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  • Poesia contra a barbárie na obra de Lorca e Neruda

    Poesia contra a barbárie na obra de Lorca e Neruda

     

    O que existe em comum entre Federico Garcia Lorca e Pablo Neruda além de estarem entre os poetas mais amados da língua hispânica? A luta contra o fascismo e a morte trágica: Lorca, uma das primeiras vítimas franquismo espanhol, executado por suas idéias e orientação sexual, e Neruda morto no hospital 11 dias depois do golpe contra Allende, no Chile, sob fortes suspeitas de ter sido assassinado com uma injeção letal. Muito dessas histórias, resultado de longa pesquisa do mestre em Filosofia e Letras Neolatinas, Roberto Ponciano, pode ser lido agora no Brasil com o lançamento do livro Neruda e Lorca, dois poetas rojos.

    Comunista e apaixonado por literatura, Ponciano, dono de uma alma ´roja´ latino-americana, destrincha as mútuas influências na arte, na coragem e na militância pelas causas populares de Lorca e Neruda. Já disponível na Editora Martins Fontes e nas livrarias Travessa, Saraiva, Cultura e na Amazon, pela internet por apenas R$ 39, Neruda e Lorca, dois poetas rojos faz o leitor mergulhar num mundo de reflexão e magia, mais do que necessárias, nos tempos sombrios de ascensão das ideias nazi-fascistas, da intolerância e da homofobia. Num tempo em que a arte e cultura, em quase todas as suas nuances, têm sido demonizadas.

    Para Ponciano, “urge ler, reler e debater a obra Lorca, expressão da um dos momentos mais gloriosos da literatura hispânica –a geração de 27– e de Neruda, Prêmio Nobel de Literatura em 1971. Esse novo livro  é o resultado, mais que oportuno, do meu mestrado em Letras Neolatinas, concluído em 2015, na UFRJ, quando me dediquei à pesquisa sobre a confluência entre os dois poetas”.

    Apesar de já estar disponível via internet, Ponciano vai realizar no dia 15 de março, quando acontece o SAMBA PELA DEMOCRACIA, no Baródromo (Lapa), o lançamento oficial de Neruda e Lorca, dois poetas rojos com toda a cultura, resistência e militância que a obra merece.

    Ponciano é ex-presidente do Sindicato dos Servidores da Justiça Federal, no Rio de Janeiro, além de professor, tradutor e filósofo. Outros livros do autor são: Feitiços-contos eróticos (2003), Notas Políticas (2008), Cosmópolis (2012), sobre a utopia comunista e Marxismo e Filosofia Contemporânea (2016).

    O livro está disponível em https://www.martinsfontespaulista.com.br/dois-poetas-rojos-neruda-e-lorca-635795.aspx/p

    E logo estará disponível na Saraiva, Cultura, Travessa e Amazon.

    Veja abaixo o convite para o evento oficial de lançamento:

    Samba pela Democracia!
    Venha festejar a democracia e dizer não ao avanço do fascismo!
    O evento é aberto a tod@s democratas antifascistas.
    Compartilhe, divulgue!
    Lançamento do livro Neruda e Lorca, dois poetas rojos, de Roberto Ponciano.
    Venda do livro e tarde de autógrafos.
    Shows de Dorina e conjunto Zambelê.
    Couvert artístico de 10 reais.
    A casa servirá uma feijoada (não incluída no couvert, paga à parte) e diversas outras opções.
    Quem comprou o livro na pré-venda, receberá, in loco, no dia. https://www.facebook.com/events/614657439298586/?notif_t=plan_user_joined&notif_id=1580074384314271

  • Rap, rappers e juventude de periferia em Cuiabá

    Rap, rappers e juventude de periferia em Cuiabá

    “O que garante a uma pessoa legitimidade para ser representante da “quebrada”? É a pergunta que inspira o livro Rap, rappers e juventude de periferia: legitimidade social e múltiplos sentidos”, conta Gibran Luis Lachowski, jornalista, professor universitário, pesquisador de cultura popular e assessor regional das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da igreja católica em Mato Grosso.

