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  • Fé, calma e sabedoria contra o caos: o que recomenda este líder indígena

    Fé, calma e sabedoria contra o caos: o que recomenda este líder indígena

    por Ana Clara Brant –   do Estado de Minas           

     

     

     

     

    Em 1987, no contexto das discussões da Assembleia Constituinte, o líder indígena, ambientalista e escritor Ailton Krenak fez um gesto que entrou para a história. Em sinal de luto pelo retrocesso na tramitação dos direitos indígenas, ele pintou o rosto de preto com pasta de jenipapo enquanto discursava no plenário do Congresso Nacional, em Brasília. “Se for para repetir esse gesto, tomara que seja com mais gente. Um homem sozinho não consegue nada. Mas não adianta ficar estressado, angustiado. Mesmo diante desse caos, precisamos não perder a fé e a calma. É preciso resolver as coisas com sabedoria”, afirma Krenak, que esteve em Belo Horizonte na quinta-feira passada (22), como convidado do Encontro Internacional Arte, Cultura e Democracia no Século 21, promovido pela Prefeitura.

     

     

    Apesar do tom sereno, Krenak não esconde a preocupação, sobretudo com relação às mais recentes tragédias ambientais, como as queimadas em curso na Amazônia. “A Amazônia é um bioma complexo e regulador do clima e distribui chuvas, além de reciclar e limpar o oxigênio do planeta. Os governos europeus sabem dessa importância e por isso estão se manifestando, preocupados com a situação”, observa Krenak. Para os povos indígenas, no entanto, a relação é outra. “É como se fosse uma entidade à qual muitos povos se sentem vinculados e na obrigação de protegê-la.”
    Embora valorize a preocupação dos governantes europeus, o líder indígena avalia que eles deveriam ter tomado decisões em relação à proteção da Amazônia há muito tempo, como a suspensão das importações de carne de boi, de frango, soja e minério. “A pecuária, a mineração, tudo isso está devastando nossas paisagens, nosso meio ambiente. França, Alemanha e outros países deveriam colocar alguma restrição na hora de importar esses produtos. Já que nosso presidente decidiu avacalhar tudo, ele mesmo poderia fazer algo nesse sentido. Proibir a venda dessas mercadorias, por exemplo”, sugere.

    “Um homem sozinho não consegue nada. Mas não adianta ficar estressado, angustiado. Mesmo diante desse caos, precisamos não perder a fé e a calma. É preciso resolver as coisas com sabedoria”

     

     

     

     

     

     

    Krenak é pessimista com as perspectivas do governo de Jair Bolsonaro. Particularmente, ele se refere ao presidente como Nero, o imperador romano famoso por ter incendiado Roma. “Vivemos um período crítico, com ameaças aos direitos humanos, à ideia do Estado de direito. Enquanto existir esse governo agredindo o senso comum, desrespeitando tudo e todos, desmantelando a infraestrutura de governança que recebeu, a gente não tem esperança nenhuma de melhorar. Mas temos que seguir firmes, fortes e resistentes”, afirma.

     

     

    Ideias para adiar o fim do mundo, o mais recente livro de Ailton Krenak, lançado neste ano pela Companhia das Letras, tenta trazer um pouco de alento, apesar de seu título ter apavorado muita gente, como observa o autor. “Não é no sentido de amedrontar, mas para ampliar nossas visões, nossas perspectivas de vida. Temos que sonhar mais, ampliar os horizontes da existência da Terra. Essa obra é uma convocatória para se ter uma postura diante do futuro. Qual é o mundo que queremos deixar para as novas gerações?”
    Krenak celebra o fato de autores indígenas estarem conquistando espaço no mercado editorial. “É muito importante (os editores) se interessarem e valorizarem não só o que os indígenas têm feito, mas os quilombolas também. Temos que ampliar essas vozes”, diz.
    Atualmente morando em Resplendor (MG), às margens do Rio Doce, região de origem dos Krenak, ele lamenta as condições a que seu povo está submetido, principalmente após o rompimento da barragem da Samarco, em 2015. “Ainda estamos sentindo os efeitos. Estamos refugiados dentro de casa, como se fosse um acampamento dentro do nosso próprio território. Temos caminhão-pipa trazendo água, os animais sendo alimentados com ração. Infelizmente, o Rio Doce ainda vai demorar muito para voltar a ser uma fonte de subsistência. Ouso dizer que ele está pior do que o Arrudas.”
    Enquanto isso, o líder indígena segue a filosofia de sua etnia, com a “cabeça na terra”, que é o significado da palavra Krenak. “Cada cultura tem a sua maneira de orar. No nosso caso, a gente se ajoelha e coloca a cabeça na terra para se ligar a ela, fazendo contato com esse planeta tão maravilhoso. É assim que temos que continuar.”
    imagens por Helio Carlos Mello©

