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  • Nota da ABI – Bolsonaro mente na ONU e envergonha o Brasil

    Nota da ABI – Bolsonaro mente na ONU e envergonha o Brasil

    No seu discurso na manhã desta terça-feira na Assembléia Geral das Nações Unidas, o presidente Jair Bolsonaro contribuiu para que o Brasil caminhe para se tornar um pária internacional.
    Sem qualquer compromisso com a verdade, o presidente afirmou que seu governo pagou um auxílio emergencial no valor de mil dólares para 65 milhões de brasileiros carentes, durante a pandemia. O auxílio foi de 600 reais.
    Bolsonaro mentiu
    O presidente responsabilizou, ainda, índios e caboclos pelos incêndios na Amazônia e no Pantanal, que alcançam níveis nunca antes vistos no País. Todas as investigações, inclusive de órgãos oficiais, indicam que fazendeiros estão na origem das queimadas.
    Como se vê, de novo Bolsonaro mentiu.
    O presidente transferiu a responsabilidade para governadores e prefeitos pelos quase 140 mil mortos vítimas do coronavírus. Todo o país é testemunha de sua leviandade, ao classificar a pandemia de “gripezinha” e ir na contramão dos procedimentos defendidos pelas autoridades de Saúde.
    Assim, mais uma vez Bolsonaro mentiu.
    A ABI, com a autoridade de seus 112 anos de existência em defesa da democracia, dos direitos humanos e da soberania nacional, repudia esse comportamento que vem se tornando recorrente e conclama o povo brasileiro a não aceitar o verdadeiro retrocesso civilizatório que o governo está impondo ao País.
    Paulo Jeronimo – Presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

  • Seria a covid do Boçalnaro uma fake news?

    Seria a covid do Boçalnaro uma fake news?

    Que Bolsonaro é tosco, burro e idiota, poucos duvidam.
    Agora todas essas facetas do capitão testaram positivo.
    Quinze dias após ele anunciar que havia contraído a covid-19, a secretaria de Comunicação da Presidência divulgou que o presidente, após realizar um novo teste, continua com o novo coronavírus.
    O que prova que o efeito da cloroquina é zero.
    Podem argumentar que o medicamento impediu que ele fosse para um respirador.
    Mas, segundo Boçalnaro, a cloroquina fabricada pelo Exército, e exaltada por seu comandante, tem efeito curativo.
    O fato é que o capitão continua com o vírus. Ou não.

    Por Dacio Malta*

    Como vivemos em um país sem ministro da Saúde, sem médico da presidência, sem boletim diário do chefe do Governo, ou seja, às escuras, tudo que se sabe sobre essa doença presidencial é mera especulação.


    Os sintomas da Covid são febre, perda do paladar e olfato, coriza, diarreia, dor abdominal, tosse, fadiga, dores musculares e cefaléia.


    Boçalnaro disse que teve febre no primeiro dia. E só.


    Nunca mais se teve notícia se a febre persistiu ou se os outros sintomas se manifestaram.


    O que sabe apenas é que ele faz três eletrocardiogramas por dia e uma ambulância, com CTI, está na porta do Alvorada para qualquer emergência.


    Como tudo que ele diz é duvidoso, sua covid-19 também pode ser posta em dúvida.


    Já foi dito que quando ele testou negativo, ninguém acreditou. E quanto testou positivo, todos também duvidaram.


    Quando fez três testes negativos, o Boçal usou nomes falsos.


    Quando testou positivo, ele utilizou o nome verdadeiro.


    A covid de Bolsonaro hoje é um mistério.


    Como tantos outros mistérios que cercam sua facada, sua eleição, seu patrimônio, seu governo etc, etc, etc.

    *Dacio Malta trabalhou nos três principais jornais do Rio – O Globo, Jornal do Brasil e O Dia – e na revista Veja.

