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  • GENERAL VILLAS BOAS CHANTAGEIA A JUSTIÇA

    GENERAL VILLAS BOAS CHANTAGEIA A JUSTIÇA

     

     

    Tuíte do general Villas Boas: ameaça

    O tuíte do general Villas Boas, comandante do Exército, é a maior chantagem à Justiça desde a ditadura. O Supremo tem, agora, uma arma apontada contra os juízes: ou votam contra o HC de Lula e pela prisão em segunda instância, ou… ou o que, general? Traem a pátria? Traem o interesse público? Contrariam suas convicções pessoais? Desagradam sua corporação?

     

    Se o ministro Fachin tinha sido ameaçado, agora teria razões para denunciar a chantagem. Vivemos uma sequência de ataques à democracia e à independência dos poderes. Marielle e Anderson assassinados, a caravana de Lula agredida com tiros e impedida, pela violência, de seguir viagem, a mídia ensandecida porque a direita não encontra um candidato viável.

    Querem o quê? Prender Lula? Se não bastar, pretendem o quê? Suspender as eleições ou neutralizá-la com o parlamentarismo tirado do bolso do colete nas vésperas do pleito? O que muita gente boa parece não entender é que o impeachment, na atmosfera envenenada por um antipetismo patológico, abriu caminho para que saíssem do armário todos os espectros do fascismo.

    Não sou petista: sou anti-anti-petista. O anti-petismo é o ingrediente que faz as vezes do anti-semitismo, na Alemanha nazista. O anti-petismo identifica O CULPADO de todas as perversões, o monstro a abater, o bode expiatório, a fonte do mal. O anti-petismo gerou o inimigo e gestou a guerra político-midiática para liquidá-lo, guerra que se estende, sob outras formas (mas até quando?), às favelas e periferias, promovendo o genocídio de jovens negros e pobres, e aniquilando a vida de tantos policiais, trabalhadores explorados e tratados com desprezo pelas instituições.

    Há um fio de sangue que liga as palavras ameaçadoras do general, interferindo na autonomia do Supremo, na véspera do julgamento do Habeas Corpus de Lula, a agenda regressiva que cancela direitos, as balas contra a caravana de Lula e a execução de Marielle e Anderson. Os autores não são os mesmos, e existem contradições entre eles, mas há uma linha de continuidade porque todas ocorrem no cenário de degradação institucional criado pelo anti-petismo e nele se inspiram.

    Ser contrário ao anti-petismo, mesmo não sendo petista, é necessário para resistir ao avanço do fascismo. Os que votaram pelo impeachment e, na mídia, incendiaram os corações contra Lula e o PT, sem qualquer pudor, não tendo mais como recuar, avançam ao encontro da ascensão fascista, que ajudam a alimentar, voluntária e involuntariamente. Não podemos retardar a formação de ampla aliança progressista pela democracia, uma frente única anti-fascista.

    ***Luiz Eduardo Soares é um antropólogo, cientista político e escritor brasileiro. Soares é um dos maiores especialistas em segurança pública do país.

  • Geraldo Alckmin a vida não é um jogo!

    Geraldo Alckmin a vida não é um jogo!

    Pode-se dizer que se trata da turma raivosa que vota na direita? Sim, mas tem algo pior: o silêncio da mídia hegemônica defende um modelo de país que privilegia a parcela pequena que detém o monopólio dos bens de consumo e são os maiores proprietários de terras.

    Leitor, desconfie dessa mídia que diz não ter lado e nas suas manchetes que tratam casos iguais com pesos diferentes.

    Desconfie do discurso vazio que “vendem” quando alguém da direita é pego: “são todos iguais” ou “é tudo ladrão”. Esse discurso só aparece quando se descobre helicóptero com cocaína, milhões em caixas num apartamento, escândalo do INSS e no metrô, desvio de verbas da merenda de escolar ou qualquer outro escândalo no qual as cores dos culpados sejam amarelo ou azul.

    Ingênuo achar que não existe uma ala progressista discutindo os erros cometidos pelo governo petista. Existe sim. Mas essa ala lembra que também houve inúmeros avanços sociais. E são eles que causam esse ódio indiscriminado em quem bate na panela vestindo a camisa da seleção brasileira.

