Jornalistas Livres

Tag: #ForaTemer

  • Loteamento de Cargos e ameaça de destruição das Riquezas Naturais do país

    Loteamento de Cargos e ameaça de destruição das Riquezas Naturais do país

    De: Servidores do ICMBio

    Para: Jornalistas Livres

    Loteamento político do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, ameaça destruição de Riquezas Naturais, a Proteção do Patrimônio Natural e Promoção do Desenvolvimento Socioambiental do país.

    O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, é uma  autarquia federal, ligada ao Ministério do Meio Ambiente.  Com atribuições claramente definidas, consiste em  Órgão de Estado com obrigações constitucionais, cujo cumprimento se reflete diretamente no atendimento de direitos fundamentais do povo brasileiro.

    O ICMBio responde hoje pela gestão de 332 unidades de conservação federais, que abrangem 9% do território continental brasileiro e 24% de nosso território marinho. Atua ainda, na proteção e manejo das espécies ameaçadas de extinção. O cumprimento deste conjunto de atribuições é fundamental para que o Brasil cumpra o Artigo 225 da Constituição Federal, que obriga a todo cidadão brasileiro a garantir o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as atuais e futuras gerações.

    Contribui ainda para a proteção das águas, a manutenção das florestas e de todos os biomas, a proteção da sociobiodiversidade, o apoio às comunidades tradicionais e extrativistas, a estabilidade climática e a disponibilização de oportunidades de turismo, recreação e educação ambiental em contato com a natureza, contribuindo para o incremento e movimentação das economias locais e regionais onde há unidades de conservação federais. Tudo isso exige dos servidores e dirigentes do Instituto grandes doses de comprometimento, competência e conhecimento, como recomendado pelo  Ministério Público Federal em recomendação enviada ao MPF em 26 de maio de 2018.

    Desde 2017 o órgão vem sendo enfraquecido pela nada republicana ocupação de cargos técnicos importantes, como coordenações regionais e chefias de unidades de conservação, por políticos sem nenhuma experiência e competência comprovada na área ambiental.

    Nesta semana, os servidores do Instituto Chico Mendes foram surpreendidos e têm acompanhado com indignação as notícias de que a própria presidência do órgão estaria sendo oferecida a um dirigente partidário sem qualquer vínculo histórico ou experiência profissional na gestão ambiental, que levou a Ascema Nacional (Associação Nacional dos Servidores Especialistas em Meio Ambiente) a se pronunciar formalmente junto à sociedade.

    ​O indicado é Cairo Tavares, diretor-técnico da Fundação da Ordem Social (FOS), ligado ao PROS.​ Cairo Tavares tem 31 anos, concluiu em 2010 o curso bacharel em ciência política pelo Centro Universitário do Distrito Federal (UDF) e é secretário nacional de formação política do PROS. Não há em seu currículo qualquer menção sobre trabalho ou experiência na área ambiental.

    Um ato irresponsável desta ordem ameaça a continuidade do trabalho sério de consolidação das missões do Instituto de “Proteger o Patrimônio Natural e Promover o Desenvolvimento Socioambiental” no Brasil.

    Diante do exposto, servidores federais da área ambiental e entidades da sociedade civil organizada, exigem:

    • Fim e reversão das nomeações estritamente políticas, sem critérios técnicos e compromisso com a preservação ambiental.

    • Nomeação de  presidente para o Instituto Chico Mendes de pessoa idônea, portadora de notório saber e experiência profissional na área ambiental e comprometida com a preservação das riquezas naturais do país.

    Apoia a causa?

    Assine a petição on-line:

    https://www.change.org/p/cnbinho-gmail-com-icmbio-governo-federal?recruiter=524817467&utm_source=share_petition&utm_campaign=petition_show&utm_medium=whatsapp

     

     

  • A minha indignação à tamanha injustiça é tanta, que estou de luto

    A minha indignação à tamanha injustiça é tanta, que estou de luto

    De: Zuza Coutinho

    Para: Cartas para Lula

    Caro Lula,

    Sei que você está bem, mas não há um só dia em que não me lembre de você aí, cerceado de seus movimentos, de suas saídas…
    A minha indignação à tamanha injustiça é tanta, que estou de luto.
    Choro muitas vezes, está difícil se alegrar com a vida.
    Quando penso naquele famigerado Aécio Neves, ( o tal do avião cheio de cocaína, do aeroporto construído com dinheiro publico),  na casa dele no Rio, aí é que fico fula da minha vida !!!

