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  • Aécio é escorraçado da Paulista e PSDB perde as ruas para a direita

    Aécio é escorraçado da Paulista e PSDB perde as ruas para a direita

    O 13 de março ficará marcado como o dia em que os tucanos e os peemedebistas do golpe perderam as ruas para a extrema-direita. Moro virou um semi-deus, ou um monstro, que ameaça a democracia porque já não se submete a ela: tem à disposição massas furiosas que servem a seu ímpeto justiceiro.

    Quem vai segurar o monstro alimentado por esse homem, sob cobertura da Globo?
    Quem vai segurar o monstro das ruas  alimentado por esse homem, sob cobertura da Globo? – Foto: Revista Fórum

    Começou como se esperava: a Globo dava ampla cobertura para atos de rua em Brasília, BH, Rio e nas capitais do Nordeste. Era como se fosse um “esquenta”, pra  chamar a massa de classe média ao grande ato da tarde, na avenida Paulista.
    Com exceção do Rio de Janeiro (onde nitidamente mais gente foi às ruas dessa vez), nas demais cidades o comparecimento não saiu do que se esperava durante a manhã: a classe média em fúria dava as caras – num misto de delírio, autoritarismo e ódio longamente semeados pela Globo/Veja e pelo próprio “líder” da oposição, Aécio Neves (um anão político que pôs em risco a estabilidade democrática, ao não aceitar a derrota nas urnas em 2014).

    O ato em São Paulo era tão importante que Aécio e outros líderes tucanos tentaram pegar carona na manifestação. E aí a narrativa começou a sair do programado pela oposição…

    Marta foi escorraçada pelos coxinhas; Aécio e os tucanos foram num esquema vip para a festa e acabaram expulsos
    Foto: Revista Fórum

    Marta foi escorraçada pelos coxinhas; Aécio e os tucanos foram num esquema vip para a festa e acabaram expulsos

    Aécio Neves e Geraldo Alckmin foram escorraçados da Paulista, aos gritos de “bundões” e “oportunistas”.

    Um vídeo postado pelo ótimo repórter Pedro Venceslau (e que você pode assistir aqui) mostra eleitores dizendo diretamente a Aécio:

    “fora, ladrão, vagabundo! Lixo!”

    Os líderes máximos da oposição tiveram que sair correndo da avenida. Marta Suplicy, que abandonou o PT e embarcou no PMDB pregando impeachment, foi tratada a sapatadas: teve que se esconder no prédio da FIESP.

    O dia 13 ficará marcado como o dia em que os tucanos e os peemedebistas mais apressados (a exemplo de Marta) perderam as ruas para a extrema-direita.

    Bolsonaro não foi mal recebido em Brasilia. Nem tampouco Malafaia. Caiado foi ovacionado em São Paulo.

    Acima de todos eles, no entanto, está a figura de Sergio Moro. Transformado numa espécie de semideus da moral e dos costumes, apoiado pela Globo de Ali Kamel, Moro poderia instalar guilhotinas em Curitiba já na semana que vem e transmitir execuções públicas pela TV. Seria apoiado pela massa cheirosa que tomou as ruas.

    Ontem, escrevi que a situação de Dilma e Lula é difícil, mas que ainda há margem de manobra (clique aqui para ler mais), entre outros motivos porque estamos sob o signo do “imponderável de Almeida”.

    E o imponderável deu as caras.

    O PSDB, na verdade, viu sua margem de manobra se estreitar nas ruas: aqueles que votaram em Aécio começam a se descolar dele; e os que votaram em Dilma estão parados, a observar.

    A primeira impressão é de que o lulismo vai botar muita gente nas ruas dia 18. Não tanta gente como a direita da “antipolítica”. Mas ficará claro, depois do dia 13 e do dia 18, que nas ruas só há duas forças: a extrema-direita que quer escorraçar/trucidar os políticos (inclusive tucanos) e o lulismo com apoio sindical/orgânico, de movimentos sociais e de certa centro-esquerda que se contrapõe à barbárie bolsonariana.

    Ou seja: Lula e o PT têm alguma força para resistir na rua. Do outro lado, há a sombra ameaçadora do fascismo. O PSDB ficará esmagado entre essas duas forças.