    O livro será lançado às 19h de terça-feira, 06, no auditório da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (FACC) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)/campus Cuiabá durante programação do SemiEdu 2018, um dos maiores eventos de Educação do Centro-Oeste. Sobre o SemiEdu: http://eventosacademicos.ufmt.br/index.php/semiedu/index/schedConfs/current

    Rap, rappers e juventude de periferia mergulha no universo rap (disc jockey/dj e mestre de cerimônia/mc) com o intuito de mostrar a essência da estrutura simbólica que sustenta uma das mais contundentes manifestações político-culturais contemporâneas, com origem mais visível na Jamaica e grande difusão nos Estados Unidos, aportando nos anos 80 no Brasil.

    A obra também costura a experiência do rap em Cuiabá com sua repercussão nacional e internacional. Concentra-se em rappers locais a partir da análise de letras de músicas, performances em shows, posicionamentos públicos e entrevistas. Recorre a uma variedade de ativistas e pesquisadores de Comunicação, Cultura, Estudos Culturais, Democracia, Juventude e Hip Hop.

     

    É a síntese do esforço para apresentar o cenário por meio de seu protagonista, o rapper, e compreender de que maneira ele enxerga o seu principal personagem: o jovem da periferia.

     

    A obra é, ainda, um documento histórico sobre o rap no Centro-Oeste brasileiro, especialmente na capital do conservador estado de Mato Grosso, e com certa extensão à vizinha Várzea Grande, sobretudo acerca de seu nascimento em terras cuiabanas e desenvolvimento até 2008, quando o levantamento de dados foi findado. Um cenário então ainda pouco marcado pelas batalhas de rap hoje cultivadas no centro da capital e pela maior participação das “minas”.

    Um cenário então destacado pela aproximação de parcela do movimento hip hop (dj, mc, break e grafite) com o poder público, pela inserção do basquete de rua e realização de oficinas culturais em eventos promovidos por coletivos jovens. Um cenário em que o cultivo e a troca de informações do rap se dá pelos meios de comunicação alternativos, como as rádios comunitárias, e tem espaço quase nulo nos veículos convencionais, marginalização que ainda persiste. Enfim, um cenário, um retrato, uma liga com o nosso presente.

    Rap, rappers e juventude de periferia oferece a pesquisadores, militantes de movimentos sociais, integrantes do hip hop e entusiastas da cultura popular um olhar que cristaliza o rapper enquanto referência social. E longe do estereótipo, vislumbra-o como um produtor de sentidos marcado pela pluralidade de pensamentos, subjetividades, necessidades e desejos”, completa Lachowski, convidando para o lançamento. “Um salve… Amém! Axé! Awire! Aleluia!”

     

    Em breve a obra vai estar no catálogo on line da editora Appris (https://www.editoraappris.com.br/).

     

  • Uma fortaleza de livros em Havana

    Uma fortaleza de livros em Havana

    Por Raquel Wandelli, de Havana, Cuba, especial para os Jornalistas Livres

    Exceto a imponente beleza marítima e arquitetônica da fortaleza erguida na entrada da Baía de Havana, o cenário não é muito diferente do característico de uma grande feira pública em qualquer país capitalista. Ônibus chegando e partindo, música, barracas vendendo bebidas, picolés, comida típica, parque de diversão para as crianças permeiam o caminho de milhares de cubanos que sobem o Morro em direção ao Complexo Militar San Carlos de La Cabaña, construído pelos colonizadores espanhois no século XVIII para defender Havana das invasões inglesas. O que diferencia essa grande concentração de pessoas de todas as idades é o objeto capaz de atrair durante dez dias multidões debaixo do sol caribenho: o livro. Com uma repercussão maior a cada ano, a Feria Internacional del Libro de Habana, que foi aberta no dia 9 de fevereiro e vai até o dia 19, é resultado dos investimentos desse país socialista em uma política pública de educação e no forte incentivo à arte e à leitura, conforme assinalou o presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular, Esteban Lazo, na cerimônia de inauguração.

    Em sua 26ª edição, a feira anual reúne autores, editores e tradutores de 46 países, com destaque para os selos editoriais das Antilhas. O acontecimento aborda a exuberante paisagem histórica com hordas de jovens, famílias e crianças que brincam nos canhões ou se sentam nos gramados da colina debruçadas ao lado dos pais sobre os livros, que são vendidos por valores equivalentes a centavos de reais, com custos ainda mais baixos que os já praticados pelas livrarias cubanas. O público heterogêneo que sobe em procissões infindáveis até os estandes de livros ou salas de lançamento instaladas dentro dos quarteis do castelo de San Carlos evidencia a igualdade étnica e social em uma sociedade inclusiva, onde nenhuma criança pode ficar fora da escola e o jovem recebe apoio integral para se graduar nas universidades públicas.