    Leia mais Dacio Malta em:

    HTTPS://JORNALISTASLIVRES.ORG/BOLSONARO-FACILITA-FUGA-DE-ABRAHAM-WEINTRAUB-PARA-OS-ESTADOS-UNIDOS/

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  • “Don’t F**k With Cats”: O que a série chocante da Netflix tem a dizer sobre as redes sociais

    “Don’t F**k With Cats”: O que a série chocante da Netflix tem a dizer sobre as redes sociais

     

    É interessante notar as reações das pessoas diante documentário da Netflix “Don’t Fuck With Cats: Hunting An Internet Killer”. Em princípio, elas parecem reagir à insensibilidade da Netflix ao exibir a matança de pobres gatinhos indefesos; além disso, algumas delas argumentam que, com essa série, a gigante do streaming aumentou a publicidade em torno de um criminoso cruel.

     

    Talvez elas tenham razão, mas certamente existe um outro motivo para a rejeição da série e que permanece inconsciente todo o tempo: evitar o mal-estar causado pela descoberta da nossa profunda credulidade diante dos simulacros e simulações que perpassam as redes sociais. A série repete duas vezes uma frase que o criminoso escreveu na parede de seu quarto: “se você não gosta do reflexo, não se olhe no espelho! Eu não estou nem aí”. Se você não admite que crê piamente em mentiras e que jamais critica esse mundo de aparências – as redes sociais -, então evite o espelho.

     

    A série começa de modo estranho: em dezembro de 2010, num post de Youtube, um desconhecido brinca com dois gatinhos em cima de uma cama para, em seguida, coloca-los em um saco plástico, acoplar um aspirador de pó numa abertura e fazer a sucção de todo o ar do saco. Os gatinhos morrem sufocados. Esse post sádico viraliza e desperta a indignação das pessoas que o assistiram e que reagiram prometendo punir o culpado.

     

    Elas imediatamente criaram, no Facebook, o grupo Find the Vacuum Kitten Killer for Great Justice com 4000 inscritos, ao mesmo tempo em que um grupo de proteção animal oferecia um prêmio de 5000 dólares para quem identificasse o responsável pelo delito. Mas a série é muito mais do que um discurso do “politicamente correto” típico da classe média instruída de países ricos. Tanta preocupação tinha a ver com o temor de que o autor dos vídeos viesse a matar um ser humano

     

    Mark Lewis é o diretor e roteirista desse documentário, dividido em três capítulos de 1 hora cada, sobre um psicopata digital, um sujeito narcisista e egocêntrico cuja principal aspiração era a fama a qualquer custo e que chegou ao homicídio em nome dessa pretensão. Lewis mostra que o criminoso conseguiu criar um elaborado mundo virtual, com muitos perfis falsos de seguidores, ao mesmo tempo em que, no mundo real, era praticamente um fantasma. Insinuava ser muito rico, um viajante constante pelas principais cidades do mundo; na realidade, ele sequer tinha cartões de crédito nem endereço certo e usava vários nomes falsos.

     

     

    Don’t F**k With Cats: Hunting an Internet Killer | Official Trailer | Netflix

     

     

    Como um garoto de programa aspirante a modelo, ele adotou, entre outros, o nome de Luka Magnotta, atribuindo-se nobre ascendência russa. Na verdade, como escreve Carter, ele padecia da Desordem Fronteiriça de Personalidade e da Desordem de Personalidade Histriônica, além de sofrer de esquizofrenia paranoide e de psicose (1). Pouco tempo depois, Magnotta, radicalizando os seus delírios, veio a matar e a esquartejar um jovem, tendo filmado tudo e postado no Youtube.

     

    O filme de Lewis é um belo estudo semiótico dos simulacros e da simulação presentes nas redes sociais. Baudrillard já advertia que o simulacro é o ponto onde a cópia deixa de ser uma cópia para se tornar o Real (2). Referindo-se a uma fábula de Borges, Baudrillard afirmava que, com o simulacro, o mapa precede o território, ou seja, que os simuladores atuais tentam fazer coincidir o real, todo o real, com os seus modelos de simulação.