    Vai ser curioso também ver o que a Globo fará com os fanáticos que ajudou a criar (repórteres da TV carioca tiveram que trabalhar sem logotipo nos microfones, mesmo nas manifestações de direita).

    A Globo e o PSDB estão espremidos: parecem perder o controle do monstro que alimentaram. Segura essa, Aécio! Segura essa, Ali Kamel

    Nas últimas semanas, os tucanos deixaram evidente que sua aliança preferencial não é com as ruas, mas com Eduardo Cunha (para aplicar o impeachment) ou com Renan Calheiros (para implantar um parlamentarismo de ocasião, com programa liberal e privatizante).

    O monstro de direita que rugiu nas ruas não quer acordos palacianos. Quer alguém que prenda e arrebente.

    Aécio e Serra correm o risco de virar lacerdas do século XXI: fomentaram o ódio, e na última hora acabarão tragados por ele.

    Moro virou um ente político. Quem poderá detê-lo?

    Não estranharia se, nos próximos dias, o mundo político “institucional” (falo de Renan, Jucá, Sarney, além de certo “centro” comandado por Kassab) se voltar para Lula.

    O ex-presidente é o único que tem alguma força para segurar a onda de antipolítica que pode aniquilar não o PT (este sobreviverá, com todos seus defeitos, porque representa parte significativa da população), mas toda a institucionalidade democrática que construímos desde 1988.

    A dúvida agora é: o PSDB pode radicalizar ainda mais pra direita, pra agradar a massa furiosa da Paulista? Parece-me pouco provável.

    Não há dúvida de que a marcha na Paulista foi massiva, e bem maior do que a de março de 2015. Chega-se a falar em 1,4 milhão de pessoas na avenida.O DataFolha, mais comedido, fala em 450 mil pessoas.

    Quem passou por lá não tem dúvidas: o povo na rua era majoritariamente branco, de classe média e conservador. O povão, que votou em Dilma e tem críticas ao governo, não deu as caras na Paulista.

    Nesse sentido, a marcha do dia 13 é, sim, mais um sinal de alerta para o governo Dilma: os que já não gostavam de você, presidenta, se tornam cada vez mais barulhentos e impacientes. Topam qualquer coisa para arrancar da cadeira a mulher que agora é chamada de “quenga” em faixas nas ruas!

    Mas o dia 13 é, sem dúvida, muito mais dramático para a oposição.

    O imponderável dá as cartas.

    Lula, de vilão, pode virar o fiador de um novo arranjo que impeça o caos e o desmoronamento do sistema político.

  • Um debate sobre a investigação da máfia das merendas sem o principal investigado

    Um debate sobre a investigação da máfia das merendas sem o principal investigado

    “Cadê o Capez? Cadê o Capez? “

    “Capez, Capez, Chegou a sua vez: ou devolve a merenda ou vai parar lá no xadrez!”
    Pega ladrão!!
    “A merenda ele roubou, o Capez é só Caôôôôôôôôôô”

    Com frases como essas, a Assembleia Legislativa de SP foi tomada na tarde desta terça (23) por mais de 700 integrantes de movimentos sociais, de moradia, estudantis e entidades sindicais. Gente de luta, disposta a pressionar os deputados tucanos pela investigação do roubo do dinheiro das merendas.
    Mas, dessas 700 pessoas presentes, somente 200 conseguiram acompanhar o debate sobre a CPI na parte interna do plenário Juscelino Kubitschek. As demais foram impedidas pela Polícia Militar que alegou superlotação para o espaço. Ainda assim, cenário que se viu foi de muitas cadeiras vazias e muita gente em fila do lado de fora, aguardando para entrar. Era a tentativa de vencer os manifestantes pelo cansaço. Manobra orientada pela bancada dos deputados do PSDB – onde estão os principais envolvidos na máfia e que por isso, são os “pressionados” à assinarem para que a CPI aconteça.
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    E por falar em manobra, essa tarde de terça vai entrar para história da Alesp, como bem falou o deputado do PSOL, Carlos Gianazzi em uma de seus desabafos para a deputada Analice Fernandes, que presidiu a sessão na maior parte do tempo: “A senhora está sendo submissa ao pedido dos deputados do PSDB. Está burlando o regimento interno, numa tentativa de desmobilizar os movimentos que vieram assistir o debate. Isso tem que entrar para a história da Assembleia”. Isso porque, a parlamentar do PSDB suspendeu a sessão por pelo menos por cinco vezes, a pedido de parlamentares como Campos Machado e Coronel Telhada, numa tentativa de fazer com que o povo presente desistisse de esperar e esvaziasse as galerias.
    Coronel Telhada foi um capítulo à parte. Já na tribuna, tendo seu direito de fala respeitado, chegou a dizer que os manifestantes estavam recebendo sanduíche de mortadela para protestar, e debochado, ofereceu sanduíches de presunto e queijo para calar os presentes: “Sanduíche de presunto e queijo é um pouco melhor.” disse ele. Antidemocracia, desrespeito e preconceito foram as características do tratamento do parlamentar com os manifestantes. Nada surpreendente para o perfil do Coronel.


