Jornalistas Livres

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  • Jornalistas Livres exibem Intervenção – Amor Não Quer Dizer Grande Coisa

    Jornalistas Livres exibem Intervenção – Amor Não Quer Dizer Grande Coisa

    “O estado de exceção e a inimizade se converteram na base normativa do direito de matar. Nessas situações, o poder (que não é necessariamente um poder estatal) faz referência contínua e invoca a exceção, a urgência e uma versão ficcionalizada do inimigo”. (Achille Mbembe)
    A extrema-direita fala…

    A epígrafe é utilizada como sinopse do filme, um documentário-colagem com discursos de extrema-direita colhidos na internet durante 2015 e 2016, e que segundo os diretores, serviram de motor/animador ideológico no processo que culminou no impeachment da Presidente Dilma Rousseff e levou ao poder o líder fascista Jair Bolsonaro.

    O que parecia delírio, paranoia e alucinação de ex-militares reformados, jovens e velhos ideólogos de extrema-direita, sugerindo, em 2015, manifestações na porta de quartéis pedindo a volta de um regime autoritário, ganhou corpo, forma e vida no atual governo, como demonstra a bizarra participação do Presidente da República no ato que pedia o fechamento do Congresso e do STF em frente ao Quartel General, em Brasília, no último dia 19.

    Por mais que o presidente venha minimizar o peso simbólico dos seus atos e palavras, é dever do jornalismo levar ao público conteúdos que ajudem a sociedade a se entender e pensar seus destinos. Nesse sentido, Intervenção – Amor Não Quer Dizer Grande Coisa tem o mérito de nos colocar em contato com um Brasil que ninguém quer ver, mas que ganha cada vez mais participação na vida pública.

    Inédito na internet, o filme foi exibido pela primeira vez em 2017 no 50º Festival de Brasília, na Mostra Terra em Transe. Na época, segundo um dos diretores, Rubens Rewald, “a sensação do público ao ver o filme era de profundo mal estar por parte de alguns, por travarem conhecimento com esse “novo” mundo desconhecido e assustador para eles, e de distanciamento por parte de outros, que consideraram o filme um mero catálogo de bizarrices. Quase três anos depois, nada mudou, ou melhor, as coisas pioraram, e muito, e aquilo que era considerado bizarro, hoje é normal, e cada vez faz mais parte do nosso dia a dia”.

    Para Tales Ab’Sáber “o que em um passado recente mal disfarçava o ódio e o desejo corpóreo de violência sobre alguém no ato limite de calar e atordoar o inimigo batendo panelas, hoje ultrapassou esta barreira, e prossegue, como compulsão à repetição indomável, tentando cada vez mais, cada dia mais, alcançar o corpo de direitos e o corpo real dos inimigos maléficos, sempre inventados, para animar esse sistema psíco-político. Do comunista imaginado de 2014/2015 chegamos aos artistas pedófilos, e às filósofas críticas bruxas do presente, sonhados para serem queimados”.

    Gustavo Aranda acredita que “a esquerda ainda não entendeu o processo revolucionário proposto pela extrema-direita. Ela apenas reage, se apegando às estruturas políticas que sempre foi crítica. Está abdicando de disputar a revolução em nome de uma ‘democracia’ que nunca fez parte da realidade da maioria da população brasileira”.

    Jornalistas Livres exibem Intervenção – Amor Não Quer Dizer Grande Coisa dia 21 de abril, terça-feira, às 21H30 pelo seu canal no Youtube.

     

    assista ao trailler

     

    Assista ao filme à partir das 21:30

     

    Sobre os diretores:

    Rubens Rewald e Tales Ab’Sáber (Rewald & Ab’Sáber)
    São formados em cinema, professores na USP e na UNIFESP em São Paulo e realizaram o documentário Esperando Telê em 2010. Rewald dirigiu também os filmes Corpo, Super Nada e Segundo Tempo. Ab’Saber é psicanalista e ensaísta. Juntos pesquisam um cinema de ensaio de baixíssimo orçamento.
    Gustavo Aranda é Jornalista Livre, documentarista e montador.

