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Tag: Guaranis da Terra Indígena do Jaraguá

  • Centro Ecológico Yary Ty do Jaraguá. Um sonho possível

    Centro Ecológico Yary Ty do Jaraguá. Um sonho possível

    INFORME 10 abril 2020
    Centro Ecológico YARY TY

    Por: Povo Guarani da Terra Indígena Jaraguá

    Vitória!

    A luta pela criação do Centro Ecológico Yary Ty, em terreno que a Imobiliária Tenda pretende construir 11 torres para 880 unidades de apartamentos inicialmente e projeta mais 10 torres totalizando 1.620 unidades sob alegação de suprir demanda de moradia social, segue vitoriosa.

    Tal construção, como já esclarecido em nossos informes fere, em todas as instâncias, determinações legais, constitucionais e ambientais.

    As obras e manejo arbóreo estavam suspensas até a realização de uma 2a. audiência na 14ª Vara Cível Federal de São Paulo, designada para dia 06 de maio, que visto estado de pandemia COVID-19, foi cancelada.

    Centro Ecológico Yary Ty
    Possível território do Centro Ecológico Yary Ty

    Ademais foram consideradas pela juíza as considerações de entidades especializadas, como IBAMA, FUNAI, CETESB, Conselho Gestor da Reserva de Biosfera – Cinturão Verde, Conselho Consultivo do Parque Estadual do Jaraguá e Fundação Florestal, no sentido de haver fundada dúvida sobre ter sido seguido o correto procedimento de licenciamento ambiental e autorização dos órgãos protetores dos direitos indígenas.

    No decreto expedido em 07 de abril, desta semana, atendendo o pedido das Defensoria Pública da União (DPU) e Defensoria Pública do Estado de São Paulo (DPE), estudo do parecer do Ministério Público Estadual (MPE) e dado ciência dos fatos contestados contra a TENDA pelo Ministério Público Federsl (MPF), ficou entendido, através da Decisão da Justiça Federal que há potencial risco de dano ao meio-ambiente e ao direito indígena posto nos autos.

    Citação:

    “… O princípio da precaução, caro ao Direito Ambiental, ordena que diante de situação potencialmente prejudicial ao meio-ambiente, ainda que seus resultados não sejam de todo conhecidos, sejam tomadas as medidas mais cautelosas e protetivas, de modo a evitar dano irreparável. As manifestações em audiência de entidades especializadas, como IBAMA, FUNAI e CETESB, também foram no sentido de haver fundada dúvida sobre ter sido seguido o correto procedimento de licenciamento ambiental e autorização dos órgãos protetores dos direitos indígenas…

    … Do que a DPU relata, há substancial controvérsia jurídica sobre a possibilidade de realização de empreendimento na área, considerando, entre outras questões, os diplomas que determinam a existência de zona de amortecimento…”

    Da luta e pela vitória, dos desejos atendidos, da fé e rezo do Povo Guarani, da manifestação por acreditar que vale a pena sim o enfrentamento pela garantia dos direitos adquiridos, que vale a pena sim os jovens que estiveram a frente dessa luta serem exemplo de uma nova geração de guerreiros e guerreiras, da união de todos e todas que acreditam nas forças da Mãe Natureza, “… fica determinado que a TENDA se abstenha de realizar quaisquer atividades de manejo ambiental ou qualquer obra para implantação do empreendimento imobiliário na área objeto dos autos, até ulterior deliberação.”

    Vitória!!! A luta segue pela criação do Centro Ecológico Yary Ty e Memorial da Cultura Guarani!!! Aguyjevete a todo povo de luta!!!

    Acompanhe a luta por aqui.

    https://www.facebook.com/existeguaraniemsp/

     

    Fotos: Sato do Brasil/Jornalistas Livres. Video: FalangeAv/Paulo Pereira. Música captada por: Cassandra Melo. Voz: Melina Mulazani. Texto do vídeo: Texto: Blog do ISA (Instituto Sócio Ambiental)

     

  • Tenda contraria a justiça e comete crime ambiental

    Tenda contraria a justiça e comete crime ambiental

    INFORME T.I. Jaraguá 27 de março
    Centro Ecológico Yary Ty contra Imobiliária TENDA

    Por Povo Guarani T.I.Jaraguá

    Após a comunidade desmobilizar a ocupação, em 10 de março, na data da execução da ação de reintegração de posse, e também em respeito e cuidados necessários de recolhimento e isolamento devido a quarentena para prevenção de contágio do Coronavírus, COVID-19, nos mantivemos em nossas aldeias a partir de então. Pelo menos até a realização da audiência de conciliação, 6 de maio, o qual ficou estabelecido, através de uma determinação da Juiza Federal, que a área em conflito ficará fechada e restrita de qualquer atividade, desde obras a manejo arbóreo.

