A ignorância tem muitas vestes e peculiar empáfia. Um sujeito, infrator, peita o guarda ligando para seu comandante, dando curso ao clássico “Sabe com que você está falando?”… A lei suprema que organiza as coisas na sua cabeça monárquica.
O servidor não se intimida, segue sua tarefa, e o infrator aguarda impaciente a hora da vingança. Rapidamente a imprensa apura tratar-se de flagrante de falsa identidade. Havendo título, o caso será de abuso.
Se dizendo desembargador o infrator amarga ressentido a falta de insígnias para humilhar. Autuação concluída, arranca a contrafé, pica e atira os pedaços ao chão, emporcalhando a si, a praia e a cidade que sonha ser apenas sua.
Sem máscara, mentido e sujando, esse é o protagonista de nossa tragédia social. Tem ódio à república e pavor à igualdade. Deseja uma sociedade de castas, organizada entre insultantes e insultados. Lei, só para os subalternos.
O protagonista da cena revela a patologia social de uma ordem construída sem compaixão e solidariedade, sem futuro, nostálgica do passado violento que ainda vive e pulsa forte diante da ameaça republicana.
Infrator é o outro. Pandemia não existe. Dever de limpar a sujeira sem repreender sua origem é a lei suprema. É um constrangimento assistir ao vídeo. Mas a cena apenas documenta o resultado final de uma construção social e a urgência de revertê-la
Na sexta-feira (05/07), a prefeitura de Embu das Artes tentou impedir uma festa julina popular que tinha como objetivo arrecadar recursos para uma doação. Já esperando que a prefeitura poderia cercear o evento, os organizadores preparam um ofício antecipadamente para realizar a festa numa escola estadual, como uma forma de “plano B”. A quadra da escola acabou recebendo o evento, que contou com centenas de pessoas.
A Guarda Civil Municipal (GCM) compareceu às 18h, antes do início da festa e impediu que iniciasse, exigindo que as barracas fossem desmontadas. A vereadora Rosângela Santos (PT), uma das apoiadoras do evento, interveio e pediu que a prefeitura aguardasse até às 12h de sábado. Durante esse meio tempo, a equipe da vereadora entrou com pedido de liminar para realizar o evento, mas o pedido foi indeferido.
Para os moradores o impedimento ocorreu por motivações políticas, uma vez que a vereadora que apoiou o evento é uma das principais opositoras de Ney Santos (PRB). “A GCM e a prefeitura nunca barram os baile funks, mas querem barrar nossa festa?” questionou um dos moradores.
O intuito da festa era arrecadar recursos para a família de Gilson, um morador que por motivos de saúde agora necessita de cuidados especiais. Os moradores já haviam se reunido para realizar reformas na casa de Gilson e arrecadaram dinheiro para a compra de uma maca. Os vendedores das barracas iriam contribuir com a doação de cestas básicas com parte do dinheiro arrecadado.
É o caso do morador Marcos, atualmente desempregado, e estava organizando a barraca de bebidas e desabafou na manhã do sábado (quando a festa ainda estava com a situação indefinida): “Não tá acontecendo [a festa] porque Ney Santos só pensa nele. Se fosse uma festa no nome dele, estaria acontecendo, mas como não é no nome dele resolveu barrar”.
Marcos também comentou do prejuízo que ele e os outros vendedores iriam tomar com a paralisação da festa: “O prejuízo é total, porque a mercadoria está comprada… Se não vender é prejuízo”.
Felizmente para os moradores, a festa foi transferida para uma escola estadual no bairro, graças a um ofício que foi preparado antecipadamente e recebido pelo conselho escolar, tal ofício foi pensado para o caso de possível represália da prefeitura. No entanto, alguns abusos ainda ocorreram, como o fato da GCM ter ido pedir esclarecimentos à escola, prática incomum, uma vez que a segurança das escolas estaduais é realizado pela PM. Outra irregularidade ocorreu quando dois funcionários a serviço da prefeitura se penduraram no muro da escola estadual para arrancar o cartaz informativo do evento.