    Ficha Técnica:

    direção e montagem: Rubens Rewald, Tales Ab’Sáber (Rewald & Ab’Sáber) e Gustavo Aranda
    argumento: Tales Ab’Sáber
    edição de som: João Godoy
    musica: Romulo Fróes
    produtor executivo: Rubens Rewald
    produtora: Confeitaria de Cinema / Cérebro Eletrônico
    documentário de longa metragem: 76 minutos

  • PM de Santa Catarina quebra perna de mulher que estava rendida

    PM de Santa Catarina quebra perna de mulher que estava rendida

    Via Ponte Jornalismo

    Um vídeo chocante viralizou nas redes sociais nesta terça-feira (10), dois dias após o Dia Internacional de Luta das Mulheres (8M).

    No vídeo, uma mulher rendida pela PM, no município de Mafra-SC, é brutalmente agredida por um policial. Silvana de Souza teve fratura exposta na perna e sofreu ferimentos no rosto, que ficou ensanguentado. A agressão policial aconteceu no dia 19 de fevereiro deste ano, mas só repercutiu hoje (10), após o vídeo viralizar nas redes sociais. A PM tentou justificar a agressão, mas o vídeo não deixa dúvidas sobre a brutalidade criminosa:

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/1127978370885805/

     

    Por Drika Evarini, para a Ponte Jornalismo

    Dois dias e meio no hospital, fratura na fíbula e na tíbia, uma cirurgia, 13 pinos, uma platina, o rosto marcado e machucado e, talvez, mais uma cirurgia no tendão. A costureira Silvana de Souza, 39 anos, nunca mais vai esquecer o dia 19 de fevereiro, quando foi jogada no chão do terreno em frente a sua casa pela Polícia Militar de Santa Catarina. A ação foi filmada por celulares de testemunhas e divulgada nesta terça-feira (10/3), mas o caso aconteceu há quase um mês, em Mafra, no Planalto Norte do estado.

    O vídeo mostra o momento em que Silvana está sendo conduzida e, de repente, leva uma rasteira e é jogada no chão. Tatiana de Souza, irmã de Silvana, gravou as imagens que mostram a costureira com o rosto machucado, sangrando e a fratura exposta na perna. “Ele quebrou minha perna”, gritava Silvana.

    Silvana hospitalizada

    “Eu me senti um nada, um lixo, um zé ninguém para eles, como se eu fosse um animal. Não tinha necessidade de eles fazerem aquilo comigo”, lamenta, em entrevista à Ponte.

    A costureira estava em casa com a mãe quando, por volta das 18h30 daquela quarta-feira, policiais passaram em alta velocidade em direção à casa dos fundos. A ação, inicialmente, era uma perseguição ao vizinho de Silvana, que estaria pilotando uma moto com a placa adulterada.

    A movimentação incomum no bairro Novo Horizonte, na zona rural do município, chamou a atenção da vizinhança que foi tratada com truculência. Tatiana conta que os policiais logo partiram pra cima dos moradores, inclusive da sua família, com gás pimenta. Ao questionar a ação, o marido foi ameaçado de prisão.

    “Entraram na minha casa, com arma apontada, espirrando gás pimenta até nas crianças, com arma apontada. O meu menor, de quatro anos, não pode escutar uma sirene e já pergunta se é sirene, se é polícia, está traumatizado”, conta.

    Foi neste momento que Silvana, que mora ao lado com a mãe, chegou para saber o que estava acontecendo. “Vi um monte de PM, as crianças com os olhos vermelhos, minha irmã, meu cunhado e fui perguntar. Já fui abordada por um policial com spray de pimenta. Eu comecei a discutir com o policial porque achei abuso de autoridade. A ocorrência não tinha nada a ver com a gente e já entraram no nosso terreno com violência, apontando arma pra todo mundo”, conta.

    A costureira ressalta que não houve nenhuma agressão ou ameaça dos moradores, como afirma a polícia, mas admite que a família xingou os policiais por conta da truculência. Ela recebeu voz de prisão ainda dentro do terreno e foi conduzida. Pelo menos seis policiais participaram da ação.

    Enquanto a irmã filmava toda a ação, Silvana foi derrubada com violência. Instantaneamente o rosto começou a sangrar e a fratura na perna foi exposta. Tatiana também foi derrubada enquanto tentava ajudar a costureira e filmava. Ela conta que teve arranhões leves, mas que o celular foi recolhido pela PM. Ela só conseguiu reaver o aparelho oito dias depois.