    Porém há dois dias, notamos uma movimentação suspeita no terreno e nos dirigimos ao local para averiguação. A atividade foi constatada no terreno, funcionários trabalhando em total descumprimento da quarentena e da determinação judicial.

    Funcionários da Tenda contrariando a justiça, colocam cerca elétrica

    Então nos reunimos, entre guerreiros e guerreiras na entrada do terreno, para que ficasse esclarecido que a comunidade não irá permitir quebra do acordo em hipótese nenhuma, por conta da Tenda.

    Em poucos minutos aglomerou no local um forte contingente policial. Aproximadamente 56 “polícia” em 8 viaturas e 4 motos Rocam, todos trabalhando em favor da Tenda. Tiramos fotos e gravamos a ação, incluindo a ação da PM entrando a 1h madrugada do dia anterior, na aldeia para nos intimidar, configurando outra ação inconstitucional e abuso de poder. Eram policiais militares sem a companhia de um agente federal e desprovidos de documentos para entrarem em área de proteção da União.

    Grande contingente da polícia militar para defender a Tenda
    Polícia não protege a população, protege o empresariado

    A Tenda se manifestou da ocasião, justificando apenas estarem providenciando medidas de segurança na área, grades, reforço das entradas e cerca de arame farpado nos muros. Por ora, foram aceitas as explicações, mas “alertas” sempre, dia e noite, até que a Tenda aceite a reivindicação da comunidade e da natureza, aceite a realidade dos fatos. Que a Natureza, através dos Guaranis a faça entender e aceitar o acordo com a prefeitura da transferência do potencial construtivo e vá! Que vá construir em outro local, já degradado, já concretado.

    O dinheiro da Tenda, que tem como maior acionista e consequente financiador o Banco Itaú, conseguiu “comprar” a Prefeitura e a SVMA (Secretaria do Verde e Meio Ambiente), para que fechassem os olhos e liberassem os devidos alvarás de execução, indevidamente. Quanto dinheiro vale para tanta infração? Quanto dinheiro vale para construir infringindo leis federais, municipais, ambientais e desconsiderando a constituição?

    A relação é grande e fere todos os quesitos, ignoram o componente indígena da portaria interministerial 060/2015 do IBAMA, a OIT 169, o Cinturão Verde do Bioma Mata Atlântica reconhecido pela UNESCO, desconsideram a ocorrência de um raríssimo remanescente da Mata Atlântica negando improcedente da Vegetação de Preservação Permanente (VPP) da lei municipal 10.365/87. Apresentaram um projeto completamente incompatível com Zona de Amortecimento do Parque Estadual do Jaraguá e totalmente em desacordo com Plano de Manejo e Lei Federal do SNUC 9.985/2000 (Sistema Nacional de Unidades de Conservação). Foram derrubadas quase 500 espécimes arbóreas, entre exóticas, nativas, raríssimas sendo muitas delas em extinção. Graças a nossa ação de ocupação o desastre foi contido (pelo menos até o momento, ou até dia 6 de maio).

    Não obstante os abusos apresentados, a Tenda teve seu alvará de execução expedido, os órgãos “i”responsáveis, a fim de justificar a liberação dessas licenças resumiram todo esses esplendor e magnitude da Mãe Natureza a um mero conjunto arbóreo uniforme e estagnado.

    Esse genocídio foi constatado e lavrado minuciosa e maravilhosamente detalhado no Laudo do Mistério Público Estadual, através de um parecer técnico, Inquérito Civil no. 59/2020 – 2ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente da Capital, elaborado pelo Dr. Ivandil Dantas da Silva, tendo sido baseado em vistoria no local, no estudo de imagens aéreas e de documentos do licenciamento municipal disponíveis no D.O. e no SIMPROC.

    Queremos que a TENDA enTENDA, não conseguirão seguir em frente com essa ação apocalíptica, não vão construir 1.672 unidades de apartamento para proximadamente 8.000 habitantes! #Fora Tenda!