Apesar das dificuldades, a festa foi um sucesso e mais de mil pessoas prestigiaram o evento no sábado e domingo. Contudo, durante o evento os responsáveis não deixaram barato para o prefeito, disparando críticas e indiretas “tentaram nos barrar, mas não conseguiram” e os vendedores ainda estavam um pouco frustrados com o prejuízo da sexta-feira.
Durante a festa o público curte com o “Robôtron”, uma das atrações do evento.
David Felipe da Silva. Graduando de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP). É Coordenador Geral da União Estudantil de Embu das Artes e também coordena o Cursinho Popular João Batista de Freitas.
CRACOLÂNDIA,SP: O corpo de Adélia Batista Xavier tombou por volta das 14h30 da quinta-feira (9/5), bem na frente do terreno que era a sede do Projeto Braços Abertos, que já foi considerado internacionalmente como um dos mais eficazes projetos de ressocialização de dependentes químicos. Adélia morreu na véspera de completar 31 anos com um disparo de arma de fogo que atravessou o seu cérebro, depois de entrar pela têmpora esquerda. Ela permaneceu mais de 30 minutos emborcada no chão, o sangue escorrendo abundantemente pelo buraco da bala.
Adélia Batista Xavier ficou quase uma hora sem socorro, sangrando no chão da Cracolândia
A Guarda Civil Metropolitana não permitiu a nenhum morador se aproximar de Adélia, para socorrê-la. Samu e Corpo de Bombeiros tampouco conseguiam chegar até onde ela estava, porque todas as ruas da região da Cracolândia estavam tomadas por tropas da GCM e da PM, que bloqueavam o trânsito. Adélia só foi dar entrada na Santa Casa de Misericórdia, vizinha à Cracolândia, às 15h30. Em estado desesperador.
O inspetor Ferreira, que comandava a GCM, quis colocar a culpa pelo disparo contra Adélia nos próprios moradores da Cracolândia. Para isso, disse que seus homens atuaram naquele dia apenas usando armamento não-letal. Mentira, como Jornalistas Livres provaram, mostrando fotos da ação em que aparecem agentes da GCM ameaçando moradores com suas pistolas.
Foi assim que, em depoimento prestado posteriormente no 77º DP (vizinho à Cracolândia), três guardas civis metropolitanos se apresentaram ao delegado Milton Coccaro e admitiram terem disparado com armas de fogo. Disseram, porém, que o fizeram em retaliação a ataque anterior por parte de traficantes.
É sempre assim nas histórias de “confrontos” narrados pelas tropas de segurança. A GCM diz ter sido atacada com tiros de arma de fogo por traficantes, mas nenhum agente foi ferido a bala. Por uma incrível coincidência, em quase todos os confrontos, só um lado sai ferido.
Eis que, de repente, surge a mais nova versão sobre a morte de Adélia. Segundo a polícia, Adélia seria chefe do PCC na Cracolândia e atuaria como “organizadora da disciplina dos demais traficantes, que estavam sob sua subordinação”. A nova “história” sai em toda a grande mídia, que já embarcou também na narrativa do “confronto”… Jornalistas Livres entrevistaram moradores da área, gente que conhecia Adélia. Todos admitiram que a moça era dependente de crack e álcool, mas TODOS rejeitaram liminarmente a acusação da polícia sobre o suposto envolvimento de Adélia com o crime organizado.
Mas isso pouco importa para essa imprensa chapa branca, que não terá nem mesmo o trabalho de “ouvir o lado da vítima”, já que esse lado está no necrotério, numa geladeira, com um buraco na cabeça. E, assim, a moça, de vítima transformou-se em bandidona da pesada. Vergonha.
Vergonha. Podemos dormir tranquilos até a próxima tragédia na Cracolândia.