    A bancada do Psol e do PC do B fez inúmeras defesas para a instalação da investigação. Os deputados do PT não ficaram atrás. Críticas à qualidade da merenda também não faltaram: “O roubo tira o dinheiro da merenda e coloca veneno no prato das crianças”. comentou o deputado João Paulo Rillo. Inclusive, os petistas citaram nominalmente os personagens que estão envolvidos na máfia: o secretário estadual de Logística e de Transportes, Duarte Nogueira, e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil de Geraldo Alckmin, Luiz Roberto dos Santos, conhecido como “Moita”, numa crítica à cobertura que a mídia tradicional vem dando para o assunto, sem citar nomes e blindando especialmente, o de Fernando Capez, presidente da Assembleia, principal investigado e que hoje demonstrou que teme as manifestações democráticas, pois diferente de como faz na maioria das terças-feiras na Alesp, ficou durante toda a tarde dentro de seu gabinete, acompanhando o debate pela TV da Assembleia. “Ficou reprovado” no quesito democracia.

    20160223092930Para a próxima semana, a discussão promete pegar fogo. Os deputados que já assinaram a CPI farão pressão para angariar novas adesões e terão conversas massivas com Capez, para que ele incentive sua base aliada de deputados tucanos a assinar, numa ação de transparência para o caso. No próximo debate, petistas, psolistas e bancada do PC do B esperam que Capez não fuja dos braços da democracia.

     

  • Goiás: Escolas são desocupadas, luta dos secundaristas continua

    Goiás: Escolas são desocupadas, luta dos secundaristas continua

    Não tem arrego! Mesmo com a desocupação das três últimas escolas em funcionamento em Goiás, na última sexta-feira (19), os secundaristas seguem empenhados na luta contra a política de privatização do ensino no Estado, estabelecida pelo governador Marconi Perillo (PSDB) com a transferência da gestão de escolas da rede pública para as chamadas OSs (Organizações Sociais).

    Ainda resta uma escola ocupada, o colégio José Carlos de Almeida, que foi a primeira a ser tomada pelos estudantes, em em 9 de dezembro de 2015; mas como a escola não está funcionando desde 2014, a ocupação está sendo ignorada pelo governo até agora.

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    As desocupações tiveram início no dia 13 de janeiro,  depois que a Justiça decretou a reintegração de posse das escolas nas diversas regiões do Estado, entre elas Anápolis, Aparecida de Goiânia e Goiânia. A punição à “desobediência” implicava multas entre R$ 10 mil e R$ 50 mil diariamente.

    Houve seguidas denúncia de agressões policiais durante as desocupações, apesar de a Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esporte de Goiás (Seduce) ter publicado em seu site que “os esforços são no sentido de que [as escolas] sejam desocupadas de forma espontânea a partir da negociação e do diálogo”.

    O clima de violência e repressão deu a tônica na maneira como o governo Perillo tratou com os secundaristas em Goiás –e tem tratado os movimentos sociais no Estado.

    As alunas do colégio Ismael Silva de Jesus, em 25 de janeiro, gravaram um vídeo relatando as arbitrariedades sofridas, desde gritos a cadeiradas nas costas. “Eu acordei com a polícia me chutando”, disse uma das estudantes. Veja o vídeo aqui.

    Em outro vídeo, gravado em Anápolis, é possível testemunhar a ação violenta e ilegal da PM. Veja aqui.

