Quem ainda quer realizar um sonho, tem melhores chances de sobreviver, ouvi numa cena de filme, durante a madrugada. Perdoem, não sei dizer o título do tal, vi a cena e dormi novamente depois da frase.
Acordei com aquilo na cabeça, pensando se sonhara. A tv ainda ligada, oferecendo tagarela informações do cardápio do dia, no início da manhã já dizia o presidente sobre fritar hamburguer, do filho embaixador e tal, coisas de embrulhar o estômago quando se acorda.
Pesadelo.
Enfim, após escovar os dentes e o café de sempre, dei de cara com texto de Mestrando em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, de Heleno Rocha Nazário, sobre hermenêutica de profundidade, assunto interessante sobre o sentido das palavras, sua interpretação e reinterpretação geradas pelo indivíduo, sendo apenas mais uma interpretação possível.
Jürgen Habermas, filósofo alemão recente, situa a linguagem como uma de muitas dimensões da vida social, uma dimensão sujeita a deformações provocadas pelo exercício do poder, e assim indica que a análise deve identificar as distorções ideológicas que constrangem a linguagem, ligando esses casos e contrapondo-os com uma comunicação ideal e livre de restrições.
Salvador Dalí – construção mole com feijões cozidos
Gente sonha tanto, coisas bacanas, um cacho de bananas amarelas, coisa doce, boa. A mídia joga imagens, palavras que insistem, renovam a cada dia aquilo que pensamos querer. Há a vontade dos senhores. Sonhos também?
Nem sei dizer. Dizia Raul do sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade.
No início da manhã, estudantes da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) bloquearam a Avenida Guilherme Campos que dá acesso aos campus da universidade estadual e da Puccamp ( Pontifícia Universidade Católica de Campinas) o congestionamento também impactou a Rodovia Dom Pedro I na alça de acesso.
No meio da manhã estudantes, mães, pais, professoras e professoras somados aos trabalhadores e trabalhadoras da educação começaram a ocupar o Largo do Rosário, na região central da cidade do interior paulista. Por volta das 10h30 a praça estava tomada e a as pessoas começavam a tomar as ruas em torno do Largo do Rosário. Por volta das 11h os manifestantes seguiram Glicério em passeata pela Av. Francisco até o Largo do Pará e de lá desceram pela Rua Barão de Jaguara até a Prefeitura.
A avenida Francisco Glicério, localizada no coração da área central, ficou completamente tomada, quase um quilômetro ocupado por cerca de 15 mil manifestantes segundo a organização. Faixas, cartazes e muitas palavras de ordem marcaram a manifestação em Campinas, os manifestantes lembravam a estreita ligação da família Bolsonaro com as milícias cariocas. “ Bolsonaro queremos educação! Não somos milicianos que precisa de fuzil”
Protestos em todo país
É o primeiro grande protesto contra o Governo Bolsonaro marcado por medidas impopulares que não beneficiam a grande maioria da população.
“Eles (Governo Bolsonaro) precisam aprender que Democracia não é um pacto de silêncio, mas sim uma sociedade em movimento em busca de liberdade. Que toquem os trompetistas do Brasil inteiro para acordá-los para a realidade.” Essas foram as palavras do ex-presidente Lula essa semana para os ativistas brasilienses Fabiano Leitão, o tromPetista, e Rodrigo Pilha, do canal Botando Pilha, numa carta em solidariedade às suas liberdades de expressão.
Na quarta-feira, 16, Fabiano Leitão e Rodrigo Pilha foram repreendidos pela Polícia Militar em frente ao prédio do Palácio do Itamaraty, em Brasília, antes e depois de uma ação de protesto que eles fizeram na chegada e na saída da visita do presidente direitista neoliberal fundamentalista da Argentina, Maurício Macri, ao presidente direitista neoliberal fundamentalista, Jair Bolsonaro.
Após a saída de Macri, Fabiano tocava trompete e Pilha transmitia ao vivo em seu canal e páginas nas redes sociais, quando o trompetista foi abordado por um policial e encaminhado a uma delegacia próxima por estar sem o porte dos documentos. Pilha foi questionado pela transmissão e, após apresentar documentos, liberado em seguida. Já o trompetista, mesmo dizendo seu nome completo e número do RG (Registro Geral) ao policial, só foi liberado após passar algumas horas detido na DP para averiguação.