    Estar no poder exige do candidato a um cargo publico mais que os sorrisos que são dados em campanha, abraços em favelados ou a coxinha comida no boteco do centro.

    O povo espera pessoas que tenham carisma verdadeiro e que abracem políticas públicas que beneficiem quem está na base da pirâmide, os mais vulneráveis. Aquela parte da população que usa a panela para enchê-la de comida e após um dia de luta “bater sua xepa”.

    Se houve um erro do governo petista, que ficou mais de uma década no poder, foi não ter tratado de educação politica. Calma raivosos, não se trata de doutrinação partidária ou bolchevique, mas sim lembrar que os projetos sociais que beneficiam seus próprios críticos são resultado de muito esforço e luta.

    Mais educação política evitaria que muitos que gritam contra os direitos humanos e o Bolsa Família, mas estudaram no Prouni, dormem no Minha Casa Minha Vida e trocaram de carro por causa do projeto social criado pelo PT não cuspissem no prato que comeram.

    A alienação e a desinformação provocam casos de raiva e falas que chegam até a serem cômicas, de tão fantasiosas. O que mais choca é o governador de um estado como São Paulo, que postula um cargo de presidente da nação, considerar uma coisa normal os tiros disparados na caravana petista. Porém a fala do governador Alckmin não traz novidades. Basta lembrar o pacote de maldades que seu partido, o PSDB, já proporcionou à população.

    Pasmo causou a juíza que ao invés de lutar pela justiça propagou absurdos divulgados na internet para “justificar” o assassinato de uma vereadora e ativista negra.

    A mídia golpista emudeceu quanto aos tiros que acertaram o ônibus que levava não só um ex-presidente, mas também jornalistas.

    Vive-se uma era de desumanização e banalização da vida. Muitas pessoas transformaram o Brasil em um Fla-Flu num estádio decadente e inseguro.

    O partido da situação já se envolveu em inúmeros escândalos nos quais a mídia parceira tratou com outro peso e uma medida diferente, como já citado.

    Em São Paulo não foi diferente e o pior prefeito da cidade, o João Doria, já quis dar ração humana para criança de escola pública, acordou morador em situação de rua com jato d’água de madrugada, acabou com a Secretaria da Igualdade Racial durante a campanha. Uma de suas inúmeras mentiras foi dizer na TV que tinha votos suficientes para aprovar o maldoso projeto de aposentaria do servidor público municipal, o SAMPAPREV. Esta foi uma das maldades corroboradas pelo seu partido.

    Talvez o jeito PSDB de fazer política seja a grande engrenagem que o povo preto, periférico e vulnerável do Brasil não quer, pois a vida não é um jogo. O que se espera do postulante a cargo público é que jamais jogue com a vida de seres humanos.

  • Escracho nas lojas Havan revida afronta de proprietário contra Lula com boicote

    Escracho nas lojas Havan revida afronta de proprietário contra Lula com boicote

    Um grupo de destemidos defensores do presidente Lula decidiu mostrar a hipocrisia do empresário: “sonegador de impostos!”

    No dia seguinte à condenação de Lula, o empresário Luciano Hang, dono da rede nacional de lojas de departamento Havan, que já foi condenado pela Justiça Federal por sonegação e lavagem de dinheiro, divulgou nas redes sociais um vídeo comemorando a decisão com um foguetório. Apoiadores de Lula não deixaram a hipocrisia barato. No início da noite de ontem (26/1), realizaram um protesto em frente a uma das lojas da Havan em Florianópolis, localizada no bairro Capoeiras. Tudo não passaria de um escracho pacífico e bem humorado de 20 cidadãos indignados, com dois cachorros e uma faixa remendada, se a Polícia Militar de Santa Catarina, chamada pela direção da Havan, não tivesse intimidado os manifestantes, ameaçando-os de prendê-los algemados. Também  forçou-os a abrir Boletim de Ocorrência contra eles mesmos em frente à loja que ostenta a bizarra réplica da Estátua da Liberdade. O conflito deu origem a outros manifestos em frente às lojas de Itajaí e Criciúma, onde manifestantes promoveram quebra do cartão Havan e boicote à rede.

