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  • Em Curitiba, protesto com mais de mil famílias pressiona prefeitura e governo do estado por moradia digna

    Em Curitiba, protesto com mais de mil famílias pressiona prefeitura e governo do estado por moradia digna

    Integrantes de três ocupações cobraram cumprimento de compromissos por parte da administração pública municipal e estadual; Secretário Especial de Assuntos Fundiários, Hamilton Serighelli, propôs saída para moradias por meio do Programa Minha Casa Minha Vida Entidades.

    Mais de mil famílias, vindas de ocupações da periferia, foram às ruas do Centro Cívico de Curitiba na manhã de hoje (29) para cobrar da prefeitura e do governo do estado compromissos firmados em relação à moradia. Entre eles estão a regulamentação da lei que institui o Programa de Aluguel Social (PAS), a construção de condomínios já negociados com a prefeitura por meio do Programa Minha Casa Minha Vida Entidades e a mediação de conflito fundiário que envolve um dos terrenos ocupados.

    Foto: Isabella Lanave (R.U.A. Foto Coletivo)

    As famílias, organizadas pelo Movimento Popular por Moradia (MPM), vivem em três ocupações localizadas na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), fronteira com o município de Araucária, e enfrentam péssimas condições de habitação e de acesso a outros direitos básicos. Duas delas- Ocupação Nova Primavera e Ocupação 29 de março- são mais antigas e abrigam 400 famílias cada. A Ocupação Tiradentes é mais recente e abriga maior número de pessoas. São 800 famílias em cima de um terreno com 145,2 mil metros quadrados, disputado pela empresa vizinha Essensis Soluções ambientais, que busca ampliar seus negócios na região.

    Foto: Leandro Taques (Jornalistas Livres)

    Aluguel Social

    A Lei do Aluguel Social foi aprovada em junho deste ano pela Câmara Municipal de Curitiba- e sancionada pelo prefeito Gustavo Fruet (PDT)- após muita pressão popular. Ela é destinada a famílias de baixa renda, que não possuem imóvel próprio e que se encontram em situação habitacional de emergência. Para serem contempladas com a concessão de benefício de até um salário-mínimo regional (R$ 1.032,02) e por até 24 meses, as pessoas devem residir na cidade há pelo menos um ano.

    Fotos: Leandro Taques (Jornalistas Livres)

    “Foram quase três anos na mão dos vereadores e, após 15 atos do MPM para pressionar, a lei saiu. Se há alguém que merece o aluguel social somos nós”, defendeu o integrante do MPM, Fernando Marcelino, durante parada dos manifestantes em frente à prefeitura. Marcelino ainda reforçou o compromisso firmado pelo Secretário do Governo Municipal, Ricardo Mac Donald, e pelo presidente da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (COHAB), Ubiraci Rodrigues, para que a regulamentação da lei acontecesse em diálogo com o movimento.

    Foto: Isabella Lanave (R.U.A. Foto Coletivo)

    Após conversa entre uma comissão de sete representantes das três ocupações e a administração pública municipal, as famílias saíram do ato com uma agenda de compromissos que inclui visita da prefeitura às áreas ocupadas, reunião para a regulamentação do Aluguel Social e indicação de terreno possível para a construção de casas para as famílias da Ocupação 29 de março, que ainda aguarda solução habitacional definitiva.

    Foto: Isabella Lanave (R.U.A. Foto Coletivo)

    Ocupação Tiradentes

    A pressão sobre o governo do estado, que levou as famílias a ocupar pela manhã o Palácio das Araucárias- sede do governo do Paraná e onde está localizada a Secretaria Especial para Assuntos Fundiários- tem relação com a situação da Ocupação Tiradentes. “A última vez que estivemos aqui foi para lutar contra uma reintegração de posse. Deu certo, o despejo não aconteceu e o governo prometeu encontrar um terreno caso tivéssemos que sair dali”, relatou Chrysanto Figueiredo, do MPM.

    Fotos: Isabella Lanave (R.U.A. Foto Coletivo)

    Em resposta à pressão dos manifestantes, com a saída do prédio ainda ocupada, o Secretário Especial de Assuntos Fundiários, Hamilton Serighelli, anunciou o resultado de negociação com representantes das ocupações. “Saímos da reunião com o compromisso de buscar uma saída por meio do Minha Casa Minha Vida Entidades”, afirmou. O secretário explicou que esse tipo de negociação é feita com a prefeitura, mas como quem faz a mediação em caso de reintegração de posse é o estado, eles ficarão responsáveis pela visitação das seis áreas apresentadas pelo MPM para construção do projeto e pela condução de uma agenda de trabalho junto com as famílias.

