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  • Como é andar de ônibus na região metropolitana de Belo Horizonte

    Como é andar de ônibus na região metropolitana de Belo Horizonte

     

    Prevista no artigo 1º, inciso III da Constituição Federal, constitui um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, inerente à República Federativa do Brasil.

    O princípio da dignidade da pessoa humana é um valor moral e espiritual inerente à pessoa, ou seja, todo ser humano é dotado desse preceito, e tal constitui o princípio máximo do estado democrático de direito. Está elencado no rol de Principios Fundamentais da Constituição Brasileira de 1988.

    Porém, em Ribeirão das Neves, ou qualquer outro município que tenha o sistema de transporte administrado pela iniciativa privada, pode-se afirmar que a capacidade de dialogar sobre este princípio ainda está distante.

    O que se encontram são poucas linhas troncais, milhares de pessoas que dependem deste transporte e que a mediação do Estado para a garantia deste Direito Constitucional não existe na prática.

    Sentados no chão, escorados nas janelas: crianças, grávidas, idosos, pessoas cansadas do dia trabalhado. A realidade do povo brasileiro nas grandes cidades, não apenas dos usuários do “transporte público” no entorno da capital mineira.


    Foto e texto: Leonardo Koury, especial para os Jornalistas Livres.

  • LMG 806 | Verde, Flores e Animais/Urubus

    LMG 806 | Verde, Flores e Animais/Urubus

    A fotografia tem a sua própria proposta de descrição. Porém para que a mesma se torne um dialogo entre quem a visualiza e quem a registra é necessário com que as vivências nela expressa tenham um significado comum.

    Neste ano de 2018, em dezembro, o trajeto de vinte e cinco quilômetros entre o Centro de Ribeirão das Neves e a região da Pampulha em Belo Horizonte esconde nove quilômetros que vão muito além do sistema prisional.

    Este trajeto, que se considera flores nativas, verde imenso, animais e a ruralidade também tem a marca do desenvolvimento urbano e sua precarização. O conhecido Lixão de Ribeirão das Neves contrasta com esta realidade.

    Fato também que traz ao céu centenas de urubus que dançam no céu. Segue as imagens de uma caminhada a pé pela LMG 806.

    Cenário dos dois primeiros quilômetros. Entrada das propriedades rurais.

    Mudas e verduras como composição da ruralidade.

    Flores mativna na conhecida Lajinha e mata dos Bandeirantes.

    Animais no pasto ao fundo do Lixão de Ribeirão das Neves.

    Animais no céu. Imensidão de urubus nos dias quentes de dezembro.

    Decadas de descaso. Uma reflexão sobre até que ponto vale o lucro e a expropriação da natureza.