    “Foi muito revoltante, até nisso a gente mostra que não é violento, eu fui filmando e falando com eles, acabei xingando. Mas em momento nenhum tentei agredir. Se fôssemos violentos teríamos tentado agredir. Quando eu tentei chegar perto, não deixaram e me derrubaram para pegar meu celular”, lembra.

    Silvana conta que tentou levantar e não conseguiu e foi nesse momento que percebeu que havia quebrado a perna. Ela lembra ainda que ficou por cerca de uma hora no chão enquanto a ambulância dos bombeiros era acionada, trabalho que ficou a cargo dos vizinhos. “Eles [policiais] não prestaram atendimento nenhum”, ressalta.

    Silvana mostra cicatrizes | Foto: arquivo pessoal

    A costureira lembra ainda que o policial tentou se esquivar da responsabilidade afirmando aos socorristas e também no hospital que ela tinha “escorregado”. “Ele disse que eu caí sozinha, que eu reagi e que quando ele caiu por cima de mim, o material de trabalho dele fraturou a minha perna”, diz.

    Durante os dois dias e meio no hospital, a costureira passou pelo procedimento cirúrgico para corrigir a fratura na perna, o que a tem impossibilitado de trabalhar. O retorno ao médico para avaliar a necessidade de nova cirurgia será no dia 25 de março.

    “É uma situação muito complicada, não tinha nada a ver conosco e eles falam como se nós fôssemos bandidos, falam de violência e não foi assim. É constrangedor, não posso trabalhar, tenho filhos para sustentar e agora, nos sentimos ameaçados né, porque querendo ou não, eles têm poder”, relata.

    Ela conta ainda que o mesmo policial que a agrediu, colheu o depoimento para gerar a ocorrência ainda no hospital. Silvana só foi liberada do hospital para casa porque a irmã pagou a fiança.

    Outro lado

    Em nota, a Polícia Militar de Santa Catarina afirmou que os moradores teriam se aproximado, iniciado a discussão e ameaçado os policiais, inclusive com um facão, o que teria motivado a utilização de gás lacrimogêneo. A PM declarou ainda que Silvana teria continuado a desacatar os policiais e demonstrado resistência no momento da prisão “razão pela qual o policial fez uso da força, derrubando-a no chão”.

    A nota ressalta ainda que os agentes “são treinados a fazer o uso progressivo da força, bem como, observarem os protocolos operacionais padrão”. A PM afirma que um Inquérito Policial Militar será instaurado.

    Ministério Público apura ação da PM

    O promotor Filipe Costa Brenner determinou, dois dias após a ação, a juntada de gravações, reportagens, do auto de prisão em flagrante e das imagens das câmeras policiais. A partir desses elementos, a promotoria deve avaliar se há elementos suficientes para instauração de procedimento e possível encaminhamento à Promotoria Especializada, em Florianópolis, para investigar possíveis abusos na ação militar.

    “Os fatos têm potencial para ensejar providências do controle externo da atividade policial e, inclusive, na seara criminal”, resumiu no despacho.

    Além disso, a família de Silvana contratou advogados que, em nota, dizem que estão aguardando a apuração do Ministério Público e do comando da PMSC. “Após a conclusão desses trabalhos, serão ajuizadas as medidas judiciais cabíveis”, afirmam.

  • Professor é vaiado em formatura de jornalistas por apontar ataques do governo à imprensa

    Professor é vaiado em formatura de jornalistas por apontar ataques do governo à imprensa

    Fazer jornalismo no Brasil está cada vez mais perigoso. Ensinar como se faz bom jornalismo, também. E os ataques não vêm somente do governo que deveria respeitar a imprensa e as instituições democratas. Vêm também, incrivelmente, de familiares de jovens decididos a fazer jornalismo. Sua primeira batalha, portanto, será dentro de casa: mostrar aos parentes os FATOS e a importância desses fatos serem bem reportados a toda população.

    Felipe Boff certamente é um professor querido no curso de Jornalismo da  Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos. Não fosse assim, não teria sido convidado para ser o paraninfo da formatura, realizada na sexta-feira (7), em São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Boff abriu seu discurso com um fato triste:

    A imprensa brasileira vive seus dias mais difíceis desde a ditadura militar. Entre 1964 e 1985, jornalistas foram censurados, perseguidos, presos, torturados e até assassinados, como Vladimir Herzog. Hoje, somos insultados nas redes e nas ruas; perseguidos por milícias virtuais e reais; cerceados e desrespeitados por autoridades que se sentem desobrigadas de prestar contas à sociedade. Todos sabem – mesmo aqueles que não acompanham as notícias – quem é o principal propagador dessa ameaça crescente à liberdade de imprensa. É o mesmo que também considera como inimigos os cientistas, professores, artistas, ambientalistas – como se vê, estamos bem acompanhados.

