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  • FAMQLive – Festival em Defesa do Parque da Fonte

    FAMQLive – Festival em Defesa do Parque da Fonte

    A situação do nosso almejado Parque da Fonte é muito crítica

    Impedidos de entrar na área, temos recebido e encaminhado diversas denúncias de novas contruções dentro do terreno, árvores derrubadas, queimadas, a água que escoava pela Rua da Fonte secou, fotos do Google mostram Córrego da Fonte soterrado e depois, coberto com gramado.

    Parque da Fonte

    A indignação e impotência é imensa

    Na justiça, processo aguarda apenas o deferimento da imissão da Prefeitura na posse. Num primeiro momento, juíza indeferiu, exigindo que a Prefeitura depositasse mais 3 milhões de reais – mas a dívida do proprietário com a prefeitura já ultrapassa o valor do imóvel, por que motivo depositar um dinheiro que o proprietário não poderá receber? Ninguém poderá receber.

    Neste momento, intercedemos para que a excelentíssima juíza reveja sua sentença e, finalmente, esta área volte a ser pública, como históricamente sempre foi. Urge imitir a Prefeitura na posse! Urge que esta área seja pública, que tenhamos direito a entrar, fazer vistorias, participar das medidas de segurança e preservação. E participar da concepção e projeto do Parque da Fonte do Peabiru.

    Parque da Fonte

    Para que todos escutem nosso grito, resolvemos realizar o FAMQ-LIVE EM DEFESA DA FONTE!

    Para entender a situação em que se encontra o Parque da Fonte

    2001 – realizamos a “Festa da Ocupação” – movimentou tanto o Butantã, que nos rendeu conhecer o Peabiru.

    2003 – foi declarada ZEPEC- Zona Especial de Proteção Cultural, pelo Plano Diretor da Cidade.

    2010 – realizamos a ManiFestAção em Defesa da Fonte

    2011 – foi decretada de utilidade pública – DUP.

    2012 – foi tombada como patrimônio ambiental, histórico e cultural pelo CONPREP – Conselho de Preservação do Patrimônio da Cidade. Muitos eventos continuaram a acontecer na Rua da Fonte: o SoMozum pela Fonte, a Lavagem da Pracinha, Carnaval, Capoeira, Mostra de Artes, Hip-Hop.

    2014 – foi declarada ZEPAM – Zona Especial de Proteção Ambiental na revisão do Plano Diretor.

    2015 – nas imediações da Rua da Fonte, realizamos o FAMQ – Fonte de Artes do Morro do Querosene, um festival de expressõess artísticas e culturais das mais diferentes linguagens.

    2016 – realizamos (na mesma rua da Fonte) o II Encontro de Jongueiros do Morro do Querosene – nesse dia a Prefeitura esteve presente e anunciou o depósito, em juízo, de 2 milhões de reais (naquela época a dívida do proprietário ainda não superava o valor do imóvel). Foi dado início ao Processo na Justiça, este mesmo que agora aguardamos o deferimento para a imissão na posse.

    FAMQ-Live em defesa do Parque da Fonte

    Agora, nos dias 2, 3 e 4 de outubro de 2020, realizaremos o FAMQ-LIVE EM DEFESA DA FONTE!

    Abertura: Dia 2/10 – das 19h30 às 22h – Roda de Conversa ONLINE com transmissão pelo facebook e youtube.

    Programação do Festival

    Significado, situação e perspectiva do Parque da Fonte do Peabiru e outros parques.

