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  • Sem-casa botam a boca no trombone em Belo Horizonte pelo direito à moradia

    Sem-casa botam a boca no trombone em Belo Horizonte pelo direito à moradia

    Os sem-casa de 18 ocupações de Belo Horizonte e Grande-BH participaram hoje de uma grande manifestação no centro da capital mineira para reivindicar uma solução para o direito de moradia. Eles saíram em passeata da Praça da Estação até a Praça 7, de onde seguiram até a sede da prefeitura. Muitos deles temem serem despejados durante a pandemia e cobram do governador Romeu Zema (Novo), e dos prefeitos Alexandre Kalil (PSD), de BH, e Alex de Freitas (PSDB), de Contagem.

    Manifestantes percorreram o centro da cidade até a prefeitura – Fotos de Cadu Passos/JL

    Participaram da manifestação sem-casa das ocupações Camilo Torres, Zilá, Professor Fábio Alves, Vicentão, Carolina, William Rosa e Marião, estas duas em Contagem, Cidade de Deus, em Sete Lagoas, Eliana Silva, Vila Fazendinha, Nelson Mandela, Forte, Paulo Freire, Manoel Aleixo, Zezéu Ribeiro, Norma Lúcia, Esperança e Helena Greco da Isidora.

    O problema da falta de moradia fica cada vez mais acentuado na Grande Belo Horizonte, o que explica a preocupação dos sem-casa, principalmente diante do crescente desemprego. Enquanto isso, cresce na capital de forma assustadora o número de moradores de rua. Conforme levantamento da prefeitura, na capital eles já somam quase 6 mil pessoas.

  • Inédita na América Latina, “Mandela em Cartaz” é atração em Curitiba

    Inédita na América Latina, “Mandela em Cartaz” é atração em Curitiba

     

    A arte gráfica para homenagear o líder da paz mundial, Nelson Mandela. Foi o que inspirou uma dupla de designers sul-africanos a criar, em 2013, um projeto para celebrar os 95 anos do ex-presidente da África do Sul.

     

    O resultado desse projeto — um total de 95 obras originárias de todos os cantos do planeta — pode ser conferido na exposição “Mandela em Cartaz”, promovida pela Caixa Cultural em Curitiba, até 27 de setembro.

    É a primeira vez que a mostra ocorre na América Latina. Depois da capital paranaense, a exposição segue para Salvador, também na Caixa Cultural daquela cidade, onde vai ficar aberta à visitação entre os dias 5 de outubro e 29 de novembro. A entrada, nos dois casos, é gratuita. Entre exposição física e apresentações virtuais, a mostra terá alcançado, até o final deste ano, 12 países, conforme informa o material de divulgação do evento.

    Na exposição em Curitiba, além dos 95 cartazes, expostos no andar de cima da galeria da Caixa Cultural, o público confere, no pavilhão térreo, um painel estilo linha do tempo da vida de Mandela, e ainda livros e revistas, e em entrevistas em curtas-metragens.

    Destaque, nessa seção, para o caderno no qual os visitantes — em especial as crianças — deixam suas impressões sobre a mostra. Por meios de desenhos ou frases, há mensagens de admiração por Mandela, outras em defesa da igualdade, e de repúdio ao preconceito e todas as formas de discriminação.

    VISITA GUIADA E OFICINA

    Durante o período em que “Mandela em Cartaz” vai estar em Curitiba, serão promovidas pelo menos duas visitas guiadas, com a curadora da mostra, Ruth Klotzel, e ainda uma oficina de confecção de cartazes. A primeira visita guiada ocorreu na abertura, no dia 18 de julho. A segunda está marcada para o dia 12 de setembro, às 16 horas.

    Também para o dia 12 de setembro, no período da manhã, está marcada a oficina. De acordo com a gerência da Caixa Cultural em Curitiba, para participar é preciso se inscrever com antecedência, pelo e-mail oficinamandela@gmail.com. As inscrições devem ser feitas até 2 de setembro.

    SOBRE A EXPOSIÇÃO

    Os mentores da mostra são os designers Jacques Lange e Mohammed Jogie. Em maio de 2013, às vésperas do aniversário de 95 anos de Nelson Mandela (18 de julho), a dupla promoveu uma espécie de concurso internacional de cartazes, que fossem desenhados especialmente para homenagear o líder mundial. Para isso, fundaram a Mandela Poster Collective, associada à Universidade de Pretoria.