Adélia Batista Xavier na Folha: assassinada, agora virou chefe do PCC
ACABA DE MORRER O homem pobre, sem nome, sem casa, sem direitos, que vivia na Favela do Cimento, na Avenida Radial Leste, incendiada na tarde de sábado (23), quando agentes da GCM entraram na comunidade tocando o terror.
A GCM apareceu antes do término do prazo dado pela juíza para a saída dos sem-teto, que expirava às 6h de hoje, domingo, gerando uma grande revolta entre os pobres.
Um homem morreu. Como a Prefeitura não providenciou nem sequer ambulâncias para a reintegração, o homem foi andando, sua pele queimada pendurada como se o corpo fosse um varal de trapos. As solas dos pés dele, em carne viva, deixaram um rastro de sangue pela rua.
O motorista da ambulância estacionada em frente ao hospital contou aos Jornalistas Livres que nunca viu cena igual. As pessoas na porta do hospital gritavam de horror ante a passagem do morto-vivo.
Hoje o coração parou de bater.
Vocês não fizeram nada para evitar a tragédia. Mas podem pelo menos tentar ajudar os demais moradores da favela, inclusive várias mulheres grávidas e crianças e bebês, que estão espalhados, assustados e sem assistência alguma andando pelas ruas da Mooca, na zona leste de São Paulo.
A crise humanitária está aqui, bem ao lado de nós!
Um homem pobre, miserável, morreu hoje à tarde, vítima de uma Justiça, de uma Prefeitura, de uma polícia, que não olha para a realidade triste dessas vítimas de um País sem Esperança!
Nota oficial: O Hospital Salvalus informa que na noite deste sábado (23), às 20h31, registrou a entrada de um paciente sem qualquer identificação, vítima do incêndio que atingiu a favela no entorno do Viaduto Bresser. O paciente com queimaduras foi prontamente assistido por nossas equipes e ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em estado grave. No início da tarde deste domingo a vítima não resistiu e faleceu em decorrência de complicações das queimaduras. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal. O Hospital Salvalus se solidariza e lamenta o ocorrido.
A incrível história de uma arma calibre 38 deixada/esquecida por um
Guarda Civil Metropolitano em um carro; a pancadaria dos guardas em cima
dos moradores de rua para reaver o revólver; e como o padre Júlio Lancellotti
ajudou a recuperar a arma que, se caísse em mãos criminosas,
poderia ser usada para matar inocentes
Guarda Civil Metropolitano esqueceu ou deixou jogada, na tarde de sábado (26), uma pochete com arma, munição, distintivo e seus documentos em uma viatura descaracterizada. O veículo estava estacionado na rua Jaibarás, altura do número 260, na zona leste de São Paulo. Trata-se de uma área com alta densidade de moradores de rua.
Os moradores de rua afirmam que o policial esqueceu a pochete em cima do capô do veículo. O guarda civil metropolitano disse que a pochete estava dentro do porta-malas do carro. Afirmou que se passaram apenas seis minutos quando, ao retirar o veículo de onde o havia estacionado, percebeu que o porta-malas estava aberto e dele havia sido retirada a pochete.
O fato é que um dos moradores de rua pegou a bolsinha e levou-a, sem saber que o carro era de um policial. Ao abrir, a surpresa: surgiu um vistoso revólver da marca Taurus, calibre 38, arma de propriedade da Prefeitura de São Paulo, acompanhada de 6 cartuchos íntegros, munição codificada da GCM de São Paulo.
Trata-se de uma máquina mortífera que, no mercado legal de armas, é vendida por mais de R$ 3 mil. E essa máquina mortífera pode virar um tesouro para um morador de rua, se for vendida no mercado informal (lembre-se que se trata de pessoa sem roupa, sem cama, sem casa, sem comida, sem nada).
No próprio sábado, iniciou-se uma verdadeira caçada ao revólver sumido. No boletim de ocorrência lavrado sobre o desaparecimento da arma, consta a versão do guarda civil metropolitano. Segundo ela, o furto teria ocorrido às 15h21. Mas a comunicação do fato (o registro do B.O.) deu-se apenas 3,5 horas depois, mesmo estando a delegacia a apenas 2 minutos de carro do local dos fatos.
