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  • Cabeleireiro preso injustamente é inocentado por falta de provas

    Cabeleireiro preso injustamente é inocentado por falta de provas

    Depois de passar quatro meses sendo acusado injustamente de roubo, Lucas Bispo da Silva, de 19 anos, foi julgado inocente por falta de provas. Ele passou mais de um mês, na virada do ano, no Centro de Detenção Provisória 2 (CDPII) de Guarulhos. Silva conseguiu liberdade provisória em janeiro, mas ainda respondia pelo crime.

    No último dia 5 de março, o juiz Rodrigo César Müller Valente, da 2ª Vara Criminal de São Paulo, decidiu arquivar o processo em decisão na qual  julgou “improcedente a ação penal”. Para ele, que acompanhou a recomendação do Ministério Público, faltaram provas para considerar Silva culpado. Na decisão afirma: “conclui-se que os policiais não confirmaram a narrativa inicial do flagrante, pelo contrário, ensejaram fundadas dúvidas sobre as circunstâncias da apreensão da motocicleta roubada e posterior abordagem do réu em seu local de trabalho”.

    Silva não entende o motivo do erro. “Até hoje fico me perguntando: por quê comigo? Eu sempre acordei cedo e trabalho desde os 13 anos. Talvez eu seja parecido com o autor do roubo… Não sei… Mas sei que isso me prejudicou demais. Passei natal e ano novo longe da minha família e fique sem poder trabalhar na melhor época do ano, quando faço mais dinheiro. Só que agora vou atrás dos meus direitos!”

    Na decisão, o juiz ainda aponta que o reconhecimento da vítima teve problemas. “Tem-se tão-somente o reconhecimento pessoal procedido na lavratura do flagrante, não confirmado sob o contraditório. A vítima inquirida por carta precatória não confirmou o reconhecimento do suspeito”.

    Relembre o caso

    Na manhã do dia 13 de dezembro de 2019 Silva foi para o salão onde trabalhava, como era sua rotina. Mais tarde naquele dia os policiais Marcos Fernando e Adriano de Oliveira Silva foram até o salão e pediram para que o jovem os acompanhasse até a 95º Delegacia de Polícia (D.P.) em Heliópolis. Silva, informado que só esclareceria alguma questão relativa a um roubo na região, concordou em ir.

    Um colega de Silva, que presenciou a abordagem dos PMs no salão, contou em uma carta como se deu a cena

    “Conforme nossa rotina, estávamos exercendo nossa função como barbeiros em nosso local de trabalho. Dois policiais passaram em frente à barbearia, dentro de uma viatura, quando o policial desceu armado nos intimidando. Logo após, o mesmo policial intimou o Lucas. Depois me chamaram pedindo meu RG, e o mesmo que intimou pediu fotos nossas. Eles nos interrogaram sobre uma moto roubada, principalmente o Lucas, como se ele fosse o culpado sendo que ele não sabe pilotar nenhum tipo de moto. Depois disso o Lucas retornou para dentro da barbearia para terminar o corte de seu cliente e, assim que acabou, foi para fora com os policiais. Eles chamaram o Lucas para acompanhar até a delegacia. Lucas entrou na barbearia, pegou sua camiseta e perguntamos: ‘vai para onde?’ Ele respondeu: ‘vou ali na delegacia provar que sou inocente e já volto’”.

    A versão dos PMS, no Boletim de Ocorrência (B.O.), é que após saberem de um roubo de moto que, segundo o testemunho da vítima, ocorreu por volta das 07:20h daquela manhã, na da Av. Comandante Taylor, passaram a patrulhar a região e encontraram “com o indiciado de prenome Lucas, aquele que estava na garupa, de bermuda e moletom”. E disso se seguiu a prisão de Lucas.

    A vítima apresentou outra versão. “Quando estava retornando para sua casa, foi informado que sua moto fora recuperada. Os policiais foram buscá-lo onde se encontrava, e, de viatura, foi levado ao local onde estava sua moto. A seguir, no percurso para esta delegacia, em local próximo aonde estava sua motocicleta, viu o autor do roubo, que tinha um sinal no rosto e que conduziu sua moto, encostado em uma parede. Informou os policiais sobre isso e o indivíduo foi trazido a esta delegacia. Aqui chegando, em sala preparada, reconheceu o indivíduo”.