    Agora, uma coisa é certa, você aí nessa clausura, é como uma graúda
    semente  que irá germinar muitos frutos democráticos, muitos
    sentimentos de solidariedade, você pode esperar.
    Essa é a nossa esperança; esses acontecidos devassaram a quem ainda não tinha clareza, a enganação que é a nossa Justiça, usada para fins políticos tão danosos.
    Novos caminhos surgirão.
    Temos certeza e você sabe disso melhor que eu.

    Tenho rezado para que Deus lhe ajude , lhe dê forças para transformar seus dias aí, num período de reflexão, de  repouso e cuidados.
    Rezo tambem pelo nosso povo trabalhador e mal tratado, pela nossa
    terra tão rica e tão linda !

    Firme aí !!!
    Grande, enorme abraço !!!

    Zuza

  • Dói em mim sabê-lo preso neste cubículo

    Dói em mim sabê-lo preso neste cubículo

    De Regina

    Para Cartas para Lula

    São Paulo, 10 de abril de 2018

    Caríssimo Presidente Lula

    Dói em mim sabê-lo preso neste cubículo ou mesmo em qualquer outro lugar. Sei muito bem dos carrascos que querem mantê-lo afastado do seu povo. Triste sina destes abestados! Gastar horas e horas para persegui-lo e no fim o que conseguem? Presos eternamente ao senhor, presidente. Não conseguem ficar um dia sequer longe do Lula. É Lula toda hora, todo momento, sem descanso. Pobre gente infeliz…e feia. Horrorosa mesmo. Mas deixa estar. Estamos aqui do lado de fora tramando inúmeras maneiras de mostrar a burrice dessa gente. De dar ao Senhor o apoio que merece. Se eles não se cansam de persegui-lo, nós não nos cansaremos de protege-lo. Agora e sempre.

    Uma pergunta. Agora que levaram o Senhor para a cadeia……..que notícia eles vão dar? Hummmmmm…………..logo, logo vão querer entrevistar o senhor. Não caia nessa não. Banana pra eles. Entrevista só pro nosso campo.

    Um forte abraço e a estima e respeito de sempre

    Regina Azevedo, São Paulo, SP, aposentada (idade nem pensar)

    PS- Toda a família lhe manda um forte abraço. Todos com Lula. Até as pequenininhas de 4 anos que gritam na janela Fora Temer.

     

     

     

  • O QUE FALTA ACONTECER?

    O QUE FALTA ACONTECER?

    Por Chico Malfitani*, especial para os Jornalistas Livres

     

    O que falta acontecer no Brasil pós-golpe?

    Que direitos mais faltam tirar dos trabalhadores?

    Que cortes no orçamento das áreas sociais falta Temer fazer?

    Que retrocessos na luta contra a escandalosa desigualdade social faltam acontecer?

    Que riquezas e empresas nacionais faltam esse governo entregar para os estrangeiros?

    Que ataques à liberdade artística e de gênero faltam os fascistas realizarem?

    O que falta o governo Temer fazer para trazer mais recessão e desemprego para o nosso povo?

    O que falta mais acontecer para muitos promotores, policiais federais, juízes e membros do Supremo continuarem desrespeitando a Constituição?

    O que falta mais entregar para a maioria dos deputados da desmoralizada Câmara Federal continuar apoiando esse governo corrupto e entreguista de Temer?l

    O que falta mais acontecer para todos tomarem consciência que a violência crescente no Brasil é fruto do desemprego, da recessão, do desânimo e da absoluta falta de credibilidade de instituições e governos do país depois do golpe?

    O que falta acontecer para se enxergar que a corrupção hoje no governo Temer atingiu níveis nunca vistos no Brasil?

    Que fala de general falta acontecer para se constatar que um retorno à ditadura militar ronda os lares dos brasileiros?

    E agora vem o mais grave de tudo:

    O QUE FALTA ACONTECER NO BRASIL PARA OS DEMOCRATAS, OS PROGRESSISTAS, AS ESQUERDAS E O CENTRO SE UNIREM?