“É um abuso de autoridade isso, para intimidar mesmo. Não é proibido, nem contra a lei, sair de casa sem documentos, muito menos tocar trompete em forma de protesto, nem transmitir ao vivo. Só na Ditadura Militar repreendiam e prendiam pessoas por esses motivos. Com a Constituição de 1988, isso caiu. E nós vamos lutar até o fim pela Democracia e liberdade do nosso país e contra esse golpe que prende não só nosso presidente Lula, como todos e todas as vítimas desse sistema, e que foram contempladas com políticas públicas para as minorias”, afirmou Fabiano.
Segundo a advogada ativista, Tânia Mandarino, não existe legislação que obrigue o cidadão brasileiro a portar os documentos identificatórios, portanto, ninguém pode ser detido “para averiguação” com fins de identificação, especialmente após ter passado os dados do RG. “Esse procedimento é ilegal e constitui crime de abuso de autoridade”. A Constituição Federal, em seu artigo 5º, LXI, diz que “preceitua dever ocorrer a prisão somente em decorrência de flagrante e por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária”.
Nessa mesma linha, a Lei 12.403/11, norma infraconstitucional, ao dar redação atual ao artigo 283 do Código de Processo Penal determina que “ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso de investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva”. “A chamada prisão para averiguação não foi recepcionada pela Constituição de 1988”, explica a advogada.
A segunda repressão da semana veio da própria Rede Globo, mais especificamente do repórter Marcos Losekann. Durante entrada dele ao vivo no Jornal Hoje de ontem, sexta-feira, 18, Fabiano Leitão tocou ao fundo um dos hinos dos petistas, “Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula!”. Após finalizar a transmissão, Losekann foi atrás e repreendeu o trompetista.
Contudo, Fabiano recebeu a carta do ex-presidente Lula com muito carinho e felicidade logo após ele entrar ao vivo com Losekann, no link da Globo. “Essa carta foi o melhor presente da minha vida. Ainda bem que li logo depois da ação, se não eu poderia perder o foco. Imaginei ele escrevendo, fiquei emocionado. Tudo que fizemos por ele vamos continuar fazendo”, finaliza o trompetista.
Para Pilha, a carta é um gesto generoso de Lula. “Ficamos muito emocionados, porque significa um alento, um abraço e um aceno de quem reconhece a nossa luta. Mas nada tira a nossa indignação e tristeza com o fato dele estar pagando com a sua liberdade o preço de ter desafiado a elite perversa do nosso país. Não descansaremos enquanto ele não for libertado”.
Reprodução: carta do ex-presidente Lula aos ativistas Fabiano Leitão e Rodrigo Pilha na íntegra
A jovem jornalista Patrícia Lélis, 23, que denunciou em agosto de 2016 o deputado federal Marco Feliciano(ex-PSC, atual Podemos) por estupro, cárcere privado, sequestro e danos morais, publicou no último 1ºde dezembro em seu Facebook que a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos escolhida por Jair Bolsonaro, Damares Alves, sempre soube destes supostos crimes, anexando, ao post, prints de uma conversa entre as duas por Whastapp. A jovem a acusa de querer esconder o estupro e todos os crimes supostamente cometidos por Feliciano, assim comoos do senadorMagno Malta (Partido da República), a quem Damaresprestou assessoria parlamentar durante os seus mandatos, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), ex-namorado de Patrícia, que a ameaçaram para se calar sobre o caso.
De acordo com a postagem, por diversas vezes, a agora ministra, que também é pastora e advogada, pediu para que Patrícia não contasse a ninguém sobre o estupro. “Na Polícia Federal, falei sobre todos que sabiam do meu caso, e também deixei o celular para perícia. E digo mais: Ela não sabe apenas do meu caso, sabe de muitos, mas como sempre tenta silenciar as vítimas. Esses são os cidadãos de bem do governo Bolsonaro. Aos pais que frequentam a igreja e colocam pastores acima de tudo, eu só peço que tenham cuidado e escutem mais seus filhos, eles podem estar sofrendo assédio, estupro e ameaças para ficarem calados”, alertou Patrícia.