    Esta área não é de habitação é área de preservação, sendo assim, se dará a criação, neste local, do Centro Ecológico Yary Ty – CEYTY – e Memorial da Cultura Guarani!

    Centro Ecológico Yary Ty, uma utopia possível
  • Carta para o Prefeito Bruno Covas dos Guaranis do Jaraguá

    Carta para o Prefeito Bruno Covas dos Guaranis do Jaraguá

    CARTA PARA O PREFEITO BRUNO COVAS ENVIADA PELOS GUARANIS DA TERRA INDÍGENA DO JARAGUÁ

    Nós, Guaranis da Terra Indígena do Jaraguá, localizada na zona Oeste de São Paulo, viemos, hoje, 27/03/2019, até a Prefeitura de São Paulo, com 300 pessoas da aldeia, crianças, mulheres, jovens e idosos, com o intuito de denunciar a municipalização da Saúde Indígena.

    Em 2010 os povos Indígenas de todo o país através de conferência, consultas aos Caciques líderes de todo o território nacional elaboraram o projeto da criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena – SESAI.

    Com a implementação da SESAI o atendimento nas aldeias passaram a ter um atendimento diferenciado e respeitoso com os indígenas, com sua cultura, língua e toda especifidade dos povos originários.

    O Governo Federal representado pelo Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, na tentativa de sucatear e boicotar a saúde indígena com a intenção do extermínio dos povos indígenas, apresentou durante 313 reunião ordinária do Conselho Nacional de Saúde Indígena – CNS, realizada em 31 de janeiro e dia 1 de fevereiro ao Fórum dos Presidentes de Condises a proposta de municipalização da saúde indígena e usa como argumento o atendimento do município de São Paulo à Terra Indígena Jaraguá, alegando que a municipalização na Terra Indígena funciona e serviria de modelo para todos os outros povos.

    Nós da terra indígena Jaraguá, viemos por meio desta, manifestar que o Município de São Paulo jamais respeitou nossos direitos garantidos na Constituição Brasileira, não respeita a Lei 8.080 de 19 de setembro de 1990, conhecida como lei Arouca e não respeita a Convenção 169 da OIT que nos garante a consulta prévia de qualquer ação que venha a impactar o nosso dia-a-dia na comunidade. O Estado tem a obrigação de nos consultar sobre qualquer questão que verse sobre nossa comunidade. O município de São Paulo nunca dialogou com nossa comunidade sobre as licitações que envolvem contratações dos servidores que trabalham dentro de nossa comunidade. O contrato feito na área de saúde que atende a Terra Indígena Jaraguá segue um padrão que não leva em consideração as especificidades dos povos indígenas, e de acordo com o artigo 19 E da Lei 8.080, os estados e municípios e outras instituições governamentais e não-governamentais poderão atuar complementarmente no custeio e na execução das ações. Porém, sendo responsabilidade do governo federal no organismo da Secretaria Especial de Secretaria Indígena – SESAI, a atenção primária às comunidades indígenas e as demais ações devem ser articuladas dentro do subsistema de atenção à saúde indígena.

    Afirmamos que a municipalização é um retrocesso à anos de luta, retirando o direito do indígena de ser acompanhado de forma diferenciada, e que respeita o modo de vida de cada povo.

    Temos registros de óbitos que casos que eram reversíveis, e por falta de conhecimento e respeito ao modo de vida da população indígena do Jaraguá, o munícipio não soube atuar de forma correta e vidas foram perdidas. Exigimos que o senhor Prefeito Bruno Covas se manifeste em relação à municipalização e reconheça que os municípios do Brasil não são abertos e preparados para atender de forma diferenciada os povos Indígenas.

    Exigimos que:

    1) que o Prefeito Bruno Covas reconheça e se manifeste de forma pública contrário a municipalização.

    2) que o contrato da conveniada com a UBS Aldeia Jaraguá seja rediscutido com a comunidade, levando em consideração as reivindicações de forma de contratação dos funcionários.

    3) que o modelo de contratação de segurança da UBS volte a ser 12/36,

    4) que a UBS tenha funcionários também indígenas.

    5) que o contrato da SPDM/PAIS seja transferido para SPDM – Saúde Indígena que atua com povos indígenas em várias regiões, inclusive, no Hospital São Paulo.

    6) que os recursos para o financiamento da Saúde Indígena sejam transferidos do governo Federal e que a fiscalização e os processos decisórios tenham participação direta da comunidade indígena.

     

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