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  • A “Justiça” que forja delação é a mesma “Justiça” que forja flagrante na favela

    A “Justiça” que forja delação é a mesma “Justiça” que forja flagrante na favela

    Texto do Editorial 4P (@midia4p e www.midia4p.com)

    O que as alas nacionais progressistas estão sentindo com relação às falcatruas, acordos espúrios e delações forjadas – construídas no âmbito da Lava Jato por juiz, procuradores e empresários, e reveladas neste domingo, 30, por reportagem da Folha de S. Paulo e do site de notícias The Intercept Brasil – é o mesmo que o movimento negro denuncia por décadas a fio em suas ações de combate ao racismo, apontando para o tratamento dado à população periférica e pobre do Brasil.

    A matéria mostra como os procuradores “trabalhavam” mudanças de delações para, desse modo, incriminar pessoas. O exemplo usado foi o do empresário Léo Pinheiro, da construtora OAS, que ao mudar o seu depoimento por duas vezes, foi pivô da condenação de Lula e teve sua sentença reduzida 70% (de 10 anos e 8 meses para 2 anos e 6 meses).

    O caso de Lula é emblemático para o Brasil e para o mundo. Mas, se “a lei é para todos”, como tanto tem se falado nesses últimos tempos, porque a dor dos negros injustamente encarcerados não causa comoção geral e, principalmente, dos setores progressistas nacionais?

    Ao longo dos anos, casos semelhantes vieram a público inúmeras vezes, em vídeos mostrando policiais mudando cenas de crimes, disparando a arma e colocando mas mãos do cidadão abatido, da maconha colocada na mochila para incriminar, entre outros exemplos emblemáticos.

    Mas por que os que se comovem com o caso Lula, em grande maioria, não saem às ruas, não criam fóruns de debates para se manifestar, não inundam a internet com hashtags que demonstrem a sua indignação e tão somente alguns poucos políticos denunciam tais violências?

    Certamente porque os corpos negros encarcerados são invisibilizados pela cultura do racismo, que, além de estruturar a sociedade desumaniza os corpos negros, transformando injustiças em banalidade.

    Casos como os de Amarildo, Rafael Braga e da modelo Bárbara Querino, além de serem esquecidos, não causam comoção por muito tempo, não servem de inspiração para a criação de movimentos em defesa de justiça e equidade e não são utilizados como modelos para apresentar tanto à sociedade brasileira quanto às autoridades internacionais as violações de direitos desses cidadãos, promovidas pelo Sistema de Justiça.

    É como disse, certa feita, o sociólogo Jessé Souza:

    “Essa lei social está para além da nossa consciência e comanda o cara que vai carregar o corpo desse pobre, o advogado que vai cuidar do caso, o juiz que vai dar a sentença. Está na cabeça da sociedade inteira e é o que diz que aquela pessoa é subgente, indigna do nosso respeito”.

    Até quando?, perguntamos.

    A cidadania plena para a população negra passa por esforços de todos os setores da sociedade e, quem sabe, o caso Lava Jato possa servir para uma reflexão mais profunda sobre a atuação do Sistema de Justiça, afinal a lei e a busca por uma justiça imparcial é para todos.

  • EDITORIAL: SOLIDARIEDADE A PATRÍCIA CAMPOS MELLO

    EDITORIAL: SOLIDARIEDADE A PATRÍCIA CAMPOS MELLO

    Folha de S.Paulo entrou com uma representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nesta terça (23) solicitando à Polícia Federal que investigue ameaças contra a jornalista Patrícia Campos Mello, autora da reportagem “Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp“, publicada na quinta-feira (18).

    Patrícia recebeu centenas de mensagens nas redes sociais das quais participa e por e-mail. Entre sexta-feira (19), dia seguinte à publicação, e terça (23), um dos números de WhatsApp mantidos pela Folha recebeu mais de 220 mil mensagens de cerca de 50 mil contas do aplicativo.

    Trata-se de uma ação orquestrada pelas redes de apoiadores do candidato Jair Bolsonaro, com o claro propósito de intimidar e constranger a liberdade de informação e de expressão. E isso não é por acaso.

    Reiteradamente, Jair Bolsonaro tem se manifestado contrário à Democracia e ao direito de divergir. Como nostálgico da Ditadura e um idólatra de torturadores, ele está ao lado dos assassinos do jornalista Vladimir Herzog e contra a busca da verdade que consiste na própria razão de ser do Jornalismo.