     

  • Terá que mudar o nome para o Brasil?

    Terá que mudar o nome para o Brasil?

    por Manoel Moleiro – de Barcelona.

     

    Aquí te dejo otro detalle del mapa más hermoso de Brasil jamás pintado. Fue realizado por Pedro Reinel y su hijo Jorge Reinel, en 1519, en la ciudad de Lisboa.

     

    Terá que mudar o nome para o Brasil? O que você acha?

    Você acha que teria alguma utilidade inundar de mensagens as redes do Senhor Bolsonaro para que tomasse medidas de proteção com a Amazônia?

    O Pau Brasil aparece em todos os primeiros mapas do Brasil do século XVI. O Comércio da madeira desta árvore, tão cobiçada na Europa para tingir os tecidos de vermelho, foi tão importante que motivou a mudança de nome a este país passando de se chamar santa cruz a se chamar de Brasil.

    Em todos estes mapas há uma característica comum: O rio e as árvores. A água, os papagaios, os dragões, (certamente os jacarés,  o medo que causavam nos europeus, transformava-os, de repente, em dragões) eram  sinais de identidade deste grande país que está sumindo sob o ímpeto das chamas.

     

    Talvez o Senhor Bolsonaro esteja a pensar no fogo como novo sinal identificador desse fascinante país, de nome Brasil.

     

    Para o seu deleite deixo-vos um mapa, de 1565, realizado pelo mais prolífico dos cartógrafos portugueses, Diogo homem. O mapa faz parte do universal do Diogo homem que conserva, como o tesouro que é, a Biblioteca Nacional da Rússia em São Petersburgo.

     

     

    ¿Habrá que cambiarle el nombre a BRASIL? ¿Tú qué piensas?

    ¿Crees que tendría alguna utilidad inundar de mensajes las redes del señor Bolsonaro para que tomase medidas de protección con la AMAZONIA?

    El PAU BRASIL aparece en todos los primeros mapas de Brasil del siglo XVI. El comercio de la madera de este árbol, tan codiciado en Europa para teñir los tejidos de rojo, fue tan importante que motivó el cambio de nombre a este país pasando de llamarse SANTA CRUZ a llamarse Brasil.

    En todos estos mapas hay una característica común: el río #Amazonas y los árboles. El agua, los papagayos, los dragones, (seguramente los yacaré que el miedo que causaban a los europeos convertía de repente en dragones) era unos signos identificativos de este gran país que están desapareciendo bajo el ímpetu de las llamas.

    Quizás el señor Bolsonaro está pensando en el FUEGO como nuevo signo identificativo de ese fascinante país de nombre BRASIL.

    Para su deleite les dejo un mapa de 1565 realizado por el más prolífico de los cartógrafos portugueses, Diogo Homem. El mapa forma parte del #ATLAS UNIVERSAL DE DIOGO HOMEM que conserva, como el tesoro que es, la BIBLIOTECA NACIONAL DE RUSIA en San Petersburgo.

     

     

     

  • Mea culpa

    Mea culpa

    Fico em dúvida se uso imagem com a palavra ordem ou a palavra progresso. Tudo é um abafamento, a bandeira é a mesma, a temos todos metida na carne, nos ossos, pulsa.

