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  • Assassinato de Vladimir Herzog por agentes da ditadura completa 45 anos

    Assassinato de Vladimir Herzog por agentes da ditadura completa 45 anos

    Após quatro décadas de luta, familiares ainda esperam respostas do Estado brasileiro e justiça pela tortura e morte do jornalista

    Vladimir Herzog

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    Caso Herzog. Nesse domingo, 25 de outubro, o assassinato do jornalista e intelectual Vladimir Herzog por agentes da ditadura militar completa 45 anos. Após quatro décadas de sua morte, o legado de Herzog segue presente em todas as ações do Instituto Vladimir Herzog (IVH), criado para manter viva sua memória e para honrar os valores que defendeu em sua trajetória pessoal e profissional. No entanto, o IVH e os familiares do jornalista ainda esperam respostas do Estado brasileiro e que se faça justiça pela tortura e morte do jornalista.

    O Judiciário brasileiro tem, sistemática e continuamente, violado o direito à justiça das vítimas da ditadura militar, incluindo o dever de investigar, processar e sancionar os responsáveis pelos crimes imprescritíveis contra a humanidade como os que foram perpetrados contra Vladimir Herzog.

    Retrospectiva do Caso

    Em 5 de março de 2018, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) proferiu uma sentença internacional em que determinou que os crimes cometidos pela ditadura militar brasileira foram crimes contra humanidade.

    Vladimir Herzog

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    A versão de suicídio dada pela Justiça Militar foi caracterizada pela CIDH como fraudulenta. A sentença responsabilizou internacionalmente o Estado brasileiro pela falta de investigação e ausência de verdade sobre os crimes praticados contra Herzog, e determinou que o Estado brasileiro inicie com a devida  diligência, a investigação e o processo penal cabíveis para identificar, processar e, caso seja pertinente, punir os responsáveis pela tortura e morte de Vladimir Herzog.

    Nessa perspectiva, a Corte considerou que, frente ao contexto da época da tortura e assassinato de Herzog, essas práticas eram utilizadas pelo Estado brasileiro como uma forma sistemática de coerção e controle social pelo medo, sobretudo em relação à oposição política ao regime militar que governava o país.

    Dessa forma, tendo em vista esses elementos contextuais, a gravidade das violações e o envolvimento direto de agentes estatais, a Corte entendeu por considerar os crimes cometidos contra Vladimir Herzog como crimes contra a humanidade, tal qual o fez em outros casos.

    Vladimir Herzog

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    Em 17 de março de 2020, obedecendo à determinação da Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) de 2018, o Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra 6 militares responsáveis pelo assassinato do jornalista Vladimir Herzog, ocorrido em 1975.

    O juiz federal Alessandro Diaferia, da 1.ª Vara Criminal Federal de São Paulo, rejeitou a denúncia no dia 5 de maio, citando a Lei da Anistia, que marcou um processo incompleto de transição democrática ao conceder anistia para “crimes políticos ou conexos com esses” cometidos entre 02/09/1961 e 15/08/1979.

    Segundo o juiz, sua decisão não visa “acobertar atos terríveis” ocorridos durante a ditadura militar brasileira, mas “pontuar que a pacificação social se dá, por vezes, a duras penas, nem que para isso haja o custo elevado da sensação de impunidade àqueles que sofreram na própria carne os desmandos da opressão”.

    “Ficamos absolutamente indignados com a resposta do juiz. A Corte IDH entendeu que o crime cometido contra o meu pai e outras pessoas que foram presas e torturadas caracteriza-se como Crime de Lesa-Humanidade, crimes estes que são imprescritíveis e não podem ser perdoados (anistiados). Cabe, portanto, ao Estado Brasileiro investigar as circunstâncias da morte do meu pai e punir os responsáveis. Esperamos que esta decisão possa ser revista”, disse Ivo Herzog, filho do jornalista.

    Não podemos aceitar que, tendo passado quatro décadas de busca por verdade e justiça, a Justiça continue negando a investigação e o processamento dos responsáveis pelos crimes contra a humanidade cometidas contra Vladimir Herzog, ignorando o fato de que decisões da Corte IDH são vinculantes, descumprindo as suas obrigações internacionais em matéria de direitos humanos.