     

    Assim, a diferença soberana entre o mapa e o território desaparece, toda a metafísica desaparece e já não existe o espelho do ser e das aparências. A imagem gerada pelo simulacro apenas conserva a forma de uma outra coisa inteiramente despida de sua substância ontológica originária (e que costumávamos chamar de “realidade”).

     

    O simulacro se transforma em uma ilusão do real. A verdade e a fraude são os dois limites epistemológicos entre os quais oscilam a simulação e o simulacro. No lado da verdade, por exemplo, um simulador de voo é útil para treinar um piloto; do lado da fraude, a simular uma doença é útil para alguém que deseja faltar ao emprego ou à prova. Ainda segundo Baudrillard, dissimular é fingir que não ter o que se tem e simular é fingir ter o que não se tem. Umberto Eco escreveu que “aquilo que não serve para mentir tampouco serve para dizer a verdade” e acrescenta, ironicamente, que a semiótica é uma “teoria da mentira”, ou seja, que ela estuda não aquilo que faz sentido como a Física ou a Biologia, mas sim aquilo que parece fazer sentido (3). Para Luka Magnotta, bastava “parecer ser”!

     

    Jean Baudrillard

     

    Outro aspecto interessante da série é a sua forma narrativa, utilizando as entrevistas com os ativistas, a mãe de Luka, os advogados e os policiais. Lewis também mostrou o criativo trabalho dos detetives amadores do Facebook que, mesmo sem saber, seguiram o princípio de Locard, base das ciências forenses: “todo contato deixa vestígios”. O princípio afirma que o criminoso sempre deixa algo na cena do crime ou leva consigo algum rastro ou prova que sirva para indiciá-lo futuramente.

     

    A partir das imagens do local dos crimes com vestígios reveladores e usando programas de reconhecimento facial (apesar de Luke tentar esconder o rosto), o grupo conseguiu chegar ao país, à cidade, ao endereço e à identidade do matador de gatinhos e homicida. Magnotta era um mestre da simulação! Nunca existiu o território cujo mapa ele desenhou minunciosamente. Com um nome falso, falsa profissão e perfis falsos de seguidores nas redes sociais, Luka Magnotta produziu um mapa sem território, ou melhor, um mapa na escala 1:1, no qual o “todo verdadeiro” se identifica com o “todo falso”.

    Alexandre Costa é professor, doutor em filosofia e cinéfilo

     

    REFERÊNCIAS:
    BAUDRILLARD, Jean: Simulacros e Simulação, Lisboa: Relógio D’Água, 1991.
    CARTER, Cara L.: Canadian Psycho – The True Story of Luka Magnotta, Toronto: RJ Parker P. I., 2015.
    ECO, Umberto: Tratado de Semiótica General, Barcelona: Lumen, 2000.

  • Bolsonaro e seu reino da mentira compulsiva

    Bolsonaro e seu reino da mentira compulsiva

     

    ARTIGO

    Alexandre Santos de Moraes, professor do Instituto de História da Universidade Federal Fluminense, com charge de Júnior Lopes

    Durante a campanha de 2018, dizia-se à boca pequena que o maior inimigo de Bolsonaro era o microfone. Não sem razão, a facada no abdômen foi fundamental para sua vitória, menos pela comoção e mais pela oportunidade de ficar em silêncio. Mas, aparentemente, cometer gafes e vomitar impropérios é um problema apenas se se é candidato, pois uma vez eleito, Jair tem dito desaforos sem qualquer constrangimento, num duelo titânico e diário contra o bom-senso. O microfone deixou de ser seu algoz. Seu inimigo agora é outro: a realidade.