    A plateia, no entanto, não gostou dos fatos. Parentes dos formandos começaram a vaiar e xingar o professor. Aparentemente não compreenderam o que os próprios estudantes traziam escrito na camiseta:

    “Não existe democracia sem jornalismo”

     

     

    Conforme o professor seguia citando fatos, como os ataques com insinuações sexuais contra jornalistas mulheres e os xingamentos a cada pergunta incômoda na palhaçada literal que se tornaram as “coletivas” na frente do Palácio, mais parte da plateia reagia gritando histérica, certamente envergonhando alunos e parentes esclarecidos. Até nisso o discurso do Professor Boff foi preciso:

    Esta é a mensagem a ser destacada nesta noite: quando tenta calar e desacreditar a imprensa, o atual presidente da República ameaça não só o jornalismo e os jornalistas. Ameaça a democracia, a arte, a ciência, a educação, a natureza, a liberdade, o pensamento. Ameaça a todos, até aqueles que hoje apenas o aplaudem – estes, que experimentem deixar de bater palma para ver o que acontece.

     

    No final, os seguranças da universidade acharam por bem escoltar o professor para fora do evento, evitando que agressões verbais de fascistas ignorantes pudessem se tornar físicas. A coordenação do Curso de Jornalismo emitiu depois uma nota em solidariedade ao professor. Nós, jornalistas ativistas pelos Direitos Humanos, também nos solidarizamos com o professor e com os agora jornalistas do curso da Unisinos que não compactuam com os fascistas na plateia, por mais que sejam parentes. Ouçamos, TODOS e TODAS a convocação do professor:

    Jornalistas, este é o nosso compromisso. Não deixaremos que a tirania nos cale mais uma vez.

     

     

     

    Ainda na noite de sábado, o professor escreveu em sua página numa rede social:

    Hoje à noite, algumas pessoas pouco afeitas à liberdade de expressão e à democracia tentaram, aos gritos, me impedir de prosseguir com meu discurso de paraninfo na formatura da turma de Jornalismo da Unisinos. A virulência desse ataque – que fez até a instituição colocar seguranças para me acompanharem na saída do auditório – só reforçou a importância do que foi dito. Por isso, compartilho a seguir o discurso, que pôde ser proferido até o fim graças ao apoio de professores, formandos, alunos, ex-alunos e muitos mais.

    Confira o discurso completo do Professor Felipe Boff na cerimônia de formatura:

    A imprensa brasileira vive seus dias mais difíceis desde a ditadura militar. Entre 1964 e 1985, jornalistas foram censurados, perseguidos, presos, torturados e até assassinados, como Vladimir Herzog. Hoje, somos insultados nas redes e nas ruas; perseguidos por milícias virtuais e reais; cerceados e desrespeitados por autoridades que se sentem desobrigadas de prestar contas à sociedade. Todos sabem – mesmo aqueles que não acompanham as notícias – quem é o principal propagador dessa ameaça crescente à liberdade de imprensa. É o mesmo que também considera como inimigos os cientistas, professores, artistas, ambientalistas – como se vê, estamos bem acompanhados.

    No ano passado, segundo levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas, o presidente da República atacou a imprensa 116 vezes em postagens nas suas redes sociais, pronunciamentos e entrevistas. Um ataque a cada 3 dias.

    Querem exemplos? “É só você fazer cocô dia sim, dia não.” “Você está falando da tua mãe?” “Você tem uma cara de homossexual terrível.” “Pergunta pra tua mãe o comprovante que ela deu para o teu pai.” É dessa forma chula e rasteira que o presidente da República, a maior autoridade do país, costuma responder aos jornalistas. Seus xingamentos tentam desviar a atenção das respostas que ele ainda deve à sociedade. Nos casos citados, explicações sobre o retrocesso da preservação ambiental no país, sobre os depósitos do ex-assessor Fabrício Queiroz na conta da hoje primeira-dama, sobre o esquema da “rachadinha” de salários no gabinete do filho hoje senador, sobre o envolvimento da família presidencial com milicianos.