    Vladimir Herzog

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    Instituto Vladimir Herzog

    Trabalhar com a sociedade pelos valores da Democracia, Direitos Humanos e Liberdade de Expressão.

    Democracia
    O Instituto Vladimir Herzog luta pelos valores democráticos: essa missão requer o resgate da nossa História – especialmente da mais recente, ocultada pela ditadura sob sistemática censura – e a sua exposição às novas e às próximas gerações.

    Direitos Humanos
    Almejamos transformar a cultura da sociedade para transformar a própria sociedade. Trabalhamos na formação dos valores do indivíduo, desde os seus primeiros anos de vida, buscando a vivência do respeito à diversidade em todas as dimensões e a consciência de seus direitos e como buscá-los.

    Liberdade de Expressão
    Inspirados na grandeza dos valores de Vlado, não é o medo que nos move, mas a confiança no ser humano e em seu potencial. Por isso, garantir a plena Liberdade de Expressão é uma de nossas missões. Este valor não é um direito garantido. É preciso estar atento para assegurar o diálogo e a tolerância às opiniões diversas na sociedade.

    Para conhecer um pouco mais: https://vladimirherzog.org/o-instituto/

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    Ação-Projeção:

    Sato do Brasil https://www.instagram.com/satodobrasil/

    Casadalapa https://casadalapa.net/

    Condô Cultural https://condo.org.br/

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    Leia também: https://jornalistaslivres.org/instituto-vladimir-herzog-e-oab-denunciam-bolsonaro-na-onu-por-comemoracoes-do-golpe-de-64/

  • Mulheres convivem com a tragédia além dos números

    Mulheres convivem com a tragédia além dos números

    Qual é o valor de mais de 100 mil mortes?

    A cada dia, os noticiários diários contabilizam as mortes da pandemia do novo coronavírus. Chegamos ao triste número de mais de 100 mil mortos. Mas para além dos números, 100 mil histórias, tranquilas ou conturbadas, felizes ou infelizes, cheias de memórias, fotografias, causos e saudade. Como isso te afeta? Um país em luto sem direito ao luto.

    Insuflação

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    Insuflação de Uma Morte Crônica. Quatro mulheres em quarentena enchem bexigas pretas em número equivalente ao de mortos pela Covid-19, no Brasil. As participantes, além de encher bexigas, estão convivendo com elas no ambiente doméstico em suas atividades cotidianas. 

    Na espaço foi instalado um sistema de câmeras de vigilância em todos os cômodos cujas imagens estnao sendo disponibilizadas ao vivo, 24 horas por dia, na internet. 

    Acompanhe aqui: https://www.youtube.com/watch?v=DfkqE37ModA

    A cada bexiga inflada, as performers acionam o sistema de contagem para que quem esteja assistindo seja atualizado sobre quantidade de bexigas cheias.

    Todos os dias, em par com a atualização do número de mortes, novas bexigas são levadas para a casa onde se encontram essas mulheres.

    Ao final de quinze dias, as bexigas serão esvaziadas e o espaço limpo. Os resíduos da performance serão entregues para um coletivo de mães da periferia de São Paulo  e serão transformadas em um grande manto-tela.

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    Quem são essas mulheres?

    Joana da Silva Coutinho, 21 anos, sonoplasta, instrumentista de sopros e percussão. Mulher preta, moradora da periferia, na Zona Norte de São Paulo. Estuda música, literatura e teatro com a linha de pesquisa em sonoplastia. Atua também com o Coletivo Amaiemá, e compõe trilhas sonoras e projetos de sonoplastia.

    Bruna Lessa, 35 anos cineasta e artista visual. Nasceu em Itajaí (SC), e mora em São Paulo há 15 anos. Graduada em Cinema, com pós-graduação em Roteiro Cinematográfico, trabalha como diretora, roteirista, montadora e produtora audiovisual para cinema e teatro.