    Em alguns casos, é difícil dizer com precisão quando as políticas públicas vão produzir resultados visíveis e aferíveis. Há iniciativas que só podem ser sentidas a médio e longo prazos. Investimentos em Educação, por exemplo, exigem tempo: não se constrói escolas do dia pra noite e conhecimento não se produz num estalar de dedos. Contudo, há situações específicas, especialmente de caráter administrativo, que produzem efeitos imediatos e geram prejuízos muitas vezes irreversíveis. Quando se bloqueia a verba de custeio das universidades, por exemplo, elas deixam de funcionar porque não podem pagar as contas mensais e o salário dos funcionários. Quando se cancela a produção e distribuição de medicamentos, pessoas que deles dependem para permanecer vivas não conseguem esperar. Em situações como essas, os problemas batem na porta e forçam a entrada. O problema é que Bolsonaro não admite conviver com os dados de uma realidade que ele próprio tem produzido.

    A escolha sensata – caso a sensatez fosse um predicado desse governo – seria trabalhar para a solução dos problemas, mas esse enfrentamento exige também contrariar uma série de interesses corporativos que Bolsonaro não quer e não pode contrariar. O presidente da República, quando percebeu que estava entre a cruz e a caldeirinha, adotou uma atitude desesperada e infantil: decidiu sobreviver através de mentiras e simulacros, produzindo uma atmosfera desesperada de negacionismo que só convence seus mais fanáticos seguidores.

    Não é difícil entender essa opção. Além de preservar os privilégios dos oligarcas para quem governa, seria necessário ter competência para resolver os problemas e coragem para enfrentá-los. Não dá para esperar nem uma coisa, nem outra. Bolsonaro foge dos problemas como foge de debates, e para isso adota a postura cínica do mentiroso convicto: nega veementemente, ainda que não haja meios de negar. Diz que tem, sim, a intenção de privilegiar o filho ao nomeá-lo embaixador, mas isso não é nepotismo; diz que não chamou os nordestinos de “paraíbas”, ainda que tenhamos registro em áudio e vídeo; para ele, é impossível que brasileiros passem fome, ainda que muitos sofram e morram por falta de acesso aos alimentos; e, quando o resultado das pesquisas não se curvam à sua vontade, Jair recusa a realidade e questiona as metodologias.

    Essa tem sido uma estratégia comum, pelo menos, desde abril desse ano. Começou com os dados acerca de desemprego publicados pelo IBGE, cujas pesquisas seguem padrões internacionais e são fundamentais para o estabelecimento das séries históricas. Em maio, a vítima foi a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição de prestígio internacional e responsável por pesquisas de inegável impacto junto à comunidade científica.

    A publicação de um estudo sobre o consumo de drogas foi censurada pelo Ministro da Cidadania, Osmar Terra, porque contradizia o prognóstico pessimista que o governo julgava necessário: de acordo com a análise, apenas 9,9% dos brasileiros entre 16 e 75 anos alegaram ter consumido drogas ilícitas ao longo da vida, número que nega a tão sonhada epidemia de drogas que justifica práticas violentas e repressivas do Estado. Mais uma vez, o alvo foi a metodologia, dessa vez na escusa do ministro Sérgio Moro, que também decidiu atacar os resultados ainda que não tivesse qualquer pesquisa consolidada que contrariasse os dados. Recentemente, os disparos foram feitos na direção do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

    As pesquisas divulgadas pelo INPE têm demonstrado um aumento significativo no desmatamento da Floresta Amazônica, fato sensível para a comunidade internacional e que dificulta a consolidação de diversos acordos comerciais. Os dados comprovam um aumento de 286% na devastação de áreas nativas de floresta a partir de janeiro desse ano, e não há aí qualquer surpresa. Não se trata de um acidente ou simples enfraquecimento da fiscalização, mas do resultado direto do afrouxamento de leis de proteção ambiental, do incentivo à mineração e à atuação de madeireiras em áreas de proteção ambiental, da desvalorização de políticas públicas para comunidades indígenas, da saída do Acordo de Paris e da própria dissolução do Ministério do Meio Ambiente, supostamente incorporado ao Ministério da Agricultura.

