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  • Birico Arte. Artistas vendem seus trabalhos para fortalecer ações sociais na Cracolândia

    Birico Arte. Artistas vendem seus trabalhos para fortalecer ações sociais na Cracolândia

    Birico. Você sabe o que é?

    Cracolândia. Birico Arte
    Dentinho

    Cracolândia. Esse território de máxima vulnerabilidade, sempre trouxe também coletivos, pessoas e grupos que tentam criar ações artísticas e sociais para minimizar os problemas que sempre existiram nessa região. Além de ações humanitárias, como distribuição de água, comida, equipamentos de proteção, possibilidades de trabalho, e também uma construção possível de vizinhança e convivência. Casa Rodante, Projeto Oficinas, É de Lei, Sem Ternos, Pessoal do Faroeste, Cia. Mungunzá, A Craco Resiste, são alguns dos exemplos em que a arte e a cultura já mostraram que também se pode moldar uma nova fórmula de construção de sociedade.

    Os tempos de pandemia e governos que estão destruindo os direitos mais básicos de cidadania, deixam a situação ainda mais grave. Uma população que nem pode fazer isolamento adequado, muitos que moram na rua. Grupo de risco iminente. Novamente, vários grupos e coletivos estão agindo no território da Cracolândia. Ações de alimentação, distribuição de equipamentos e produtos de higiene, roupas e agasalhos, informação sobre os processos de saúde e proteção. Birico Arte chega para apoiar essas ações.

     

    As obras já estão à venda. Apoiem essa ideia.

     

    Cracolândia. Birico Arte
    Badaross

    Birico Arte é um projeto que reúne 30 artistas de diversas linguagens e condições sociais – dormindo na calçada ou no conforto de casa – com a proposta de gerar uma economia colaborativa por meio da venda de seus trabalhos. A linha em comum é o envolvimento com o território do centro de São Paulo conhecido como Cracolândia. Então, tem gente que morou por lá nos últimos anos ou que colaborou para fortalecer quem tem menos condições econômicas.

    Assim, essa reunião de artistas busca formas de apoiar quem vive nesse território estigmatizado, neste momento em que a pandemia acentua as vulnerabilidades e corta as possibilidades de renda com produção artística.

    A proposta é criar dois fundos com a venda de pôsteres e impressões de tiragem limitada a preços acessíveis. Os recursos arrecadados serão divididos igualmente entre um fundo para apoiar ações emergenciais na Cracolândia e outro para ser repartido igualmente entre artistas que se envolverem com o projeto.

    O Fundo da Cracolândia é para ajudar os coletivos que estão no território a continuarem as suas ações. Hoje, os coletivos Tem Sentimento, Pagode na Lata e Cia Mugunzá de Teatro estão distribuindo marmitas diariamente, além de máscaras e kits de higiene. Sabendo que a pandemia não acaba agora, e que estas ações ficarão mais fragilizadas com a crescente falta de compromisso do Poder Público, os coletivos pretendem continuar a distribuir itens básicos de sobrevivência à pandemia.

    O Fundo para Artistas será para ser dividido igualmente entre todas as pessoas que participam do projeto, independentemente das vendas individuais ou do valor de mercado dos trabalhos. A intenção é não haver nenhuma forma de competição, mas fortalecer quem produz arte e não consegue a visibilidade merecida por estar em situação de vulnerabilidade. Birico Arte, uma cooperativa, onde todas as partes se fortalecem.

    Birico é o nome dado à pedra de crack repartida. Uma estratégia de sobrevivência, e muitas vezes, de solidariedade e parceria, de quem está acostumado a viver com poucos recursos. Um esforço de que o projeto seja o mais horizontal possível, nas decisões e na divisão dos ganhos, fortalecendo quem mais precisa neste momento.

     

    Conheça alguns dos trabalhos do Birico Arte.

     

     

    Birico arte.

    Veja o catálogo das obras do projeto e as formas para adquirí-las:

    https://www.canva.com/design/DAEAA3xPmhs/yUg0cYuKSdWG1VdVs1kjuw/view?utm_content=DAEAA3xPmhs&utm_campaign=designshare&utm_medium=link&utm_source=publishsharelink

    Sigam Birico Arte:  https://www.instagram.com/birico.arte/

  • Artistas fazem ‘Virada Penal’ contra a redução da maioridade nesse fim de semana em SP

    Artistas fazem ‘Virada Penal’ contra a redução da maioridade nesse fim de semana em SP

    Centenas de pessoas e movimentos estão se reunindo quase que diariamente — inclusive neste momento — por uma causa urgente: organizar, em menos de três meses, uma grande mobilização social contrária à PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da redução da maioridade penal, antes da sua votação em plenário na Câmara dos Deputados.