    Já na época a família apresentou a versão de Silva, apoiada pelos testemunhos do colega e provas matérias do que ocorreu naquele dia. Na versão da família, Silva estava em casa enquanto acontecia o roubo. De casa foi para o trabalho e de lá foi levado pelos dois policiais.

    As provas juntadas para confirmar a versão de Silva, além do depoimento do colega que viu a abordagem, foi o depoimento do porteiro do prédio onde mora, no qual afirma que o jovem só teria saído de casa por volta das 10:00h. Imagens das câmeras do circuito interno do prédio, que comprovam a versão do porteiro, foram apresentadas. Conseguiram também o testemunho da dona do salão onde Silva trabalha, que também confirma a versão. “Eu estava voltando da escola onde meu filho estuda, passando em frente ao salão, onde também resido, e avistei dois policiais abordando Lucas e G.. Ouvi Lucas perguntar se poderia terminar de cortar o cabelo, então entrei em casa para fazer serviços domésticos… Assim que minha mãe chegou em casa, ela me informou que Lucas teria sido encaminhado para a 95° DP”.

    Outro Lado

    Questionada a Secretaria de Segurança Pública do Estado respondeu:

    O autor foi preso em flagrante e o caso registrado pelo 95º DP. Na época dos fatos, a vítima reconheceu o suspeito sem sombras de dúvidas. Ele teve todas as garantias constitucionais concedidas. O inquérito policial foi concluído e relatado à Justiça

     

  • Porto de Galinhas é Bacurau

    Porto de Galinhas é Bacurau

    A Guarda Municipal abordou trabalhadores fardados, com truculência e a população de Porto de Galinhas, litoral norte de Pernambuco, não deixou barato, colocou pra correr.

    via Twitter de @flaviocostaf

  • Paraisópolis: PM considera que PM fez tudo certo no baile funk que acabou com 9 mortos

    Paraisópolis: PM considera que PM fez tudo certo no baile funk que acabou com 9 mortos

    A corregedoria da PM, que é um órgão da própria Polícia Militar, achou legal a ação de 31 policiais, durante um baile funk na favela de Paraisópolis (zona sul de São Paulo), que resultou em nove jovens inocentes mortos.

    A tragédia aconteceu em dezembro e foi filmada por centenas de pessoas, que colocaram os vídeos nas redes sociais. E o que se viu foi o absurdo: policiais entrando em alta velocidade em ruas estreitas, depois jogando bombas, espancando, aterrorizando. O show de violência ocorreu em um baile funk que reunia cerca de 5.000 pessoas. O resultado foi o pânico, a correria, o desespero. Jovens tentavam fugir pelas vielas estreitas da favela enquanto os policiais arremessavam contra eles bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral.

    As vielas estreitas não permitem a dispersão da substância tóxica que compõe o gás lacrimogêneo, o CS (2-clorobenzilideno malononitrilo), que em contato com os olhos causa lacrimejamento intenso e queimação, além de coriza, náuseas, tosse e asfixia. De fato, das nove vítimas fatais, pelo menos 8 morreram asfixiadas. Mas os laudos do Instituto Médico Legal de São Paulo atribuíram a sufocação até a morte das vítimas a um suposto pisoteamento, algo que familiares dos mortos rejeitam, já que as peças de roupas que eles vestiam no momento do baile não tinham vestígios de pisadas de calçados.

    Segundo reportagem da revista “Galileu”, “um número considerável de mortes relacionadas a bombas de gás lacrimogêneo já foi registrado. Uma mulher de 36 anos morreu por insuficiência respiratória e parada cardíaca durante um protesto na Palestina, em 2012. No Bahrein, 36 mortes foram catalogadas (inclusive a de um garoto de 14 anos) pelo organização internacional Physicians for Human Rights, que ao lado da Facing Tear Gas e da Anistia Internacional são as maiores ONGs contra o uso das bombas de gás, que enquadram como arma química.”

    A conclusão da Corregedoria da PM foi de que, apesar das nove mortes, a ação dos policiais foi lícita e eles agiram em “legítima defesa”. O documento assinala ainda que os PMs nem sequer praticaram infração militar. Assina o relatório o encarregado do inquérito, capitão Rafael Oliveira Cazella. As conclusões dele foram referendadas pelo subcomandante da Polícia Militar de São Paulo.