    Fotografia e Texto: Leonardo Koury, especial para os Jornalistas Livres

  • Quatro parágrafos sobre o Comunismo

    Quatro parágrafos sobre o Comunismo

    Graffiti: Andrés Piqueras

    Por: Leonardo Koury* | Especial para os Jornalistas Livres

    Nos últimos tempos me senti provocado quando ao falar que acredito no comunismo tornou-se algo assustador ou abominável para quem escutasse. Uma amiga, por sua vez, me encorajou em descrever sobre esta escolha.  Em quatro parágrafos tentarei trazer elementos do nosso cotidiano que reforçam a necessidade de construir o comunismo como alternativa à barbárie do lucro sobre as pessoas.
    Os comunistas são mais antigos do que o próprio conceito. Jesus era comunista, não assuste! Aquele que divide o pão em partes iguais procurando a fraternidade e a solidariedade ao invés de ganhar algo em troca de sua atitude não é capitalista. No século passado, um importante filósofo francês Deleuze descreve a principal diferença entre a esquerda (comunistas, socialistas, etc.) e os capitalistas (em suma os ricos) é que aos capitalistas é necessário primeiro crescer o bolo (a economia) para depois repartir. Quanto aos da “esquerda” é necessário o contrário, só se cresce o bolo dividindo.
    Dom Pedro Casaldáliga, conhecido por sua generosidade e suas visões políticas,  dizia que na dúvida fique com os pobres. É necessário esclarecer que a economia é uma ciência e por sua vez sua construção se difere do conceito de finanças. Assim como é fundamental reconhecer que os pobres não são culpados por sua pobreza e nem por estarem sobre esta condição os mesmos não terão forças para supera-la. Aos economistas do capital  a pobreza é natural e só é superada apenas pelo mérito. Que mérito é esse? Nascemos presos nas correntes da escravidão do dinheiro sem ter o direito de termos oportunidades iguais. Claro se quiserem argumentar sobre a economia de Cuba, primeiro vejam os dados sobre a pobreza no Brasil e nos Estados Unidos e depois falaremos sobre meritocracia e oportunidades.
    Mas vamos terminar este breve texto falando de amor. O modelo do amor no capitalismo esta vinculado ao que se têm (e não o que somos) como a propriedade, condição econômica, bens materiais e aparência. E nisso, não tenho dúvidas, o amor no comunismo é lindo porque não tem preço, não somos mercadoria. Sou comunista porque amo gratuitamente toda forma de vida, e por crer que nenhuma vida vale mais que a outra. O planeta, o povo, nossas cores e diversidade não podem servir para a usurpação do interesse dos poderosos. Amor não é interesseiro, pois quando o amor é comum, é coletivo, é gratuito não será o pão ou o bolo que ao se repartir se acabará, ao contrário ao repartir ele cresce. Que o amor seja uma expressão do nosso comum.
    Leonardo Koury* Professor, Assistente Social e militante da Frente Brasil Popular.
  • Não é a Greve que leva ao caos, é o caos que leva a Greve | Sobre a Greve Geral

    Não é a Greve que leva ao caos, é o caos que leva a Greve | Sobre a Greve Geral

    Rosa Luxemburgo passou sua vida comprometida em descrever a relação da classe trabalhadora, dos movimentos de esquerda e a luta contra o capitalismo. Não é por acaso que a militante nunca perdeu de vista a democracia e a liberdade como um princípio fundamental de suas obras.

    As massas, o povo, não devemos subestimar, pois o ímpeto revolucionário urge entre a exploração e o processo de vida aliado a consciência e o amadurecimento das lutas sociais.

    No Brasil, em junho de 2013, o povo foi às ruas lutar para ampliar uma série de direitos como transporte, moradia entre outros serviços essenciais aos mais pobres. Um momento rico de aprendizado. A disputa daquela narrativa não foi apenas por parte da direita através da mídia golpista e suas panelas. Vamos refletir! Neste momento (re)nasceu autônomas organizações que também em 2016 e 2017 continuaram na denúncia ao Golpe imposto no país.

    Não será diferente em 2018. Uma Greve que começou dos interesses dos patrões a cada dia os próprios grevistas e os movimentos sociais e populares procuram disputar tamanha narrativa, travando das massas a organização geral da classe trabalhadora.

    Nas ruas! Caminhoneiras/os recebem solidariedade da população local e de movimentos importantes como o MST, mas somam os sindicatos que estavam ou entram em greve como o de professoras/os, metroviários, petroleiros, metalúrgicos dentre outros em todo país. Pode ser um ensaio para a Greve Geral.

    Não devemos TEMER.

    A liberdade, os direitos sociais e as conquistas são feitas pela luta popular e nada se constrói da concessão. A própria categoria sindical nas estradas vai compreendendo que ou as pautas políticas se alinham pela demanda popular ou não terão legitimidade e apoio em todo país. Várias cidades estão neste momento chamando atos de apoio consolidando a solidariedade de classe.

    São lições diárias. Nós classe trabalhadora devemos aprender com toda Greve. Entender que são os/as grevistas, quais as pautas e a correlação entre as reivindicações e as lutas gerais. Em continuidade com os ensinamentos de Rosa Luxemburgo, a luta é o que muda, o resto, apenas ilude, pois o capital é incorrigível!

    Por uma sociedade onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres.

     

    Leonardo Koury – Assistente Social, Professor e Militante da Frente Brasil Popular

  • O povo decide, Diretas Já

    O povo decide, Diretas Já

    Por Clara Maragna e Leonardo Koury

    Primeiro a gente tira a Dilma, rasga a Constituição Federal, fortalece o Estado policial, e nos resta saber: Quem controla o judiciário?