    Apenas um milagre faria com que os números contrariassem a disposição do governo. O problema é que essa realidade não é boa para os negócios, mas como não há como fazer diferente, a solução é seguir a vereda da bravata e das acusações enviesadas.

    Nesse caso, a vítima das mentiras presidenciais foi Ricardo Magnus Osório Galvão, diretor do INPE. Bolsonaro levantou a suspeita de que ele estaria “a serviço de alguma ONG”, razão pela qual o resultado da pesquisa estaria equivocado. O dirigente, por sua vez, não se curvou diante das falácias e argumentou que tais críticas sem embasamento são “ofensivas, inaceitáveis e lesivas ao conhecimento científico”.

    Ricardo Galvão não apenas reafirmou o reconhecimento internacional do trabalho do INPE, a adequação metodológica e o resultado das pesquisas, mas convidou o presidente para um debate em que pudesse esclarecer as dúvidas. Bolsonaro, obviamente, seguiu sua natureza e fugiu, mas não deixou de convocar mais um de seus asseclas, o silencioso ministro Marcos Pontes, que fez coro à mesma ladainha outrora praticada por Sérgio Moro e Osmar Terra. O astronauta, que deve estar em vias de se tornar terraplanista para sustentar seus pequenos poderes, despiu-se do capacete espacial que usa para se esconder e questionou (adivinhem!) a metodologia do estudo, sem também oferecer uma alternativa metodologicamente mais adequada que mostrasse a inadequação dos números.

    Tudo indica que, ao longo dos meses, a necessidade compulsiva de contrariar a realidade se consolidará como uma das marcas mais patéticas desse governo. Não há nem como alegar que Bolsonaro vive na ficção típica dos mitômanos que têm imensa dificuldade de achar seu lugar no mundo. O reino de Jair é o da mentira compulsiva, da negação permanente, da recusa abusiva, do descaramento irrefreado de quem se reconhece como inepto, mas não pode admitir as próprias fraquezas. Quando a realidade não serve, faz a opção por recusá-la, vivendo em um mundo que parece existir apenas como narrativa barata fabricada para as redes sociais. Dá-se, porém, que a realidade é visceral e inescapável, e se a realidade não serve a Bolsonaro, a recíproca é totalmente verdadeira.

  • TV GLOBO MENTE NA COPA DA RÚSSIA

    TV GLOBO MENTE NA COPA DA RÚSSIA

    Durante o primeiro dia da Copa do Mundo na Rússia, a TV Globo anunciou, diversas vezes, durante a programação, que estavam entrando ao vivo direto da Praça Vermelha – a famosa praça de Moscou que ficou conhecida pelos gigantescos desfiles militares durante a União Soviética. A praça, que separa o Kremlin do bairro histórico Kitay-gorod (Cidade Chinesa, em tradução literal), é considerada o principal espaço público central de Moscou, palco de grandes pontos turísticos como o Gum (a maior loja de departamentos da União Soviética), o Mausoléu de Lenin e a Catedral de São Basílio.

    Reparando nas imagens exibidas pela emissora, é possível notar que o estúdio da Globo está montado atrás da Catedral de São Basílio, próxima à ponte Bolshoy Moskvoretskiy Most.

    No final do ano passado estive na Rússia para o calendário de comemorações do centenário da Revolução Russa e registrei em fotos a parte traseira da Catedral.

    Fotos revelam mentira da Globo : a da esquerda foi feita em novembro de 2017, a da direita, em junho de 2018

    Quem circula pela Praça Vermelha tem esta visão (abaixo) e não faz ideia de que existe um estúdio na região

    Praça Vermelha em novembro de 2017

  • Temer mente no balanço de seus 231 dias de governo

    Temer mente no balanço de seus 231 dias de governo

    A propaganda de Temer e seus companheiros, sobre as realizações de seus “primeiros 120 dias”, tem uma questão de fundo: que dia começou seu “governo”? Sua propaganda indica que foi em agosto. Mas, por que considerar 31 de agosto, se no dia 12 de maio ele deu posse a 24 ministros, incluindo Henrique Meirelles na Fazenda? E atirou no lixo, a partir daí, o programa eleito em 2014?

    Melhor mesmo seria escolher datas variáveis conforme interesse e conveniência da propaganda. E não é que foi exatamente isso que fizeram: determinados dados foram avaliados por “120 dias” e outros por “231 dias” e outros, ainda, pelo período em que a estatística ficou mais elegante.

    Ilustrações Joana Brasileiro

    Dá para deixar por 120 dias?

    O primeiro título que nos ocorreu para esse artigo foi: “Temer pede para deixarmos por 120, os 231 dias que governou”. Sabe quando a pessoa dá uma pechinchada? Se colar… Mas, os problemas não pararam por aí: a propaganda misturou iniciativas de seu período à frente do Executivo com ações de Dilma. Esse fato inviabilizou nossa manchete.

    A propaganda comete outros deslizes: amontoa dados sem a menor relevância, dados que não alteram em nada o quadro recessivo e de desemprego que nos aflige. Assim, a propaganda oficial de Temer: i) distorce dados econômicos, ii) calcula percentuais usando diferentes datas de comparação, iii) omite dados essenciais, iv) amontoa dados irrelevantes e v) mistura iniciativas do governo Dilma.

    Vamos aos exemplos

    1 “Repatriação de capital: medida que tornou possível trazer para o País R$ 46,8 bilhões que foram aplicados para o desenvolvimento do País e repassados para estados e municípios”. A legalização de ativos no exterior está na lista da propaganda sob o título: “Conheça algumas de muitas medidas tomadas neste governo que já se tornaram realidade”

    Independentemente de avaliarmos se a medida foi boa para o país, é preciso apontar que a lei nº 13.254, foi sancionada em 13 de janeiro de 2016, pela ex-presidenta Dilma Rousseff. Portanto, o chapéu que vos cumprimentou foi o de Dilma, para o bem ou para o mal.

    2 “Reforma administrativa: já foram extintos 14.200 funções e cargos comissionados”, também está na lista da propaganda sob o título: “Conheça algumas de muitas medidas tomadas neste governo que já se tornaram realidade”

    Ao avaliarmos, no entanto, o que diz o site do ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão concluímos que serão “extintos” 4.689 cargos em comissão e funções de confiança, ao longo de 2017: 1º de janeiro; 31 de março de 2017; e 31 de julho de 2017”. Além disso, não é exato falar em extinção, uma vez que, esses cargos serão ocupados por servidores públicos concursados.

    3 O primeiro item dos feitos de Temer e companhia na agenda de economia é “a recuperação das grandes empresas estatais brasileiras e valorização de suas ações, como a Petrobras (114%), Eletrobras (237%), Banco do Brasil (98%)”.

    Ocorre que em 31/08 a ação preferencial da Petrobras fechou cotada em R$ 12,85, segundo o site Yahoo! Finanças. E em 29/12, quando a propagando diz que Temer completou 120 dias de governo a ação estava em R$ 14,78. Isso não dá uma valorização de 15%.

     

     

    Caramba! Confundir a variação de 15% com 114% só acontece se tiver faltado a muitas aulas de aritmética. Ou não! Vamos pegar a data que mais nos interessa? Tomemos 23/01/2016 quando a ação chegou a R$ 4,20 e comparemos com 29/12 quando chegou a R$ 14,78. Chegamos a 252%. A propaganda poderia ser: “O governo Temer é o máximo, fez a ação da Petrobras valorizar 252%”. Bem, acho que já ficou claro que tudo depende de qual data de comparação tomamos.