Dezenas de moradores de rua nas imediações do Parque da Moóca relataram aos Jornalistas Livres que foram espancados, ameaçados, enfiados em viaturas e coagidos a contar o que sabiam (e o que não sabiam) sobre a arma desaparecida.
“Os guardas queriam informações para chegar aonde estava a arma. Diziam que viriam nos matar e que matariam o padre Julio Lancelotti, se o revólver não aparecesse imediatamente”, afirmou à reportagem um jovem, dependente de álcool e drogas, morador de rua há cinco anos e que não será identificado por razões de segurança.
Na madrugada desta terça-feira (29), as ameaças tornaram-se mais severas e os espancamentos também. Apavorado, um morador de rua procurou o padre Júlio Lancellotti, famoso defensor do povo pobre e oprimido, para lhe dizer que havia encontrado e levado a pochete, mas que entrou em pânico ao saber que ela pertencia à GCM, tropa com uma larga ficha de abusos e violência contra a população sem teto.
O homem resolveu devolver a arma à guarda, e pediu ao padre que avisasse ao comando que havia arremessado a pochete em um terreno pertencente à Eletropaulo, em que funciona a Estação Transformadora de Distribuição do Hipódromo, na mesma rua Jaibarás.
Eram 13h46 da terça (29) quando dois agentes altamente qualificados da GCM (trabalham diretamente com o Comandante Geral – Inspetor Superintendente Carlos Alexandre Braga) chegaram à modesta Paróquia São Miguel Arcanjo, cujo pároco é o padre Júlio Lancellotti. Ele os levou até a estação da Eletropaulo.
No caminho, o padre Júlio Lancellotti foi a todo momento abordado por moradores de rua. Um lhe pediu ajuda para tirar os documentos; outro queria apenas um aperto de mão. O padre chama cada um pelo nome, sorri, conversa. Ele é o protetor daqueles seres totalmente desvalidos.
Perigo de Morte na Estação Transformadora da Eletropaulo
A estação da Eletropaulo estava fechada. Ameaçadora, uma placa advertia: “Perigo de morte. Não ultrapasse”. O jeito era esperar. Por uma portinhola aberta no imenso portão de ferro, viam-se condensadores gigantescos, capazes de criar campos magnéticos poderosos. Havia perigo mesmo.
Logo apareceu o inspetor Hernane Pereira Meleti, homem de pouca conversa, bigodes fartos, uniformizado com o fardamento azul típico da guarda, pistola Glock no coldre, cercado por três motociclistas da GCM, um dos quais, franzino, logo começou a praguejar contra “esses esquerdistas protetores de bandidos”.
As horas passavam e nada de aparecer um funcionário da Eletropaulo para abrir o portão de ferro e garantir o acesso seguro ao interior do terreno. Por volta das 17h, chegou um outro veículo da GM/Classic Life, branco, viatura descaracterizada da GCM, pilotada por agente à paisana, que se apresentou como membro da “Inteligência” da GCM. Junto vieram mais quatro agentes sem fardamento, que o policial da “Inteligência” explicou serem P-2, agentes secretos, segundo a gíria policial:
“Eles estavam infiltrados nas manifestações da avenida Paulista [contra o aumento das tarifas e por moradia, que ocorreram nesta terça] e foram trazidos para cá, para acompanhar esta ocorrência”, disse, como se nada fosse.
Interessante notar que, para o setor de inteligência da GCM, um sujeito, para ser “esquerdista”, tem de andar de bermudas, camisetas, tênis e boné.
Confraternização geral entre os GCMs fardados e os vestidos com bermudas. Eram amigos.
Logo, os policiais se puseram a defender a tese de que não havia nada demais em um agente armado esquecer/deixar sua arma em cima do capô ou dentro de um carro estacionado na rua.
