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Tag: Feira da Reforma Agrária

  • Doria sendo Doria: Governo de São Paulo impede a realização de tradicional feira da reforma agrária

    Doria sendo Doria: Governo de São Paulo impede a realização de tradicional feira da reforma agrária

    A perseguição aos movimentos sociais segue a toda em tempos de bolsonarismo, e sem limites! Decisão do governo de São Paulo irá prejudicar centenas famílias, de diversas regiões, que se prepararam para vender seus produtos numa das mais importantes feiras da agricultura familiar do Brasil. Vale dizer que a agricultura familiar é responsável por 70% – segundo dados oficiais – do que chega à mesa do brasileiro, mas Dória decidiu dificultar um pouco mais a vida de trabalhadores e trabalhadoras rurais, como se não bastassem os mais de 13 milhões de desempregados pelo país.

    Há três anos, a Feira Nacional da Reforma Agrária  é realizada no Parque da Água Branca, em São Paulo-SP. Segundo os organizadores da feira, no ano passado cerca de 260 mil visitantes circularam pelas barraquinhas dos agricultores, e foram vendidos aproximadamente 420 toneladas de 1.500 produtos. Além de produtos oriundos da agricultura familiar, a feira costuma apresentar uma vasta programação de palestras, rodas de conversa, oficinas e apresentações culturais.

    A feira, que estava prevista para o mês de maio, foi adiada pelo MST para o início de agosto, em local ainda não definido. O adiamento foi provocado pela recusa do governo João Dória (PSDB) em liberar o Parque da Água Branca, na Zona Oeste da capital paulista, onde a feira vinha sendo realizada anualmente.

    Segundo João Paulo Rodrigues, da Coordenação Nacional do MST, o governo de São Paulo avisou em cima da hora que não iria autorizar a realização da feira, apesar do pedido para a utilização do espaço ter sido protocolado há quase um ano. Para Rodrigues, o adiamento da feira irá prejudicar os agricultores, que já haviam se programado para a venda de hortifrútis e carnes para maio.

    O MST avalia que a proibição tem a ver com o alinhamento do discurso político de Doria ao de Jair Bolsonaro (PSL), que por diversas vezes já demonstrou interesse em perseguir movimentos sociais de esquerda, inclusive usando a repressão violenta.

  • Que comece a III Feira Nacional da Reforma Agrária!

    Que comece a III Feira Nacional da Reforma Agrária!

    Texto por: Agatha Azevedo

    A abertura da Feira no Parque Àgua Branca, em São Paulo, mostrou que o povo “é capaz de produzir, se organizar e criar outra realidade”, como afirma Maria Ivaneide, a Neném do setor de produção do MST.

    Com a presença de diversos parceiros, como Nilton Tatto (depto. federal), Admilson (depto. federal), Luiz Marinho (presidente do PT), Alan (Campanha Nacional Contra o Uso de Agrotóxicos), Jose (Via Campesina e MPA), Edson Fernandes (superintendente do INCRA), Maurício (Secretário de Meio Ambiente de SP), Marcios Elias Rosa (Secretário de Justiça de SP), Milton (MST), Gabriel (Diretor do Instituto de Terra de SP), Marco Pilas (Instituto de Terra de SP), Joice (Coordenadora do Parque Água Branca), Robert (Consul da Venezuela) e Zico Prado (Depto. Estadual), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra demarcou o seu lugar na luta por uma sociedade que produz e consome alimentos de qualidade.

    Fotos: Rafael Stedile

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Sobre a necessidade da reforma agrária para que a comida de qualidade chegue na mesa dos trabalhadores, Alan, da Campanha Nacional Contra o Uso de Agrotóxicos, afirma que “nada é melhor propaganda contra o uso de agrotóxicos e em defesa da vida quanto uma Feira como essa”. Segundo ele, a Feira mostra que a agroecologia é viável.

    Jose, do MPA e da Via Campesina, também fez questão de fortalecer a Feira. “O campesinato existe, alimenta, produz, gera e cultiva sementes, mudas, e a vida de qualidade. Aqui estão os produtos de resistência e ousadia, e é rompendo essas cercas que o MST fortalece a aliança entre o campo e a cidade e vem pra São Paulo”, diz Jose, saudando cada feirante Sem Terra.