    Ao longo do processo de ocupação/desocupação foram 31 os presos políticos, professores e alunos –muitos deles jovens com menos de 18 anos presos ilegalmente em cadeias. A maioria foi detida durante manifestação diante da sede da Secretaria da Educação, em 15 de fevereiro, contra a privatização da gestão das escolas estaduais. Veja entrevista com o Prof. Rafael Saddi, da Faculdade de História da UFG, após a audiência de custódia na 7ª Vara Criminal do Fórum Desembargador Fenelon Teodoro Reis, em Goiânia, na qual ele relata a truculência das prisões ilegais: https://goo.gl/f4pCDQ

     

    Em 17 de fevereiro, a PM reprimiu com violência uma manifestação contra o aumento da tarifa do transporte público em Goiânia e também se solidarizava com os 31 presos dois dias antes. Houve 16 prisões, entre elas a do estudante Wendel D. S. T., que ficou preso por 5 dias e só foi solto na tarde desta segunda-feira (22). Segundo o advogado Gustavo Sabino Alcântara, que defendeu o jovem, “o menor W. D. S. T. foi preso com o objetivo último de intimidar quem ousa insurgir-se contra as irregularidades e posturas antidemocráticas do Governo do Estado de Goiás”. Veja: https://goo.gl/zRLLRB

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    A irregularidade no processo de privatização da educação em Goiás

    Em 15 de fevereiro, 10 Organizações Sociais (OSs) apresentaram-se para participar do processo de privatização de parte da rede pública de ensino em Goiás. As OSs qualificadas e que apresentaram propostas foram:

    – Instituto Brasil Central de Educação e Saúde;

    – Associação Educacional Olimpo;

    – Grupo Tático Resgate (GTR);

    – Instituto Consolidar;

    – Inove;

    – Associação Nacional de Ensino e Cultura (Educar);

    – Fundação Antares de Ensino Superior, Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão (Faesp);

    – Instituto Brasileiro de Educação e Gestão (Ibeg);

    – Instituto de Educação, Cultura e Meio Ambiente (ECMA);

    – Ibraceds.

    A decisão do governo de Perillo é implantar o sistema de OSs 23 escolas, chegando a 200 até o final de 2016.

    Apesar da Secretaria da Educação ter informado em seu site oficial que a abertura dos envelopes com as propostas das OSs teria sido pública, o movimento secundarista tem denunciado que ela foi privada e, dessa forma, ilegal. Os estudantes estão organizando protesto em 25 de fevereiro, data marcada para a sessão pública da complementação dos documentos: veja aqui.

    O caso já tornou-se federal: o Conselho Nacional de Educação (CNE) está analisando o projeto de administração de escolas de Marconi Perillo (PSDB) e deverá expedir um parecer sobre a questão em até 90 dias e, apesar de não ainda não haver um oficial, conselheiros questionaram a legalidade da ação do governo, em declarações à Agência do Brasil:

    “Estranho que o estado tenha que apelar para uma organização social para dizer que vai melhorar a educação. Isso para mim é uma declaração de incompetência. O estado não pode fazer isso porque ele continua sendo responsável”, disse o conselheiro Antonio Ibañez.

     

    Antonio Carlos Caruso Ronca, vice-presidente da Câmara de Educação Básica, afirmou:

    “Eu tenho dúvidas [quanto a legalidade da transferência da administração das escolas para Oss]. Acho que há uma questão constitucional de que compete ao Poder Público a oferta de educação básica. Não sei se nós podemos entregar a educação básica pública na mão de OSs, igreja ou qualquer outra situação”.

     

    Já o Ministério Público Federal, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) e o Ministério Público de Contas do Estado recomendaram a suspensão do edital das OSs nas escolas: veja aqui a manifestação do Ministério Público de Goiás:

     

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    O documento criticou diretamente as Organizações Sociais (OSs) qualificadas pelo Estado de Goiás, constatando que elas não comprovaram notória capacidade profissional nem possuem “idoneidade moral”.

    No documento, aponta-se que uma das OSs, a INOVE, tem como responsável Relton Jerônimo Cabral, veterinário, “o qual tem contra si um boletim de ocorrência narrando suposta prática do crime de estelionato pela venda de um cão doente terminal da raça yorkshire. Prima facie, não há notícia de histórico na área de educação em favor de Relton”.