    Em dois meses de inscrição, a fundação recebeu em torno de 700 trabalhos, de pelo menos 70 países. Desses, foram selecionados os 95, de 37 países, para compor a coleção. A primeira exposição, na Universidade de Pretória, foi aberta em 17 de julho daquele ano. Nelson Mandela viria a morrer quase seis meses depois, em 5 de dezembro de 2013.

    Os cartazes, em sua maioria, são carregados em cores; trazem elementos que fazem referência principalmente à luta contra o apartheid, contra a discriminação racial e pela igualdade de direitos. Alguns mesclam desenhos a imagens fotográficas — incluindo registros de Nelson Mandela mais jovem.

    Até o final da primeira semana de agosto, em torno de 500 pessoas já tinham visitado a exposição. Boa parte do público tem sido formada por crianças e adolescentes, estudantes de escolas públicas de Curitiba e região, que vão ao local transportados pela própria Caixa Cultural, por meio do projeto “Gente Arteira”.

    A Caixa Cultural em Curitiba fica no Centro da cidade, na Rua Conselheiro Laurindo, 280. A exposição fica aberta de terça a sábado, das 10h às 20h, e aos domingos, das 10h às 20h.

     

  • Comunidade Nelson Mandela perde a terra no Apartheid brasileiro

    Tropa de choque, força tática e guarda civil metropolitana de Osasco mobilizam-se para negar a moradia digna a 10.000 brasileiros pobres.

    A ação de reintegração de posse do chamado Morro do Mandela ocorreu de forma pacífica diante de um pesado aparato militar. Na Comunidade Nelson Mandela, que fica ao lado do Rodoanel Mario Covas, na divisa de Barueri com Osasco, a linha de frente da repressão era formada pela Força Tática e pela Tropa de Choque, mas lá estavam também a cavalaria da Polícia Militar, a Guarda Civil Metropolitana, carros do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), helicópteros militares, além do apoio de bombeiros e enfermeiros do Sistema Único de Saúde. Alguns moradores, como forma de protesto, atearam fogo em barracos que ja tinham sido desocupados, e os bombeiros tentavam conter o fogo para que não atingissem bujões de gás. Dois adolescentes, um de 16 anos e outro de 17, foram presos acusados de incêndio criminoso.

    Foto: Leo Moreira Sá

    Os primeiros “mandelenses” chegaram ali no dia 14 de janeiro de 2014, 29 dias depois do sepultamento de Nelson Mandela, e resolveram homenagear o grande líder africano. Ocuparam um terreno particular de 200 mil metros quadrados, que não tinha uso social e segundo os moradores iria virar um lixão. Carpiram a área, cercaram e levantaram os barracos da noite pro dia. Em um ano e meio a ocupação foi recebendo outras famílias e a Comunidade Nelson Mandela foi crescendo até atingir 10.000 habitantes, vindos na maior parte das periferias de Osasco, Barueri e Carapicuiba.

    Foto: Leo Moreira Sá

    Produziu-se uma estrutura básica de pequenos comércios para atender a comunidade. Famílias matricularem seus filhos em escolas, mães trabalhavam e utilizavam as creches da proximidade, pais de família trabalhavam. Segundo alguns comerciantes do entorno da comunidade, os moradores eram bem-vindos porque movimentavam o comércio local, e também transformaram uma região antes deserta e perigosa, com muitas ocorrências de assaltos, numa região habitada e segura. Ali havia uma comunidade viva, que em poucas horas foi reduzida a escombros, cinzas e desespero de tantas pessoas que não tinham para onde ir.

    Foto: Leo Moreira Sá

    Conversei com uma moça que estava parada diante do seu barraco desocupado: “Estou aqui olhando pro meu barraco vazio nem sei por quê”. Ela me contou que a comunidade fazia reuniões, pedia ajuda para as autoridades, mas o que receberam foi a promessa do prefeito Jorge Lapas (PT), que disse que tentaria negociar com o dono do terreno. Mas há três meses receberam a ordem de despejo. Ela me informou que a prefeitura não tinha, até aquele momento, nem oferecido alojamento — apenas um galpão para a guarda dos pertences dos moradores.

    A prefeitura de Osasco declarou que recebeu uma comissão de representantes da ocupação e que aquela área não era indicada ao uso habitacional por ser área de risco de deslizamentos de terra, além de estar sobre um aterro sanitário.