    É esse ventríloquo do Fascismo que estimula as hordas de robôs a atacar os repórteres e os veículos que eles consideram “inimigos”, simplesmente porque ousam expor uma realidade diferente daquela em que eles crêem.

    Nos últimos anos, Jornalistas Livres têm manifestado seguidamente suas críticas à cobertura facciosa da grande mídia, Folha de S.Paulo incluída, que tudo fez para desacreditar e enxovalhar Lula e os movimentos sociais.

    Agora mesmo, a Folha segue considerando a candidatura de Jair Bolsonaro como uma postulação de “direita”, em vez de chamá-la de “extremista” e “radical”, já que abertamente militarista, defensora da Ditadura, da tortura e da violação dos direitos humanos, contrária aos direitos das minorias e adepta da ruptura da ordem Democrática, quando seus interesses são contrariados.

    É uma pena que um jornal impresso como a Folha, para o qual a Palavra em seu sentido preciso deveria ser sagrada, recuse-se a qualificar Jair Bolsonaro e seu projeto político com clareza. Recuse-se a apontar-lhe a covardia de fugir ao confronto de idéias e projetos com seu opositor, Fernando Haddad. Recuse-se a denunciar-lhe a truculência desabrida e o discurso rasteiro e insuflador da violência.

    Bolsonaro é Fascista. Ele quer a Censura. Ele admira torturadores. Ele acha correto propor a morte de seus opositores. E ele precisa ser contido pelas forças democráticas esclarecidas e iluminadas pelo debate franco e aberto. Antes que seja tarde demais.

    Nossa solidariedade à nossa colega Patrícia Campos Mello. Contra a censura e contra o Fascismo.

    #EleNão #HaddadSim

     

  • Dias Toffoli é um censor, um covarde, um inquisidor, um verme moral

    Dias Toffoli é um censor, um covarde, um inquisidor, um verme moral

    O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, vetou a possibilidade de a imprensa entrevistar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, confinado há seis meses numa cela da Polícia Federal depois de condenado sem provas, num processo que envergonha o Brasil diante dos países civilizados.

    Trata-se do maior caso de censura já imposto no Brasil pós-democratização. Uma ameaça a toda a ordem democrática consagrada pela Constituição de 1988. Um cala-a-boca inominável dirigido à maior liderança popular da História nacional.

    É preciso que seja dito: Dias Toffoli é um censor. Dias Toffoli é um verme moral, um inquisidor. Um covarde. Um medroso –e só ver seu olhar permanentemente esbugalhado, perscrutando possíveis inimigos à esquerda e à direita;

    Tens medo de quê, Dias Toffoli?

    Dependia do presidente do STF a realização, antes da eleição, da discussão no plenário da Corte, sobre a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conceder entrevistas a órgãos de imprensa. O ministro Ricardo Lewandowski havia liberado na semana passada as entrevistas, o que logo em seguida foi desfeito pelo ministro Luís Fux.

    Por milhares de vezes, quando rastejava aos pés dos dirigentes do PT, Dias Toffoli jurou amor à Democracia e ao Estado de Direito. À luta dos trabalhadores e às possibilidades que um governo popular teria de mitigar a tragédia cotidiana causada por centenas de anos de escravidão e exploração desumanas.

    Agora, Dias Toffoli nega de uma só vez os direitos elementares de expressão, informação e manifestação (além de chutar para a lixeira a liberdade de imprensa). Alega que o faz para salvaguardar a paz e a tranquilidade das eleições que acontecerão no próximo domingo (7 de outubro).

    “Não vou pautar causas polêmicas nesse período. É o momento de o povo refletir e o povo votar”, disse o ministro, ao proferir palestra a estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FADUSP), no Largo São Francisco, nesta segunda (1º/10).

    Na mesma palestra, aliás, Dias Toffoli proferiu afronta sinistra às centenas de mortos e desaparecidos da Ditadura Militar.

    “Não me refiro nem a golpe nem a revolução de 64. Me refiro a movimento de 1964”, afirmou.