    “Assumiram o risco de matar”

    Para o advogado e conselheiro do Conselho Estadual do Direito da Pessoa Humana (Condepe), Ariel de Castro Alves, o resultado dos laudos não isenta os policiais de responsabilidade nas mortes. “Foi a conduta violenta dos policiais, que incluiu o uso de fuzis de balas de borracha e o lançamento de bombas de gás lacrimogêneo, além das agressões contra a multidão que lá estava, que causou o pânico, a correria, os pisoteamentos e as mortes. Em suma, os policiais assumiram o risco de ferir e gerar mortes”.

    Uma ação desastrosa como a ocorrida em Paraisópolis, uma comunidade pobre, jamais ocorreria se a festa tivesse como endereço uma área nobre de São Paulo, cercada por seguranças vestidos de ternos e gravatas, ou cobrando ingressos caros.

    “Ah, mas havia drogas no baile funk de Paraisópolis. A PM tinha de fazer o seu trabalho”, dirá o ingênuo, como se nas raves e nas festas dos ricaços todo mundo só tomasse limonada…

    O inquérito de 1.600 páginas sobre o Massacre de Paraisópolis está nas mãos do juiz Ronaldo João Roth, da 1ª Auditoria do Tribunal da Justiça Militar. Na segunda-feira (10/2), segue para o Ministério Público, que pode pedir novas diligências, concordar com o arquivamento ou apresentar denúncia. Agora, é continuar lutando, para que pelo menos encontrem Justiça as famílias de Gustavo Cruz Xavier, 14, Dennys Guilherme dos Santos Franco, 16, Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16, Denys Henrique Quirino da Silva, 16, Luara Victoria Oliveira, 18, Gabriel Rogério de Moraes, 20, Eduardo da Silva, 21, Bruno Gabriel dos Santos, 22, e Mateus dos Santos Costa, 23.

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  • Lucas “Vou ali na delegacia provar que sou inocente e já volto”

    Lucas “Vou ali na delegacia provar que sou inocente e já volto”

    Preso há mais de um mês, Lucas Bispo da Silva de 19 anos, foi acusado de roubar uma moto BMW em seu próprio bairro. O jovem cabelereiro de Heliópolis, zona sul de São Paulo, afirma ser inocente e vê sua família lutar para provar sua inocência. É outro jovem que se enquadra no perfil-padrão e facilmente acusável pelo racismo vigente na polícia: ele é negro e periférico.

    No último dia 16, o Tribunal de Justiça do Estado concedeu liberdade provisória a Lucas, frente às “contradições” presentes nos relatos policiais e da vítima. Além disso o promotor Nilson Xavier de Souza afirma que os “relatos de pessoas que colocam o paciente [Lucas] em local diverso, [afirmando que ele] estava trabalhando, cortando o cabelo de um cliente quando foi abordado, bem como a circunstância do roubador estar usando capacete, ainda que com a viseira aberta, tornam temerária a manutenção da prisão, que é medida sempre excepcional antes de sentença penal condenatória”.

    Lucas agora aguarda o CDP 2 de Guarulhos cumprir a decisão do desembargador para voltar à liberdade.

    Um desses relatos é de um colega de Lucas no salão, G., que escreveu uma carta reconhecida em cartório afirmando que presenciou a abordagem de Lucas no salão, contradizendo a versão policial de que o jovem foi preso junto a moto roubada.

    PM acusa Lucas de roubar moto, mas provas apontam que ele estava em casa na hora. Liberdade provisoria foi concedida, mas a prisão ainda não liberou
    Foto: Arquivo pessoal

    A família juntou também provas de que Lucas estava em sua casa no momento do crime e não poderia ter participado, aponta que existem contradições nas versões apresentadas pela polícia e busca mobilizar a comunidade, em conjunto com a Rede de Proteção e Resistência contra o Genocídio, já tendo realizado um ato e organizando outro para denunciar sua inocência. A ativista da Rede, Marisa Fefferman, entende o caso como “um caso exemplar de como o nosso sistema de segurança e de justiça funcionam” e que “o caso de Lucas é um caso em que aparece todos os erros e que mostra como se pode forjar um caso de um rapaz que é um trabalhador”.