    O protesto iniciou por volta das 18 horas, quando uma parte do grupo, formado em sua maioria por professores e profissionais liberais, promoveu uma performance teatral dentro das Lojas Havan. Depois de encherem três carrinhos de compras, algumas manifestantes se dirigiram ao caixa. Antes de computar as compras e efetuar o pagamento, uma delas, Margareth Sandrini, professora aposentada e voluntária social, foi “surpreendida” pela amiga Hilma Santos, que a advertiu: “Margarete, quando me contaram que estavas aqui, eu não acreditei. Tu, numa loja de sonegador de impostos? Nunca esperava isso de você!”. Simulando estarrecimento, as três mulheres abandonaram as compras no interior da loja, sob o anúncio de que nunca mais consumiriam na Havan e se juntaram aos demais do lado de fora. Até por volta de 19 horas, os manifestantes sustentaram uma faixa voltada para o lado da via expressa, “meio esfarrapada”, segundo eles mesmos, com os dizeres: “Havan não paga impostos. Sonegar impostos é crime. Moralista sem moral!”. Vários carros passavam e buzinavam em apoio ao ato.

    Veja o vídeo do protesto: 

    O EMPRESÁRIO DE R$ 5 BI DE FATURAMENTO

    X O PRESIDENTE DE 58 MILHÕES DE VOTO

    Na saída do estacionamento, três policiais militares, tendo a frente o capitão Thyago, do 22º Batalhão da Polícia Militar de SC, abordaram os manifestantes Carlos Alberto Fiorenzano da Silveira, e Valdnei Gomes da Cruz. Segundo ambos, eles foram impedidos de sair do local durante pelo menos uma hora, quando foram obrigados a abrir e a assinar um Boletim de Ocorrência contra eles mesmos, sob ameaça de serem presos, algemados e ter o veículo interditado. “Eles começaram numa espécie de constrangimento elegante, solicitando documentos e pedindo que abríssemos o B.O. antes de sairmos. Depois partiram para as intimidações, revistaram o carro, abriram o bagageiro”, conta Carlos, 59 anos, terapeuta aposentado, mestre em Reiki e morador de Águas Mornas.

    Caravana do Lula por Minas Gerais. Foto: Ricardo Stuckert
    Manifestações de apoio ao ex-presidente por todo o país Foto: Ricardo Stuckert

    Valdnei, 36 anos, professor e voluntário do Curso de Pré-vestibular gratuito do PT em Florianópolis, foi ameaçado de ser algemado e levado para a delegacia e de ter o veículo apreendido, segundo confirma o companheiro. “Ficamos perplexos e sem ação. Estávamos apenas manifestando, fora da loja, nosso repúdio contra a hipocrisia deste país onde um cidadão condenado por sonegação de impostos, com intenções de se lançar a governador, promove uma ofensa pública contra o ex-presidente, chamando-o de corrupto e de outras coisas”, indigna-se Valdnei, que foi fotografado e teve os documentos apreendidos. No Boletim de Ocorrência que os dois ativistas se disseram coagidos a abrir contra eles mesmos, ambos foram acusados de “Desordem, com Paralisação/Manifestação de greve de trabalhadores (A apurar)”.

    Boletim de Ocorrência que os policiais fizeram os manifestantes abrirem contra eles mesmos por “Desordem/Paralisação/Manifestação grevista de trabalhadores”

    Enquanto Carlos e Valdnei eram abordados, três outras manifestantes conseguiram se livrar da abordagem policial para procurar ajuda. Marileia Gomes, servidora da área de saúde, procurou Luzia Cabreira, da Rede Nacional de Adovogados e Adovogadas Populares, segundo quem nenhuma das acusações constituiria crime e que o direito à manifestação era legítimo.
    A advogada popular Rosângela de Souza também se dirigiu ao local e orientou-os a abrir um Boletim de Ocorrência por abuso de poder.”Estranho a inversão de valores neste país, onde agentes policiais pagas com dinheiro público, servem como guardas particulares de empresas privadas”, comenta a jurista. “Eles estavam preocupados apenas em cumprir o desejo de vingança da direção da Havan, sem sequer ouvir o nosso depoimento sobre como as coisas haviam ocorrido”, afirma Carlos.

