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  • Metá Metá é ferramenta de resistência na arte do Brasil

    Metá Metá é ferramenta de resistência na arte do Brasil

    Das iniciativas mais importantes na música brasileira, nos últimos tempos, o Metá Metá é sem dúvida, uma “ferramenta”de resistência na arte. 

    O Metá Metá que significa três em um em iorubá é uma banda de jazz de São Paulo criada em 2008 e formada pelo trio Juçara Marçal, Kiko Dinucci e Thiago França. 

    Com uma nova abordagem na música brasileira, fora dos clichês conhecidos, fundindo elementos da canção brasileira com música africana, jazz e rock. O grupo se destacou também pela aproximação da cultura afro-brasileira difundida pelos cultos afroreligiosos (candomblé) de influência yoruba, fon e bantu. “Metá Metá” em yoruba quer dizer “três ao mesmo tempo”.

    No momento o Metá Metá é o centro de uma nova cena musical na cidade de São Paulo, na qual artistas de um mesmo núcleo, como Romulo Fróes, Rodrigo Campos e Passo Torto, trabalham de forma colaborativa. Esse núcleo criativo lançou em 5 anos cerca de 30 discos, além de colaborar para artistas como Tony Allen, Criolo, Tom Zé e Elza Soares.

    Com informações do Mundo Pensante e perfil da banda nas redes sociais.

    Confira trecho da apresentação da banda, nesta sexta (29), em São Paulo

    https://www.instagram.com/jornalistaslivres/p/BvpdHWdHQjw/?utm_source=ig_share_sheet&igshid=dutu39un8qzk

  • 90 anos de D. Pedro Casaldaglia: ousadia e coragem!

    90 anos de D. Pedro Casaldaglia: ousadia e coragem!

    De: Paulo Maldos

    Para: Jornalistas Livres

    Dom Pedro Casaldáliga chegou no Brasil, vindo da Catalunha, e foi para o Araguaia, região plena de exclusão e violência. Quanto mais conhecia a história e a situação locais, mais se comprometia e se tornava um porta-voz dos excluídos: dos posseiros, dos indígenas, das prostitutas, das vítimas de trabalho escravo.

    Foto de Douglas Mansur: Exposição “90 anos de, 90 fotos de Pedro Casaldaglia”

    Seu olhar solidário e amoroso pousava sobre todas as feridas da nossa sociedade e, mesmo em tempos de ditadura, as tornava públicas por meio de poemas, artigos, entrevistas e cartas pastorais. Através de sua prática religiosa e de sua palavra pública, Dom Pedro foi construindo identidades e alianças entre campo e cidade, entre norte e sul, estudantes e posseiros, intelectuais e indígenas, religiosas e religiosos de todo o país. Sua ação, seu olhar, sua palavra, abarcaram também os povos da América Central, de Nicarágua e El Salvador, imersos em revoluções populares e lutas por libertação.

    Seu amigo, o bispo Dom Oscar Romero, de San Salvador, foi assassinado numa missa por extremistas de direita. Na pequena Ribeirão Cascalheira, o padre João Bosco Penido Burnier, foi assassinado ao seu lado, quando juntos defendiam mulheres que estavam sendo torturadas pela polícia. Seu companheiro de pastoral no Araguaia, o padre Francisco Jentel, foi expulso do país pelos militares.

    Sua frase “Deus é grande, a mata é maior”, manchete de imprensa à época, causou impacto e expandiu nossas noções de fé e luta, de território e teologia, de ousadia e coragem nos duros momentos de um governo feito de latifúndio e terror de Estado. O poder das suas palavras vem da verdade que estas expressam de maneira direta, cortante, reveladora e libertadora. Dom Pedro, com suas andanças, presença, poesia e solidariedade extrema, marcou para sempre as vidas dos excluídos, assim como de milhares de militantes das causas populares do Brasil e da América Latina.

    Foto de Douglas Mansur: Exposição “90 anos de, 90 fotos de Pedro Casaldáliga”

    Algo da boa radicalidade das nossas lutas populares passadas e atuais vem da humanidade intransigente deste catalão de Balsareny, que se enraizou no sertão brasileiro e que, como um posseiro, ocupou nossas almas, nossa compreensão do mundo, nosso sentido da história, nossa disposição de luta. Habita por aqui com uma só intenção evangélica: nos libertar de todo o mal que destrói o humano e nos impede de amar. Para tanto, sua única arma é a palavra, que usa com a maestria dos maiores profetas e escritores.

    Dom Pedro fez deste mundo uma promessa de Revolução, profundamente amorosa e radical, para todos os condenados da Terra. Ninguém como ele transforma revolta e sonhos em palavras, e assim nos anima, assim nos liberta, assim nos purifica, assim nos humaniza imensamente.

    De Balsareny até São Félix do Araguaia, Dom Pedro cantou suas muitas aldeias e, assim, cantou e encantou o mundo e o tempo que nos tem tocado viver.