    Lucas foi preso em flagrante e a juíza Adriana Barrea, que na audiência de custódia converteu a prisão em preventiva, entendeu não ter necessidade de soltar Lucas, mesmo que a “circunstância do paciente possuir condições pessoais favoráveis como primariedade e excelente reputação não é suficiente, tampouco garantidora de eventual direito de liberdade provisória”. No dia oito de janeiro deste ano o Ministério Público apresentou a denúncia contra   Lucas. Na denúncia o MP ignorou a defesa e acompanhou o inquérito policial. A próxima etapa do processo foi definida para o dia 5 de março, sendo a audiência de Instrução Debates e Julgamento.

    Sua irmã conta que ele “sempre quis ser cabelereiro. Só que a gente nunca teve condição de pagar um curso. Então ele aprendeu a cortar cabelo sozinho. Cortava de graça em frente a minha casa e depois que aprendeu e pegou as manhas, cobrava só cinco reais. No salão sempre ia morador de rua cortar lá, já que ele não cobrava. Hoje o que ele tá fazendo dentro da cadeia é trabalhando cortando cabelo”.

    O caso

    Segundo sua irmã, no dia 13 de dezembro, Lucas acordou as 10h para atender um cliente no salão em que trabalha desde setembro de 2018. Lucas estava no salão quando foi abordado por dois policiais que, primeiro, tiram uma foto sua e depois levaram o jovem para a 95º Delegacia de Polícia (D.P.) em Heliópolis, onde ele foi reconhecido pela vítima. A irmã conta, ainda, que os policiais que prenderam Lucas foram até o salão porque, meses antes um outro funcionário teria sido preso por roubo e desde então o local ficara marcado.

    Na carta de G., colega que trabalha com Lucas no salão, ele conta como foi a abordagem

    Conforme nossa rotina, estávamos exercendo nossa função como barbeiro em nosso local de trabalho” quando “dois policiais passaram em frente a barbearia dentro de uma viatura, quando o policial desceu armado nos intimidando. Logo após o mesmo policial intimou o Lucas Bispo da Silva, logo depois me chamaram pedindo meu RG, e o mesmo que intimou pediu fotos nossas e nos interrogaram sobre uma moto roubada, principalmente interrogaram o Lucas como se ele fosse o culpado sendo que ele não sabe pilotar nenhum tipo de moto. Após isso o Lucas retornou para dentro da barbearia para terminar o corte de seu cliente, e assim que acabou foi para fora com os policiais, e eles chamaram o Lucas para acompanhar até a delegacia. Lucas entrou na barbearia, pegou sua camiseta, e perguntamos ‘Vai para onde?’, ele respondeu ‘Vou ali na delegacia provar que sou inocente e já volto’

    Já no Boletim de Ocorrência (B.O.) e no Inquérito policial os depoimentos são outros. O roubo da moto, segundo o testemunho da vítima, ocorreu por volta das 07:20h daquela manhã, na da Av. Comandante Taylor, quando ele parou a moto em um dos faróis e “viu uma moto ao seu lado, com dois ocupantes. Estavam com os capacetes abertos e pôde ver seus rostos. Notou que um deles, o garupa da moto, tinha um sinal no rosto. No farol seguinte, passando o viaduto, estes indivíduos o abordaram. O garupa, da moto, com o sinal no rosto, portando uma arma de fogo (com o cano quadrado e prateada) anunciou um roubo”. Sem levar a carteira ou celular pegou a moto e “a levou, entrando em avenida que dá acesso ao Heliópolis. Quanto ao outro, saiu na sequência atrás do primeiro”.

    Os dois PMs afirmam no B.O., que antes do roubo, “se encontravam em patrulhamento pela Av. Comandante Taylor, quando avistaram uma motocicleta de porte grande com dois ocupantes. Informa o depoente que observou-os atentamente, por se tratar de moto diferente das que são habitualmente vistas na região. Ambos os componentes da moto eram magros, de pele parda, um com blusa preta e calça jeans (garupa) e o outro de bermuda e moleton (conduzindo a moto) e ambos estavam com a viseira do capacete aberta. Contudo, consultou seu emplacamento e não havia nada registrado”. Depois de saberem do roubo eles passaram a procurar pela moto e a encontraram “estacionada na Rua Michel da Silva, 19”. Em seguida notificaram a vítima e passaram a “patrulhar pela região a fim de localizar os indivíduos que vira na moto pouco antes. Na esquina na Rua Michel da Silva com a Rua Almirante Nunes acabou se deparando com o indiciado de prenome Lucas, aquele que estava na garupa, de bermuda e moleton”.