    Além disso, os indicou-se no documento do Ministério Público que vários responsáveis de OSs que são acusados em práticas de crimes, fraudes, delitos e réus em ações penais, como é o caso dos responsáveis pela IBRACEDS, André Luiz Braga das Dores e Antônio de Sousa Almeida. “O primeiro é réu em ações penais e ações de improbidade administrativa decorrentes da rumorosa operação ‘Fundo Corrosivo’ deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – GAECO do Ministério Público do Estado de Goiás.”

    O movimento secundarista tem denunciado recorrentemente os principais protagonistas do processo de privatização da educação em Goiás, todos aliados de Perillo. Veja artes feitas pelo movimento sobre alguns deles:

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  • A quem interessa barrar a investigação sobre a máfia das merendas?

    A quem interessa barrar a investigação sobre a máfia das merendas?

    Roubar dinheiro da merenda escolar não tem perdão. O ladrão sabe que está tirando dinheiro da alimentação de crianças que vivem no limite da vulnerabilidade social e que têm na merenda escolar, muitas vezes, a única fonte de nutrientes para seu adequado desenvolvimento físico e psíquico.

    Pois foi isso o que aconteceu no Estado de São Paulo, onde uma organização mafiosa montou um esquema de corrupção para vender merendas escolares a preços superfaturados para a Secretaria da Educação do Estado e mais 22 prefeituras paulistas. 

    A investigação sobre essa máfia, feita pelo Ministério Público e pela Polícia Civil de São Paulo, mostra que o esquema funcionava assim: políticos do PSDB, PMDB, PTB e Solidariedade, além de funcionários da Secretaria da Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB-SP) topavam contratos em que o preço da merenda era muito maior do que o real, em troca de receber dinheiro “por fora” dos mafiosos. 

    A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, responsável também pela proposta de reorganização escolar, é o setor que detém o maior contrato. De acordo com o Ministério Público, o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) pagou R$ 7,7 milhões à cooperativa só no último ano.

    A operação foi anunciada no dia 19 de janeiro, quando foram presos os chefões da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), que fica no município de Bebedouro. Segundo a investigação policial, eram eles que pagavam a propina para os políticos em troca de contratos milionários. Escutas telefônicas mostraram que contratos de fornecimento de merenda que valeriam, por exemplo R$ 100, eram aumentados para até R$ 125 (25% a mais).

    Até o presidente da Assembléia Legislativa, o tucano Fernando Capez, é suspeito de receber propina para facilitar a assinatura dos contratos superfaturados da merenda escolar (ele nega todas as acusações). Capez, que é promotor de Justiça e aspira a disputar a cadeira de Alckmin em 2018,  teria recebido propina a cada contrato celebrado entre a entidade e o setor público. Adriano Gilbertoni Mauro, um dos funcionários presos na operação, afirmou que Capez foi o responsável por conseguir a celebração de contrato com a Secretaria Estadual da Educação. Capez receberia parte das propinas por meio de assessores, identificados pelos investigados como ‘Licá’ e ‘Jeter’. Licá, Luiz Carlos Gutierrez, é assessor de Capez, e Jeter Rodrigues Pereira integrava o Departamento de Comissões da Assembleia, mas foi demitido em dezembro.

    Um litro de suco de laranja, que custava para a Coaf R$ 3,70, era vendido para a merenda a R$ 6,80.

    O suco mais caro do mundo!

    Além disso, nas investigações, foi apurado que 80% dos produtos fornecidos pela Coaf vinham na verdade de grandes indústrias. Apesar de envolver contratos em 22 prefeituras, o principal interesse financeiro da Coaf era os milionários pagamentos feitos pela Secretaria Estadual da Educação. O vice-presidente da Coaf, Carlos Alberto Santana da Silva, conhecido como Cal, declarou que houve propina de R$ 1,94 milhão em um único contrato.

    Foi oferecido a todos os detidos que fizessem delações premiadas, para reduzir suas penas. E eles toparam “dedurar” os políticos a quem pagaram propinas. Citaram, além de Fernando Capez (PSDB); o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo Alckmin e braço-direito do secretário Edson Aparecido, Luiz Roberto dos Santos, conhecido como “Moita”; o presidente do PMDB paulista, deputado federal Baleia Rossi; o deputado federal Nelson Marquezelli (PTB); e o deputado estadual Luiz Carlos Gondim (SD).

    O dinheiro para pagar a safadeza dos envolvidos era entregue em pacotes de dinheiro vivo ou em depósitos em conta.