A futura ministra,que ainda nem assumiu o cargo, já marca presença nas mídias tradicionais com frases como essa:
“Hoje, a mulher tem estado muito fora de casa. Costumo brincar como eu gostaria de estar em casa toda a tarde, numa rede, e meu marido ralando muito, muito, muito para me sustentar e me encher de joias e presentes. Esse seria o padrão ideal da sociedade. Mas, não é possível. Temos que ir para o mercado de trabalho…”
Ela fala como se as mulheres que o trabalho doméstico não fosse um tipo de trabalho (pesado, por sinal). Fala como se o trabalho fora de casa não tivesse nenhuma relação positiva com liberdade e emancipação, capacidades e igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres.
Para Patrícia, Damares enviou uma mensagem com o intuito de constrangê-la e calá-la sobre os estupros:
“Patrícia, pense um dia em usar sua visibilidade para também dar voz a elas (às crianças). Precisamos de todo apoio para aprovar nossa lei. Li uma matéria triste sobre você. Saiba que meu silêncio em relação a você é necessário. Mas, de longe, estou acompanhando tudo e quero o melhor para você e sua mãe. Oro para que tudo isto acabe logo. Entrei nesta história quando a Marisa mandou você me procurar. Não pude fazer nada na época por você senão orar. Continuo orando. Se cuida, Patrícia. Se cuida. Deus é Deus, nunca se esqueça disso. Esta fase vai passar.”
Indignada com a resposta omissa da advogada e assessora parlamentar, Patrícia se posicionou contra a religiosidade oferecida pela ministra:
“Espero de coração que essas crianças fiquem bem, pois elas não tem culpa de onde nasceram, ou do que passam na vida delas. O que é lastimável. Porém, mesmo com todo meu desejo que essas crianças fiquem bem, também desejo que elas fiquem longe de qualquer tipo de religiosidade, e também de pessoas religiosas. Jamais me manifestarei novamente sobre algo, pedindo orações, pois sinceramente senti na pele que de nada resolve, e no meio cristão estão as piores pessoas, e também as mais sem caráter. A começar por Feliciano, Marisa Lobo, e Sara Giromini. Sobre o seu silêncio, não cabe a mim dizer nada, cada um age da forma que mais lhe convém.”
Na sequência, a ministra fala sobre as crianças indígenas suspostamente estupradas, assim como Patrícia e as demais mulheres da igreja.
“Patrícia, eu amo as crianças indígenas e elas são a razão da minha vida, eu as amo muito e oro por elas. Outra coisa: no meio religioso tem gente boa e gente ruim. Como tem em todo lugar. Você, com certeza, no meio religioso encontrou gente boa ao longo de sua vida. Gente que te amou e te ama. Gente que torce por você. Eu encontrei pessoas que te elogiaram muito dentro de uma igreja, mas muito mesmo. Você era muito talentosa na igreja. Patrícia, quanto a mim e a você, esta é uma história para depois. Mas se tu soubesses o que estou passando por ter ficado do seu lado. Se tu soubesses de tudo que já sofri e olha que fiz tão pouco por você. Eu apenas te ouvi duas vezes e depois ouvi sua mãe. Não fiz nada mais que meu coração de mãe e mulher mandou fazer naquele momento que era lhe ouvir e ouvir sua mãe. Talvez tivesse que ter feito mais. Muito mais.”
Em outro trecho, ela diz:
“Sua resposta pra mim soou como hostil.Não achava que você tivesse triste comigo ou guardasse mágoa de mim. Pelo contrário. Achei que você tivesse visto em mim alguém que orava por você e torcia pra que tudo isto acabasse logo. Mas tudo bem. Vamos caminhar. Já sofri demais com esta história também. Continuo aqui se você precisar. Deus a abençoe. Tudo isto vai passar.”