    Mesmo sem apoio de entidades ou de partidos, a professora aposentada da Secretaria de Estado da Educação, Margarete Sandrini, afirma que o grupo decidiu fazer espontaneamente o protesto porque não suportou ver seu candidato a presidente escrachado em público por um empresário que, “além de ter sido condenado por sonegação e lavagem de dinheiro, defende uma política entreguista, expressa no culto aos símbolos dos Estados Unidos, país que está roubando as nossas riquezas”. Construídas no formato da Casa Branca, as 104 lojas da Havan, espalhadas por cidades de médio porte do país, ostentam na sua entrada réplicas da Estátua da Liberdade com 57 metros de altura, 10 a mais do que a original nos Estados Unidos.

    Luciano Hang e Bolsonaro: Parceria costurada pela defesa da intervenção militar

    Logo após o julgamento de Lula, no dia 24, o empresário já havia gravado um vídeo convidando a população para uma grande queima de fogos às 13 horas do dia seguinte, num terreno de sua propriedade, em Brusque, no Vale do Itajaí (SC). No vídeo, ele anuncia que o foguetório duraria 13 minutos, em alusão ao número eleitoral do PT, para comemorar a condenação de Lula e a libertação “do maior mentiroso que este país já teve”. Crítico feroz dos programas de inclusão social, acusou Lula de promover uma “política populista e assistencialista”, e de transformar o país numa “experiência fracassada como em outros países comunistas”. Apesar da perseguição ao PT, que acusa de ter “paralisado o país”, o empresário se valeu do aumento no poder de compra das classes baixa e média para multiplicar sua rede. De apenas uma loja em Brusque no início da década de 1980, a Havan rapidamente chegou a cem. Esses que hoje o empresário chama de “petralhas”, sempre foram seus clientes em potencial.

    Convidado por Bolsonaro, no dia 5 de janeiro, a ser vice na sua chapa a presidente da República, Luciano Hang tem aparecido com frequência em colunas políticas sociais na mídia local e nacional atacando fortemente as esquerdas brasileiras por corrupção e populismo. Já manifestou publicamente sua intenção de se candidatar, ora como governador de Santa Catarina, ora como senador, ora como vice de Bolsonaro, sem até agora declarar sua decisão. http://www.oblumenauense.com.br/site/luciano-hang-diz-em-nota-a-condenacao-de-lula-e-a-liberdade-do-brasil/.

     

    MESMO TRIBUNAL QUE ACELEROU CONDENAÇÃO DE LULA DEIXOU SENTENÇA DO SONEGADOR PRESCREVER

    Em sentença da Vara Federal Criminal de Florianópolis, no ano de 2008, a Justiça Federal condenou o empresário Luciano Hang, a 13 anos, nove meses e 12 dias de reclusão, além do pagamento de uma multa de R$ 1,245 milhão por crimes contra o sistema financeiro nacional, como falsificação e lavagem de dinheiro. (Entenda o histórico do caso: http://www.mpf.mp.br/sc/sala-de-imprensa/noticias-sc/2004/201101131416500200-acao-penal-do-ministerio-publico-federal-denuncia-megafraude-nas-empresas-havan-blumenau. Leia também: http://dc.clicrbs.com.br/sc/noticias/noticia/2008/03/dono-da-havan-recorre-de-condenacao-e-aguarda-julgamento-do-stj-1795294.html). O empresário apelou em liberdade ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, o mesmo que condenou Lula e, num desdobramento obscuro, a pena acabou prescrevendo:  https://exame.abril.com.br/revista-exame/a-estatua-a-loja-e-os-bilhoes/.