    Pobre toga manchada! Impedir a imprensa de fazer o seu trabalho é calar a boca do país. Impedir Lula de se fazer ouvir equivale a estourar os tímpanos da sociedade, para que não se escute a voz do contraditório. Uma das formas de tortura mais apreciadas pelos agentes da Ditadura, não por acaso, era o “telefone” –tapas simultâneos e fortíssimos nos ouvidos dos presos, para ensurdecê-los.

    Não existe democracia sem informação. Não existe democracia sem imprensa livre. Até a fibra mais insignificante da toga encardida de Dias Toffoli sabe disso.

    Mas ele não se importa e tenta a todo custo calar Lula e a imprensa. Para impedir Lula de dizer a todo o povo brasileiro que outro caminho é possível, além da terra arrasada prometida pelos apóstolos do apocalipse neoliberal. Este é o medo dos covardes como Dias Toffoli.

    Não é o fato de Lula ser um condenado o que o impede de conceder entrevistas. Como lembrou o ministro Lewandowski, “é muito comum diversos meios de comunicação entrevistarem presos por todo o país, sem que isso acarrete problemas maiores ao sistema carcerário”. E é mesmo: Fernandinho Beira-Mar, Cristian Cravinhos, Suzane Von Richthofen, Maníaco do Parque, Cabo Bruno e tantos outros, foram entrevistados na cadeia (veja os links do fim do texto).

    Todos esses “perigosíssimos” bandidos puderam falar porque nenhum deles era Lula. Nem representava o que ele significa para o empoderamento do povo pobre, ofendido e humilhado. Nenhum deles tinha contra si todo o grande Consórcio que reúne o Judiciário, a PF, os interesses multinacionais, os parlamentares corruptos e a grande mídia oligopolista do Brasil, “com o Supremo, com tudo”, como sintetizou um dos articuladores do golpe contra Dilma Rousseff, Romero Jucá.

    A toga imunda de Dias Toffoli não moveu uma prega diante de ato criminoso do juiz Sergio Moro, que acaba de levantar o sigilo sobre a Delação Premiada do ex-petista Antonio Palocci, preso há um ano. Palocci sabe que o passaporte para sua liberdade é falar qualquer coisa bombástica contra o PT –com provas ou sem, tanto faz.

    Mas isso não importa.

    Pouco importa que a Constituição seja enxovalhada. Que se favoreça a ascensão do fascista Bolsonaro –e pau nas mulheres, nos negros, nos gays, nos índios. A toga rota de Dias Toffoli nem liga.

    Vale tudo contra a esperança que Lula representa.

     

    Em tempo: Quando este texto estava sendo postado na internet, ficamos sabendo da decisão de Ricardo Lewandowski, reafirmando a liberação da entrevista de Lula à Folha de S.Paulo. Felizmente, ainda há homens e mulheres que honram seu compromisso com os valores mais altos da Justiça.

     

    “Reafirmo a autoridade e vigência da decisão que proferi na presente Reclamação para determinar que seja franqueado, incontinenti, ao reclamante e à respectiva equipe técnica, acompanhada dos equipamentos necessários à captação de áudio, vídeo e fotojornalismo, o acesso ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a fim de que possam entrevistá-lo, caso seja de seu interesse, sob pena de configuração de crime de desobediência, com o imediato acionamento do Ministério Público para as providência cabíveis, servindo a presente decisão como mandado”  (Ricardo Lewandowski)

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Veja entrevistas de alguns criminosos condenados:

     

  • Folha, um jornal a serviço da Casa Grande

    Folha, um jornal a serviço da Casa Grande

     

    O jornal “Folha de S.Paulo” promoverá no próximo dia 19 um debate importantíssimo. Tema: “A Guerra das Palavras: Os Limites do Politicamente Correto”. Trata-se de uma das atividades comemorativas do lançamento da enésima edição do chamado “Manual de Redação”, editado pela “Folha” desde a década de 1980.

    Sim, é uma coisa velha, datada.

    Sim, é pura pretensão querer normatizar como se deve redigir nesses tempos polifônicos.

    Sim, a “Folha” está atrasada 40 anos. O tempo passou na janela da alameda Barão de Limeira (onde fica a sede do jornal), e só os editores minions de lá não viram.

    A justa reivindicação por respeito, vocalizada por grupos discriminados e marginalizados, como as mulheres, os negros, os índios, LGBTQs, deficientes físicos e mentais, dependentes químicos e moradores das periferias, entre outros, deu origem a um questionamento mais do que legítimo da língua portuguesa, por ela espelhar a estrutura mental racista, sexista e excludente urdida pelos detentores do poder no Brasil desde sempre.