    Foto: Leandro Taques (Jornalistas Livres)

    Durante o ato, um policial militar espirrou spray de pimenta nos olhos de um manifestante, o que gerou indignação da multidão. Apesar disso, a situação foi rapidamente mediada pelas lideranças do movimento.

    Foto: Leandro Taques (Jornalistas Livres)
  • Famílias comemoram cancelamento de leilão de terreno ocupado em Curitiba

    Famílias comemoram cancelamento de leilão de terreno ocupado em Curitiba

    É a segunda vez que a tentativa de leiloar um terreno ocupado por 800 famílias na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) é barrada por pressão popular. Nesta segunda-feira (21) cerca de 200 pessoas, organizadas pelo Movimento Popular por Moradia (MPM), protestaram no início da tarde em frente ao local do Leilão Judicial para tentar dar visibilidade às condições atuais da negociação. Assim como na primeira tentativa, a empresa Essencis Soluções Ambientais- única concorrente- não atingiu o lance mínimo e não arrematou o terreno, levando ao cancelamento do leilão.

    O integrante do MPM Chrysantho Figueiredo acredita que o leilão possua irregularidades. “Antes de estar ocupado, o terreno já tinha depósito irregular de 700 mil toneladas de lixo. Quem vai comprar um terreno com uma ocupação em cima e 700 mil toneladas de lixo? É óbvio que tem alguma coisa errada com isso”, afirma.

    Foto: Amanda Souza/Jornalistas Livres
    Foto: Amanda Souza/Jornalistas Livres

    Disputa

    A Ocupação Tiradentes, assim nomeada pelas famílias, fica localizada no sudoeste da cidade, na divisa com o município de Araucária e abriga pessoas vindas de vilas, bairros próximos e do interior do estado. O local possui 145,2 mil metros quadrados e é reivindicado por aqueles que buscam moradia digna e sair dos altos alugueis.

    Bem ao lado da ocupação está o segundo maior aterro sanitário da capital, gerido por uma Central de Tratamento e Valorização Ambiental (CTVA) da Essencis. A área fica a pouco mais de um quilômetro da Bacia do Passaúna, represa que fornece água para um milhão de habitantes. A empresa tenta ampliar seus negócios e entra em choque tanto com o interesse das famílias quanto com uma Ação Pública proposta pela Promotoria de Proteção ao Meio Ambiente, que questiona a expansão das atividades da empresa, já apontadas como irregulares por fraudes em licenças ambientais pelo Tribunal de Justiça.

    Foto: Amanda Souza/Jornalistas Livres
    Foto: Amanda Souza/Jornalistas Livres

    Nadine Oliveira constrói seu barraco na Ocupação há seis meses. Ela reclama do mau cheiro e do chorume que vem do lixo despejado diariamente pela empresa. “A poluição é grande e dá pra sentir o cheiro de gás de longe”, relata. Além disso, ela critica a proximidade do aterro das demais vilas da região, da Área de Preservação Ambiental do Passaúna assim como de uma unidade da Companhia de Saneamento do Paraná (SANPEAR).

    Em meio a luta pela permanência das famílias no local, a Essencis alega posse legítima do terreno e conseguiu uma liminar de reintegração de posse, mesmo após legalidade do contrato de sublocação da área em disputa estar sendo discutida na justiça desde 2009. O contrato se dá com a massa falida da empresa Stirps Empreendimentos e Participações, sendo considerado nulo por decisão judicial da 2ª. Vara de Falências e Recuperações Judiciais. Segundo lideranças do MPM, o governo do estado e a Secretaria de Assuntos Fundiários se comprometeram a travar negociação alternativa antes de possível reintegração de posse.

     

    Foto: Amanda Souza/Jornalistas Livres
    Próximo ao local, outras duas Ocupações lutam pela conquista permanente das casas. Uma delas é a Ocupação Nova Primavera, que completa três anos com cerca de 400 famílias e cujo acordo negociado com o poder público municipal aguarda lentidão burocrática. A outra, chamada Ocupação 29 de Março também conta com 400 famílias e ainda reivindica política habitacional definitiva.