    Enquanto os trabalhos contra a redução ganham dimensões nacionais, o silêncio da imprensa tradicional diante dos movimentos passa uma falsa sensação de consenso. O próximo sábado (9) já está se configurando como um grande dia de ações e mobilizações por todo Brasil — parte da grade de programação será disponibilizada nesse evento, onde tudo está sendo organizado de forma colaborativa.

    A demanda pela redução da maioridade penal está baseada no sentimento de medo. Mas pesquisas demonstram que encarcerar adolescentes em conflito com a lei como se fossem adultos, não diminui em nada a violência. Ao contrário: quanto mais pessoas são presas no sistema carcerário brasileiro, menos chances de conviverem como sujeitos de direitos na sociedade.

    É um erro também argumentar que crimes hediondos são praticados por adolescentes. Segundo o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), menos de 1% dos homicídios foram cometidos por jovens com menos de 18 anos. A rede Jornalistas Livres acredita que a luta para enfrentar a violência depende de garantir o acesso a direitos fundamentais como educação, saúde, alimentação, moradia e vida digna, previstos na Constituição e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

    Artistas contra a redução

    Para se ter uma ideia do alcance dessas mobilizações, em São Paulo o cartunista Laerte disponibilizou para a campanha o uso irrestrito de quatro de suas tiras feitas sobre a redução da maioridade, que serão impressas em formato de lambe-lambe e coladas pela cidade. A ideia é que o próprio artista participe das intervenções.

    O mote também será o tema da penúltima etapa do ZAP! Slam — uma competição de spoken word (poesia falada), comum nos EUA e Europa –, organizado pelo Núcleo Bartolomeu de Depoimentos com apoio da Escola SP de Teatro, que disponibilizará a sua sede para o encontro, na Praça Roosevelt, às 16h.

    A algumas estações de metrô de distância, outra aguardada programação acontecerá na Ocupação Mauá, símbolo da luta por moradia na Capital e do importante papel que esses movimentos têm na questão da redução da maioridade penal. Confirmados já estão os shows do rapper vanguardista Rico Dalasam e do DJ WC Beats, com suas batidas de MPC cheias de flow. Vale ficar atento à programação, pois novas atrações devem colar no local.

    No B_arco Centro Cultural, em Pinheiros, ocorrerá uma grande projeção do filme De Menor, de Caru Alves de Souza — filha da cineasta Tata Amaral. O longa-metragem — premiado como o melhor de 2013, no Festival do Rio — retrata a experiência de uma jovem advogada defensora pública de adolescentes em conflito com a lei ao se deparar com o seu próprio irmão caçula apontado como réu na Vara da Infância e Juventude de Santos. Após a exibição ocorrerá uma roda de debates.

    Também vindo da zona oeste, o pessoal do coletivo casadalapa e mais alguns artistas parceiros se reunirão no Vale do Anhangabaú e pintarão uma grande bandeira, de 12 m x 12 m, de repúdio à medida. Depois de finalizada, ela será pendurada em várias pontes da cidade, ação que será registrada em vídeo.

    Fotos de João Claudio de Sena também farão parte das intervenções do sábado em SP.
    Já na Serralheria Espaço Cultural ocorrerá um show do cantor e compositor Siba. Paralelamente, será inaugurada a nova fachada do local, assinada pelo grafiteiro Lobot, também com temática da redução.

    E não vai parar por aí. “Até agora, por cima, já é possível citar o apoio e adesão ao movimento de picos como o Movimento dos Artistas de Rua, Laboratório Experimental, Condomínio Cultural, FLM (Frente de Luta por Moradia), Cooperativa Paulista de Teatro, toda uma rede de saraus como Sarau do Binho, Sarau Suburbano, Sarau do Burro, Liga do Funk, Nação Hip Hop, coletivos como o Poetas Ambulantes, Alvorada Vermelha, Frente 3 de Fevereiro, Contra Filé, Coletivo Nova Pasta, além da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), UNE (União Nacional dos Estudantes), UEE (União Estadual dos Estudantes), UJS (União da Juventude Socialista), JPT (Juventude do Partido dos Trabalhadores), Casa Fora do Eixo, Matilha Cultural, Instituto Choque Cultural, A Batata Precisa de Você, Casa Amarela, LucasBambozzi, Rochelle Costi, Organismo Parque Augusta, entre muitos outros que ainda estão definindo como será a sua participação. Quem se identificar já pode usar ahashtag #viradapenal”, explica Sato, da Casadalapa e Jornalistas Livres, um dos articuladores dos trabalhos. “O sábado será um início vigoroso e forte de uma campanha que ainda vai se fortalecer muito e, quem sabe, se tornar grandiosa a ponto de mudar os rumos da discussão!”, conclui.