    O pior dessa modalidade de corrupção é que ela se valeu de uma lei muito importante, que obrigou os governos a comprar pelo menos 30% da merenda escolar da chamada agricultura familiar. Ou seja, em vez de os governos comprarem de grandes empresas e produtores, devem comprar 30% dos alimentos de pequenos produtores. Esta foi uma forma de apoiar o pequeno camponês, porque garante a ele o escoamento de sua produção.

    Por lei, as contratações ocorrem por meio de “chamada pública”, uma espécie de licitação. A Coaf, essa tal Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar, então, disputava esses 30% de verba destinada à agricultura familiar, fingindo que oferecia os melhores preços entre várias outras cooperativas do mesmo gênero. Só que o jogo estava todo combinado de antemão, inclusive os preços que eram superfaturados.

    Para investigar todo esse rolo, 19 deputados estaduais da Assembléia Legislativa de São Paulo querem instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). Mas são necessários 32 assinaturas de deputados para que isso aconteça. O receio é que os deputados tucanos e a base parlamentar do governador Geraldo Alckmin bloqueie a investigação.

    O deputado estadual Geraldo Cruz (PT) está à frente da batalha para conseguir as 32 assinaturas de parlamentares. Na entrevista acima, ele conta mais detalhes sobre a CPI da Máfia das Merendas.

     

     

     

     

  • Entenda o plano do PSDB para a Educação (ou por que São Paulo, Paraná e Goiás têm escolas em luta) parte 3

    Entenda o plano do PSDB para a Educação (ou por que São Paulo, Paraná e Goiás têm escolas em luta) parte 3

    No dia 24 de dezembro de 2015, a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) de Goiás atualizou uma série de perguntas e respostas sobre o projeto de transferência da administração de escolas públicas a organizações sociais.

    A nota (que pode ser lida aqui: http://migre.me/sWxtv ) argumenta que “o principal objetivo das OSs é tornar mais ágil a gestão das unidades, buscando a redução da burocracia e dos custos”. Além disso, “o diretor terá suas atividades totalmente concentradas na parte pedagógica da escola, acompanhando de perto o desempenho, enquanto as OSs farão a gestão administrativa, garantindo a segurança e boas condições estruturais”.

    Nesta terceira parte de uma série de quatro vídeos, o Diretor da Faculdade de Educação da UNICAMP, Luíz Carlos de Freitas, explica aos Jornalistas Livres porque essas justificativas entram na contramão da escola pública de qualidade.

    As duas primeiras partes da entrevista podem ser vistas aqui:
    Parte I: http://migre.me/sRZV6
    Parte II: http://migre.me/sWy5C

  • Entenda o plano do PSDB para a Educação (ou por que São Paulo, Paraná e Goiás têm escolas em luta)

    Entenda o plano do PSDB para a Educação (ou por que São Paulo, Paraná e Goiás têm escolas em luta)

    De acordo com o National Center of Education Statistics (NCES), o número de escolas públicas norte-americanas administradas pela iniciativa privada, conhecidas como ‘Escolas Charters’, soma mais de 6 mil, em funcionamento desde 1999. No Brasil, os estudantes de Goiás seguem na luta contra a imposição do governador Marconi Perillo (PSDB) em transferir a gestão das escolas públicas a organizações sociais, além da militarização do ensino.

    Em 2006, os secundaristas chilenos foram às ruas pedir o passe livre estudantil e melhorias para o sistema educacional a então recém-empossada presidente Michelle Bachelet. O movimento, que resultou no documentário “Revolução dos Pinguins”, do diretor Carlos Pronzato, inspirou a luta e as mais de 200 ocupações dos alunos da rede estadual paulista contra o projeto de “reorganização” das escolas do governador Geraldo Alckmin (PSDB). A aplicação do plano foi suspenso até 2016.

    Neste segundo vídeo de uma série de quatro blocos, o Diretor da Faculdade de Educação da UNICAMP, Luíz Carlos de Freitas, explica aos Jornalistas Livres como o cenário internacional e as medidas de reformas educacionais impostas estão direcionando o Brasil.

    Reportagem: Laura Capriglione e Jeniffer Mendonça e edição: Oscar Freitas Neto, especial para os Jornalistas Livres

    A primeira parte da entrevista pode ser vista aqui:http://migre.me/sRZV6