    O que falta acontecer para que os que defendem a justiça, a democracia, a igualdade social, o desenvolvimento econômico para todos, as riquezas e o patrimônio nacional se unirem?

    O que falta para as lideranças de partidos, de movimentos sociais, de organizações de classe, de entidades, se unirem em uma só voz em defesa do BRASIL PARA OS BRASILEIROS?

    O que falta hoje acontecer para que se deixem de lado projetos pessoais, partidários ou econômicos e todos esses segmentos se unam em defesa da nação?

    E que mostrem aos 94% dos brasileiros que não aprovam o que Temer e seus aliados fizeram com o País que um outro  Brasil é possível?

    O que falta para estarem juntos num mesmo projeto num mesmo evento, integrantes e lideranças do PT, PCdoB, PDT, PSOL, PSB, PCO, dissidentes do PMDB e REDE, UNE, CNBB, CUT e outras centrais sindicais, associações de engenheiros, professores, advogados, jornalistas, artistas, intelectuais, blogueiros de redes sociais progressistas, empresários nacionalistas, etc, etc?

    O que falta acontecer no Brasil, para que todas as importantes iniciativas de combate a esse retrocesso nunca visto na nossa história se unam em torno do bem comum?

    Juntos por um BRASIL  PARA OS BRASILIEROS, Lula, Ciro Gomes, Haddad, Jaques Wagner, Roberto Requião, Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias, Manuela d’Ávila, Flávio Dino, Stédile, Boulos, Suplicy, Erundina, Jean Willys, Alessandro Molon, Bresser Pereira, Celso Amorim, Katia Abreu, Randolfe Rodrigues, Pedro Celestino,  presidentes da UNE, OAB, CUT, CNBB, juristas, jornalistas, artistas, brasileiros enfim que desejam um Brasil Justo para todos.

    O que falta para todos esse partidos, movimentos sociais e entidades de classe afirmarem em um ato conjunto que um outro Brasil é possível. E não esse que estamos –infelizmente– vivendo?

    O que falta para deixarem as pequenas diferenças de lado e estarem juntos em tudo que os une e que não é pouco: um Brasil que tenha desenvolvimento econômico, justiça social, defesa das nossas riquezas, democracia e liberdade para todos?!

    UM BRASIL PARA OS BRASILEIROS!

    E que em 2018, aconteça o que acontecer, estarão todos defendo esse projeto.

    A esmagadora maioria do nosso povo espera  ansioso por esse ato de força e grandeza!

    O que falta para isso  acontecer ?

     

    Chico Malfitani é jornalista e publicitário com mais de 30 anos de trabalho no marketing político. Comandou campanhas vitoriosas, como as que elegeram Luiza Erundina, prefeita de São Paulo; Eduardo Suplicy, senador do PT; Aldo Tinoco, prefeito de Natal (RN); Wilma de Faria, prefeita de Natal e governadora do Rio Grande do Norte; Willian Dib, prefeito de São Bernardo do Campo (SP) e João Paulo Kleinubing, prefeito do Blumenau (SC). Como jornalista, trabalhou em grandes veículos de comunicação como Veja, Jornal da República, TV Globo, TV Bandeirantes, TV Record, revista Placar e jornal Folha de S.Paulo. Fundador da Gaviões da Fiel, maior e mais tradicional torcida organizada do Corinthians, é um dos idealizadores e responsáveis pela campanha “Um Brasil justo pra todos e pra Lula”.

     

  • Luta contra as reformas de Temer contagia todo o Brasil

    Luta contra as reformas de Temer contagia todo o Brasil

    Por Patrícia Cornils, especial para os Jornalistas Livres

     

    Este é um país em movimento. Ainda que as categorias ligadas ao transporte na em São Paulo (ferroviários, metroviários, motoristas de ônibus) tenham decidido não entrar em greve nesta sexta-feira, dia 30 de junho, em outros estados houve paralisações: o metrô de Belo Horizonte não funcionou, ônibus e metrô de Brasília também não, Salvador parou, rodoviários fizeram greve em Belém do Pará. Sindicatos e federações de bancários de praticamente todo o país, de acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), aderiram à greve geral. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região estima em 30 mil o número de trabalhadores parados em 212 locais, sendo 12 centros administrativos e 200 agências. Os petroleiros também aderiram à greve geral. Além de terminais e plataformas, pararam dez refinarias. A greve nas refinarias, iniciada hoje, não tem data para acabar. É uma resistência à intenção da Petrobras de reduzir de 15% a 25% o número de trabalhadores na área de refino.

