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  • “Estamos aqui apenas para realizar a limpeza” disse o representante da subprefeitura

    “Estamos aqui apenas para realizar a limpeza” disse o representante da subprefeitura

    Por Cadu Bazilevski, Carolina Rubinato e Lucas Martins

    Ontem (20/02) pela manhã uma comunidade que ficava em um terreno no Jardim Humaitá foi alvo de uma remoção. O terreno fica entre a linha 8, Diamante, da CPTM, a Av. Engenheiro Roberto Zuccolo e a Avenida Doutora Ruth Cardoso, na Vila Leopoldina, na Zona Oeste de São Paulo. Existiam, de acordo com os moradores, mais de duzentas famílias, entre crianças e idoso, que foram afetadas pela remoção.

    área do terreno Foto: Google Maps

    Os moradores acordaram tendo que que desmontar suas casas, empacotar roupas e pertences na correria. Escolher os moveis que iriam levar. Tudo antes da seis da manhã, horário marcado para começar a remoção. Quando a reportagem chegou, por volta das 07:00h uma forte presença policial, tanto da Polícia Militar do Estado de São Paulo quanto da Guarda Civil Metropolitana, escoltava os agentes de remoção contratados pela empresa que é proprietária do terreno.

    Os moradores foram notificados, na última segunda-feira (18/02), da mudança repentina. Teriam que sair de casa e arranjar um lugar para morar em cinco dias. A justificativa seria uma mudança do nível de risco da área, que é propriedade da estatal EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia). O terreno era utilizado como bota-fora temporário para a deposição de materiais contaminados retirados no processo de desassoreamento do Rio Pinheiros.

     

    Ali moravam mães que saiam todos os dias às 5h da manhã para limparem as privadas dos mais privilegiados da sociedade, elas limpam e cuidam dos filhos dos outros, enquanto os seus sofrem todo tipo de preconceito e criminalização, ali moram idosos que durante toda uma vida trabalharam e pagaram impostos, e ainda assim, nada possuem.

         

    Moradoras da Comunidade Jardim Humaitá. Foto Lucas Martins / Jornalistas Livres

    De acordo com Juliana Vanci, advogada do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, “O pior desse caso é que essa operação não está sendo feita com uma ordem judicial, ela está sendo feita com uma ordem administrativa. Então é uma decisão da prefeitura executar dessa forma. As famílias sabiam que estavam em uma área considerada de risco, mas não de risco muito alto e tinham uma tratativa com a prefeitura sobre a alternativa que seria dada para as famílias no caso de remoção. Acontece que na sexta-feira a prefeitura esteve aqui notificando os moradores chamando para uma reunião na segunda feira. As famílias foram até o CEU Jaguaré na segunda e receberam a informa de que, no final do mês, eles receberão R$ 400,00 de auxílio e verificarão como que será a continuidade disso. E que as famílias teriam que sair hoje.” ela ainda completa “A operação está sendo totalmente descoordenada. Os responsáveis são a Secretaria de Segurança Urbana e a Defesa Civil.”.

    A vereadora Juliana Cardoso (PT-SP) destacou “A assistência social não se preparou para poder ter um albergue familiar, pretendem colocar as famílias separadas. Homem em um lugar e as mulheres e crianças em outro. Fizeram e produziram um cadastramento rápido para poder ter um atendimento do auxilio de quatrocentos reais. Só que pasmem, farão o cartão para pegar no dia dois, para poder pegar no dia vinte e cinco. Isto está fora da Lei.”.

    A maior parte dos moradores estava concentrada no começo do terreno, na esquina da avenida Av. Engenheiro Roberto Zuccolo com a Avenida Doutora Ruth Cardoso, realizando um ato que pedia o fim da remoção. As palavras de ordem do ato, entoada pelos moradores, era “Queremos Moradia, não queremos briga!”. Cerca de cem pessoas participavam do ato, enquanto outras ainda preparavam a mudança.

       

    Protesto realizado por moradores da comunidade. Fotos: Cadu Bazilevski e Lucas Martins / Jornalistas Livres

    Muitos dos moradores, por conta do pouco tempo de aviso, não tinham lugar para onde levar seus pertences. Os poucos que não estavam no ato ou que tinham conseguido se arrumar em tempo hábil e arranjar algum lugar para ir levavam seus moveis para caminhões da EMAE. Quem não consegui lugar para levar os pertences teria a disponibilidade de um galpão cedido pela empresa.

    O morador Miguel, de 62 anos, em sua casa Foto: Lucas Martins / Jornalistas Livres

    O morador Miguel Pereira, 62 anos, que trabalha como catador de papelão contou que “Como é que vou para Juquitiba, que lá arrumaram um cantinho para fazer um barraquinho no fundo de um quintal lá. Eles [equipe da prefeitura] disseram que São Lourenço de Juquitiba é muito longe. Como é que eu vou fazer, eu tenho minha cama, meu fogão. Tem umas telhinhas, uns madeirites, como é que vou fazer? Eu vou jogar todas minhas coisas fora. Vou sair só com o documento na mão”.

    O presidente da associação dos moradores, Xandão, tentava dialogar com o comandante da operação e com o representante da subprefeitura da Lapa, avisando que os moradores pretendiam sair com o ato até e ir até o gabinete do subprefeito exigir ajuda. A resposta do representante foi “Não adianta, isso não compete ao subprefeito. Estamos aqui apenas para realizar a limpeza” e apontava para as equipes de remoção que retiravam o que, até há pouco eram os móveis e partes das casas, o que foi respondido por Xandão com “Mas e as pessoas?”, a resposta: “não nos compete”.

     

     

     

     

     

     

         

    Despejo da comunidade Jardim Humaitá. Fotos: Lucas Martins / Jornalistas Livres

    Mais de seis meses de preparo

    Ocupado a mais de cinco anos o terreno vinha sendo acompanhado pela defesa civil do município desde 2017, como consta em documento da prefeitura. Ao longo dos últimos dois anos foram identificadas mudanças nos riscos de deslizamentos, podendo afetar as famílias e as construções. Em um dos relatórios apresentados pela defesa civil, em 06/04/2018, reclassifica parte das áreas ocupadas como de risco “Muito Alto”. No relatório é recomendada “a remoção total da população residente na área em decorrência da classificação do risco total no grau Muito Alto”.

    Laudo da prefeitura, datado de 2018
    Laudo da prefeitura, datado de 2018

    Em outro relatório, apresentado Pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), no dia 15/05/2018 é mencionado “Os diques B e C apresentam ALTA SUSCETIBILIDADE para a ocorrência de escorregamentos, pois os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (tipo de solo e saturação do solo), associados às ações antrópicas realizadas (cortes com alturas e inclinações elevadas) são de alta potencialidade para o desenvolvimento desse tipo de processo”.

    O coordenador geral da Defesa Civil municipal, Coronel Edernald Arrison de Souza, que comandava a operação, em conjunto com a PM, foi quem explicou como o perigo apresentado pelo terreno forçava a remoção. Perguntado sobre a data do laudo que informava sobre o perigo ele respondeu que não tinha o dia exato, preferindo não arriscar um período.

    A EMAE já tentara, por via judicial, a reintegração de posse, mas foi determinada uma ação conjunta da empresa, prefeitura e moradores para que eles pudessem ser realocados do terreno com apoio. Juliana Vanci apontou que “existia o compromisso da prefeitura de fazer o atendimento dessas famílias na Ponte dos Remédios. Nunca mais e falou sobre isso e parece que existe, inclusive, um recuo da prefeitura. Essas famílias estão cadastradas e estão no perímetro, elas têm o direito e a prioridade de atendimento na Ponte dos Remédios. Aqueles apartamentos devem ser considerados prioridades para essas famílias”.

    Juliana se refere ao projeto “Conjunto Ponte dos Remédios”, do escritório H+F Arquitetos, que busca “atender a famílias situadas em áreas de risco nas proximidades, o projeto prevê a ocupação das antigas instalações da Siderúrgica Barra Mansa, situada à margens do rio Tietê junto à Ponte dos Remédios, em uma região amplamente servida por infra-estruturas de transporte e logística. Esta iniciativa acompanha o processo de transformação das antigas plantas industriais do entorno em edifícios de habitação e serviços, valendo-se de altos índices de aproveitamento do solo”. Esse projeto, que se arrasta desde 2010, recebeu financiamento do Fundo Municipal de Saneamento (FMSAI) e tem previsão de conclusão em 2019. São previstas duas torres, totalizando 181 apartamentos que variam entre 53m² e 54m².

