Jornalistas Livres

Tag: homenagem

  • Pelourinho estremece em homenagem ao mestre Moa

    Pelourinho estremece em homenagem ao mestre Moa

    Homenagem ao Mestre Moa de Katendê, que foi brutalmente assassinado por um seguidor do candidato Jair Bolsonaro reúne aproximadamente 10 mil pessoas no Pelourinho, Salvador, Bahia.

     

     

    Grupos de capoeira, blocos afro, representantes de religiões de matriz africana, integrantes do movimento negro, se vestiram de branco para lembrar Mestre Moa e propor memória e luta. Primeiro foi sagrada uma missa na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e depois todos seguiram em cortejo para o Pelourinho, onde foram feitas rodas de capoeira, cantos, discursos inflamados e emocionados e o berimbau gritou alto, resistência.

    Fotos: Felipe Iruatã

  • Lula em nós!

    Lula em nós!

    Hoje meus olhos se abriram mais uma vez. Despertei, bocejei, me troquei.
    ‘Segundona’ brava! Corinthians, campeão!
    Minhas pernas saíram cedo para comprar pão.
    Meus lábios e minha boca sorveram um café quente.
    Passei rápido um creme nos dentes.
    Meus olhos leram manchetes, vitrines, fios de alta tensão, muros, outdoors, postes, prédios e arranha céus, rodovias e terminais.
    Peguei condução, metrô, ônibus e a rabeira de um caminhão.
    Meus braços levantaram sacos de cimento e depois rodaram uma criança ao vento.
    Eu corri, andei, pelejei e apeei.
    Eu brinquei e depois sosseguei.
    Eu gritei!
    E por mais que estivesse entediado com as nuvens do céu, hoje corri veloz, subi um topo, quase sem folego, e depois, voei.
    Eu pulei amarelinha, desci morro, lavei dois tanques de roupa, fiz frango com ora pro nobis.
    Tava tudo verde, verdinho. Tava tudo bem arrumadinho. Tinha altar e vela acesa. Teve até uma reza. Teve inté uma oferenda para deusa que vem do mar
    Onde eu tava tinha vassoura de atrás da porta, chinelo virado, que é para mãe de ninguém vir a morrer
    Hoje ainda corri “prum” velório, acompanhei o cortejo e o sepultamento. Passei os olhos de lágrimas na lápide certeira. Percebi o resto de sol antes de sair.
    Ainda hoje paguei boleto vencido, cortei cabelo, fiz a unha e a maquiagem. Passei tudo no cartão. Fiz barba, cabelo e bigode.
    Comprei banana, cigarro e depois tomei um trago. Dei um pouco “pro” santo, que devia estar em qualquer canto.
    Cantei…e cantei de novo…no carro e no supermercado.
    Sonhei e depois joguei no bicho. Para valer mais um pouco, fiz uma fezinha no galo.
    Brinquei com o cachorro, fiz um afago no gato.
    Tomei chá, fiz caminhada. Dancei as três da tarde. Mandei mensagem, recebi telegrama, fiz um bolo, busquei criança na escola. Fiz até papel de bobo.
    Dei cambalhota, pirueta, sou acrobata!
    Plantei feijão, colhi algodão. Ilustrei mais um quadrinho. Fiz um verso pequenininho.
    Postei carta, recebi logo depois um recado.
    Fui atrasado, apressado e ainda cheguei de bom grado.
    Fiz aniversário bem no dia em que nasci.
    Li um artigo, refiz um capítulo. Editei mais um parágrafo. Escrevi outro poema.
    Lavei o chão, remarquei o preço passado. Aferi a pressão, dei medicamento, e depois atestado. Eu desisti do tratamento, estava era com “esgotamento”
    Cantei o hino, joguei mais uma partida de vídeo game, e outra de buraco. Postei vídeo na net.
    Eu chorei outra vez. Eu choro todo dia.
    Eu me consolei. Segui. Comi pastel e tomei refri.
    Peguei uma conexão, e corri para não perder o busão.
    Vesti a melhor roupa. Fiz uma nova tatuagem.
    Senti o vento na cara.
    Fiz amor. Trepei e depois gozei.
    Hoje eu tomei tiro, várias porradas e bombas.
    Eu agitei uma bandeira. Empunhei um grito de ordem.
    Acariciei o asfalto quente. Acordei de repente.
    Hoje eu falei, dei bronca e até argumentei.
    Viajei , dei palestra e conversei. Ah, eu reclamei…muito mesmo.
    Hoje me diplomei.
    Fiz um gol, e virei um rei.
    Hoje eu me mudei.
    Hoje eu pensei, discordei e voltei. Revi amigos. Eu me filiei.
    Eu denunciei. Hoje eu panfletei.
    Eu olhei para céu. Eu vi um bem te vi. Construí uma ponte. Atravessei um canal. Eu nadei.
    Hoje eu enfrentei. Olhei no olho. Eu encarei.
    Hoje eu abracei o melhor abraço! E descansei meu último cansaço.
    Hoje eu até sonhei. Eu consolei e fui consolado.
    Cada afago e sorriso dado, eu pensava, é para ele!
    Ah, hoje eu fui ele!
    Ontem eu fui ele.
    E amanhã serei de novo, ele.
    Porque ele agora anda pelas minhas pernas, pensa com minha cabeça, fala pela minha boca.
    Ele são muitos eus.
    Incapaz de sermos detidos.
    Porque somos o que o ódio não consegue ser!