    Convidados

    Representates do Parque da Fonte do Peabiru, Parque do Jaraguá é Guarani, Parque Augusta, Parque do Bixiga, Parque da Vila Ema, Parque dos Búlfalos, Parque Chácara do Joquéi, Parque do Caxingui, Parque da Àgua Podre, Fórum das Áreas Verdes, Praça das Nascentes, Rios e Ruas, Prefeito de São Paulo, Secretaria do Verde, Secretaria da Cultura, SubPrefeitura do Butantã, Câmara Municipal de São Paulo, vereadores que estão nos acompanhando nesta luta, o atropólogo Paulo Dias, o historiador Júlio Abe, o etnomusicólogo Eric Galm, o indianista Paulo Junqueira do ISA, o representante da SOS Mata Atlântica, o jardineiro do cerrado Daniel Caballero, Daniel Munduruku, e ainda um representando do Parque Estadual Serra do Japi e outro do Parque da Lagoa do Abaeté, de Salvador.

    Dias 03 e 04/10 – das 16h às 19h

    Festival de Artes (músicos, poetas, dançarinos, capoeiras, grafiteiros, pintores, escultores, literatas, brincantes, circenses, contadores de história, mímicos, bonequeiros)

    Acompanhe a programação completa!

    www.youtube.com/associacaoculturalmorrodoquerosene

    www.facebook.com/FontedeArtesdoMorrodoQuerosene

    Parque da Fonte

    ASSOCIAÇÃO CULTURAL DA COMUNIDADE DO MORRO DO QUEROSENE

  • O Peabiru da mina e seus códigos

    O Peabiru da mina e seus códigos

    Fotos e texto por Helio Carlos Mello e vídeo de Sato do Brasil e Iolanda Depizzol

    O morro se chama Querosene, mas na designação indígena o lugar era Pirajussara. Seus códigos são de magia nas ruas Padre Justino e Cícero Alencar. Pouso de bandeirantes em tempos remotos, como sugere estudo da arquiteta Fernanda Accioly Moreira, espaço residual da suburbana vida e natural viver, simples assim, onde o uso do tempo é distinto e o espaço urbano acolhe prosas. Encontro de culturas aqui respira a cidade imensa, lugar de água limpa de fonte, caminho antigo de índio, rumo dos Andes ao Atlântico nos mitos do bairro. Por toda paz presente em tudo paira a ameaça a esse mundo possível, onde negócios travam a amarga trama das vontades imobiliárias no apetite dos mercados.

     

    Simples casas trazem ainda na fachada um velho pé de louro entrelaçado ao jasmim manga. Um pé de maracujá que se enrosca em portão da garagem, denunciando que ali não entram carros. Vasos com boldo ou comigo-ninguém-pode, de bromélias ou samambaias ocupam varandas.  O sossego no bairro é pleno e o barulho da cidade, distante. Um leve som dos cantos dos pássaros ouve-se a todo momento e anunciam que estamos numa ilha urbana.

    Antigo mapa que descreve o traçado do Peabiru. Foto: Hélio Carlos Mello/Jornalistas Livres
    Antigo mapa que descreve o traçado do Peabiru. Foto: Hélio Carlos Mello/Jornalistas Livres

    Curioso saber que aqui era rota de índios, o Peabiru: caminho antigo de ida e volta dos muitos povos em trânsito na América do Sul. Após tantos passantes no saque constante do continente, a luta hoje aqui é a criação do Parque da Fonte no amplo terreno que guarda farta mina d’água.

    Moradores me olham com atenção a fotografar desenhos nas paredes e muros diversos, artistas habitam esse solo, é evidente. Adentro em velho boteco, descubro que Raul Seixas fez ali o mesmo gesto muitas vezes. Botecos são a academia do povo.

    Uma senhora de fala doce e sorriso nos olhos se aproxima e conheço Dona Benê, Benedita de Mello, a se pronunciar em minha pauta: “não podemos pegar a água de São Paulo e passar cimento por cima, eu como brasileira me envergonho. A gente tem que acordar, as águas que temos aqui são o pulmão do Butantã. A sede é de todos”, conclui.

     

     

     

    A fonte no Morro do Querosene, na Zona Oeste de São Paulo, serviu a muitos por séculos, resistiu aos prédios, aos shoppings, às ocupações dos homens. Se aqui o parque é sonho dos homens a água que corre é o pranto da cidade.