    Milton, do setor de produção do MST, contextualizou a Feira no cenário político da luta pela terra. “A Feira da Reforma Agrária é um ato que é fruto de organização interna do MST e de articulação política com órgãos públicos. Somos gratos aos feirantes que estão aqui para mostrar os resultados da Reforma Agrária, que não estão pautados na grande mídia. A agricultura familiar é o melhor, e praticamente o único lugar onde a gente pode desenvolver uma alimentação limpa, sadia e livre de agrotóxicos e tenham certeza de que nós podemos sim alimentar toda a população brasileira.”

    Sobre a importância da Feira para o Movimento, Milton conta que “se nós estamos aqui na III Feira é porque um dia nós tivemos a coragem e a capacidade de sair de nossas regiões e lutar contra os grandes latifundiários improdutivos, porque é na luta que se faz nossa história.”.

    Estão presentes 23 estados brasileiros, com cozinhas e pratos típicos de todas as regiões do Brasil. Em torno de mil trabalhadores e trabalhadoras constroem a III Feira com produção, arte, cultura e formação. Ao todo, 300 toneladas de produtos, e mais de 1200 variedades, circularão ao longo dos 4 dias de Feira.

     

    Fotos: Rafael Stedile
    Fotos: Rafael Stedile
    Fotos: Rafael Stedile
  • Plantando sementes revolucionárias

    Plantando sementes revolucionárias

    Mais do que estar com elas durante os eventos e espaços do Movimento, a tarefa da Ciranda é passar para as crianças os saberes e os ideais do MST de forma lúdica, para que elas cresçam com os valores de amor e respeito pela terra e pelas pessoas, centrais na luta pela reforma agrária.

    O Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra entende que brincar é um ato político, tão importante quanto pensar a forma de produzir alimentos e de cuidar da saúde, já que as crianças garantem o futuro das lutas.

    Confira as fotos tiradas durante o Festival Estadual de Arte e Cultura da Reforma Agrária, em Belo Horizonte:

     

    Foto Maxwell Vilela, para os Jornalistas Livres
    Foto Maxwell Vilela, para os Jornalistas Livres
    Foto Maxwell Vilela, para os Jornalistas Livres
    Foto Maxwell Vilela, para os Jornalistas Livres
    Foto Maxwell Vilela, para os Jornalistas Livres
    Foto Maxwell Vilela, para os Jornalistas Livres
    Foto Maxwell Vilela, para os Jornalistas Livres
  • Cultura Sem Terra conquista o interior mineiro

    Cultura Sem Terra conquista o interior mineiro

    Campo do Meio, uma cidadezinha de 12 mil habitantes no cantinho do sul de minas, se encantou com a arte dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, durante o 1º Festival de Cultura Campesina. Realizado nos dias 22 e 23\10, o evento levou para a Praça da Matriz da pacata cidade a diversidade de linguagens, expressões e cores que compõem a Reforma Agrária Popular. Por lá passaram cerca de 2 mil pessoas durante os shows, teatros, mostra fotográfica, debates, feira de alimentos saudáveis, entre outras atividades.

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    Foto: Geanini Hackbardt/MST

    “Traduzimos para os trabalhadores da cidade todos os elementos que compõem nosso projeto. Desde a luta pela terra, pela educação do campo e por dignidade, até a produção musical, poética, de alimentos saudáveis. Um canto por terra, arte e pão, entoado por cerca de 120 militantes que se envolveram na construção desses dois dias de festa”, avaliou Bruno Diogo, da Direção Estadual do Setor de Produção. A Feira da Reforma Agrária e a Culinária da Terra entregaram mais de uma tonelada de alimentos direto das mãos do produtor para o mercado local.

    Toda a programação configurou um grande ato político, como jamais ocorreu ali, algo perceptível nas expressões de surpresa e exclamações dos moradores. Um ato de celebração, que evidenciou o resultado da resistência dos trabalhadores por 18 anos acampados na Usina Ariadnópolis, assentados na área de Primeiro do Sul e Santo Dias. “Comemoramos as conquistas geradas pela ousadia dos Trabalhadores Rurais Sem Terra nessa região de Minas Gerais, uma região historicamente dominada pelo latifúndio, que mais recentemente tem sido dominada pelas empresas do agronegócio”, explicou Silvio Netto, da Direção do MST.

