regularização do seu território e ocupá-lo de fato.

    Joana Zanotto para os Jornalistas Livres

    Fotos: Jekupe Mawé

    Edição: Raquel Wandelli

    Jucélia, de óculos, e seus parentes estão entre as 28 famílias que aguardam o reconhecimento definitivo das terras herdadas dos antepassados escravos. (Foto: Jekupe Mawé)

    Uma mulher está à frente da luta pela demarcação do quilombo que leva o nome de seus antepassados. Helena Vidal Martins, presidente da Associação dos Remanescentes dos Quilombolas de Vidal Martins, perdeu o pai de sua filha em 2012, assassinado num conflito por terra. Decidiu então ir atrás de sua história para garantir território aos descendentes da comunidade. Foi então que a líder descobriu a grande fraude contra seu povo: a certidão no cartório dizia que o seu bisavô era branco. O avô havia sido registrado como Martins. Helena achou estranho. Ninguém dos seus era branco nem levava o nome de Martins. O avô relatava que os parentes haviam chegado à ilha confinados como escravos nos porões de um navio atracado na praia dos Ingleses. “Fomos atrás. Achamos o livro de escravos no Rio Vermelho. Constava os nomes de Vidal Martins, meu avô, e da sua mãe Joana, também escrava.” Com as informações e memórias dos antigos, foi possível montar a árvore da família e traçar o vínculo com a terra.

    A certidão de autorreconhecimento quilombola, pré-requisito do processo, foi expedida em 2013 pela Fundação Cultural Palmares. Em 30 de março de 2015, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária e a Universidade Federal de Santa Catarina firmaram acordo de cooperação técnica para elaboração do laudo que deveria ter sido concluído no prazo de um ano. No entanto, o relatório antropológico necessário para completar a primeira parte do processo demarcatório foi entregue pela UFSC e recusado pelo Incra em 2016, que o considerou incompleto e levantou 27 questionamentos. Após a recusa da primeira versão dos estudos, a universidade atrasa a apresentação dos documentos prometidos para dezembro de 2017.

    No decorrer dos últimos anos, a comunidade se reuniu inúmeras vezes com o pessoal do Incra e universidade, com mediação do Ministério Público Federal. A Defensoria Pública da União entrou com pedido para realização de uma audiência pré-processual, após contato feito pela comunidade, em 25 de abril. A UFSC alegou que a comunidade Vidal Martins ainda deveria entregar alguns documentos importantes que faltavam para a constituição do laudo Os documentos deveriam ser referendados em assembleia da comunidade e por assinatura de todos os membros.

    Um novo prazo de 90 dias foi determinado. “Passaram os 90 dias, o prazo foi prorrogado em mais 15. Esperamos que entreguem o laudo na segunda-feira, dia 20/8. porque a demora impede a comunidade de sair do aperto que vive hoje num território de resistência com casas muito pequenas”, como explica Helena.

    Há anos na batalha pelo reconhecimento do território, Helena reclama da demora para a finalização do laudo. O primeiro relatório entregue foi devolvido pelo Incra que contestou a ausência de indicação do território. “A gente deu tudo. A comunidade que mais deu documentos foi a nossa. Fizemos o mapa três vezes, meu tio com a memória histórica dele tendo que caminhar de um lado ao outro, velho e com a perna machucada. Desumano. As pessoas passaram a desacreditar que conseguiríamos.” Enquanto isso, ameaçados pela especulação imobiliária, hostilizados pela população branca e vítimas de violência policial, os descendentes quilombolas foram se favelizando em torno do território que lhes pertence por direito.