    Entender o processo político que o Brasil vem sofrendo, é uma tarefa árdua e emblemática para todos nós. Mas de certo, é notório que a surpresa tornou-se um elemento central desse arranjo golpista, que tem como pano de fundo a ação do Poder Judiciário.

    Traições, malas, chips invisíveis, Família Neves, Lava Jato, Temer, retirada de direitos, capas de revistas, prisões decretadas, almoços, judiciário desequilibrado e a ampulheta do tempo correndo contra o povo brasileiro.

    Em meio a tanta fumaça sentenciada, é importante perceber que os atores do golpe não possuem cadeira cativa no Congresso Nacional, e tão pouco se resumem aos aliados de Temer.

    Se assim, o fosse, a rejeição de Temer não seria exorbitante, e não estaríamos aqui falando desse novo capítulo, que além da cassação do Presidente golpista trará também uma corrida de atores pela linha sucessória da Presidência da República.

    Quem opera o golpe não deseja que ele acabe, mas que ele se estruture e naturalize de modo a dificultar qualquer reação do povo brasileiro, afinal de contas a história nos ensinou que toda expansão de regimes totalitários sempre esteve relacionada aos problemas econômicos e sociais de um Estado imerso em ações ilegais sob os olhos do judiciário.

    Asensação de que ha um distúrbio social é inerente ao processo vivenciado por todas e todos nós, especialmente porque essa anomalia se inicia através de uma ação contra os nossos direitos garantidos num Diploma Legal violado.

    Com a previsão da saída de Temer, o golpe toma novos contornos, a Constituição Federal começa a ser avocada através das eleições indiretas por setores golpistas, de modo a legitimar o processo realizado por Michel Temer.

    Porque não devemos aceitar as eleições indiretas?

    Podemos começar a falar que não devemos aceitar eleições indiretas porque não queremos a continuidade dessa orquestra golpista. Além disso, esse desejo por eleições indiretas não passa pela polarização entre coxinhas e não coxinhas, ou pelos projetos de poder ideológicos de esquerda ou direita, mas por uma estruturação anti democrática que será corroborada por interesses privados.

    Não é legítimo avocar normal legal de uma Constituição violada, posterior a retirada do Estado Democrático de Direito, para consolidar uma violação nacional.

    Defender eleições indiretas é legitimar o golpe na medida em os atos anteriores à sucessão presidencial produzirão efeitos concretos. A estrutura de poder é determinada pelo conteúdo da sua ação, e de fato os interesses da maior rede de televisão se resumem em apropriar -se do processo mais do que a população que constrói esse país.

    É preciso entender que a ordem de um Estado Democrático destina-se a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna e pluralista.
    Exigir o cumprimento desses princípios que regem a Constituição Federal, é construir uma disputa justa, e a possibilidade da escolha de representatividade pelos cidadãos e cidadãs brasileiras.
    Estamos diante de um capítulo que nos aparece sob a corda bamba à beira de um abismo, recheado de fatos que nos dá elementos suficientes para lutarmos pela Democracia brasileira. Não é apenas a conexão de uma nova fase da conjutura, mas uma etapa da tática que a elite brasileira avança no objetivo central que é a volta do liberalismo e o estado mínimo.
    Talvez a pergunta inicial, sobre quem controla o judiciário, aqui, toma outra percepção, a de que é preciso estar nas ruas, em todos os tipos de ações diretas, para tentarmos nesse último respiro, restabelecer um mínimo de razão com as eleições diretas. Estas não podem ser entendidas como apenas a volta de um governante eleito por voto popular, mas a concretude de que todo poder emana do povo, afinal está no parágrafo único do primeiro artigo da Carta de 88.
    É preciso estar atentos, fortes, e nas ruas, afinal o poder emana do povo, o povo decide, Diretas Já!

    Por Clara Maragna, advogada popular e militante da Frente povo sem medo e Leonardo Koury, professor e assistente social militante da Frente Brasil Popular

    Charge DUKE