    Mesmo com os laudos disponíveis desde 2018 os moradores ainda não tiveram acesso a justificativa que levou a prefeitura a agir de maneira emergencial, descumprindo a decisão judicial que determinara a ação conjunta entre as três partes.

    Os direitos roubados das crianças

    A professora Graciana de Souza Brune, foi uma das primeiras pessoas a solicitar ajuda externa, de coletivos de mídia e direitos humanos. Graça, como é conhecida pelas crianças e comunidade, é uma dessas professoras que ama seus alunos e participa da vida deles dentro e fora da sala de aula.

    Crianças despejadas. Foto: Cadu Bazilevski / Jornalistas Livres

    Crianças, adultos e idosos da comunidade Jardim. Humaitá não possuem água encanada, esgoto tratado, luz, endereço e muito menos dignidade humana. São pessoas que sofrem todos os dias com o fato de serem inexistentes para o governo e também para uma boa parte da sociedade, que simplesmente não os enxergam, passam ali todos os dias, mas não há se quer um olhar para a realidade alheia. São seres humanos que têm seus direitos roubados todos os dias.

    Mas, cada uma das pessoas que moram na comunidade Jardim Humaitá pagam impostos, a cada litro de leite que compram, metade do dinheiro é imposto, o mesmo que todo mundo paga. São merecedores de direitos básicos para a dignidade humana, mas todos os dias são roubados desses direitos.

    Falaremos das crianças que deveriam ser protegidas pelo ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, uma lei do país que dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. O artigo terceiro do ECA dispõe que a criança e o adolescente devem gozar de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta lei, assegurando todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

    O artigo quarto ainda prevê que é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
    O sétimo artigo do ECA ainda dispõe que a criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.

    Agora falaremos sobre condições dignas de existência, mas qual condição, sobre qual dignidade estamos falando?

    Hoje mais de 60 crianças foram jogadas nas ruas por um governo higienista, autoritário e desumano, daqueles que querem limpar a sociedade, retirar de circulação os pobres, excluí-los e torná-los cada vez mais inexistentes.

    Em nenhum momento o Estado se propôs a tirá-los de lá, com outro local pronto para recebê-los. Eles perderam a casa, o teto, a cama, a comida e o direito a escola de uma só vez, viram os pais sendo tratados como lixo humano, crescem com tudo isso marcado na alma.

    Crescem e se tornam exatamente o que a sociedade entregou para eles, nada. Sem autoestima, sem consciência, sem expectativa de vida fica fácil ir ao encontro do crime. Mas quem se beneficia com o crime no país?

    Uma das indústrias que mais cresce no mundo é a de segurança, a estimativa é que até 2020, a receita global do setor deve atingir US$ 240 bilhões, no Brasil a média anual de crescimento do mercado é de 8% e movimenta mais de R$ 70 milhões.

    As pessoas precisam ter medo para blindarem seus carros, contratarem empresas de segurança, instalarem câmeras, alarme no carro, segurança particular, condomínios, aumento dos muros, sem contar, os milhares de produtos que são comprados diariamente quando os temos roubados. Roubam um celular hoje, amanhã compram um melhor, roubam a televisão, outra nova a substituiu, levam os carros, mas o seguro cobre. O medo imposto pelo Estado gera dinheiro para o governo e milhares de empresas, então crianças ficam à mercê da própria sorte, mais um bandido, mais alguns reais no bolso do mundo capitalista.

    Governo e empresas matam sem sentir, mas quem atira também morre. Eles não foram despejados, foram jogados na rua tal qual lixo.

     

     

     

     

     

     

    Crianças da comunidade Jd. Humaitá despejadas pelo Governo. Fotos: Cadu Bazilevski e Lucas Martins / Jornalistas Livres

    Estatuto da Criança e ao Adolescente: Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem.

     

  • HIGH SOCIETY FAZ CAMPANHA EM INGLÊS PARA “APOIAR” MORADORES DE RUA. SQN!