     

    ESCRAVOS PREFERIRAM POUPAR DESCENDENTES
    DAS SUAS HISTÓRIAS DE SOFRIMENTO

     

    Jucélia Beatriz Vidal se recorda das dificuldades de infância, quando morava num casebre de barro e atravessava os caminhos tomados d’água, tudo a pé. Não que a vida tenha se tornado fácil. Aos 60 anos, mãe de duas filhas, Helena, de 36 e Shirlen, de 38, vive com os parentes em uma casa de 200 metros quadrados fora do perímetro apontado oficialmente como área quilombola na capital de Santa Catarina, famosa pela colonização europeia. Ela e sua família estão entre as 28 que aguardam o reconhecimento do quilombo remanescente no Parque Estadual do Rio Vermelho. “Nós mesmo nos reconhecemos. A gente sabe da nossa história. Ninguém vai tirar da nossa boca. Mas o estado tem que reconhecer nós”, cobra Jucélia.

    – A gente está na terra onde nossos antepassados estão enterrados. Nós quando éramos pequenos sofríamos muito, muito mesmo. Por isso não sei muito da lei, sei ler e escrever pouco. Mas meu pai sempre falava para nós: “Isto aqui tudo é de vocês. Nossos antepassados eram escravos que vieram no navio negreiro.” Desde que eu era pequenininha ele contava. Mas eu falo com muita tristeza… Alegria e tristeza! Porque eles apanhavam muito. Ali, antes de chegar na entrada do Rio Vermelho [aponta na direção],  tem o nome de Mocotó porque eles matavam o gado. Os senhores comiam do bom e davam o mocotó pros escravos comerem.

    Odílio Martins. morador mais antigo do Quilombo Vidal Martins, ajudou a abrir a estrada que leva o Parque do Rio Vermelho à Barra da Lagoa, mas foi impedido de entrar na terra herdada de seu pai, que foi enganado pelo regime militar  (Foto: Jekupe Mawé)

    Aos 65 anos, Odílio Izidro Vidal, o tio de Helena, é a pessoa mais velha da comunidade. Cresceu vendo seu pai trabalhar na roça no cultivo de arroz, feijão, mandioca, produzindo farinha, trocando pescado por carne seca e açúcar na Lagoa da Conceição. Quando o pai ia ao centro saía às 5 da manhã e retornava meia-noite para casa, o trajeto feito a pé pela Barra da Lagoa. “A gente não tinha dinheiro, mas tinha fartura”. Por dia de pesca chegava a pegar de 30 a 40 quilos de camarão.

    –  As únicas pessoas que moravam aqui éramos nós, meu pai, meu tio e tia. No tempo do golpe militar, enganaram meu pai. Falaram que ele poderia continuar usando a área. Até que tiraram a gente e ele comprou aquele pedacinho de terra pequeno com o dinheiro do trabalho. Quando eu fiquei maior, trabalhei na área. Ajudei a abrir a estrada para a Barra da Lagoa. Mas fomos impedidos de continuar entrando no terreno onde hoje está o Parque do Rio Vermelho. Agora podemos entrar aqui por causa do quilombo. Íamos brigar com quem? Com o governo? Meu pai morreu faz uns 30 anos e nem sabia dessa lei dos quilombolas. Nem eu não sabia. Fui saber agora, faz uns cinco anos mais ou menos. A Helena [sobrinha] foi atrás dos documentos da nossa história. Do que eu vivi em diante sei tudo.

     

     

     

     

     

     

     

    O procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos é regulamentado pelo Decreto nº 4.887, de 2003, assinado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da SIlva. Em 2004, passou a vigorar no Brasil a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e Tribais. O Brasil, juntamente com mais 16 países, ratificou a convenção dando a ela força de lei. A Convenção assegura às comunidades quilombolas o direito à propriedade de suas terras e estabelece a necessidade de consulta sobre todas as medidas suscetíveis de afetá-las.

    Helena, de óculos, em roda de conversa de mulheres quilombolas no Parque Estadual do Rio Vermelho.  (Arquivo pessoal de Cláudia Prado da Rosa)

     

     

    Comunidade Quilombola Vidal Martins
    Dos arquivos da comunidade Vidal Martins, formada por descendentes de escravos do séc. XVIII

    O Quilombo Vidal Martins, onde habitam 28 famílias descendentes de escravos, localiza-se no bairro Rio Vermelho, em Florianópolis. Um dos mais antigos da ilha, completou 180 anos em 2011.