    É fogo, impossível negar tais ventos e securas na alma. Uma vontade imensa de chorar. 

    Choro.

    Choro não é nuvem ou rio voador, apenas lamento que molha a cara, vergonha também chora.

     

    Letras nesse momento se mostram obsoletas, imagens dizem tudo, o celular e sua câmera esgota qualquer texto, desnecessário ousar dizer.

     

    Meu país guinchado; quanta descompostura.

     

    Mas fato curioso foi mesmo voltar do trabalho a pé, sem a carona do veículo removido, abrir a porta de casa e ver o livro, VENTO GERAL, caído no chão. Talvez um rato, talvez um vago terremoto, intenso, instantâneo entre as paredes expulsando o livro da estante, não sei.

     

    Mau presságio, a poesia que grita?

     

     

    Caiu aberto entre as faces das páginas 92 e 93, na edição de 1984. Lá, o poeta Thiago de Mello, homem de floresta e rios, dedica a Aurélio Buarque de Hollanda, seu sentimento:

     

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    imagens por Helio Carlos Mello© 

     

     

     

       

  • A nuvem escura que nos cobre a todos

    A nuvem escura que nos cobre a todos

    A névoa que cobre a Avenida Paulista e encobre a lua na foto, não é das queimadas em Mato Grosso, onde vivemos hoje, ou de outros estados da região amazônica. É do gás lacrimogêneo lançado às centenas de litros pela PM sobre estudantes que protestavam contra o aumento das passagens de ônibus e quem mais estivesse nas ruas, como por exemplo os jornalistas, no fatídico 13 de junho de 2013. De alguma forma, os dois eventos estão conectados.

    O excesso, pra dizer o mínimo, de violência policial sobre manifestantes foi exigido em editoriais pelos jornais e comentaristas de TV que reclamavam “o direito do cidadão de bem” de ir e vir numa das principais avenidas da cidade e contra “a balbúrdia” dos estudantes e ativistas, em sua maioria de esquerda. O evento mudou o padrão de aceitação da sociedade sobre as manifestações. A partir desse dia, se fosse uma manifestação “sem partido”, “contra tudo o que está aí”, com bandeiras do Brasil, teria cobertura no Jornal Nacional e direito a selfies com os policiais. Mas se fosse de “baderneiros”, contra o governo de direita do PSDB de São Paulo ou com bandeiras vermelhas, o tratamento seria como o de 13 de junho. As manifestações de direita, no final, derrubaram o governo. Tivemos Temer prometendo milhões de empregos com a reforma trabalhista, o que era mentira, enquanto recebia malas de dinheiro na garagem. Depois tivemos a prisão sem provas do principal candidato de esquerda ao governo federal e eleição de um fascista que chega nos dar saudade da velocidade com a qual Temer destruía a economia, os direitos, a educação e meio ambiente no Brasil.

    As nuvens de fumaça das queimadas que escondem agora o sol em quase metade do Brasil começaram ali. São mais escuras, espessas e duras, assim como as balas de borracha que cegavam os jornalistas são hoje as balas de fuzil que executam doentes mentais em surto na ponte Rio Niterói e centenas pobres e negros nas comunidades cariocas (e não só). A nuvem do fascismo, da opressão, da falta de perspectiva, já penetrou fundo nos cérebros mais frágeis. Dois adolescentes mataram oito colegas e professores numa escola em Suzano em março. Hoje, outro jovem feriu mais cinco numa escola no Rio Grande do Sul. Essas nuvens não vão se dissipar se não agirmos. Se não reagirmos. É passada a hora de quem ainda tem consciência nesse país se levantar e dar um BASTA !

    #MediaQuatro #ProtejaAmazônia #Fotojornalismo #JornadasDeJunho #FascistasNãoPassarão #ContraOsCortesNaEducação #EducaçãoPúblicaDeQualidade #NãoàViolênciaPolicial #LulaLivre #AnulaEleição2018

     

    Por: Vinicius Souza e Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com – Especial para os Jornalistas Livres