    Acusado desses crimes gravíssimos, o empresário foi beneficiado pela morosidade e complacência da justiça, que não marcou sua sentença até deixar a pena prescrever. Já o ex-presidente Lula, que Luciano Hang chama de corrupto esfregando a certidão de que sua ficha criminal está limpa, não recebeu o mesmo tratamento: seu julgamento e condenação estão sendo, ao contrário, acelerados em tempo recorde na história da justiça brasileira.

    De acordo com a denúncia do MPF, o empresário teria mantido depósitos no exterior sem declaração aos órgãos de fiscalização nacionais. Os depósitos teriam sido feitos em nome de empresas que, segundo a Receita Federal, pertenceriam à Havan, além de outros em nome próprio.
    Em outro processo, Hang foi condenado a prisão e a pagar uma multa por não recolher a contribuição previdenciária de funcionários. Ele arcou com a taxa e a prestação de serviços comunitários. O empresário sofreu a execução fiscal de sua dívida ativa em 3 de agosto de 2016, pelo juiz de Direito da Vara de Execução Fiscais do Estado, Elemar Leopoldo Schloesser, da Comarca de Brusque do Tribunal da Justiça de Santa Catarina. Ver processo em: https://www.jusbrasil.com.br/diarios/documentos/369436078/andamento-do-processo-n-0900231-6720168240011-execucao-fiscal-divida-ativa-03-08-2016-do-tjsc?ref=topic_feed

     

    Com faturamento de R$ 4 bilhões, Luciano Hang pretende chegar a 200 réplicas da Casa Branca em cinco anos e aumentar seu patrimônio para R$ 5 bilhões já em 2017, segundo a revista Exame (Foto)

    No segundo semestre de 2017, Luciano Hang já havia assumido seus princípios políticos ditatoriais:  gravou vídeo de apoio ao general do Exército Antônio Hamilton Mourão pelas declarações em defesa de uma intervenção das Forças Armadas, valendo-se do jargão “Ordem e Progresso” sustentado pelo Golpe Militar de 64. A identidade do proprietário das lojas Havan, que lhe conferem um faturamento de R$ 4 bilhões, sempre foi mantida em sigilo, assim como os seus processos criminais. Até que o próprio adorador do império estadunidense saiu em campanha publicitária na grande mídia para se declarar o verdadeiro dono do patrimônio quando, nas vésperas do Golpe de 2016, os “caçadores de petralha” espalharam, entre uma rede de boatos, que o dono das lojas Havan era o filho de Lula. Entre sonegar a propriedade e ver seu império acusado de petista, o hóspede da Casa Branca preferiu sair da moita.

    Atualização: Os dois militantes que denunciaram coação e ameaça pela polícia militar registraram queixa à Ouvidoria da Secretaria de Segurança Pública do Estado:

    SOBRE A MANIFESTAÇÃO À FRENTE DA HAVAN DA VIA EXPRESSA EM FLORIANÓPOLIS NA TARDE DE HOJE, 25/02.

    Comunico que após o ato pacífico de repúdio ao vídeo do empresário dono da rede de lojas Havan que comemorou a condenação do ex-presidente Lula, eu, Valdney, o companheiro Carlos Fiorenzano e mais duas companheiras sofremos
    abuso de poder por parte de três policiais do 22º Batalhão da PM/SC, pois fomos obrigados pelos policiais a permanecermos no local da manifestação a fim de prestarmos esclarecimentos por conta da denúncia dos funcionários da loja.

    Atendendo ao chamado dos funcionários, os policias exigiram que nós entregássemos nossos documentos para averiguação e registro em B.O. Além disso, submeteram-nos a uma série de perguntas baseadas em acusações de desordem causada na loja submetendo-nos a uma situação constrangedora e forçada, pois tínhamos plena convicção de que não agimos de forma ilegal e também temíamos produzir provas que nos incriminassem.

    Informo que os policias agiram de forma despreparada, abusiva, que atentaram a todo momento para a denúncia dos funcionários, que fomos impedidos de deixar o local mesmo sem a tipificação e flagrante de ato criminal e que fomos tratados com falta de respeito, diferentemente do trato dispensado aos funcionários da Havan.