     

    A greve foi maior que a de 28 de abril? Não. Naquele momento as centrais sindicais foram unânimes no apoio à paralisação, o que não aconteceu desta vez. A União Geral dos Trabalhadores (UGT), por exemplo, decidiu fazer mobilizações de protesto contra as reformas trabalhista e da Previdência, mas não aderiu à greve. “As centrais, já na preparação desse movimento, disseram: vamos parar o Brasil com diferentes atividades e não necessariamente com uma greve geral como a do dia 28”, constata o economista Marcio Pochmann em entrevista à Rádio Brasil Atual. As explicações para isso são várias. Categorias como os motoristas de São Paulo receberam severas multas por conta da paralisação do dia 28 de abril, repara Pochmann.

     

    A União Geral dos Trabalhadores, à qual o Sindicato dos Motoristas de São Paulo é filiada, decidiu não convocar greve. “Não tivemos capacidade de conscientizar os trabalhadores da dimensão da reforma trabalhista. Estamos estarrecidos com o fato de que 513 deputados a aprovaram, um texto que passou de sete itens para 117 itens e que pretende, cirurgicamente, acabar com os sindicatos no Brasil, permite que patrões escolham interlocutores para negociar com a empresa, permite o trabalho de mulheres em condições insalubres, permite a realização de acordos individuais”, diz Ricardo Patah, presidente da UGT. Isso quer dizer que não se repetirá mobilização como a de 28 de abril no Brasil? Também não. A própria UGT avalia a possibilidade de chamar nova greve geral em julho/agosto, desta vez contra a reforma da Previdência. “Contra esta o povo vai para a rua e vai fazer o governo recuar”, acredita ele.

     

    A reforma trabalhista, objeto de curto prazo da greve de hoje, é “muito mais perversa do que a reforma da Previdência” mas também é “menos conhecida”, explica Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese, também à Rádio Brasil Atual. “As pessoas têm uma menor compreensão do impacto que a reforma trabalhista terá sobre a vida dos brasileiros e das brasileiras”. Independente disso, o que se viu, hoje, é resultado de um movimento que, acredita ele, não vai arrefecer. Os movimentos envolvem cada vez mais gente, constata ele, “cada um fazendo na base, no seu sindicato, na sua cidade, na sua categoria, o movimento que os próprios trabalhadores definiram, uns paralisando atividades, outros fazendo passeatas, marchas, manifestações, atos”, explica. “Este é um ganho que pouco se vê, mas cada vez mais categorias e pessoas são incorporadas ao debate sobre as reformas. Há diferentes iniciativas e o que se observa é que de fato o movimento atinge pequenas, médias e grandes cidades, e algumas capitais com uma paralisação mais intensa”, diz.

     

    Para Ganz, a resistência agora é importante para que o país não perca nem direitos nem os instrumentos para sustentar seu desenvolvimento, como as empresas públicas, os recursos naturais, as indústrias nacionais. “Há tanta coisa sendo destruída nesse processo e esses movimentos precisam dar conta de entender o que está acontecendo e construir um posicionamento para que a trajetória de nosso país seja alterada em direção a uma estratégia de desenvolvimento com justiça, igualdade, distribuição de renda e bem estar”. As centrais e movimentos vão conseguir construir esta posição conjunta? Ainda não sabemos. Mas a dinâmica do governo contribui para que isso aconteça, de uma forma perversa, como se pode constatar pela fala de Guilherme Boulos, coordenador da Frente Povo Sem Medo, também à Rede Brasil Atual. “Nós temos um Congresso Nacional que legisla de costas para a sociedade brasileira, 70% da população rejeita a reforma trabalhista e eles estão levando adiante; 89% da população quer diretas, e eles estão barrando. Estão criando cada vez mais um perigoso abismo do Congresso Nacional e também do governo para o resto da sociedade brasileira. Você para, os caras continuam; faz luta, os caras continuam; para o Brasil, os caras continuam; vai chegando um ponto em que o povo perde a paciência e só resta a desobediência civil. É isso que essa turma está plantando no Brasil.”