“Você nunca esqueceu o seu celular no carro?”, perguntou um deles, barbado, o mais nervoso do grupo, como se o potencial letal de um celular pudesse ser comparado ao de um revólver. Ao perceber que estava sendo gravado pelos Jornalistas Livres, o agente à paisana resolveu afastar a reportagem da porta da Estação Transformadora, alegando a criação de uma “área restrita” imaginária, que ia até uma árvore na calçada. Para imprimir autoridade, já que era difícil levar a sério imposição emanada de uma pessoa que parecia um hippie no túnel do tempo, ele mostrou o distintivo: tratava-se de um sub-inspetor da GCM.
Por volta das 18h30 havia nada menos do que 11 agentes da GCM defronte à Estação Transformadora –quase uma manifestação. Os quatro P-2, assim identificados pelo seu superior hierárquico, atravessaram a rua e foram esperar do lado de lá pela abertura do terreno. Impacientes, telefonavam toda hora para o homem “da Inteligência”, que atendia o celular, dizendo ser um chamado “do Comandante”…
O disfarce era pífio.
Um dos agentes disse que, caso a arma fosse encontrada, o padre Júlio Lancellotti teria de “entregar” quem lhe dera a informação. Padre Júlio, paciente como é, ensinou que a informação lhe fora confiada “em confissão”, sacramento secreto fundamental para o perdão divino, cuja violação é passível de excomunhão.
Passava das 20h quando, enfim, a Estação Transformadora foi aberta. A arma estava lá, conforme a informação passada ao padre Júlio Lancellotti. Ainda estava dentro da pochete, com a munição e o documento do guarda.
O revólver não foi parar nas mãos de assassinos perigosos, mas poderia ter ido.
Poderia ser usado para resolver uma briga de bar, uma crise de ciúmes, para roubar, para sequestrar. Para matar, que é para isso que uma arma de fogo serve.
A prefeitura de São Paulo provê cursos de capacitação periódicos, para que os guardas aprendam como lidar com suas armas. O objetivo é prevenir, entre outras coisas, que as armas acabem nas mãos de bandidos. Faltou dizer que não pode deixar uma delas sobre o capô ou sozinha dentro do carro.
Agora, se isso aconteceu com um GCM, imagine o que poderá ocorrer com as armas que estarão com pessoas comuns, depois que Jair Bolsonaro flexibilizou a posse de armas de fogo!!
Não é sempre que surge um padre Júlio Lancellotti para resolver as confusões em que se mete uma tropa tão trapalhona quanto violenta, como é a GCM. Que pelo menos nesta noite cesse a violência contra os moradores de rua da Moóca.
OUTRO LADO:
Jornalistas Livres encaminharam perguntas à Assessoria de Imprensa e Comunicação da Secretaria Municipal de Segurança Urbana, à qual está subordinada a Guarda Civil Metropolitana de São Paulo. Aqui as respostas obtidas:
Jornalistas Livres: Qual o procedimento padrão de um GCM para manter sua arma protegida? Quais as punições que podem ser aplicadas ao policial que deixou sua arma desacompanhada, no bairro da Moóca?
Resposta:O comando da GCM informa que foi aberta apuração para investigar a conduta administrativa do agente, em virtude do furto de sua arma. As punições podem ser desde advertência até eventual demissão.
Jornalistas Livres: O comando da Guarda pretende abrir uma investigação sobre as violências praticadas pelos GCMs contra a população de rua, incluindo ameaças ao padre Júlio Lancellotti, para obtenção de informações sobre a arma perdida/furtada?
Resposta:Em relação aos questionamentos de violências praticadas por guardas da corporação à população de rua ou ao padre Júlio Lancellotti, o comando da GCM informa que não recebeu nenhuma denúncia ou reclamação, sendo que adotará as medidas de apuração se receber a notificação do fato por alguma testemunha.
Jornalistas Livres: A GCM trabalha com infiltração em manifestações? Desde quando? Qual é o dispositivo legal que permite esse tipo de atuação por parte da GCM?
Resposta:A GCM não atua com guardas infiltrados em manifestações, nem possui em seus quadros agentes P-2.