  • “A maior bicha do Brasil” Rogéria morreu nesta segunda

    “A maior bicha do Brasil” Rogéria morreu nesta segunda

    Nesta última segunda-feira (04/09) morreu a Rogéria, nascida Astolfo Barroso Pinto, no Cantagalo — Rio de Janeiro. “Em Cantagalo, nasceu a maior bicha do Brasil – no caso, eu – e o maior macho do Brasil, Euclides da Cunha”.

    Rogéria foi maquiadora na extinta TV Rio, foi vedete e atriz. No Carnaval do fatídico e tenebroso ano de 1964, pouco antes do início da ditadura militar, ela venceu um concurso de fantasias. Havia mudado seu nome de Astolfo, “que fazia demais a ‘linha executivo’”, para Rogério. Foi ali que o público, aos gritos de “Rogéria, Rogéria”, cunhou seu nome artístico definitivo. Nos anos 70, saiu pelo mundo: Angola, Moçambique, Estados Unidos e Espanha – onde, para trabalhar, sugeriam que ela fizesse a operação de mudança de sexo, o que ela nunca fez.

    Chegou a Paris, virou amiga e dividiu casa com a travesti Chou-Chou, trabalhou na noite parisiense e se tornou definitivamente “très chic”. Mas foi sua mãe, dona Eloah, quem ensinou as lições definitivas da “arte” de ser mulher: “Você vai se vestir de mulher? Então, sabe de uma coisa? Nós somos mais asseadas”. Desde então, se não estivesse de unha feita, Rogéria não saia de sua casa, no Leme, bairro chique do Rio de Janeiro. Em 1979, ela recebeu o Troféu Mambembe de melhor atriz pelo peça “O Desembestado”, com Grande Otelo.

    Pela TV, em novelas como “Tieta”, “A Grande Família”, “Malhação”, ou como jurada do programa de calouros do Chacrinha e de Luciano Huck, Rogéria passou a frequentar as casas do brasileiro comum. Com seu jeito divertido e alto astral, ela confundia a cabeça e o coração dos preconceituosos. Se identificava como transformista, mas liberava: “Pode chamar de bicha mesmo”.

    Em outubro do ano passado foi lançada sua biografia autorizada “Rogéria – Uma mulher e mais um pouco”. Na mesma época Leandra Leal estava terminando o documentário Divinas Divas, que mostra os bastidores do espetáculo com o mesmo nome e colhe depoimentos de 8 das principais transformistas que na década de 60 se apresentavam no Teatro Rival, no Rio, do avô de Leandra, Américo Leal. “Nos anos de chumbo, não tinha estrela, não tinha vedete, nada… Todo mundo fugiu. Nós, homossexuais, levantamos o show business naquela época. As pessoas gostavam da gente”. Quando foi lançado, em junho deste ano, Rogéria entendeu que o filme vinha num momento oportuno: “Houve um retrocesso terrível na democracia. As pessoas não respeitam professores, as mulheres continuam apanhando. As bichas reclamam, mas as mulheres apanham muito.”

    Em entrevista ao El País, em janeiro desse ano, Rogéria afirmou que nunca quis assumir nenhum tipo de militância ou bandeira LGBT: “E eu já não sou a bandeira? Quando me deram o papel de avó na novela, chorei de alegria. Não tinha siglas quando apareci. Consegui fazer meu nome, ser respeitada, ser chamada de senhora….Nasci homossexual, nunca fiquei em armário, não acredito em opção sexual e sempre me posicionei contra qualquer tipo de hipocrisia. Tem gente de movimento gay que não gosta de algumas coisas que digo, mas para esses eu falo que antes deles chegarem já existia Rogéria, meu amor”.