    Mas, tem outros fatores bem importantes. O primeiro é que não há menção ao preço do petróleo e ele é o principal determinante do valor da ação das petroleiras mundo afora. O segundo é que o mercado financeiro torcia há tempos pela queda de Dilma e pela saída do PT. O que acontece quando a queda se consuma? “Nós do mercado financeiro mundial derrubamos o atraso petista, agora serão só alegrias!” É fato: as ações subiram. Menos do que gostariam Temer, os seus e sua agência de propaganda. Bem mais difícil, entretanto, será fazer subir o emprego, o crescimento. Mas para a propaganda nem um, nem outro importam. Importante é em quanto o mercado estima o valor de Petrobras, Banco do Brasil e demais joias da coroa.

    4 Como teria se saído o governo golpista em relação ao comércio exterior? Só eficiência: “o saldo positivo de US$ 45 bilhões no comércio exterior até a terceira semana de dezembro”, afirma o compêndio dos feitos dos primeiros 120 dias.

    Opa, pênalti! O saldo positivo da balança comercial brasileira (exportações menos importações) refere-se ao ano todo de 2016 até dezembro. Eles não pegaram os 120 dias, nem tampouco os 231, pegaram o prazo que tornava a estatística mais bonita. Isso tem um nome.

    Mesmo assim devemos tomar o saldo positivo da balança com cuidado, pois ele demonstra que a recessão no país está fortíssima. Balança comercial ultrapositiva tem como contrapartida o fato de não importarmos quase nada, porque a nossa economia está em marcha ré absoluta, da qual não sairá tão cedo. Não há confiança de que essa turma fará o país crescer. Sem confiança nos títeres, não há crescimento. Simples.

    5 Viva Temer: o dólar caiu e fica mais barato ir comprar quinquilharias em Miami! A queda do valor do dólar é comemorada na propaganda. Sem querer ser estraga prazeres, temos que contradizer Temer de novo. A cotação do dólar passou de R$ 3,24 em 31 de agosto para R$ 3,26 em 28 de dezembro. Portanto, o valor da moeda norte-americana subiu no período de 120 dias. Pouquinho, mas subiu. Puxa, sejamos razoáveis, é só questão de pegar outra data. Que tal o início de janeiro? Escolha você, leitor, a data mais adequada para a propaganda desse governo.

    Novamente, é preciso apontar o outro lado: dólar mais barato é legal para quem quer comprar do exterior. Para a indústria ou para a agricultura que quer vender em dólares, cotação baixa é um inferno. Os chineses mantêm, há anos, sua moeda baixa porque são tontos, né? E o governo Temer comemora quando acha que a cotação do dólar caiu. “Credibilidade internacional do governo”, sonham.

    Medidas que já se tornaram realidade?”

    Dentre as medidas na rubrica “conheça algumas de muitas medidas tomadas neste governo que já se tornaram realidade”, o governo Temer ainda listou:

    • um Projeto de Lei (PL) para alterar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que enviará ao Congresso;

    • a proposta de reforma do ensino médio, questionada quase que unanimemente pro professores e alunos;

    • a retomada da transposição e revitalização do rio São Francisco, que não era para ter sido interrompida;

    • a redução da taxa de juros da Caixa, em 0,25%, para financiamento imobiliário, isso mesmo a comemoração é de que a taxa caiu vinte e cinco centésimos de ponto percentual. Viva!.

    Vale contar projeto como realizações de governo? Estou autorizado, então, a comemorar meu projeto de emagrecer, parar de fumar e aprender inglês em 2017? Posso já considerar “realidade”?

    Talvez uma boa comparação, para essa propaganda de Temer e seu grupo, seja o presidente do meu time de futebol propagandear a nova “bela” camisa do time, depois de termos perdido o Paulista, a Copa do Brasil, o Brasileiro, a Copinha e não termos nos classificado para a Libertadores. E, além de tudo, a camisa era horrível. Tempos bicudos!

    Nota:

    1 O gráfico com preços de Petrobras é do site Yahoo! Finanças.

    2 O gráfico com cotações dp dólar é do Banco Central do Brasil.

    3 O site de propaganda do governo está em http://www.brasil.gov.br/120-dias.