Já perdemos as contas de quantas vezes o vereador Eduardo Suplicy (PT) entra em cena para proteger manifestantes legítimos de violência da GCM (Guarda Civil Metropolitana) em ação de mobilização política. Ontem no final da tarde, durante sessão extraordinária após audiência pública na Câmara dos Vereadores, em São Paulo sobre o PL621/2016, mais conhecido como “Sampaprev”, Suplicy teve que intervir fisicamente com luta corporal com a GCM para proteger a integridade física e moral da servidora pública Claudete Alves, que acompanhava tudo pacificamente de dentro do plenário. O PL trata da previdência municipal e pretende confiscar salários e aposentadorias, além de privatizar e capitalizar recursos.
Momento em que Suplicy protege a servidora pública de agressões da GCM em plena audiência na Câmara. Foto: Elineudo Meira
Os policiais da GCM tentaram retirar a servidora do local com um golpe “mata-leão”, de enforcamento. Demais vereadores de oposição da esquerda, como a Juliana Cardoso (PT), também tentaram impedir, mas a GCM usou laser e um deles acabou acertando um soco no vereador Antonio Donato (PT).
A vereadora Juliana Cardoso também intervem em defesa dos servidores, que protestam contra o Sampaprev. Foto: Elineudo Meira
Para completar as cenas de terror, o vereador Fernando Holiday (DEM), “partiu pra cima” do vereador Toninho Vespoli (PSOL) com bastante violência. O DEM e a base governista de Bruno Covas estavam especialmente empenhados em aprovar a qualquer custo a PL, sem que houvesse ampla participação dos servidores e uma discussão democrática, que é o mínimo a respeito dos trâmites normais em qualquer projeto, quiça de direitos de trabalhadores.
Demais vereadores da esquerda também tentaram impedir, mas a GCM continuou com a violência no plenário. Foto: Elineudo Meira
O presidente da sessão, Gilson Barreto (PSDB), assim como o presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), deu aso a tamanha covardia e pausou a sessão somente após a cena de violência com uma trabalhadora que está exercendo a sua cidadania e o direito de lutar pelos seus direitos, causando um grande tumulto em plenário, fato inconcebível num Estado Democrático de Direito.
Servidora pública protesta em defesa de aposentadoria e demais recursos para a Previdência. Foto: Elineudo Meira
Mais tarde, o plenário esquentou novamente com o vereador Holiday confrontando, com abuso de violência e covardia, a vereadora Juliana Cardoso. Ela desaprova o Sampaprev e representa com propriedade e muita resistência a mulher trabalhadora servidora pública que luta por seus direitos. “Tentamos dar obstrução total na casa, com substitutivos, várias intervenções, mas nada foi suficiente, porque eles (a base governista) trouxeram inclusive secretários municipais para virem votar e eles terem uma folga”, declara a parlamentar.
Momento de abuso de violência à vereadora Juliana por parte do vereador Holiday. Foto: Elineudo Meira
Cerca de 10 mil servidores públicos municipais protestaram em frente a Câmara ontem, das 10h até as 22h, para tentar derrubar o “SampaPrev”. Numa manobra às vésperas do recesso de fim de ano, a votação terminou por volta da 0h55 de hoje, sábado, com 31 votos favoráveis ao Projeto de Lei por parte da base governista, que pretende confiscar 14% dos salários dos servidores.
Segundo a vereadora Juliana, a resistência dos servidores continuará mobilizada para tentar derrubar o PL numa segunda votação no próximo dia 26, quarta-feira pós Natal. “Infelizmente a gente não venceu a batalha, mas ainda podemos vencer a guerra. Estejam todos (servidores) aqui, em frente à Câmara no dia 26, às 10h, para impedirmos essa votação e aprovação do Sampaprev”, finaliza a parlamentar.
Cerca de 10 mil servidores públicos protestaram em frente à Câmara dos Vereadores contra o Sampaprev. Foto: Elineudo Meira