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    Foto: Geanini Hackbardt/MST

    Este foi só o primeiro

    O movimento pretende realizar eventos semelhantes em pelo menos seis regiões, das nove em que está presente em Minas Gerais. “Nossa intenção é realizar muitos outros momentos como este. Estamos mostrando que o MST não só faz produzir as terras que o latifúndio abandonou. O MST também tem o dever de ocupar as cidades, mostrar que sem a reforma agrária, sem a agricultura camponesa, sem a cultura popular, não é possível que o povo tenha dignidade. Teremos muitos outros festivais nas praças, na roça, em Campo do Meio, em Alfenas, em Belo Horizonte”, projetou o dirigente.

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    Foto: Geanini Hackbardt/MST

    O Teatro conta a história

    Diversas apresentações cênicas foram marcantes na programação, como o Grupo Máscaras, o Circo Amarelou e os Sapucaiaços, que fazem um bem bolado unido música e bom humor.

    Durante a aula inaugural da Escola Estadual Eduardo Galeano, o Grupo Máscaras divertiu os estudantes com a peça A Cor Flicts, baseada no livro de Ziraldo. O diretor do grupo, Alberto Emiliano (conhecido como Preto) foi
    homenageado como um guardião da cultura caipira do sul de minas. “Ele criou o Máscaras e trouxe até nós. O teatro não é novidade na vida do povo sem terra do sul de minas, Preto, foi o grande responsável por essa popularização, por isso a justa homenagem”, explica Silvio Netto.

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    Foto: Geanini Hackbardt/MST

    Já as místicas realizadas pelos militantes do movimento contaram a história do Quilombo Campo Grande. Este processo de resistência negra dominou uma extensão territorial maior que Palmares, abrangendo regiões do Alto São

    Francisco, Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro, Centro e Sudoeste de Minas. O quilombo, coordenado por um agricultor chamado de Pai Ambrósio, chegou a ter 15 mil habitantes em 25 vilas confederadas, nas quais além de
    negros, se refugiavam índios e brancos pobres.
    “A nossa regional foi nomeada como Quilombo Campo Grande como forma de  reescrever esta  história apagada dos livros. A cultura também tem esse papel, de trazer ao povo a memória de luta que o capital esconde. Foram muitos os ataques da coroa àquelas comunidades e o povo enfrentou com muita garra, assim como os Sem Terra fazem em  Ariadnópolis”, compara Maysa Mathias, militante do MST, negra e organizadora do festival.

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    Foto: Geanini Hackbardt/MST

     

    Para Hadd Dalton, do Grupo Sapucaiaços, arte, vida e política não se dissociam. “Não tem como relacionar o teatro, a arte, com a vida/luta dos movimentos sociais sem pensar na frase do Bertolt Brecht, onde ele fala: todas as artes contribuem para a maior de todas as artes, a arte de viver; e o que é viver, senão lutar.” Segundo o contador, esses espaços são de grande aprendizado. “Foi nos movimentos sociais, na luta e nas rodas, que encontrei as melhores histórias e causos, cantei as melhores bandeiras, e aprendi com ambos, que participação social é a arte de viver e que partindo da cultura eu faria política.”

    Esperança sem fim

    Apesar da festividade, o conflito de terras mais antigo de Minas Gerais – Ariadnópolis – ainda não foi solucionado. O Governo do Estado deu prosseguimento no processo de desapropriação das terras da Antiga Usina, no entanto, ele está parado, aguardando decisão do judiciário. “O festival também vem no sentido de demarcar que nos despejar é despejar toda essa cultura”, assinalou Silvio Netto.

    “Saímos da sede em um acordo, na esperança de que a justiça tivesse uma solução definitiva, mas essa demora é uma tortura para todos nós. Por quantos anos mais teremos que esperar e aguentar as provocações e ameaças dos jagunços, faltando apenas uma decisão de um juiz”, cobrou Fátima Meira, da Direção Regional. O Quilombo Campo Grande resiste, como seus antepassados o fizeram, mas para fazer justiça a essa história, as terras precisam tomar o caminho que lhes é devido, a desapropriação.

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    Foto: Maria Aparecida/ MST