    Escavações arqueológicas realizadas pelo padre João Alfredo Rohr (1908-1983) apontam a existência de populações dos índios Carijós no local, os resultados das pesquisas encontram-se no Museu do Homem do Sambaqui e no Museu de Antropologia da UFSC.

    Sobre o início da ocupação portuguesa sabe-se muito pouco, mas existem indícios de já haver algum povoamento no início do século XVIII, e da construção de uma capela em 1750. Com segurança, o povoamento e a história do Rio Vermelho começaram apenas na segunda metade do século XVIII, quando os açorianos chegaram a partir de 1748. A ocupação das terras motivou a construção de uma segunda igreja, em 1810. Pelo aumento rápido da população, em 1831, por decreto da Regência, foram criados o distrito e a paróquia de São João Baptista do Rio Vermelho.

    Alguns dos primeiros moradores do distrito foram os senhores de escravo, seus respectivos escravos e a população proveniente das ilhas dos Açores e da Madeira. As casas dos senhores de escravos eram em sua maioria de pedra, assim como as senzalas. Já as casas dos escravos alforriados eram de taipa, ou pau-a-pique e barro, e se localizavam na parte sul do povoado, mais distante do centro.
    Os meios de transporte antigos eram a pé, de canoa e a cavalo. Para transporte de carga usava-se a carroça e o carro de boi. No Rio Vermelho localizava-se a maior área da ilha cultivada com mandioca, e era onde ficava também, a maior concentração de engenhos, que antigamente eram manuais e mais tarde foram substituídos por engenhos movidos à força dos bois.
    O bairro do Rio Vermelho hoje possui cerca de 15.000 habitantes, segundo o IBGE (2010).

  • A Paraíso do Tuiuti desceu o morro e calou os paneleiros

    A Paraíso do Tuiuti desceu o morro e calou os paneleiros

    O Brasil Racista
    O Brasil Racista

    A Tuiuti merece mais que o título. Ela tem que ser reverenciada pela obra por décadas e estudada nas escolas. Diz o sábio mestre, Candeia ao amigo Carlos Mumu Oliveira. Dois símbolos de um Rio de Janeiro que combate e sorri. Na mesa de um bar esta estória se deu de forma “real” como homenagem ao desfile que emocionou e deu recado ao mundo.

    Carlos Mumu Oliveira e Candeia

    Logo, Candeia, já emenda: “Passa a porção de manjuba, meu amigo, que hoje o papo é sério”.

    Candeia mastiga, toma um gole da sua cerveja e continua sua análise. “Vi esse desfile em lágrimas e pensei: Isso é o nosso Quilombo”.

    Mumu acena positivamente como quem concorda por ser verdade e não porque a companhia é ilustre. Mumu é Mangueira. Candeia Portela.

    Mas os dois não se constrangem em dizer “Hoje a Tuiuti nos representa”, diz Candeia, que de pronto Mumu completa:”Ela fala de nós e com a gente”.

    Nessa fala do manguerense já se mostra que as cores ali defendidas seriam do azul e amarelo. Diferentemente dos que vestem verde e amarelo como ostentação, ignorância e burlesca no pior sentido.

     

    Os que manipulados pela Fiesp foram às ruas numa gigantesca carna-falsomoralismo-alienante. Nesse papo de dois grandes comunicadores, o Morro tem Voz.

    Fantoches do sistema
    Fantoches do sistema

    Ele desce para gritar que panela não é adorno, adereço. É símbolo de fome e resistência. Assim continua o mestre.

    Flamenguista descarado e escancarado, Mumu manda: “Como em jogo de futebol, onde o pequeno cala um estádio do tal time ‘grande’, assim o fez a Tuiuiti quando calou a Rede Globo. Calou aqueles que bateram panela e incendiaram de esperança quem chora por causa do aumento do busão ou sobe cansado o morro de rua de terra após o dia de trabalho na casa do doutor”.