    Segundo o relato dos policiais, só então encontraram e prenderam Lucas, que “negou ter qualquer envolvimento com o crime, sendo trazido a esta Delegacia, junto da moto, solicitando-se à vítima de roubo a se dirigir também a esta sede. Aqui chegando, à vítima fora mostrado o indivíduo, em sala preparada, tendo esta o reconhecido”. Com ele, nada foi encontrado que o ligasse ao crime.

    Já a vítima conta outra versão “quando estava retornando para sua casa, foi informado que sua moto fora recuperada. Os policiais foram buscá-lo onde se encontrava, e, de viatura, foi levado ao local onde estava sua moto. A seguir, no percurso para esta Delegacia, em local próximo aonde estava sua motocicleta, viu o roubador, aquele que tinha o sinal no rosto e que conduziu sua moto, encostado em uma parede. Informou os policiais sobre isso e o indivíduo foi trazido a esta Delegacia. Aqui chegando, em sala preparada, reconheceu o indivíduo”.

    Liberdade provisória

    Na decisão que concede à Lucas a liberdade provisória o desembargador Nilson Xavier de Souza aponta as contradições levantadas pela defesa

    considerada a relevância das questões postas pela Defesa, algumas ponderações são necessárias. No auto de prisão em flagrante, os policiais em um instante dizem que o condutor da moto usava bermuda e moletom, enquanto o garupa vestia blusa preta e calça jeans e, na sequência, nos mesmos depoimentos, dizem que Lucas, que foi preso, era o garupa, vestindo bermuda e moletom (fls. 23 e 25). Tem mais. Pelos relatos dos policiais, eles faziam diligências após confirmação do roubo e avistaram o suposto garupa Lucas vestindo bermuda e moletom. Então conduziram Lucas à Delegacia e convidaram a vítima a lá comparecer para realizar o reconhecimento. Já a vítima disse que, após noticiar o roubo, estava indo para casa. Então foi informado a respeito da localização de sua moto. Os policiais foram buscá-lo. No caminho até a Delegacia, na viatura, viu o roubador na rua. Avisou os policiais, que efetuaram a detenção de Lucas.

    A defesa

    A família e seu advogado, Paulo Sergio Pisara Victorino, apresentam a versão de Lucas somadas ao depoimento do porteiro do prédio onde Lucas mora. No depoimento o porteiro afirma que o jovem só teria saído de casa por volta das 10:00h e, junto com o relato que apresentaram para a juíza, apresentaram imagens das câmeras do prédio nas quais é possível ver Lucas saindo de bicicleta por volta das 10h.

    Além disso a defesa apontou as inconsistências dos depoimentos que “em depoimentos confusos, trocam até a vestimenta dos roubadores, pois uma hora o garupa estava de calça jeans, outra estava de bermuda” e na localização de Lucas na hora da prisão “que o acusado não estava na via pública quando de sua detenção, mas sim cortando um cabelo, onde os militares esperaram que o mesmo terminasse o serviço para leva-lo até a delegacia”.

    Para confirmar a versão de que Lucas não estava junto à moto na hora da prisão, mas em seu local de trabalho, a família conseguiu a declaração de seu colega, G., e de S., dona do salão onde Lucas trabalha, que também confirma a versão “Eu estava voltando da escola onde meu filho estuda, passando em frente ao salão, onde também resido, e avistei dois policiais abordando Lucas e G., ouvi Lucas perguntar que se poderia terminar de cortar o cabelo, então entrei para dentro de casa para fazer serviços domésticos… assim que minha mãe, chegou em casa, ela me informou que Lucas teria sido encaminhado para a 95° DP”.

     

  • PM reprime com bombas e gás lacrimogêneo 2º ato contra tarifas em SP

    PM reprime com bombas e gás lacrimogêneo 2º ato contra tarifas em SP

     

    O segundo Ato Público convocado pelo Movimento Passe Livre (MPL) percorreu o centro de São Paulo, nesta quinta (9/jan). A manifestação opõe-se ao aumento das tarifas de ônibus e metrô, de R$ 4,30 para R$ 4,40, imposto pelo prefeito Bruno covas (PSDB) e pelo governandor João Dória Jr. (PSDB).

    Dois manifestantes foram presos ao final do 2° ato contra o aumento das tarifas. Eles estão no 78° DP, sob a acusação de “danos ao patrimônio”.