    HIGH SOCIETY FAZ CAMPANHA EM INGLÊS PARA “APOIAR” MORADORES DE RUA. SQN!

    Por Luiza Rotbart, dos Jornalistas Livres

     

    Será lançada hoje, dia 12.09, no descoladíssimo Mirante Nove de Julho, em São Paulo, a campanha Nós, que vai se transformar em uma exposição de fotos com celebridades e pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social.

    Artistas e famosos como Alinne Moraes, Bruno Gagliasso, Ticiane Pinheiro, Popó, Vivi Orth, Gabriela Pugliesi, Fernanda Paes Leme, Henrique Fogaça, Carol Celico, Cris Arcangeli, Giovanna Lancellotti, Manu Gavassi, Mica Rocha, Paloma Bernardi, Giane Albertoni, Fran Fischer, Luciana Gimenez e Enzo Romani, clicados pelo fotógrafo Gabriel Wickbold, abraçam pessoas em situação de rua, em campanha publicitária que mostra como o oportunismo empresarial e a falta de ética não encontram limite na nossa sociedade.

     

    Chega a ser constrangedora tamanha audácia marqueteira.

    Toda a campanha leva o nome em inglês (só podia ser em inglês, não é?): “I Believe in Good People” (eu acredito em pessoas boas). Camisetas com a inscrição estão à venda no site da ONG ARCAH e nas lojas Riachuelo, além dos 60 pontos de venda nas rede de lojas pelo país. Custam adulto (R$ 39,90) e infantil (R$ 29,90).

    O incrível dessa iniciativa é quem a promove.  A ONG ARCAH tem como um de seus fundadores ninguém mais, ninguém menos do que Filipe Sabará, secretário de assistência social do prefeito João Doria (PSDB), um notório inimigo da população em situação de rua. Desde o início da gestão Doria, intensificaram-se as ações higienistas no centro da cidade, com abordagens truculentas da Guarda Civil Metropolitana e do rapa, que invariavelmente terminam com a destruição de roupas, cobertores e documentos do povo sem teto. Até jatos de água fria, em madrugadas de frio invernal, já foram disparados contra famílias que moram nas ruas por absoluta falta de opção.

    Segundo a revista “Veja São Paulo”, a ONG Arcah tem três fundadores com “sobrenomes sonoros e os rostos conhecidos das colunas sociais”.

     

    “A família de Filipe Sabará (…) fornece insumos à Natura, e ele é dono da marca de cosméticos Reload. Fabi Saad, 30, herdeira do Grupo Bandeirantes, possui uma loja virtual de moda e decoração. Alex Seibel, 29, acionista da Duratex, integra o clã que controla a Livraria da Vila.”

     

    Como sempre, o high society rejeita políticas governamentais de inclusão social, como o programa Braços Abertos, criado durante a gestão de Fernando Haddad (PT), e destruído assim que Doria assumiu o cargo de prefeito. Como sempre, o high society gosta de fazer caridade e dar esmolas. Como sempre, adora participar de ações sociais, desde que apareçam nas colunas sociais.

     

    A Riachuelo é outro parceiro na iniciativa. “Diga-me com quem andas…” O presidente da Riachuelo é Flavio Rocha, um entusiasta do golpe de estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, além de ser um cara que acredita que a melhor forma de combater a corrupção é a economia de mercado (sei, aquela que tem a JBS, a Vale do Rio Doce e as operadoras de telefonia, essas excelências em serviços e respeito ao consumidor).

     

    O site das lojas Riachuelo, aliás, exibe as camisetas “I BELIEVE IN GOOD PEOPLE” apresentadas por modelos exclusivamente brancos, em um retrato do apartheid que nos corrói.

     

    Até quando a hipocrisia e inversão de valores terão holofotes em nossa sociedade? Quem comprará os produtos “I BELIEVE IN GOOD PEOPLE”? Quem participará desse negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim!