    Cacá Bernardes, 44 anos, fotógrafa still, videomaker e diretora de fotografia. Nasceu em Frutal (MG) e mora em São Paulo há 25 anos. Como fotógrafa de cena possui aproximadamente trezentos espetáculos teatrais fotografados em seu currículo com publicações de suas fotos em diversas revistas, jornais e livros nacionais e internacionais.

    Carina Iglecias, 1980. Vive e trabalha em São Paulo. É cantora, locutora, musicista, performer e técnica de som direto. Trabalha com o Teatro Oficina desde 2011, atuando em mais de dez espetáculos. Participou como performer da “VB50”, trabalho da artista italiana Vanessa Beecroft na 25 ̊ Bienal Internacional de São Paulo.

    Insuflação

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    Projeto Mulheres em Quarentena

    Insuflação de Uma Morte Crônica faz parte do projeto Mulheres em Quarentena.

    Diretoras, roteiristas, produtoras, montadoras, atrizes, pesquisadoras, iluminadoras, performers. Mulheres trabalhadoras cujos ofícios também foram prejudicados por conta da pandemia.

    Diante da atual conjuntura, buscam formas para – além de seguir com nosso trabalho e nossa vida [pagar aluguel, energia e água, cuidar das crias, fazer feira] – responder o que vem acontecendo, decorrente da Covid-19 e da política brasileira. 

    Para isso, criaram o projeto “Mulheres Em Quarentena”, que teve início no mês de julho. 

    Para viabilizar as performances, estão com uma campanha de financiamento coletivo e chamam a todas e todos para somar na iniciativa.

    https://apoia.se/mulheresemquarentena

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    Insuflação

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    Qualquer dúvida ou desejos de saber mais sobre o projeto, escreva para: mulheremquarentena@gmail.com 

    Inscreva-se no nosso canal no YouTube: https://www.youtube.com/mulheresemquarentena

    Segue a gente no Instagram: https://www.instagram.com/mulheresemquarentena/ 

  • 100 mil mortos. Lute apesar do luto

    100 mil mortos. Lute apesar do luto

    100 mil mortos. Uma ação chamada Lute apesar do luto aconteceu na manhã deste sábado em São Paulo, num momento em que chegamos à essa triste marca pela pandemia do novo Coronavírus.

    32 cruzes pretas foram colocadas aos pés de cada mastro de bandeira do Brasil, que estão localizadas na ponte da Cidade Jardim, Marginal Pinheiros.

    Lute apesar do luto
    Lute apesar do luto
    Lute apesar do luto
    Lute apesar do luto
    Lute apesar do luto

    100 mil mortos. Num momento como esse, a pergunta é: porque as bandeiras do Brasil que estão por todos os lados, não estão a meio-pau? Não existe normalidade, quando chegamos a 100.000 mortos. Não existe.

    Cada morte tem nome, história, trajetória, família, filhas e filhos, pais, avós, netas e netos, amigas e amigos, tem rosto, sorrisos apagados, marcas do tempo, da vida. Não podemos esquecer e achar que estamos a caminho da normalidade.

    Não.

    100 mil mortos. Um governo que nunca prestou solidariedade a ninguém, que brinca descaradamente com a situação que passamos, que inventa curas milagrosas com remédios cuja ineficácia é cientificamente comprovada, um governo que nem ministro da saúde tem, sem vergonha na cara de espinafrar a ciência, os próprios médicos, que incita a invasão e violência a hospitais, e deixa as populações mais pobres à sua própria sorte, sem medidas mínimas para combater essa pandemia com sabedoria e inclusão.

    A tristeza se torna mais forte ainda, quando nem o luto de cada perda pode ser respeitado. Quando os mortos não podem ser velados, perde-se a despedida, o fim da trajetória, o recomeço, a memória e as lembranças.

    100 mil mortos. Toda bandeira do Brasil, em todo o território nacional, deve ser colocada a meio-pau. Para lembramos sempre de quem não está mais entre nós, mas que merecem que nós sigamos lutando para que o Brasil não seja lembrado como o País que enterrou mais vidas em todo o mundo, por egoismo, negacionismo e incompetência de um Governo.

    #lutepeloluto #luteapesardoluto #bandeirasameiomastro