A jovem se defende:
“Não fui hostil, não entenda assim. Eu tenho raiva de todas as pessoas que sabiam, e se mantiveram omissas e não me ajudaram. Sobre eu ser talentosa na igreja, bom…sempre fui boa em tudo que faço, e sinto um ódio profundo por ter nascido nesse meio tão podre e moralista! A igreja me adorava enquanto eu fazia o que me era imposto, o que era ‘bonito aos olhos dos irmãos’. Mas, quando decidi pôr um ponto final em tudo que o Feliciano me fazia, todos me viraram as costas. Quando te procurei, sinceramente, era um momento em que o Feliciano colocava o Bauer atrás de mim, e tudo que eu queria era ficar longe dele! E se você passou por algo ao me defender, imagina o que eu passo todos os dias. É uma soma de tentar me defender + provar na Justiça que não peguei dinheiro + tentar esquecer que fui abusada e agredida pelo Feliciano. Já pensou sobre isso? Sinceramente jurei que você me ajudaria, pois várias pessoas me disseram que, por você ser assessora do Magno Malta, poderia me ajudar. E tudo o que tive em troca foi omissão. Você mesma disse a mim que sabia de casos absurdos do Feliciano, e como você se tornou omissa a tudo isso? Olha pelo que eu passei e estou passando! Mais uma vez tenho a certeza que pessoas evangélicas não se importam com vítimas de crimes, mas sim com dinheiro, fama, holofotes e uma suposta moral da igreja.”
Na mesma semana, Patrícia também publicou em seu perfil do Facebook uma conversa em vídeo entre ela, sua mãe e uma pastora da mesma igreja de Marco Feliciano conhecida por Dani Alexandria, que confirma ter sido amante dele, além de cúmplice nas ocultações dos estupros e coações, já que era ela mesma quem oferecia dinheiro às vítimas para que se calassem, não denunciando o deputado, assim como ofereceu à Patrícia. Assista ao vídeo na íntegra aqui. https://www.facebook.com/927456067309372/posts/1981449791909989/
Em entrevista exclusiva aos Jornalistas Livres, feita por Viviane Ávila, Patrícia Lelis conta como conheceu a ministra Damares Alves, a pastora Dani Alexandria, e fala sobre a relação delas com Marco Feliciano, Magno Malta, a igreja neopentecostal e suas vertentes.
Jornalistas Livres: Como começou sua relação com a pastora Damares Alves?
Patrícia Lelis: Eu conheci a Damares dentro do PSC e sempre tive um bom relacionamento com ela. Quando parei de ir trabalhar na câmara por conta do estupro, logo nos primeiros dias ela me procurou, porque a Marisa Lobo, então psicóloga do Feliciano, já sabia do caso e pediu a ela para que conversasse comigo. Na mesma semana em que ela me procurou eu fui até o gabinete do Magno Malta, onde ela trabalhava, e conversamos. Mostrei todas as conversas, inclusive cheguei a atender uma ligação do Feliciano na frente dela. Ele me ligava com muita frequência, pois as pessoas na Câmara já estavam estranhando a minha ausência repentina. Foi então que ela me disse que tinha certeza sobre o estupro e que não duvidada da minha palavra e dos fatos, pois ela e a Marisa Lobo sempre ajudavam mulheres mais ou menos da mesma idade que a minha que também tiveram “problemas”, leia-se: estupro, com o Feliciano. Desde que ficou sabendo, a Damares me ligava todos os dias, segundo ela, para saber se eu estava bem. Também ligava para minha mãe para saber se eu tinha contado algo a minha família. Desde o início, ela me pediu para não contar nada, porque não poderíamos escandalizar a igreja e muito menos dar assunto para esquerda falar sobre os atos da então direita política e dos pastores. Eu ficava devastada a cada ligação que ela fazia e me perguntava se eu estava bem, mas logo em seguida ela me perguntava se eu tinha contado ou mostrado as provas para alguém.
Jornalistas Livres: E qual a sua relação com a outra pastora, Dani Alexandria, do vídeo que você publicou no Facebook no último dia 2? Como se conheceram? Eram da mesma igreja? Patrícia Lélis:A pastora Dani era da mesma igreja do Feliciano, em São Paulo. Ela me procurou via mensagem no Instagram, disse que tinha várias provas contra o Feliciano e que queria denunciar. Inicialmente eu achei que se tratava de outra vítima de estupro.
Jornalistas Livres: Mas, de acordo com o vídeo, a pastora Dani era amante dele e recebia dinheiro para manter segredo sobre o caso deles e ainda oferecia dinheiro a mando de Feliciano para meninas que eram estupradas se calarem… Por quem essas meninas eram estupradas? Por membros da igreja ou por ele mesmo? Patrícia Lélis:Exato. Eles eram amantes, Feliciano dava uma “mesada” a ela….e quando ele queria ter relações sexuais com outras mulheres, ela o ajudava a chegar nessas mulheres e, quando elas recusavam, o Feliciano abusava, estuprava. E a pastora Dani vinha logo depois oferecendo dinheiro para essas meninas não contarem o que ocorreu, e sempre com o mesmo papo de “não foi estupro, ele é um homem de Deus…”.
