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Tag: povos originário

  • Entre o fascínio e o preconceito

    Entre o fascínio e o preconceito

     

    Como as duas faces de uma moeda, nosso caráter de país se embaralha, ilude a própria cara no espelho. Saúde se escreve com rios e florestas, difícil entendimento para a nação. 

    Tudo vagueia, meandra entre fascínio e exclusão. Subserviência foi a regra estabelecida pela elite colonizadora na terra dos indígenas, seus povos. Toda a América foi varrida pelo bafo alienígena, imperialista. 

     

    Persistem os bravos, os fortes, a originária fé. Há em curso uma educação dos brancos do asfalto, seja pela arte, pela espiritualidade ou pelas ácidas palavras de um rapper Guarani, furando as bolhas das ideologias. 

    Apesar do fascismo que insiste na aridez do futuro, há um elo que reluz, naqueles que não temem o desconhecido, o novo, o arcaico, a testeira.  Temperança é seu nome, a ciência das coisas, é Tupã, é Mavutsinin, é Txai.

     

    Há brasileiros que até queimam um indígena dormindo em paz em seu chão, há tantos que nem se lembram deles, outros tantos querem sim abraçar sua gente, entender os caminhos, desvelar as mentiras.

    De tudo fica a determinação de seguir, de  saber-se imenso, imerso, gigante adormecido que sonha consigo mesmo, tão belo que assusta, apavora os insanos. Somos o sonho duma aldeia multiétnica, é fato, por mais que sufoquem o novo mundo. 

     

    Uma nova ordem se estabelece, feliz em seus cantos, vigora nosso destino. Há profetas, poetas, ilusionistas espalhados pelo campo largo de nossas dúvidas, sei apenas que falam do fundo das almas, tal olho d`água, fonte limpa das vontades e leitos.

    Enfim, não se cala o canto indígena das Américas.

     

    *relato de Beatriz de A. Sant’Anna recolhido por: http://www.aldeiamultietnica.com.br/

  • Porque a flecha é o som

    Porque a flecha é o som

     

    A ficha:

    Nome completo: Matsipaya Bepkoti Beppakrejti Waura Txucarramãe
    Idade: 24
    Povos: Mebengokre- Kayapó e Waura.

    Há um novo matiz, percebo bem, na alvorada dos povos tradicionais, o tom, o timbre, o ritmo.

     

    É índio do Brasil e luta contra a opressão. Não tenha medo, seja você em qualquer lugar, ouço feliz em tempos difíceis. Não dá para fugir do que tenta nos atingir.

    O depoimento:

     

    E eu sou índio do Brasil e luto contra opressão,

    E nessa nova era a minha flecha é o meu som. 

    Que chega com respeito pra honrar os ancestrais,

    Meus heróis mebêngôkrê de borduna e coca.

    Que lutaram bravamente contra a ordem nacional,

    Deixando com orgulho a herança florestal,

    Que hoje vem sofrendo com o marco temporal,

    E ruralistas destruindo o patrimônio natural.

    E eu não ficar parado vendo mundo sucumbi,

    Nesse jogo nebuloso que não da pra fugir,

    Vou buscar a minha paz pra eu poder sorrir,

    Lado a lado com a família, pra nós poder seguir,

    Na resistência contra pec que tenta impedir,

    Alimentado o preconceito que tenta nós atingir.

     

    Não tenha medo!

    Tamos juntos nesse mundo pra unificar

    Jamais se cale!

    Seja você em qualquer lugar

    Não tenha medo!

    Acredite em você e vai brilhar

    Jamais se cale!

    Seja você em qualquer lugar! 

    E não adianta nós tratar como um marginal,

    Por que o direto de ir e vir, é constitucional, 

    E não venha me falar que todo índio é igual,

    Cada um é cada um com seu legado ancestral.

    Mostrando à você a cultura milenar,

    Através da resistência e do seu linguajar,

    Defendendo a nossa terra que tenta nos tirar,

    Abalando o governo que tenta nos matar.

    Eles usam a economia pra poder explorar,

    Colando fazendeiro pra nos amedrontar,

    Invadindo eles vem matando líderes kaiowá,

     E sem saber do proceder ás crianças vão chorar.

     E lá na frente da esplanada vamos juntos reivindicar,

    Por isso todos gritam demarcação já.

    Não tenha medo!

    Acredite em você e vai brilhar

    Jamais se cale!

    Seja você em qualquer lugar

    Não tenha medo!

    Tamos junto nesse mundo pra unificar

    Seja você em qualquer lugar!

    Seja você, seja você, seja você

    E é por isso que eu lhe digo somos uma só nação,

    E nessa harmonia agente faz revolução,

    Por que a luta continua e eu sigo essa missão,

    Fazendo do amor a minha libertação.

    E no meio desse caos eu me criei em meio a rua,

    Sempre em conexão com arte e sua cura,

    Assim eu fui crescendo na quebrada observando,

    O racismo oprimindo e matando vários manos,

    Que estão na correria e lutando pela vida,

    Por isso eu não nego a Amazônia esta na mira,

    Mas por ela eu vou lutar e jamais vou arregar,

    Se no protesto a policia começarem a atirar.

    Não tenha medo!

    Tamos juntos nesse mundo pra unificar

    Jamais se cale!

    Seja você em qualquer lugar

    Não tenha medo!

    Acredite em você e vai brilhar

    Jamais se cale!

    Seja você em qualquer lugar!

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/2303865109856493/

    A nova era.

     

  • Ato em Porto Alegre denuncia ataques a comunidade indígena Mbya Guarani

    Ato em Porto Alegre denuncia ataques a comunidade indígena Mbya Guarani

    Caminhada em defesa da tribo Mbya Guarani começou às 13h, em frente ao INCRA, no Centro Histórico da cidade e reuniu centenas de manifestantes.

    Centenas de pessoas, entre indígenas, quilombolas e apoiadores, caminharam pelo Centro de Porto Alegre em defesa dos direitos dos povos originários e de sua terra nesta quarta-feira (16). O ato teve início às 13h, em frente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e seguiu em marcha, às 15h, até o prédio do Ministério Público Federal, onde encontrou o Procurador da República do 15° ofício, Pedro Nicolau,  representante do caso da Ponta do Arado. Na semana passada no bairro Belém Velho, entre os municípios de Porto Alegre e Viamão, capatazes de fazendeiros entraram em território Guarani Myba e dispararam contra a aldeia como forma de intimidação.

    O Procurador da República recebeu os manifestantes no saguão do prédio do Ministério Público Federal, onde foi entregue a representação feita pelos povos indígenas e quilombolas.

     

     

     

    A representação apresentada pelos indígenas trata também da transferência da Funai para o Ministério da Agricultura, retirando os poderes de justiça do órgão e deixando-o à mercê de um grupo de interesse expressamente contrário à demarcação de terras.

    No saguão do Ministério Público Federal representantes do Quilombo Machado fizeram uma fala pedindo que os direitos dos povos tradicionais fossem respeitados. Em seguida, lideranças indígenas lembraram ao procurador que a lei não havia sido feita pelo indígena, “o homem branco nos impôs sua lei, agora que cumpram”. O procurador recebeu os documentos e prometeu que o processo não ficaria preso em burocracias e que as instituições fariam sua parte em garantir a vida e a terra do povo indígena. Porém lembrou que, em última instância, caberá ao Supremo Tribunal Federal dizer se a Medida Provisória feita pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) é constitucional.