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  • Mulher chama entregador de  hamburguer de “macaco” e  pede troca por branco

    Mulher chama entregador de hamburguer de “macaco” e pede troca por branco

    “Esse preto não vai entrar no meu condomínio. Mandar outro motoboy que seja branco. Eu não vou permitir esse macaco”, avisou uma moradora do Condomínio Aldeia do Vale, de Goiânia, GO, à atendente da hamburgueria Ham Burguer na noite de ontem, 26. No entanto, na noite de terça, 27, o Condomínio soltou nota informando que a autora da mensagem ao aplicativo não mora no local.

    Segundo o jornal O Popular, a mensagem foi recebida às 23h45, quando o motoboy chegou na portaria do condomínio. A gerente da hamburgueria explicou por Twitter e Instagram que quando o entregador chegou ao local, ele pediu que a cliente liberasse a portaria, quando recebeu como resposta a declaração de racismo da cliente.

    “No começo, durante uns 15 segundos, eu pensei que era mentira, ou algum teste com o restaurante, uma vez que me recusei a acreditar que eu realmente havia lido isso”, explicou a gerente, identificada apenas como Carol. O entregador nem tinha feito contado com a moradora, o que leva Carol a acreditar que a cliente tenha ligado para a portaria a fim de perguntar se ele havia chegado e ficou sabendo sobre a cor da sua pele, já que a casa fica a certa distância da portaria.


    “Me indigna o fato de que isso realmente aconteceu. Não divulguei nenhuma informação da pessoa porque não quero ser processada por difamação, mas vou à polícia denunciar esse crime de ódio. Gravei tudo e está no meu acervo pessoal. Espero que essa criminosa não saia impune, isso é CRIME! Nunca tinha passado por isso antes. No momento, estava em ligação com o entregador, porque precisava passar informações de quadra e lote e ele, percebendo que eu tinha me calado, perguntou o que havia acontecido. Eu, parada e atônita, tive que contar pelo telefone que um crime de ódio tinha sido cometido contra ele, devido à cor de sua pele. A pessoa finalizou o chat dizendo que não compra em restaurante judaico”, contou Carol no tweet.

    Desmentido

    Enquanto a Polícia Civil apura o caso, na noite dessa terça-feira, 27, o Condomínio Aldeia do Vale divulgou nota informando que a cliente de hamburgueria não mora no residencial. Informou ainda que recebeu da polícia o nome cadastrado no aplicativo que foi usado para fazer o pedido.

    “Checando em nossos cadastros, temos certeza em informar que ela não é e nunca foi moradora do Aldeia do Vale”, disse o comunicado.

    A assessoria de imprensa do condomínio alega ainda que foram verificados os registros de visitante e que nenhuma pessoa com o nome usado para fazer o pedido de entrega passou pelo condomínio. “Tudo não passou de um trote criminoso por alguém que nunca residiu aqui”, diz a nota.

  • Brasil sofre com pandemia da Covid e pandemia da fome

    Brasil sofre com pandemia da Covid e pandemia da fome

    16 de outubro é o Dia Mundial da Alimentação Saudável e em todo o Brasil estão ocorrendo ações em defesa da soberania alimentar. A política de governo de Jair Bolsonaro, marcada pelo desmonte dos direitos dos trabalhadores, aumento histórico da taxa de desemprego e a não valorização da vida do povo têm contribuído diretamente para o aumento da fome entre os brasileiros.

    Em Goiânia, o Fórum Goiano em Defesa dos Direitos da Democracia e da Soberania, Fórum que reúne diferentes movimentos sociais e entidades sindicais, distribuiu alimentos da agricultura familiar na movimentada Praça A, região central da capital, local onde fica um terminal de ônibus.

    Foto: Alex Catira

    Apesar de Jair Bolsonaro tentar se gabar pela produção de alimentos para 1 bilhão de pessoas durante discurso da ONU, o presidente não citou que a fome se alastra pelo Brasil. A insegurança alimentar é uma realidade desde 2017-2018 para 84,9 milhões de brasileiras/os (IBGE), sendo 10,3 milhões de pessoas residentes em domicílios com insegurança alimentar grave, ou seja, falta comida em casa com frequência. O número não leva em consideração os moradores em situação de rua.

    Segundo a Central Única dos Trabalhadores de Goiás (CUT-GO), os alimentos da ação solidaria em Goiânia, durante o ato pela soberania alimentar, foram produzidos pelos assentados da Reforma Agrária ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e o Movimento Camponês Popular (MPC).

    Foto: Jornalistas Livres

    Conforme conta Jéssica Silva Brito, do Movimento Camponês Popular de Goiás, presente no ato em Goiânia, o fato de poucas empresas atuarem no controle dos preços dos alimentos, apesar de cerca de 70% da alimentação que chega na mesa dos brasileiros vir da agricultura familiar camponesa, é o monopólio criado pelas empresas que acaba por controlar os preços dos alimentos.

    Segundo o IBGE, o arroz ficou quase 20% mais caro desde o início do ano, o preço do feijão subiu 32,6%, da abobrinha, 46,8%; e da cebola, 50,4%. O desemprego já atinge 13,7 milhões de pessoas.

    Os pequenos produtores vêm sofrendo com fim das políticas públicas para o setor e o consequente aniquilamento dos programas que garantiam comida de qualidade e acessível na mesa do povo.

     “O estado deveria mediar, controlar o mercado, mas não o faz e ainda não tem investido na agricultura familiar camponesa”, explica. Ainda, com a pandemia, “os agricultores perderam cerca de 40% da sua renda, por conta do fechamento dos comércios e dos pontos de venda”, afirma.

    Os dados do IBGE de 2018 sobre a fome no Brasil mostram que a pandemia da covid-19, apesar de acentuada no Brasil pela negligência do governo federal e muitos governos estaduais em enfrentar a crise sanitária, esta pode ser considerada o único vilão da pandemia da fome que se espalha pelo Brasil. O aumento no preço dos alimentos combinado com desemprego estão a refletir diretamente para este retrocesso enquanto Nação e o possível retorno do país para o Mapa da Fome.

    Os avanços na erradicação da fome se deveram, no passado, à implantação de uma política de segurança alimentar e nutricional a partir de 2003, no primeiro governo Lula, com a aplicação de políticas públicas, com os aumentos do salário mínimo acima da inflação, com a geração de empregos e com a implementação do programa Fome Zero.

    O trabalhador e sindicalista Mauro Rubem, importante liderança do estado de Goiás, afirma, em entrevista ao Jornalistas Livres, que o incentivo à plantação de monocultura que é dado no país é também o causador do flagelo da fome e lembra que está destruindo o meio-ambiente. “Esse modelo é destruidor da terra, é um modelo onde eles querem esgotar toda a riqueza natural, transformar a classe trabalhadora em escravos e jogar as pessoas em um conflito social sem tamanho”.

    No próximo dia 15 de novembro, a população vai às urnas eleger os próximos parlamentares municipais, prefeitas e prefeitos. Ainda que a batalha por garantias de direitos plenos, como soberania alimentar, não se limite à disputa eleitoral, eleger candidatos comprometidos com a luta de classes cria condições para avançar rumo a este norte.

    “A população tem que ser atenta ao processo eleitoral municipal de agora, porque as eleições para vereança e prefeitura criam caminhos para começar mudanças”, afirma Mauro Rubem.

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