     

    Todos os estados e o DF têm protestos contra reformas do governo Temer”, é a manchete do portal G1 neste momento, às 17h35 da tarde. Na cobertura minuto-a-minuto da Central Única dos Trabalhadores pode-se ver como o dia foi em todo o país. Os Jornalistas Livres cobriram durante todo o dia as manifestações e lutas dos trabahadores. Helicópteros já sobrevoam as proximidades da Avenida Paulista, onde há um ato das frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular. Planta-se algo neste país. O que brotará, veremos nos próximos meses.

  • Vista suas galochas, o brejo está logo ali!

    Vista suas galochas, o brejo está logo ali!

    Por Tiago Macambira, dos Jornalistas Livres

     

    Em entrevista aos Jornalistas Livres o pesquisador Emilio Chernavsky, autor da tese de doutorado pela USP  “No mundo da fantasia: uma investigação sobre o irrealismo na ciência econômica e suas causas”, conta um pouco da recente história econômica no Brasil e faz um alerta em relação à contra-reforma trabalhista que está em tramitação no Senado:

    “Individualmente, para cada unidade produtiva, reduzir o custo de salários pode ser interessante. Mas se todos fizerem isso, cai a demanda da economia e não vai ter mais para quem vender.”

    O pesquisador ainda elucida como o país passou de uma situação de ciclo virtuoso, em que o Estado interveio positivamente na economia através de políticas de aumento do salário mínimo e ampliação de benefícios sociais, por exemplo; para um ciclo contrário, de recessão econômica, com perda de direitos e renda, aumento da desigualdade e pobreza.

     

     


    Achávamos que canções como “Brejo da Cruz” de Chico Buarque, que aborda a miséria, a exclusão, o sofrimento, a fome de crianças e a total ausência do Estado nas periferias mais pobres do Brasil, fosse ficar no plano da arte e da história. Jamais pensaríamos que os meninos desassistidos dos Brejos da Cruz espalhados pelo Brasil fossem novamente perder o mínimo de dignidade conquistada nos últimos 13 anos.  

     

    O menino da canção “Brejo da Cruz”, de Chico Buarque (1984), escapou da fome, da pobreza, foi à escola, cresceu, andou de avião, teve um filho. Agora este pai jardineiro, na tentativa de proteger o futuro do filho e aflito com sua lembrança sombria do brejo de sua infância de fome,  encontra-se com a cruz na frente do brejo do Congresso Nacional. Virou Jesus. E ninguém pergunta de onde essa gente vem. (leia a letra da canção no final da entrevista)

    Manifestação contra as reformas trabalhistas e previdenciária. Brasília, 24 de maio de 2017. foto: Tiago Macambira

    Jornalistas Livres:  De onde surgiu essa pauta da reforma trabalhista? Por que a reforma trabalhista enviada ao congresso era mais enxuta e só depois foi ampliada com emendas oriundas da CNI (Fiesp), CNT e FEBRABAN?  Foi uma janela de oportunidade dentro do golpe? Ou o golpe foi pra isso mesmo?

    Emilio Chernavsky: Foi a janela de oportunidade para realizar o “sonho de consumo” das federações patronais.
    Nos últimos anos (desde 2003), o mercado de trabalho foi ficando cada vez mais apertado; os patrões perderam um poder de barganha para o trabalhador de uma forma que ele nunca tinha tido dentro dessas regras (Constituição de 1988), principalmente de 2005 até 2014.


    Jornalistas Livres:  Por quê?


    Emilio Chernavsky: Você tem uma dinâmica virtuosa em que o aumento do salário mínimo,  regulado por lei, conduz à expansão da renda no mercado de trabalho e também fora dele, via transferências da previdência. Isso aumentou a demanda interna na economia que, ao aumentar a procura por trabalho, diminuiu o desemprego. Com desemprego menor, o trabalhador tem condições de exigir salários maiores, que lhe permitem consumir mais, realimentando o ciclo de expansão da demanda. Esse ciclo virtuoso interno foi ainda ajudado por outro, de origem externa, o chamado boom das commodities que, ao aumentar seus preços e volumes, permitiu a entrada  da moeda estrangeira (como o dólar), necessária para pagar as importações que também cresciam e, ao aumentar a oferta, ajudavam a controlar os preços no país.