    Neste ano, o evento tem como país convidado de honra o Canadá, com quem Cuba mantém fortes acordos culturais. Há uma sala dedicada à literatura canadense, onde se realiza todos os dias a Jornada de Quebec. Ao lado dos franceses, alemães, do leste europeu, espanhóis, estadounidenses e latinoamericanos em geral, os canadenses são visitantes preferenciais desse país considerado o último reduto da experiência da humanidade na superação do capitalismo e das desigualdades produzidas pela sociedade de classes. Dezenas de poetas, ficcionistas e críticos canadenses, como Maya Ombasic, Patrick Léonard, Camille Robitaille, Louise Desjardins, Rose Ellicelny, Alexandre Belliard, Sophie Benvenue e Luc Chartrand participaram da feira lançando livros, proferindo palestras e conversando com os leitores no estande ou em espaços ao ar livre com proteção para o sol e a chuva.

    Em três dias de feira, os frequentadores esgotaram os títulos de Leonardo Padura, considerado o maior narrador cubano vivo, autor de O homem que amava cachorros, romance histórico sobre o assassinato de Trotsky, publicado no Brasil pela Boitempo. Diários de Che na Bolívia, publicado no Brasil pela editora Record, leitura muito procurada pelos jovens, também havia acabado na ala de literatura social e política do Estande de literatura cubana, uma das áreas preferidas dos leitores, onde estão expostos também os discursos de Che, de Fidel Castro e do atual comandante chefe Raul Castro. O comandante chefe Fidel Castro foi homenageado como tema dos colóquios, mostras documentais e 24 novos títulos dedicados ao líder da revolução cubana e à análise crítica e autocrítica do período que o sucede.

    Cada compartimento do castelo militar recebeu o nome de um grande escritor ou de um intelectual e foi transformado em uma sala para entrega de prêmios em diversas áreas da produção intelectual, lançamento de livros, oficinas, atelier de arte, exposições artísticas ou projetos culturais. As salas homenageiam nomes como Nicolas Guillén, José Antonio Portundo, Alejo Carpentier e José Lezama Lima. Em outros espaços distribuídos pela Fortaleza, se realizam exposições de arte e fotografia; projetos de publicação digital e jogos virtuais de leitura; conferências e painéis; Museu do Som; teatro de bonecos, contação de histórias e cozinha demonstrativa com apoio na emergente literatura culiniária.

    Na Sala Alejo Carpentier, a poetisa e tradutora Susana Haug coordenou o painel internacional “Pensar-nos e nos reescrevermos como povos no romance histórico”, que mostrou a importância desse gênero como um dos grande pilares do canon latinoamericano. Participaram Luisa Valenzuela, representando a Argentina; Raúl Vallejo, pelo Equador; Paolo de Lima, pelo Perú e Rogelio Riverón, por Cuba. O autor de Volver al Oscuro Valle, Santiago Gamboa, considerado o sucessor de Gabriel García Márquez na literatura colombiana, foi um dos mais festejados romancistas latioamericanos com o lançamento de A síndrome de Ulisses, narrativa de um jovem colombiano aspirante a escritor que vai a Paris tentar se lançar no mundo da literatura.

    Carregados de sacolas com livros, os cubanos aproveitam a feira para se atualizar em literatura didática, histórica e ficcional e cumprem o lema da feira, que é campanha nas rádios, nos jornais, nas ruas, nas escolas e nos cartazes: “Ler é crescer”. Do alto da colina banhada pelo mar do Atlântico, a maior fortaleza das Américas, com uma área de 10 hectares e 700 metros de muralha, torna-se, durante esse evento, alicerce maior da fortaleza simbólica de Cuba, que não é a sua economia, como acentua Osvaldo Martinez, economista e ex-assessor direto de Fidel Castro, mas a sua cultura. Construída de 1763 a 1774 por cerca de quatro mil prisioneiros mexicanos e indígenas escravizados pelo rei espanhol, a edificação tomada por Che Guevara torna-se também emblema da libertação de um povo. “Para ser livre é preciso ler”, dizem cartazes espalhados por toda a Ilha.