Jornalistas Livres: Quantos processos você move contra Feliciano e por quais razões? Patrícia Lélis: Um processo criminal, que é sobre o estupro, cárcere privado e sequestro, e um de danos morais.
Jornalistas Livres: Você também move processo contra Eduardo Bolsonaro, não é? Vi matéria sobre ameaças que ele teria lhe feito pelo whatsapp…
Patrícia Lélis:O processo de ameaça do Eduardo Bolsonaro foi aberto pela própria PGR logo após perícia no meu celular. Desde o dia em que o Eduardo, assim como outras pessoas do PSC ficaram sabendo do estupro do Feliciano, todos, sem exceção, tentaram me coagir a receber dinheiro em troca do silêncio, e quando viram que eu não aceitaria dinheiro, começaram as ameaças. Com o passar do tempo, eu fui tomando consciência do que estava acontecendo e comecei a não aceitar mais essas ameaças e então fui registrando ocorrência, e desde então pararam.
Jornalistas Livres: Ainda sobre o vídeo com a Dani, você o anexou como prova em algum processo? Pode dizer em qual processo ou se abrirá um novo? Patrícia Lélis: Minha defesa anexou todos os vídeos e conversas no processo contra o Feliciano sobre o estupro.
Jornalistas Livres: Quais as suas expectativas com relação às investigações e andamento dos processos? Patrícia Lélis:Sinceramente, nenhuma. Eu duvido que exista Justiça nesse tipo de caso e, com um STF que podemos questionar sua conduta, ainda mais agora com o Moro como ministro…
Jornalistas Livres: Você está morando fora do Brasil? Desde quando? Quais seus planos para o futuro próximo? Patícia Lélis:Tenho proteção, sim. Eu vim logo após o segundo turno. Meu marido é americano, e inicialmente pensamos em continuar morando no Brasil, porém, com a eleição de Jair Bolsonaro, o Mark achou que seria extremamente perigoso e também teríamos ainda mais gastos com segurança. Então resolvemos morar aqui e recentemente comecei meu mestrado.
Jornalistas Livres: Como você lida psicologicamente com toda essa situação?
Patrícia Lélis: Atualmente, eu estou bem, mas ainda não é fácil. A cada dia que se passa, eu tenho me tornado mais forte. Eu fiz a escolha de lutar todos os dias contra as pessoas que se acham acima da lei. A minha escolha foi permanecer viva, resistente e sempre contar aos quatro cantos do mundo o que é a direita política e principalmente a bancada evangélica. Jornalistas Livres: Cite as principais notícias falsas a seu respeito relacionadas a estes casos.
Patrícia Lélis: Nossa, essa é boa…São tantas. Mas as principais são: O laudo de mitomania, que já foi desmentido na Justiça, porque eu nunca me consultei com a Marisa Lobo e provei isso. E uma das mais absurdas também é sobre um suposto câncer no cérebro. Gente, isso é tão absurdo. Eu nunca tive câncer na vida, graças a Deus.
Jornalistas Livres: Quem é a Patrícia Lélis hoje, depois dessas violências todas?
Patrícia Lélis:Eu posso dizer que eu renasci e o feminismo me garantiu a liberdade do renascimento. Eu vivia em um mundo quadradinho, onde nunca podia falar minha opinião, e hoje eu entendo o que é o feminismo. O feminismo me trouxe novos sonhos, hoje eu posso não apenas sonhar, mas também acredito que eu posso realizar uma infinidade de coisas porque o mundo não é apenas dos homens. E o principal: O feminismo me ensinou que tudo que viola meu corpo, é estupro. E eu vou lutar até o fim contra toda a violência que sofri, não só por Justiça a mim, mas para incentivar todas as mulheres violentadas, seja de qualquer forma, a denunciarem.
Deputados Marcos Feliciano e Jair Bolsonaro se abraçam e Eduardo Bolsonaro filma. Foto: Lula Marques/Agência PT
Outro Lado
Jornalistas Livres tentaram contato com a ministra Damares Alves, sem sucesso. Espaço será garantido à ministra para que manifeste suas convicções sobre este episódio e sobre os assuntos relativos a sua pasta.