    Informo ainda que um dos policias ameaçou-me de ser algemado e preso se eu continuasse auxiliando o companheiro Carlos em seu depoimento, que disse ao companheiro que se ele não relatasse sua presença ali, que ele mesmo, o policial, registraria o B.O. a seu modo. Em seguida, o policial tratou-me com descortesia e exigiu que eu me ausentasse. Informo também que o policial registrou o B.O. dos funcionários baseado em três argumentações e que os funcionários foram atenciosamente ouvidos em todas as suas queixas que prestaram contra o ato, diferentemente de nós que fomos coagidos a todo momento, obrigados a prestar esclarecimentos e a permanecer no local por quase uma hora, sem salvaguardar nosso direito de permanecermos calados.

    Diante dos fatos, comunico registro de B.O. e denúncia junto à Secretaria de Segurança Pública de SC e à Corregedoria da PM do Estado em face do desrespeito e do abuso de autoridade ao qual fomos submetidos.

    Sem mais,

    Valdinei Gomes da Cruz

     

  • LULA CONDENADO: O POVO TAMBÉM VAI CUMPRIR PENA?

    LULA CONDENADO: O POVO TAMBÉM VAI CUMPRIR PENA?

    Prometi a meus colegas jornalistas livres que não escreveria mais artigos em defesa do Lula. É preciso olhar criticamente o “mais lulista que o Lula”. Mas este texto não é sobre defender o Lula, é sobre defender algo muito mais imediato: meu interesse e, certamente, o teu. O povo brasileiro foi condenado junto com o Lula.

    Lula não foi condenado por fazer parte de um grande esquema de corrupção. Temer e Aécio Neves são a prova disto. O Lula é temido por causa do poder que VOCÊ tem nas mãos. A amostra deste poder é o fato do ex-presidente ser o primeiro colocado em todas as pesquisas de intenção de voto. A “intenção” é tua, e o voto também será teu. Se eu e você, unidos a outras milhões de pessoas não quisessem o Lula de novo, ele não teria sido condenado como foi.

    Outros tantos textos foram e serão publicados por pessoas brilhantes a respeito da ilegalidade da condenação. Mas, espero ser uma das tantas pessoas que tentarão responder a pergunta: “E agora?”.

    Lula é um líder popular (quer a direita e algumas “esquerdas” gostem ou não!) e também um instrumento da vontade do povo, dentro dos limites de uma democracia representativa e estatal. Muitas contradições existiram no governo dele, mas ele foi o instrumento da empregada doméstica que precisava ter uma certeira assinada; de um morador das cidades mais longínquas do Nordeste que precisava de luz; daquele que não sabia como arrumaria um salário para sustentar os filhos; a mulher que, para sobreviver, dependia do dinheiro de um marido abusivo e passou a ser titular de benefícios sociais; e foi meu instrumento para poder estudar direito na PUC-SP. A direita fala de “pão com mortadela” porque não sabe o que é carecer destas coisas mais básicas. Não pode compreender a dor da fome, aquele que sequer passou da hora de comer. Não queremos nenhum passo atrás. Olha o quanto temos recuado desde a marcha golpista pisoteou nossos direitos!

    No plano institucional, frágil e traiçoeiro, é hora de reunir forças em prol de um candidato ou candidata com duas características: compromisso e viabilidade. A primeira se consegue com pressão, e a segunda com trabalho. Lula ainda pode e deve ser este candidato, apesar deste novo golpe.

    Agora, no cotidiano, é preciso mais rebeldia para ser, de fato, um povo sem medo. Rebeldia e ação direta não significa – necessariamente – cometer crimes (a não ser quando se trata de leis tirânicas!), mas se defender de criminosos que roubam direitos, expropriam os pobres e matam seus filhos. O mesmo aparato penal que condena o Lula é o mesmo que executa friamente o negro. É preciso dar uma basta à passividade. É preciso ir para as ruas, e também defender a moradia de quem ocupa; trabalhar pela greve, e fazer greve para ter direito a trabalhar.
    Três homens brancos e bem pagos não podem definir o destino de milhões de brasileiros. Lula condenado ou presidente, o poder popular tem que ser da gente.

    Precisamos ser politicamente livres. Esta pena eu não pago!