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  • Sobre Leon Trotsky e aquele astrólogo Olavo

    Sobre Leon Trotsky e aquele astrólogo Olavo

     

    Por Igor Santos, especial para os Jornalistas Livres

    O general Eduardo Villas Bôas declarou que Olavo de Carvalho é um “Trotsky” de direita, demonstrando sua ignorância sobre o revolucionário russo e sua miopia sobre o papel de Olavo de Carvalho.

    Primeiro é importante dizer que colocar Trotsky como uma espécie de Judas Iscariotes da Revolução Russa, evidenciou total desconhecimento sobre a literatura revolucionária produzida por Trotsky e a sua atuação como comandante-em-chefe do Exército Vermelho.

    Leon não é um traidor da revolução russa e, se assim a sua imagem foi passada, isso se deve em muitos aspectos à chamada esquerda fácil, aquela que não lê e reproduz discursos e propaganda oficial soviética. Sem falar, claro, no voluntarismo de boa parte do movimento trotskista, errando muito mais por vontade de fazer algo que por oportunismo ou má-fé.

    Importante frisar que aqui está um voraz crítico dos trotskistas, contudo admirador de Leon Trotsky.

     

    Generais não acreditam em mapa astral

    Outro fato é que Olavo é a gênese desse governo. Não são os generais e sua formação positivista os progenitores de Bolsonaro. O bolsonarismo é antes de tudo a manifestação política do youtuber septuagenário e seu séquito de lunáticos. Os generais e o alto oficialato sabem que a terra é redonda, nicotina entope artéria, mapa astral é papo de hippie e que não se cura gagueira olhando para um gato.

    Bolsonaro é o entreguismo mais rasteiro, sem nenhum lastro de preservação material do aparato estatal brasileiro.

    Olavo não pode ser comparado a Trotsky, mesmo sendo colocado como direita do espectro político, pois Leon Trotsky pertence a um mundo em que razão e a lógica eram bandeiras de uma revolução de fato, para saltar da servidão para a emancipação dos trabalhadores da cidade e do campo. Olavo, bem, Olavo é apenas um senhor senil e com delírios persecutórios. Um hippie que ainda acha que está nos anos 60, esse senhor pensa que o mundo ainda vive a guerra fria. Pior, às vezes, ele salta ainda mais para trás ao defender ideias medievais.

    Trotsky escreveu teoria e a colocou ao teste das ruas e canhões. Olavo twitta e grava “cursos” de filosofia mesmo sem ter cadastro na plataforma Lattes. Quanta diferença!

  • GENERAL VILLAS BOAS CHANTAGEIA A JUSTIÇA

    GENERAL VILLAS BOAS CHANTAGEIA A JUSTIÇA

     

     

    Tuíte do general Villas Boas: ameaça

    O tuíte do general Villas Boas, comandante do Exército, é a maior chantagem à Justiça desde a ditadura. O Supremo tem, agora, uma arma apontada contra os juízes: ou votam contra o HC de Lula e pela prisão em segunda instância, ou… ou o que, general? Traem a pátria? Traem o interesse público? Contrariam suas convicções pessoais? Desagradam sua corporação?

     

    Se o ministro Fachin tinha sido ameaçado, agora teria razões para denunciar a chantagem. Vivemos uma sequência de ataques à democracia e à independência dos poderes. Marielle e Anderson assassinados, a caravana de Lula agredida com tiros e impedida, pela violência, de seguir viagem, a mídia ensandecida porque a direita não encontra um candidato viável.

    Querem o quê? Prender Lula? Se não bastar, pretendem o quê? Suspender as eleições ou neutralizá-la com o parlamentarismo tirado do bolso do colete nas vésperas do pleito? O que muita gente boa parece não entender é que o impeachment, na atmosfera envenenada por um antipetismo patológico, abriu caminho para que saíssem do armário todos os espectros do fascismo.

    Não sou petista: sou anti-anti-petista. O anti-petismo é o ingrediente que faz as vezes do anti-semitismo, na Alemanha nazista. O anti-petismo identifica O CULPADO de todas as perversões, o monstro a abater, o bode expiatório, a fonte do mal. O anti-petismo gerou o inimigo e gestou a guerra político-midiática para liquidá-lo, guerra que se estende, sob outras formas (mas até quando?), às favelas e periferias, promovendo o genocídio de jovens negros e pobres, e aniquilando a vida de tantos policiais, trabalhadores explorados e tratados com desprezo pelas instituições.

    Há um fio de sangue que liga as palavras ameaçadoras do general, interferindo na autonomia do Supremo, na véspera do julgamento do Habeas Corpus de Lula, a agenda regressiva que cancela direitos, as balas contra a caravana de Lula e a execução de Marielle e Anderson. Os autores não são os mesmos, e existem contradições entre eles, mas há uma linha de continuidade porque todas ocorrem no cenário de degradação institucional criado pelo anti-petismo e nele se inspiram.

    Ser contrário ao anti-petismo, mesmo não sendo petista, é necessário para resistir ao avanço do fascismo. Os que votaram pelo impeachment e, na mídia, incendiaram os corações contra Lula e o PT, sem qualquer pudor, não tendo mais como recuar, avançam ao encontro da ascensão fascista, que ajudam a alimentar, voluntária e involuntariamente. Não podemos retardar a formação de ampla aliança progressista pela democracia, uma frente única anti-fascista.

    ***Luiz Eduardo Soares é um antropólogo, cientista político e escritor brasileiro. Soares é um dos maiores especialistas em segurança pública do país.