    E continua: “Os pequenos que estudam na escola que para aquela gente tem que ser sem partido, sem história, sem geografia, sem educação física, sem livros e sem saber”.

    Os patos!
    Os patos!

    Embalado por mais um gole da esperança, conclui: “Diria que a Tuiuti seria a segunda parte da música “Cale-se”, do Chico Buarque. Ou seria a continuação da escola de samba GRES Quilombo criada por você, mestre Candeia”. Candeia sorri. Escrever este papo de duas memórias do Rio que gostamos não foi fácil.

    Pois trazer Candeia é trazer uma parte nossa, que incomoda porque nos faz pensar. Já o segundo, nos faz rir, não da imagem fácil do racista ou preconceituoso.

    Nos faz rir pela inteligência. Assim são Candeia e Mumu. Um deu vida a um Quilombo e o segundo nos ensina com bom humor como viver em um Quilombo.

    Desse papo e do desfile da Tuiuti tirou-se a lição de casa que panelas não devem ser usadas como adorno de um carna-hipocrisia-partidária-em forma de pato.

    A escola ensinou e fez chorar esses dois marmanjos. Assim como os mais de 50 milhões que viram um golpe de dados de que não devemos e não vamos desistir.

    O Brasil é verde, amarelo, azul, branco e muito, mas muito preto (a). Dos campos de algodão à fábrica ou do navio negreiro ao camburão, continuaremos resistindo.

    Nossas correntes foram quebradas mais uma vez com o samba, ou hino, da Tuiuti.

    Tuiuti nos lembrou que lado cada qual está(ão). Nós somos o povo que usa a panela para nos sustentar para um dia de labuta.

    Brasil Racista!
    Brasil Racista!

    Eles usam a panela para brincar. Os de cá, rapaz, a panela de fome. Os do outro lado da ponte, que vão de camisa da seleção na Paulista usam a panela como adereço, assim como levam serpentina e apito para brincar mais um carnaval.

    Cada qual usa a panela de uma forma. O do lado de cá é um lamento (Grito de sim, nós podemos/ Unidos somos mais fortes / De quem quer maneira eu canto).

    Voltando aos anfitriões do bar da vida. Candeia por fim fala: “Vamos ser Reis todos os dias na universidade”…

    E passa a cerveja para o amigo Mumu, que complementa, enquanto batuca ouvindo o samba-hino campeão da Tuiuti de 2018.

    “O carnaval de 2018 marca a volta da escola de samba como elemento de conscientização. As mensagens de Salgueiro, Mangueira, Tuiuti e Beija-Flor precisam retornar no próximo sábado. Há tempos eu não via tanta troca de ideias, tantos debates e reflexões a respeito dos desfiles. Impossível passar despercebido pelas ‘Pietás’ de Salgueiro e Beija-Flor, que traziam nelas toda dor das mães que perderam seus filhos pra violência. Doeu ver alunos armados em sala de aula? Assalto? Corrupção? Ficou incomodado? Então, o ‘tiro foi certo’, pois os noticiários já não nos tocam mais, tamanha a recorrência desses fatos”.

    Carlos Mumu, continua: “Chorou com a comissão de frente da Tuiuti? Ótimo! Chore e se lembre que enquanto estamos aqui lendo, tem gente em pleno século 21 sendo açoitada, humilhada em troca de esmolas disfarçadas de salário”.

    E complementa: “Riu do prefeito no papel de Judas? Não ria, é sério! Somos traídos dia a dia por este senhor que dizia que iria cuidar das pessoas. Aliás, ele e seus assessores postaram nota, fazendo-se de vítimas do desfile da Mangueira. Prova de que a crítica doeu e ligou o sinal de alerta deles. Ponto pra nós! Tudo o que foi mostrado está longe de ser uma hipérbole, é real em grandes quantidades sim! Um primeiro passo foi dado. Que venham outros em 2019. Quem não viu, que veja no sábado.

    E quem viu, veja novamente. As escolas de samba precisam ficar à frente do seu povo. O recado começou a ser dado nesse ou naquele desfile!”