    Além da mudança das regras de aumento do salário mínimo, os governos do PT tomaram outras medidas que ajudaram a aumentar a renda do trabalhador e as transferências da previdência. São importantes nesse sentido, por exemplo, o esforço da formalização  com a criação do MEI (micro empreendedor individual), e a facilitação no reconhecimento de direitos com mudanças regulamentares e a expansão de agências do INSS. Ou seja, ao mesmo tempo em que se aumentava o valor dos benefícios com a elevação do salário mínimo, aumentava-se também o número de pessoas com direito aos benefícios; dando impulso à demanda interna na economia.

     

    Jornalistas Livres:  Trocando em miúdos, esse dinheiro fruto do contínuo aumento do salário mínimo e das transferências previdenciárias vai ser gasto direta e indiretamente com o pequeno comércio (padaria, mercado, cabeleireiro, restaurante, loja de sapato, confeitaria, bicicletaria, pequenas fábricas e empresas de serviços)?

    Emilio Chernavsky: Isso! Comércios, serviços… que acabam tendo que contratar mais gente. Inclusive a indústria que atende ao mercado nacional cresceu muito naqueles anos. As pessoas começaram a comer mais, comprar geladeiras pra guardar alimentos, máquina de lavar, carro…

    Jornalistas Livres:  Aí então você entra naquele famoso ciclo virtuoso…

    Emilio Chernavsky: E com dois motores iniciais: a demanda externa e as políticas de expansão dos benefícios sociais e de aumento do salário mínimo. Por conta disso, o desemprego caiu e o salário aumentou ininterruptamente de 2003 (início do governo Lula) até o fim de 2014. Então, o que aconteceu? Os trabalhadores com mais poder de barganha podiam sair de um emprego ruim e mudar para um melhor, caso as condições de trabalho e o próprio salário não melhorassem. Essa situação foi favorecendo o lado do trabalhador e, com o crescimento da economia, também dos empresários até 2010 – 2011 – e alguns setores até 2014.

    Além disso, os jovens começaram a entrar cada vez mais tarde no mercado de trabalho, a estudar mais, a querer melhores salários; tivemos também uma mudança demográfica e as mulheres passaram a ter filhos um pouco mais tarde e com isso não mais se submetiam a qualquer trabalho.   

    Com esse aumento relativo do poder de barganha dos empregados e o consequente aumento do salário, as margem de lucro foram encolhendo desde 2010 / 2011, ainda que o lucro tenha em muitos casos se mantido alto. Com a queda, o empresário, principalmente do setor de serviços em que o custo da mão de obra impacta mais na redução de seus lucros, vai querer ver salários menores…

     

    Jornalistas Livres:  Suponha que eu seja um pequeno empresário… Em um primeiro momento, reduzir os salários vai-me fazer bem, mas, num segundo momento, isso fará bem para a economia de modo geral?

     

    Emilio Chernavsky:  Individualmente, pra cada unidade produtiva, reduzir o custo dos salários pode ser interessante. Mas se todos fizerem isso, cairá a demanda da economia e não haverá para quem vender. E com a redução dos custos de salários, com a reforma trabalhista e a redução das aposentadorias, prevista pela reforma previdenciária, a queda da demanda vai se aprofundar ainda mais.

     

    Jornalistas Livres:  Logo, efetuar essas reformas é dar um tiro no próprio pé….

    Emilio Chernavsky: Apoiar reformas draconianas nessas áreas em um momento em que o mercado de trabalho se encontra deprimido é um tiro no pé, já que vai reduzir a renda de muitos entre os próprios apoiadores. Os empresários tiveram anos de ouro e muitos ganharam muito dinheiro ao mesmo tempo em que muitas empresas foram criadas. E muitos, especialmente parte daquele novo pequeno empresariado que não tinha vivido longos tempos ruins como tivemos no passado, considerava que essa situação seria permanente. Ao perceberem que não é, e nos últimos anos verem seus lucros cair, a única solução que lhes ocorreu foi a que pareceu fazer sentido do ponto de vista individual. Daí apoio a essas medidas.    