     

     

     

     

  • Não à Retirada dos Indígenas da Feira Hippie

    Não à Retirada dos Indígenas da Feira Hippie

    Representantes indígenas da tribo Pataxó estiveram reunidos com o vereador Gilson Reis (PCdoB), na tarde da segunda feira, dia sete de março, na Câmara Municipal de Belo Horizonte/MG. Acompanhados da advogada Gabriela Rocha e da jornalista Celeste Ainda Gontijo, membros do Comitê Mineiro de Apoio à Causa Indígena (CMACI), os integrantes indígenas levaram como reivindicação para o encontro a recente e burocrata portaria SMSU 099, de 28 de novembro de 2015, do Setor de Gerência Regional de Licenciamento e Fiscalização, da Prefeitura de Belo Horizonte, regional centro-sul.

    Ela foi criada para restringir os espaços públicos a serem utilizados por comerciantes “nômades e hippies”, como local de venda de produtos manufaturados, restringindo também aos indígenas, que passam a ser considerados como esses em igualdade de deveres e poucos direitos. A exigência do RANI (Registro de Nascimento de Índio) emitido pela FUNAI, está em desuso e não mais faz-se necessário seu uso pelos indígenas.

    Atualmente, existem outras formas deles serem reconhecidos de forma oficial, como a declaração emitida pelo cacique da aldeia de origem, que reconhece aquele como integrante da mesma. Esta declaração é o suficiente para serem tidos como um membro da comunidade, bastando que junte aos documentos que já possuem.

    photo_2016-03-10_10-59-41Já é tradição encontrar indígenas de diversas aldeias fazendo comércio em pontos turísticos como na Praça Sete e na tradicional Feira Hippie. Inaugurada ainda nos anos 60, por artesãos que eram conhecidos como “hippies”, a feira acontece na avenida Afonso Pena, em frente ao Parque Municipal Renné Giannetti. Agora, os indígenas estão encontrando dificuldades para exporem os seus trabalhos artesanais e sua cultura, originária do Brasil, principalmente nesse local. Agentes da prefeitura alegam que os mesmos não contribuem com impostos ou licitações e estão proibindo os mesmos de permanecerem ali. Muitas dessas famílias necessitam do comércio para o custeio e seu próprio sustento que consomem produtos e serviços que a própria cidade exige e oferece.

    Lucas D'AmbrósioComo forma de combater mais um ato cerceador e burocrata da atual gestão municipal, o vereador Gilson Reis se dispôs a criar um projeto de lei para ampliar (e devolver) aos indígenas o direito de exporem seus artesanatos e, principalmente, sua cultura em qualquer local público da cidade. Um dos líderes do grupo, o Pataxó Jorge Chawá relata um pouco da situação em que os indígenas estão sofrendo na cidade. Ele lembra que há oito anos realiza o comércio na região central de Belo Horizonte e, de forma paralela, apresenta um pouco da sua cultura (tão deturpada pelos livros de história) em escolas da região metropolitana de BH.

    Esse foi mais um dia de buscar os direitos e o reconhecimento da cultura indígena como a expressão e tradição dos povos originários do Brasil. O país, muito deve a eles, em aspectos culturais, costumeiros, tradicionais e de hábitos que preenchem o dia a dia rotineiro do brasileiro. Resta agora aguardar a criação deste projeto de lei que irá ampliar e devolver os direitos que estão sendo retirados deles: direitos culturais e sociais que são garantidos constitucionalmente.

  • Hoje faremos a transmissão ao vivo do Ato-reunião convocado pelo MPL em São Paulo.

    Hoje faremos a transmissão ao vivo do Ato-reunião convocado pelo MPL em São Paulo.

    O sexto ato contra o aumento das tarifas do transporte público na cidade de São Paulo, organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL), foi mais uma vez marcado pela presença ostensiva da polícia militar. A concentração aconteceu na Praça da Luz partir das 17h, na última terça (26), e seguiu rumo a Câmara Municipal.

    Daniel Arroyo MPL 260116 (31)Daniel Arroyo MPL 260116 (31)O protesto, que teve a participação de cerca de 700 manifestantes, contou a presença de movimentos sociais e estudantis como Anel, União da Juventude Comunista, Juntos, e algumas bandeiras partidárias como PC do B e PSTU. Durante o percurso, que coincidiu com o horário encerramento do expediente comercial, alguns trabalhadores do comércio da região se mostraram apoiadores do ato carregando cartazes com a frase “3,80 não”, ainda assim, o baixo quórum de manifestantes era bastante nítido. Já não se via o mesmo número de estudantes das Escolas em Luta como nas manifestações anteriores, por exemplo, tão pouco de outros movimentos sociais que estavam nas ruas nas passeatas de 8 e 12 de janeiro.