    Baniram-se dos círculos esclarecidos expressões, palavras e piadas humilhantes e depreciativas, que serviam apenas para corroborar a condição subalternizada das pessoas não brancas, não heterossexuais, não cisgêneras. Para corroborar a condição subalternizada de todo mundo que não se encaixa no padrão machista e consumista das campanhas publicitárias de cartões de crédito, aquele de gente que “precisar, não precisa”, mas compra.

    Para a “Folha”, essa exigência de respeito é apenas uma “Guerra das Palavras”, como se fossem significantes sem significados que deitam raízes em séculos de exclusão, em séculos de machismo e escravidão.

    Nossa, coitados dos minions que não podem mais falar que é “coisa de Preto” uma buzinada inesperada durante uma gravação… (Como todos sabem, foi por causa dessa frasezinha que William Waack, ô dó!, perdeu seu empregão no “Jornal da Globo”).

    Mais incrível do que tudo, entretanto é o fato de que a mesa chamada “A Guerra das Palavras: Os Limites do Politicamente Correto” terá como debatedores: William Waack (o próprio!), Sergio Rodrigues (Folha) e Carlos Maranhão (ex-Abril), todos sob a batuta do mediador Vinicius Mota (também da Folha).

    São todos homens, todos brancos, todos auto-declarados heterossexuais, todos de classe média. Não ocorreu à Folha convidar os negros ofendidos pelo ex-âncora do “Jornal da Globo”. Nem falemos sobre os demais grupos marginalizados e excluídos.

    Seria uma piada infame, se não fosse mais da mesma trágica exclusão que estrutura o capitalismo brasileiro. A “Folha” é o jornal da Casa Grande. Não é por nada que lhe desabam a circulação, o alcance e o leitorado. Bem feito!

    Desaba a circulação dos jornais (circulação impressa e assinaturas digitais)
  • Folha: Não dá pra não ver a manipulação!

    Folha: Não dá pra não ver a manipulação!

    Os repórteres Bela Megale, de Brasília, e Mario Cesar Carvalho, de São Paulo, produziram neste domingo um petardo mortal contra o tucano José Serra, que já foi editorialista da “Folha de S.Paulo”.

    Na reportagem “Odebrecht diz ter repassado € 2 milhões de caixa dois a José Serra”, publicada à página A9, deste domingo (9/04/2017), os dois contam e minúcias, como foi a delação premiada do ex-presidente do grupo Odebrecht Pedro Novis. Segundo Novis, foram repassados € 2 milhões (o equivalente a 5,4 milhões) ao caixa dois de José Serra (PSDB), a partir de 2006, quando o tucano disputou e venceu a eleição para o governo de São Paulo.

    A delação inclui a informação de que o dinheiro foi depositado entre 2006 e 2007 em contas na Suíça indicadas pelo empresário José Amaro Pinto Ramos, próximo ao PSDB.

    Apesar da riqueza de detalhes e da riqueza do valor que teria sido entregue a Serra, entretanto, a reportagem não mereceu nem uma mísera linha na capa do jornal, ocupando pouco mais de meia página, no fundão da cobertura de política.

    Quanta diferença em relação ao escândalo promovido pelo mesmo jornal, em 30 de janeiro do ano passado!

     

    Naquela ocasião, a pretexto de denunciar a compra de uma barco furreca de alumínio por dona Marisa Letícia Lula da Silva, mulher de Lula, o jornal consumiu quatro páginas internas. O barco, arrematado em uma loja de materiais de construção no valor de R$ 4.126, REPETINDO R$ 4.126!, tornou-se a manchete do jornal e o espaço de quase meia página da capa, numa edição de sábado, foi preenchido pela “denúncia” do fato gravíssimo. Marisa Letícia havia comprado um barco de R$ 4.126, com nota fiscal emitida em seu próprio nome.

     

    A “Folha” acaba de lançar a nova versão de seu Projeto Editorial, dizendo-se, como sempre, pluralista, apartidária e independente. SQN!