    Veja abaixo uma pequena pesquisa que fizemos na internet para você ver um pouco mais da Rogéria:

  • Dona Marisa é inocente!

    Dona Marisa é inocente!

    Em decorrência do falecimento de Dona Marisa, na sexta, 3 de fevereiro, seus advogados, que atendem também ao ex-presidente Lula, protocolaram junto ao juiz Sérgio Moro um pedido de absolvição sumária e a extinção da punibilidade no processo relativo à posse de um apartamento no Guarujá, litoral de São Paulo.

    Os advogados Cristiano Zanin Martins, Valeska Teixeira Martins e Roberto Teixeira já cuidavam de um processo sem materialidade e defendiam Dona Marisa de uma denúncia sem provas, em que todas as explicações e documentos já haviam sido apresentados, demonstrando que a família Lula não tinha posse nem fazia uso do imóvel.

    Dona Marisa tem longa história na política brasileira e foi vítima de ataques mesquinhos da direita amargurada, que busca minar a todo custo a credibilidade legítima do presidente Lula e de sua família. Os golpistas acabaram com sangue nas mãos. Dona Marisa foi homenageada por milhares de brasileiros em seu velório, no sábado, 4 de fevereiro.

    Relembramos em ensaio fotográfico de Tiago Macambira, especial para os Jornalistas Livres.

    Dona Marisa é inocente!
    Absolvição já!

    Relembre também a entrevista do advogado Cristiano Zanin aos Jornalistas Livres, em que ele explica em detalhes o caso do triplex:

  • POR QUE TANTO ÓDIO?

    POR QUE TANTO ÓDIO?

    Nunca na história desse país, um ex-presidente foi tão perseguido –como se governar e retirar 40 milhões de pessoas da miséria absoluta, fosse um ato criminoso, imperdoável.

    Nunca, na história desse país, um ex-presidente foi tão odiado e tratado como bandido.

     

     

    Houve um presidente, Prudente de Moraes, que ordenou uma ação militar que matou 25 mil brasileiros no Arraial de Canudos, mas esse presidente era advogado, doutor. Jamais foi tão odiado.

    Prudente de Moraes exigiu a decapitação de Antônio Conselheiro que já tinha sido enterrado. Então, exumaram o cadáver do líder de Canudos, decapitaram-no e voltaram a enterrar.

     

     

    Teve um outro que prometeu no exterior pagar a dívida externa, criou um plano econômico chamado “funding Loan” (língua da metrópole, claro) e promoveu um arrocho insuportável aos brasileiros mais pobres. Mas esse, Campos Sales, também era advogado, representante da elite cafeeira e, claro, nunca foi odiado.

    Já Hermes da Fonseca, perseguiu os sertanejos do Padre “santo” Cícero Romão Batista, criou uma estrada de ferro que ligava o nada ao lugar nenhum, à custa das vidas de milhares de trabalhadores. Hermes da Fonseca ainda reprimiu a revolta da Chibata, liderada por João Cândido (“o Almirante Negro”), realizada por marinheiros que lutavam pelo fim dos castigos físicos e chibatadas nos barcos da Marinha do Brasil. Mas era marechal, e ninguém odeia um militar no Brasil.

    Ilustração de Joana Brasileiro, sob imagem do Padre Cícero, cartão postal em homenagem ao Marechal Hermes da Fonseca, e imagem dos marinheiros da Revolta da Chibata, capitaneados por João Cândito o Almirante Negro.

     

    Falando em militares, eles tomaram o poder em 1964 e emplacaram cinco presidentes-ditadores militares até 1985, quando assassinaram sob tortura centenas de opositores ao regime. Mas eles nunca foram odiados.

    No nosso país, teve um governador da elite paulista cujo slogan era “esse rouba mas faz”, um ministro da ditadura militar famoso no exterior por contrabandear pedras preciosas nativas para lá, um outro governador da elite paulista cuja fortuna em seu nome ele apenas dizia não lhe pertencer, um presidente eleito pela mídia que pagava até gastos domésticos com “sobras de campanha”. Mas nunca se percebeu a existência da corrupção como agora.

    E nunca se odiou tanto um ex-presidente.

    Por que tanto ódio contra alguém que mesmo depois de dois mandatos não tem apartamento em Paris, iate, ou qualquer ato corrupto comprovado?