    O ato começou por volta das 17h na praça da Sé, região central, e seguiu até a praça da República, onde foi finalizado. Os manifestantes tentaram, então, entrar na estação do metrô da praça, visando a pular as catracas, em protesto simbólico contra as tarifas. A PM fechou a entrada, apenas deixando uma pequena passagem cercada dos dois lados. Os manifestantes se aproximaram com a faixa e após um primeiro contato, alguns objetos foram jogados em direção à linha da PM. Foi quando começaram os tiros de bombas de efeito moral e de gás.

    Num momento em que a recessão econômica e o desemprego condenam as famílias trabalhadoras à pobreza, é inadmissível o aumento das tarifas.

    Desempregado, o trabalhador fica sem o vale-transporte e, com o aumento, na prática, terá de andar a pé ou ficar confinado no seu bairro. Como ele vai procurar emprego?

    E o serviço de ônibus é cada vez pior em São Paulo, com o fechamento de milhares de linhas, e a demissão de dezenas de milhares de motoristas e cobradores!

    Diante de reivindicação mais do que justa, tudo o que João Doria Jr. e Bruno Covas oferecem é um contingente reforçado de policiais militares para intimidar os manifestantes!

    Pela mobilidade urbana!

    Contra o aumento das tarifas!

    Veja cenas da manifestação!

     

     

  • Desembargador censura Marcelo D2 porque chamou Doria de “assassino”

    Desembargador censura Marcelo D2 porque chamou Doria de “assassino”

     

    Doria dá licença para polícia matar - na Folha de S.Paulo
    Doria dá licença para polícia matar – na Folha de S.Paulo

    Como é que se deve chamar alguém que “libera” 100 mil homens fortemente armados, que estão sob suas ordens, para matar?

    “Assassino” seria um bom jeito de denominar o sujeito que, por acaso, é o governador de São Paulo, João Doria Jr.

    Pois Doria é o chefe da maior polícia do Brasil, a terceira maior Instituição Militar da América Latina. Foi ele quem prometeu que, como governador, a polícia atiraria “para matar”. E a corporação está seguindo a ordem:

    Nos 6 primeiros meses do governo Doria, a PM matou a cada 10 horas e atingiu o maior número em 16 anos. Entre janeiro e junho deste ano, os policiais militares em serviço mataram 358 pessoas em supostos casos de resistência. Os PMs em folga mataram 56.

    “Assassino”. Foi assim que o rapper Marcelo D2 designou Doria, em um post indignado, depois de ler tuit do governador lamentando “profundamente” as nove mortes ocorridas em Paraisópolis, decorrentes de uma ação criminosa e terrorista de policiais militares.

    Lamentando “profundamente” como, se foi Doria que deu a licença para a PM matar?

    Daí, chega um desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo chamado Luiz Antônio de Godoy, obviamente um homem branco, e resolve tomar uma providência contra todo esse absurdo. O que ele faz?

     

    Não, ele não exigiu que João Doria engolisse a frase assassina…

    Não, ele não repudiou o comportamento dos PMs e cobrou punições exemplares…

    Não, ele não se solidarizou às famílias das vítimas, quase crianças, Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16 anos, Denys Henrique Quirino da Silva, 16 anos, Dennys Guilherme dos Santos Franca, 16 anos, Gustavo Cruz Xavier, 14 anos, Gabriel Rogério de Moraes, 20 anos, Mateus dos Santos Costa, 23 anos, Bruno Gabriel dos Santos, 22 anos, Eduardo Silva, 21 anos e Luara Victoria de Oliveira, 18 anos. (Nunca os esqueceremos!)

    A grande providência que o desembargador Luiz Antônio de Godoy tomou foi censurar o post do rapper Marcelo D2. Talvez ele ache que assim se dissolva a responsabilidade de Doria na matança de jovens pretos e periféricos. Luiz Antônio de Godoy mandou D2 apagar o tuit.

    Ingênuo!

    Hoje, centenas de milhares de pessoas em São Paulo sabem o que Doria fez. Sabem!

    E continuarão a dizer a palavra que a indignação faz explodir no peito, junto aos gritos de angústia, desespero e dor: ASSASSINO!

    O tuit censurado pelo desembargador Luiz Antonio de Godoy, do TJ-SP
    O tuit censurado pelo desembargador Luiz Antonio de Godoy, do TJ-SP

     

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