    Foto por Daniel Arroyo

    Monique Felix, do Movimento Passe Livre falou aos Jornalistas Livres sobre o motivo de não divulgarem o trajeto com antecedência: “Desde o final da ditadura militar estamos numa construção de democracia e acreditamos que essa insistência de não divulgar o trajeto previamente, mostra que a população não pode aceitar manipulação política e do Estado”

    O Padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, lutador incansável das causas de assistencialismo social e direitos humanos, conversou com os Jornalistas Livres durante boa parte do trajeto e concluiu: “Isso parece uma manifestação da PM acompanhada por jovens”. Referindo-se ao forte contingente policial presente. Perdemos a conta de homens e mulheres da Força Tática, Polícia Militar e Tropa de Choque. A imprensa que em sua maioria caminhava à frente da manifestação, era constantemente envelopada por mais de 50 motos da Rocam a cada esquina do centro da cidade. Uma verdadeira demonstração de “poder” do efetivo policial.

    Daniel Arroyo MPL 260116 (8)
    Foto por Daniel Arroyo

    Daniel Arroyo MPL 260116 (8)O trajeto da manifestação foi decidido em assembleia, chamada minutos antes de começar a marcha. Ao todo foram cinco propostas apresentadas e defendidas. O MPL defendeu uma proposição de contrariar a Secretaria de Segurança Pública que havia definido o trajeto que levaria até a Assembleia Legislativa de SP. O movimento entendeu que não era democrático o órgão “guiar” os manifestantes até lá, e perdeu para a maioria dos manifestantes presentes que propuseram uma caminhada mais curta, até a Câmara Municipal, como tem sido a prática das manifestações contra o aumento das tarifas de ônibus e metrô desde o início deste ano: a decisão foi terminar o ato em frente a uma estância do poder municipal novamente. Em 2016 só houve protestos em frente de 1 órgão público estadual na penúltima convocatória, quando o ato passou em frente a Secretaria Estadual de Segurança Pública.

    Sobre a logística, o MPL declarou que os atos têm se concentrado no centro, devido a facilidade de mobilidade para todas as regiões da cidade.

    Já no final da marcha, numa tentativa da PM de fechar o metrô Anhangabaú, bombas de gás lacrimogêneo foram utilizadas mais uma vez pelos policiais para repreender os manifestantes e quem voltava para casa.

    A próxima manifestação está marcada para logo mais, e foi divulgada no formato de ato-reunião com concentração às 17h, no Largo do Paissandú. Isso porque, convidaram prefeito e governador para uma reunião aberta com a população, em frente a Prefeitura, às 19h. Os Jornalistas Livres farão a transmissão ao vivo dos dois locais pelo link: https://jornalistaslivres.org/2016/01/aovivo-manifestacoes-contra-o-aumento-da-tarifa-28012016/

    Vídeo: Bia Alonso e Kátia Passos
    Edição: Bia Alonso

  • O foco de hoje é a redução da tarifa

    O foco de hoje é a redução da tarifa

    “Esse aumento vai encher o bolso de pessoas muito ricas a partir do sufoco de maior galera. Quantas vezes as catracas de São Paulo giram por dia? Mais de 10 milhões? E quanto empresários existem? 10?

    O foco de hoje é a redução da tarifa. É claro que a gente sempre tenta discutir termos mais técnicos sobre a mudança de remuneração. Mas o foco desse protesto é a redução da passagem. (…)

    Não é uma questão técnica, é uma questão política: de escolher se o prefeito ou o governador vai ou não peitar esses empresários. Peitar essas pessoas que se dão muito bem com o nosso sufoco, para beneficiar a população.

    Se um governador tem coragem de ficar ao lado de um empresário, a população tem coragem de protestar até encher o saco deles. E a gente vai encher o saco deles. (…)

    Não tem que tirar da gente. Das pessoas que trabalham e que fazem a cidade funcionar. Que os ricos paguem pela crise.”