    O dinheiro que o delator afirma ter depositado na conta suíça de um testa de ferro de Serra daria pra comprar 1.308 barquinhos da dona Marisa. Se o espaço consagrado a cada uma das denúncias fosse proporcional ao montante em dinheiro, Serra teria de conviver com o assunto dos R$ 5,4 milhões, ecoando durante vários dias. Mas ele pode ficar tranquilo porque a pauta, apequenada no jornal de ontem, já sumiu do jornal de hoje (10/04/2017).

    Como é bom ser tucano!

    Entendeu o que é manipulação da mídia?

     

  • Folha demite Boulos só pra lembrar a todos que é golpista e partidarizada!

    Folha demite Boulos só pra lembrar a todos que é golpista e partidarizada!

    A “Folha de S.Paulo” demitiu hoje o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos, que há dois anos mantinha uma coluna semanal no site do jornal.

    A data da demissão coincide com a estrondosa vitória do MTST, que manteve sob sol e chuva, por 22 dias, um incrível acampamento no endereço mais valioso da cidade, a avenida Paulista. Pressionada, a Presidência da República concedeu a retomada as contratações do programa Minha Casa Minha Vida na faixa 1, para famílias com renda até R$ 1,8 mil, e comprometeu-se com a construção de 35.000 novas moradias populares.

    Foto: Christian Braga

    Boulos esteve todo o tempo à frente da mobilização que reuniu artistas, intelectuais, militantes de inúmeras forças políticas e o povo pobre, despossuído de tudo.

    Juntos e misturados, esses atores sociais almoçaram e jantaram as iguarias populares preparadas na cozinha coletiva e solidária do acampamento, assistiram a shows incríveis (como os da Liga do Funk, Izzy Gordon, Emicida e Criolo, entre outros), debateram os rumos do país e os riscos colocados pelo governo golpista.

    Não faltaram os incomodados de sempre. Gente que considera “Cidade Linda” aquela sem as cores, a diversidade, os múltiplos sotaques, as trocas enriquecedoras. Até abaixo-assinado exigindo das autoridades que desalojassem o acampamento foi patrocinado por uma pretensiosa e ridícula associação de comerciantes e moradores da avenida Paulista, chamada “Paulista Viva”.

    (Para que se tenha uma idéia do tipo de “vida” que a Associação Paulista Viva defende, basta dizer que, em momento de glória, durante as gestões dos prefeitos Marta, Serra e Kassab), ela pendurou baldes com flores artificiais nos postes de luz da avenida. Como ensinavam os Titãs: “As Flores de plástico não morrem.” Também não vivem.)

    É lógico que esse tipo de gente careta e covarde, apavorada com a diferença tenha se incomodado com Boulos e seus amigos.

    Não precisava a “Folha de S.Paulo”, porém, ser de tal modo servil aos reclamos higienistas da turma da Paulista morta.

    Vamos repetir o nome do que a “Folha” fez com Boulos hoje, ao comunicá-lo de sua demissão do quadro de colunistas do jornal:

    É censura… Censura… Censura…

    Sim, porque a “Folha”, que já foi comparada à Roma antiga, com suas “colunas e ruínas”, tantas são as colunas e tão ruinosa sua atuação em relação à boa reportagem, orgulha-se de contar com 170 colunistas e blogueiros como prova de seu jornalismo “pluralista, apartidário e independente”. Me engana, vai!

    Boulos foi demais para a Roma Antiga (embora Kim Kataguiri continue por lá, fazendo suas molekagens).

    Intelectual que julga inseparáveis a teoria e a prática, o coordenador do MTST não por acaso é hoje uma das principais lideranças jovens da esquerda. Bebe a realidade das vivências sofridas dos trabalhadores sem-teto e, junto aos seus camaradas de movimento, elabora a compreensão política, econômica e filosófica voltada para a ação transformadora.

    Perigosíssimo!

    Com essa demissão, a “Folha” reafirma seu caráter excludente, classista e partidarizado.

    Como bem notou Guilherme Boulos, a demissão até demorou…

    É hora de construir com mais energia e força a mídia independente e popular.

    É hora de jogar na lata do lixo da história esse jornalismo elitista, que só fala dos pobres (e com eles) na hora de criminalizá-los (e manipulá-los).

    Estamos juntos, Boulos!

     

    Aqui um exemplo do pluralismo da Folha, aquele em que cabe negra contra cotas, hippie contra a descriminalização das drogas, defensor da pena de morte… Mas não cabe Guilherme Boulos e nem o movimento social: