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  • Governo de MT quer aproveitar a Covid pra “passar a boiada” em terras indígenas

    Governo de MT quer aproveitar a Covid pra “passar a boiada” em terras indígenas

    Os povos indígenas do Brasil inteiro, que têm sido alvo de genocídio há 520 anos, vêm assistindo a uma ofensiva cada vez mais veloz contra suas terras e modos de vida desde o início do governo Bolsonero. Aliado a governadores de direita ligados ao agronegócio, como Mauro Mendes, do DEM de Mato Grosso, a intensão explicitada pelo ministro do Meio Ambiente condenado por crime ambiental, Ricardo Salles, é realmente “passar a boiada” sobre a legislação ignorando a natureza e os povos tradicionais. No último dia 17 de junho, por exemplo, a Assembleia Legislativa de MT aprovou em primeira votação o Projeto de Lei Complementar 17/2020, elaborado dentro do Palácio Paiaguás, sede de um governo que renega seu nome indígena. O chamado “PLC da Invasão“, autoriza o Cadastro Ambiental Rural – CAR de fazendas sobre territórios tradicionais de indígenas que ainda não foram homologados pela União, incluindo áreas já comprovadas ou em vias de demarcação definitiva.

    O PLC contraria a Constituição de 1988, que diz que a legislação sobre terras indígenas é EXCLUSIVA da União, e portanto não pode ser objeto de leis estaduais que diminuam a proteção sobre essas áreas, como apontou ofício do Ministério Público sobre o caso. Mas segue o mesmo princípio da Instrução Normativa Número 9 da FUNAI, publicada no mesmo fatídico 22 de abril da reunião ministerial e que vem sendo denunciada desde então por trazer elementos ditatoriais que visariam o genocídio final dos povos indígenas e a apropriação de suas terras e seus recursos.

    Por conta dessa nova ofensiva, 62 entidades da sociedade civil, às quais se soma agora os Jornalistas Livres, publicaram essa semana uma Carta Pública ao Povo de Mato Grosso e às Autoridades Políticas denunciando o PLC, a Instrução Normativa e a política genocida dos governos estadual e federal. Veja abaixo a íntegra da carta e as assinaturas das entidades:

    Carta Pública ao Povo de Mato Grosso e às Autoridades Políticas

    As organizações e entidades políticas que assinam abaixo vêm a público externar a profunda contrariedade à aprovação em primeira votação – por 13 votos favoráveis (1), do Projeto de Lei Complementar – (PLC) 17/2020, pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso, no último dia 17 de junho de 2020. O referido Projeto, também chamado de PLC da invasão, que foi elaborado pelo Governador Mauro Mendes no Palácio Paiaguás, autoriza o registro do Cadastro Ambiental Rural (CAR) de fazendas em sobreposição a Terras Indígenas no estado. Significa que sua aprovação na Assembleia Legislativa e promulgação pelo Governador, promoverá alterações significativas na Lei Complementar 592/2017, que: “dispõe sobre o Programa de Regularização Ambiental (PRA), disciplina o Cadastro Ambiental Rural (CAR), a Regularização Ambiental dos Imóveis Rurais e o Licenciamento Ambiental das Atividades Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Naturais, no âmbito do estado de Mato Grosso, e dá outras providências”.

    Segundo o Ministério Público Federal (MPF), por meio do Ofício de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais em Mato Grosso (2) – enviado recentemente para Assembleia Legislativa, manifestou que o avanço do PLC 17/2020 promoverá alterações importantes, dentre essas: as substituições dos termos “terras indígenas” por “terras indígenas homologadas”, “áreas interditadas ou declaradas em processo de demarcação de terra indígena” por “áreas de terra indígena homologada”, e “terra indígena” por “terra indígena homologada”. No mesmo documento, o MPF anotou que o Projeto enviado pelo Palácio Paiaguás excluirá dos bancos de dados, “em definitivo, todas as Terras Indígenas delimitadas, declaradas, demarcadas fisicamente, além daquelas interditadas, que têm restrições de uso e ingresso de terceiros para a proteção de povos indígenas em isolamento voluntário. Tais atos violam a publicidade e a segurança jurídica destas Terras Indígenas, desconsiderando por completo os dados do Sistema de Gestão Fundiária (Sigef) e do Sistema de Cadastro Ambiental Rural (Simcar)”.

    Outro elemento fundamental levantado pelo MPF/MT, é que a Constituição Federal de 1988, além de estabelecer que as Terras Indígenas são bens da União, também fixa como competência privativa desta a legislação sobre populações indígenas. Desse modo: “Destarte,não detém, o estado de Mato Grosso, competência legislativa para diminuir a proteção sobre territórios indígenas, bens da União, ao limitar o seu conceito a apenas as “Terras Indígenas homologadas”, deixando de fora e desprotegidas todas as Terras Indígenas nas demais fases do processo de demarcação”. (OFÍCIO/PR-MT/OPICT n. 1618)

    Cabe informar que o Projeto de Lei Complementar – 17/2020 que avança na Assembleia Legislativa encontra-se em acordo mútuo com a Instrução Normativa N 09 da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), publicada pelo Governo Federal em 22 de abril de 2020. A referida Instrução, desde a sua publicação, tem sido duramente criticada pelas lideranças indígenas, através da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso (FEPOIMT) e outras instituições políticas, como também, por organizações indigenistas, com destaque para o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Operação Amazônia Nativa (Opan), Instituto Centro de Vida (ICV) e Indigenista Associados (INA), além da Associação Brasileira de Antropologia (ABA). Somam-se, ainda, organizações ambientalistas como o Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (FORMAD). Além das críticas recebidas, 49 procuradores e procuradoras do MPF de 23 estados apontaram que a Instrução Normativa do Governo Federal é inconstitucional, recomendando ao presidente da Funai para que anulasse imediatamente a referida instrução normativa.

    O Projeto de Lei Complementar – 17/2020, assim como a Instrução Normativan° 09 (FUNAI), traz elementos com raízes ditatoriais que visam submeter os povos indígenas à assimilação, em sentido contrário ao que concebe a Constituição Federal de 1988. As medidas desconsideram todo o arcabouço legal da política indigenista do próprio Estado em consonância com tratados internacionais de proteção aos direitos dos Povos Indígenas. Esta norma favorece exclusivamente aos interesses dos grandes latifundiários, chamados comumente de empresários do agronegócio, que se encontram incrustados com suas propriedades privadas dentro das terras indígenas, que são bens do Estado Brasileiro, conforme o que determina o Artigo 20 da Constituição Federal de 1988.

    Desse modo, denunciamos que o PLC – 17/2020, apresentado pelo Governo de Mato Grosso à Assembleia Legislativa, e a Instrução Normativa da FUNAI que o “inspirou” representam flagrantes desrespeitos à Constituição Federal, que reconhece aos índios sua organização social, costumes, línguas e tradições e o direito originário sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcar, proteger e fazer respeitar os seus bens (Constituição Federal de 1988 – artigo: 231).

    Ambos, na sua essência, pretendem oferecer legitimidade e permitir a emissão de títulos de propriedade para invasores das terras indígenas que se encontram, inclusive, em fase avançada do procedimento administrativo de demarcação, regulado pelo Decreto 1775/96. Advertimos ainda, que estas iniciativas administrativas do Governador Mauro Mendes e do Presidente Jair Bolsonaro produzem uma profunda instabilidade jurídica nos negócios fundiários no Brasil e poderão causar graves prejuízos, inclusive financeiros, às pessoas físicas e jurídicas de boa-fé, que poderão ser levadas ao erro por confiarem nas informações disponibilizadas pelas novas legislações e normativas. Além de promoverem maiores conflitos nas regiões que contam com a presença dos Povos Indígenas.

    Reafirmamos que a Constituição Brasileira de 1988 reconhece os territórios indígenas e a forma tradicional dos povos viverem em seus territórios e considera que todos os títulos de propriedade incidentes nas terras tradicionalmente ocupadas são nulos e não produzem efeitos jurídicos (Artigo 231, § 6º da CF/88).

    Por fim, cabe lembrar que com o atual contexto de pandemia – que já ceifou mais de cinquenta mil vidas de cidadãs e cidadãos, inclusive indígenas, existe preocupação e solidariedade de toda a sociedade nacional e internacional com a saúde e bem-estar dos Povos Indígenas. Várias campanhas solidárias têm se multiplicado para arrecadar alimentos, materiais de limpeza e higiene, equipamentos para saneamentos básico e de proteção. Têm se somado a essas iniciativas igrejas, sindicatos, organizações não-governamentais, escolas, universidades, governos e várias outras instituições nacionais e internacionais. O que se espera daqueles que ocupam cadeiras no executivo e legislativo (estadual/federal) é que cumpram o seu papel institucional e venham se somar à defesa dos indígenas que estão vulneráveis e em risco. Ao contrário, com mais esta iniciativa, ficarão marcados negativamente na história junto ao Governo de Mato Grosso e ao Governo Federal por se colocarem contra os indígenas, incentivando a invasão dos territórios e submetendo as comunidades à insegurança, ao medo e à violência dentro de um contexto de pandemia.

    Diante do exposto, nos solidarizamos com a resistência do Povo Indígena do Estado de Mato Grosso e exigimos a imediata revogação pela Assembleia Legislativa do Projeto de Lei Complementar – PLC – 17/2020.

    A seguir, os signatários:

    1) Associação Comunitária da Aldeia Indígena Mayrob – ACAIM (Povo Apiaká);

    02) Associação dos Amigos e Amigas do Centro de Formação e Pesquisa Olga Benário Prestes – AAMOBEP;

    03) Associação dos Docentes da Universidade Estadual do Estado de Mato Grosso – ADUNEMAT;

    04) Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso – ADUFMAT – Seção Sindical/UFMT;

    05) Associação dos Senegalês de Cuiabá – MT (ASSENMAT);

    06) Associação dos/as Venezuelanos/as de Cuiabá – MT;

    07) Associação Indígena Inhã Apiaká;

    08) Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior – ANDES/Sindicato Nacional (Regional Pantanal);

    09) Central Única dos Trabalhadores – CUT/MT;

    10) Centro Acadêmico de Ciências Sociais do Campus Universitário Gabriel Nóvis Neves – Cuiabá/UFMT;

    11) Centro Acadêmico de Nutrição do Campus Universitário Gabriel Nóvis Neves –Cuiabá/UFMT;

    12) Centro Burnier – Mato Grosso;

    13) Clube de mães do Bairro Renascer;

    14) Comissão Pastoral da Terra – CPT/MT;

    15) Coletivo Ecossocialista Raízes;

    16) Coletivo Proteja Amazônia;

    17) Companhia de Jesus em Mato Grosso;

    18) Congregação da Irmãs da Imaculada Conceição de Castres (Irmãs Azuis);

    19) Conselho Indigenista Missionário – CIMI/MT;

    20) Conselho Regional de Psicologia – CRP 18 – Mato Grosso;

    21) Consulta Popular – MT;

    22) Diretório Central dos Estudantes do Campus Universitário do Araguaia – UFMT: DCE/CUA/UFMT;

    23) Diretório Central dos Estudantes do Campus Universitário Gabriel Nóvis Neves – DCE/Cuiabá/UFMT;

    24) Federação de Sindicato de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil – FASUBRA;

    25) Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Mato Grosso – FEPOIMT;

    26) Fórum de Direitos Humanos e da Terra;

    27) Fórum de Mulheres Negras de Mato Grosso;

    28) Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento – FORMAD/MT;

    29) Fórum Permanente de Saúde de Mato Grosso;

    30) Fórum Sindical, Popular e de Juventudes de Luta pelos Direitos e pelas Liberdades Democráticas – Mato Grosso;

    31) Frente Popular pela Vida, em Defesa do Serviço Público e de Solidariedade ao Enfrentamento à Covid – 19;

    32) Grêmio Estudantil Inclusão IFMT – Campus de Barra do Garças;

    33) Grupo de Trabalho para Criação do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Alto Taquari;

    34) Grupo Livre-mente: Conscientização e Direitos Humanos LGBTQI;

    35) Instituto Centro de Vida – ICV/MT;

    36) Instituto de Arte Indígena Brasileira Xepí – Parque Indígena do Xingu;

    37) Instituto de Pesquisa Etno Ambiental do Xingu – IPEAX/Xingu;

    38) Instituto Munduruku – Povo Munduruku: Noroeste de Mato Grosso;

    39) Instituto de Negras e Negros pela Igualdade: UNEGRO – Pantanal/MT;

    40) Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida – RCA;

    41) Laboratório de Tecnologias Ciências e Criação, Estudos, Pesquisas, Práticas;

    42) Levante Popular da Juventude;

    43) Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB/MT;

    44) Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST/MT;

    45) Núcleo de Estudos Afro-brasileiro, Indígena e de Fronteira, Maria Dimpina (NEABI/NUMDI);

    46) Partido Comunista Brasileiro – MT – PCB/MT;

    47) Partido dos Trabalhadores de Cuiabá – PT/Cuiabá;

    48) Partido dos Trabalhadores de Cuiabá – (Direção Estadual – PT/MT);

    49) Rede MT Ubuntu;

    50) Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares em Mato Grosso;

    51) Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida – OLMA;

    52) Operação Amazônia Nativa – OPAN/MT;

    53) Organização de Suporte das Atividades dos Migrantes no Brasil – OSAMB/Haitianos;

    54) Organização Rusga Libertária;

    55) Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica – SINASEFE/MT;

    56) Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso – SINTEP/MT;

    57) Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação da UFMT – SINTUF/UFMT;

    58) UNEGRO – Pantanal Rondónopolis

    59) União da Juventude Comunista – UJC/MT;

    60) União Estadual dos Estudantes – UEE/MT;

    61) Unidade Classista – MT;

    62) Unidade Popular pelo Socialismo – Mato Grosso: UP/MT.

     

    1. Deputados que votaram favoravelmente ao PLC – 17/2020: 1) Carlos Avallone; 2) Dilmar Dal Bosco; 3) Dr. Eugênio; 4) Dr. Gimenez; 5) Faissal; 6) Dr João; 7) Max Russi; 8) Nininho; 9) Paulo Araújo; 10) Pedro Satélite; 11) Silvio Favero; 12) Valmir Moretto; 13) Xuxu Dal Molin.
    2. OFÍCIO/PR-MT/OPICT n. 1618 Cuiabá-MT, 13 de maio de 2020.

    Carta publica contra o PLC 172020 ALMT Assinado por 62 organizacoes

  • Mato Grosso quer aumentar desmatamento legal na Amazônia

    Mato Grosso quer aumentar desmatamento legal na Amazônia

    Não bastasse o número recorde de queimadas emitindo a fumaça que ajudou a encobrir São Paulo, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), surfa na onda de ataques ao meio ambiente pelo governo federal e encaminha à Assembleia Legislativa do Estado (AL-MT) um substitutivo de Projeto de Lei Complementar (PLC) no qual pretende ampliar a área legal para desmatamento na Amazônia. O texto atual do PLC 48/2019, apresentado semana passada, é fruto de uma manobra política da base governista, visto que um projeto semelhante já havia sido barrado pela oposição há duas semanas.

    Mendes, que demonstra especial simpatia pelo presidente da República, pretende alterar a Política Florestal do Estado e assim beneficiar mais uma vez o agronegócio. A ideia é ampliar o limite de exploração de madeira de 12 mil m³ para 49,5 mil m³ por ano para pessoas físicas ou jurídicas, sem necessidade de reflorestamento. Além disso, pretende permitir que o pequizeiro, árvore de grande valor social e ambiental, possa ser legalmente derrubado em áreas do bioma amazônico.

    Atualmente, o pequizeiro é uma espécie protegida por lei estadual, em portaria expedida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema -MT) em 2010. Com a aprovação do projeto, a espécie passa a ter sua proteção garantida dentro de Mato Grosso somente no bioma do Cerrado. Segundo ambientalistas, a presença do pequizeiro é importante para garantir a sobrevivência de muitas espécies vegetais e animais que são essenciais ao equilíbrio dos ecossistemas, já que as flores e frutos do pequizeiro se constituem em alimentos para abelhas, insetos, morcegos, pássaros e mamíferos.

    Pequizeiro (Foto: João de Melo / Empaer-MT)

    Entre as justificativas para a alteração da Política Florestal, segundo o documento enviado pelo Governo do Estado, é de que a atual legislação causa “inúmeros transtornos e prejuízos, tanto ao Estado, quanto ao setor empresarial”. A modificação é um pedido do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem).

    AMAZÔNIA SOB RISCO

    As declarações insensatas do presidente da República e sua equipe se multiplicam rapidamente e evidenciam a ameaça sob a qual a Amazônia está submetida. Em o curto espaço de tempo, a atenção do chefe do Executivo votou-se fortemente à pauta (anti) ambientalista. Bolsonaro criticou dados que demonstram o avanço do desmatamento na Amazônia, exonerou o presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) graças à divulgação desses dados e confirmou a apresentação de um Projeto de Lei que pretende legalizar a atividade garimpeira em áreas indígenas. Já o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Novo), condenado por adulterações de mapas do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê para favorecer mineradora, afirmou esta semana, em entrevista à BBC Brasil, que “a Amazônia precisa de soluções capitalistas”.

    Segundo a Organização Não Governamental Imazon, em levantamento divulgado na última sexta-feira (16), houve entre agosto do ano passado e julho deste ano, um aumento de 16% na degradação da floresta amazônica. De acordo com o estudo, os estados que mais destacaram foram Amazonas, Pará e Mato Grosso. A estimativa que é cerca de 5.054 km² de floresta foram perdidos durante o período analisado.

    Os dados e as declarações bolsonaristas têm preocupado ambientalistas de todo mundo e chegaram a causar desconforto com membros da União Europeia (UE), que colocaram em xeque a confirmação do acordo de livre-comércio que está em vias de ser assinado com o Mercado Comum do Sul (Mercosul). Noruega e Alemanha anunciaram esta semana o bloqueio da verba repassada para o ‘Fundo Amazônia’, que em parte era destinado a instituições ambientais do Governo, como o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

  • Novo governador de MT ataca funcionalismo para ajuste fiscal

    Novo governador de MT ataca funcionalismo para ajuste fiscal

    Os servidores do poder executivo estadual de Mato Grosso realizaram uma mobilização história nesta semana diante de um pacote de projetos de lei de autoria do governo Mauro Mendes (DEM) que congela poder de compra, extingue empresas públicas, abre caminho para aumento da alíquota previdenciária, entre outros ataques ao funcionalismo.

    Por: Gibran Lachowski, de MT, especial para os Jornalistas Livres

    Fotos: Francisco Alves

    Centenas de funcionários públicos das mais variadas carreiras ocuparam o plenário de votações da Assembleia Legislativa, em Cuiabá, para provocar um diálogo com os deputados estaduais, forçar uma conversa com o governador e mostrar a situação para a sociedade.

    A ocupação teve início na manhã de terça-feira (22) e se encerrou na noite de quarta (23), sob o grito de “Greve geral”. Na quarta pela manhã o presidente da Assembleia, Eduardo Botelho, também do DEM, chegou a presidir uma vergonhosa sessão na sala do Colégio de Líderes, sob forte proteção policial. Na quinta à noite, já no plenário, com poucas alterações, o pacote foi aprovado em segunda votação.

    Um dos estragos minimizados, a partir do diálogo do Fórum Sindical com parlamentares favoráveis à causa dos trabalhadores, ocorreu no projeto da Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual. Ficou garantido que receitas como o Auxílio Financeiro para Fomento das Exportações (Fex) e o Fundo de Transporte e Habitação (Fethab) possam servir para pagamento de funcionários.

    Edna Sampaio, do Fórum Sindical.

    A ocupação e as negociações com o parlamento foram coordenadas pelo Fórum Sindical, que reúne mais de 30 entidades de trabalhadores do serviço público. Esta mesma instância iniciou as primeiras reuniões para a construção da greve geral, que em 2016 durou dois meses por conta da defesa da Recomposição Geral Anual, RGA, como é conhecida no estado a correção dos salários conforme a inflação.

    Setores da Segurança Pública ameaçam paralisação imediata e a maior parte dos sindicatos fará assembleia nos próximos dias, incluindo servidores da educação básica e professores da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), que retornam às atividades no começo de fevereiro. No entanto, os técnicos da Unemat já paralisaram as atividades nesta sexta (25).

    Além dos motivos elencados, estão o atraso no pagamento do 13º, do salário de dezembro e da previsão do governo de que a situação vai continuar neste ritmo nos próximos meses. Assim, o recém-empossado Mauro Mendes agrava uma crise iniciada por Pedro Taques (PSDB), que não conseguiu se reeleger.

    As manifestações também contaram com atividades culturais

    O ataque aos servidores se escora num decreto de calamidade financeira do governo de Mato Grosso, endossado pela União, e, de outro lado, não efetiva a taxação do agronegócio e nem coíbe o festival de isenções fiscais, do qual o empresário Mauro Mendes foi beneficiário por vários anos com sua empresa, a Bimetal.

    “É um sério ataque aos servidores públicos e prejudica também a população, porque reduz a capacidade do Estado de investir em políticas públicas e assegurar qualidade no atendimento à população na saúde, segurança pública, assistência social. Resistimos com muita luta nesta ocupação histórica do plenário da Assembleia e agora vamos construir a greve geral”. A afirmação é da professora Edna Sampaio, vice-presidenta da Associação dos Docentes da Unemat (Adunemat) e integrante da coordenação do Fórum Sindical.

    “Trata-se de uma calamidade financeira artificial. Mato Grosso é um dos estados que mais cresce no Brasil (em 2017, mais de 11%), a política de benefícios fiscais corre solta, falta fiscalização sobre os grandes sonegadores e taxação do agronegócio. Jogar a culpa no servidor é covardia. Vamos à luta!”. Palavras de Oscarlino Alves, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos da Saúde de Mato Grosso (Sisma) e integrante da coordenação do Fórum Sindical.