    Será que é por que é nordestino? Por que não é doutor? Ou por que é tão parecido com aqueles que o odeiam e se sentem covardes diante de sua coragem?

    Nunca na história desse país, alguém foi tão invejado e odiado assim. Você entende por quê? Mande pra gente a sua colaboração. Só aceitaremos colaborações gentis e educadas, porque, de ódio já estamos fartos.

     

    Mande para: jornalistaslivres@gmail.com
  • Nuno Ramos cria obra em homenagem às vítimas do Massacre do Carandiru

    Nuno Ramos cria obra em homenagem às vítimas do Massacre do Carandiru

    24 anos após o Massacre do Carandiru, o multiartista Nuno Ramos realizará nos próximos dias 1 e 2 de novembro a obra “111 Vigília Canto Leitura”. A obra contará com 24 horas seguidas de leitura dos nomes dos 111 detentos que foram mortos durante o Massacre. Para isso ocorrer, 24 artistas, esportistas, intelectuais e estudantes foram escalados por Nuno para realizar durante uma hora cada a leitura ao seu modo de tais nomes em uma varanda que possui uma vista inteira para São Paulo.

    A intenção da obra é ir muito além de lembrar o ocorrido e preservar a lembrança, mas sim trazer à tona a identidade desses indivíduos que tiveram suas vidas tiradas pelo Estado enquanto estavam sob a proteção do mesmo. A ação poderá ser conferida ao vivo no Facebook (https://www.facebook.com/111UmaVigilia/) e YouTube (https://www.youtube.com/channel/UCY9VOYRgthuAAjgxL5-ZHVQ).

    Confira a programação:
    16h00: José Celso Martinez (diretor de teatro/ ator)
    17h00: Luiz Alberto Mendes Junior (escritor) (a confirmar horário)
    18h00: Luambo Pitchou (ativista/ refugiado congolês)
    19h00: Ferréz (escritor) (a confirmar horário)
    20h00: Paulo Miklos (músico)
    21h00: Helena Ignez (atriz)
    22h00: Bárbara Paz (atriz)
    23h00: Laerte (cartunista)
    00h00: Marcelo Tas (jornalista/ apresentador)
    01h00: Salomão Shecaira (advogado criminalista)
    02h00: Isabela Del Monde (advogada – rede de juristas feministas) (a confirmar horário)
    03h00: Nuno Ramos (artista)
    04h00: a confirmar
    05h00: a confirmar
    06h00: Daiane dos Santos (esportista) (a confirmar horário)
    07h00: Letícia (secundarista) (a confirmar horário)
    08h00: Carlos Augusto Calil (professor)
    09h00: Sidney Sales ( ex detento, sobrevivente)
    10h00: Jean-Claude Bernadet (crítico/ ator)
    11h00: Marina Person (cineasta/ atriz)
    12h00: Rita Cadillac (cantora)
    13h00: Caio Rosenthal (médico)
    14h00: Eliane Dias (empresária)
    15h00: Paula Beatriz Souza Cruz (professora/ mulher transexual)

    Foto Epitácio Pessoa
    Foto Epitácio Pessoa

    CARANDIRU

    No começo de tarde daquele dia 2 de outubro de 1992 dois presos do pavilhão 9 iniciaram uma briga no campo de futebol do presídio e a partir daí os demais presos deram inicio a uma rebelião, que tirou todos os agentes penitenciários e os demais funcionários da antiga Casa de Detenção de São Paulo que na época era dirigida por José Isael Pedrosa.
    Pedrosa comunicou ao secretário de Segurança Pública o que estava ocorrendo e após isso três juízes e o comandante Ubiratan Guimarães chegaram para realizar a negociação, porém ás 15:30 o comandante colocou para dentro do presídio a Rota, a Tropa de Choque, o OCE e o Gate. Ás 16:13 tais policiais passaram a atirar nos detentos e só pararam após 30 minutos, deixando 111 mortos e 87 feridos. Os sobreviventes tiveram que passar por um corredor polonês formado por policiais correndo e nus; alguns foram encarregados de empilhar os corpos no 1º andar.
    Nenhum dos 74 PMs foram feridos ou punidos. Em setembro de 2016 o Tribunal de Justiça de SP inocentou os 74 policiais militares envolvidos no massacre, as penas giravam em torno de 48 a 624 anos.

    SERVIÇO

    111 VIGILÍA CANTO LEITURA
    Uma obra de Nuno Ramos
    Data: 1 de Novembro de 2016 até 2 de Novembro de 2016
    Horário: ás 16h até ás 15h