     

    Jornalistas Livres:  Se o trabalhador e o empresário (pequeno e médio) perdem com essa reforma, a quem ela interessa afinal?

    Emilio Chernavsky: Parte das empresas vai quebrar, mas de alguma forma vão continuar a existir empresas prestando serviços e produzindo. E as que ficarem, sobreviverão a custos menores e com taxas de lucro maiores.

     

    Jornalistas Livres:  E com isso vai aumentar a importância econômica dos oligopólios?

    Emilio Chernavsky: Você tem sim uma forte tendência à concentração dos mercados em muitos setores e, quando se reduz seu tamanho, que é o que tende a acontecer em muitos casos, os mercados tendem a se oligopolizar.

     

    Jornalistas Livres:  E o que ocorrerá em relação à formalização do mercado de trabalho?

    Emilio Chernavsky:  Provavelmente, haverá uma formalização em determinados setores, mas o próprio trabalho formal tende a se precarizar, já que as reformas trabalhistas são em sua essência precarizantes, facilitando as demissões e reduzindo a remuneração.

     

    Jornalistas Livres:  É como se precarizasse as relações de trabalho da classe C sem ainda ter formalizado as relações das classes D e E.  

     

    Emilio Chernavsky: É uma boa analogia.

     

    Jornalistas Livres:  E todas essas alterações propostas farão o emprego aumentar? Com essas novas flexibilizações de horários de serviços, o empresário vai poder contratar mais?

     

    Emilio Chernavsky: Vai poder, mas dificilmente o fará. Com o fim da hora extra (ou banco de horas individual) e com essa situação de crise, o trabalhador vai trabalhar o quanto ele conseguir. Dessa forma o empregador não vai precisar, num primeiro momento, contratar novos empregados para responder a um hipotético aumento da demanda.  

     

    Jornalistas Livres:  Como fica a segurança jurídica nas relações trabalhistas? Não tende a diminuir?

     

    Emilio Chernavsky: Nosso sistema jurídico é custoso e gera incerteza. O sistema tributário é muito confuso, regressivo e também incerto, pois dá muita discricionariedade à fiscalização. A crítica liberal que aponta nossa excessiva burocracia é verdadeira. Isso é custo. E tendo todos esses custos, uma indústria mais velha, redução da escala produtiva e com a logística um tanto problemática não iremos concorrer, por exemplo, com a China, ainda que os custos trabalhistas cheguem a ser o mesmos que os praticados naquele país. Em resumo é isso: vai haver diminuição do mercado interno, aumento da pobreza e aquele pequeno empresário que defende essa precarização do trabalho vai dançar. E as contas públicas vão piorar muito, pois a arrecadação vai continuar caindo ou ficará estagnada..   

    E além disso tudo teremos uma situação inédita no país, em que a próxima geração que entrará no mercado de trabalho terá uma situação muito mais difícil que seus irmãos ou amigos mais velhos que, por exemplo, obtiveram bolsas de estudo para entrar na universidade, participaram de programas de habitação, não tiveram que entrar tão cedo no mercado de trabalho etc.

    https://www.youtube.com/watch?v=lluLyqheTu0

    Brejo da Cruz

    (Chico Buarque)

     

     

    A novidade

    Que tem no Brejo da Cruz

    É a criançada

    Se alimentar de luz

    Alucinados

    Meninos ficando azuis

    E desencarnando

    Lá no Brejo da Cruz

    Eletrizados

    Cruzam os céus do Brasil

    Na rodoviária

    Assumem formas mil

    Uns vendem fumo

    Tem uns que viram Jesus

    Muito sanfoneiro

    Cego tocando blues

    Uns têm saudade

    E dançam maracatus

    Uns atiram pedra

    Outros passeiam nus

    Mas há milhões desses seres

    Que se disfarçam tão bem

    Que ninguém pergunta

    De onde essa gente vem

    São jardineiros

    Guardas-noturnos, casais

    São passageiros

    Bombeiros e babás

    Já nem se lembram

    Que existe um Brejo da Cruz

    Que eram crianças

    E que comiam luz

    São faxineiros

    Balançam nas construções

    São bilheteiras

    Baleiros e garçons

    Já nem se lembram

    Que existe um Brejo da Cruz

    Que eram crianças

    E que comiam luz