    O presidente das fake news, que bate na imprensa cada vez que ela informa um fato negativo sobre ele e seu governo, é o mesmo que deu 608 declarações falsas ou distorcidas – quase duas por dia – ao longo de 2019. O levantamento é da agência de checagem Aos Fatos. Querem exemplos? “O Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente no mundo.” “Leonardo Di Caprio tá dando dinheiro pra tacar fogo na Amazônia.” “O Brasil é o país que menos usa agrotóxicos.” “Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira.” “Nunca teve ditadura no Brasil.”

    Em 2020, depois de completar um ano de mandato com resultados pífios na economia e desastrosos na educação, na cultura, na saúde e na assistência social, o presidente não serenou. Redobrou os ataques à imprensa. Aplicou o duplo sentido mais tosco à expressão jornalística “furo” para caluniar a repórter que denunciou a manipulação massiva do WhatsApp na campanha eleitoral. Atacou outra jornalista, mentindo descaradamente, para negar a revelação de que compartilhou vídeos insuflando manifestações contra o Congresso e o STF.

    E segue promovendo o boicote à imprensa, com exceção daqueles que aproveitam o negócio de ocasião para vender subserviência e silêncios estratégicos. Aos veículos que não se dobram ao seu despotismo, o presidente da República impinge pessoalmente retaliações financeiras diretas, pressão sobre anunciantes e difamação de seus profissionais. Pratica, enfim, toda sorte de manobras sórdidas para tentar asfixiar o jornalismo e alienar a população dos fatos. E já nem se preocupa em disfarçar suas intenções. Querem um último exemplo? Declaração de 6 de janeiro deste ano, dita pelo presidente aos jornalistas “Vocês são uma raça em extinção”.

    Não, presidente, não somos uma raça em extinção. Ao contrário. Somos uma raça cada dia mais forte, mais unida, mais corajosa, mais consciente. Basta olhar para estes 21 novos jornalistas que estamos formando hoje. Basta ler os dizeres na camiseta deles: “Não existe democracia sem jornalismo”.

    Esta é a mensagem a ser destacada nesta noite: quando tenta calar e desacreditar a imprensa, o atual presidente da República ameaça não só o jornalismo e os jornalistas. Ameaça a democracia, a arte, a ciência, a educação, a natureza, a liberdade, o pensamento. Ameaça a todos, até aqueles que hoje apenas o aplaudem – estes, que experimentem deixar de bater palma para ver o que acontece.

    Para encerrar, gostaria de citar o exemplo e as palavras do grande escritor e jornalista argentino Rodolfo Walsh. Precursor da reportagem literária e investigativa e destemida voz contra o autoritarismo e o terrorismo de Estado, Walsh pregava que “Ou o jornalismo é livre, ou é uma farsa, sem meios-termos”. Dizia também que “um intelectual que não compreende o que acontece no seu tempo e no seu país é uma contradição ambulante; e aquele que compreende e não age, terá lugar na antologia do pranto, não na história viva de sua terra”.

    Rodolfo Walsh foi sequestrado e assassinado pela ditadura argentina em 25 de março de 1977. Na véspera, publicara corajosamente uma “carta aberta à junta militar”, denunciando os crimes do sanguinário regime, que então completava apenas seu primeiro ano. Estas foram as últimas palavras que Walsh escreveu: “Sem esperança de ser escutado, com a certeza de ser perseguido, mas fiel ao compromisso que assumi, há muito tempo, de dar testemunho em momentos difíceis”.

    Jornalistas, este é o nosso compromisso. Não deixaremos que a tirania nos cale mais uma vez.

     

    Confira a nota da Coordenação do Curso de Jornalismo da Unisinos:

    Declaração de apoio e solidariedade ao professor e jornalista Felipe Boff

    Na noite de 7 de março, sábado, na cerimônia de formatura do curso de Jornalismo da Unisinos em São Leopoldo, pessoas da plateia, aos gritos e vaias, tentaram impedir o paraninfo, professor Felipe Boff, de prosseguir seu discurso. A virulência desse ataque foi tão grande que a instituição teve que colocar seguranças para o acompanharem na saída do auditório.

    Em sua fala corajosa e necessária, principalmente na ocasião em que jovens colegas chegam ao mercado de trabalho, Felipe, embasado em dados e exemplos, alertava para o que deveria ser óbvio: o presidente da República vem constantemente ofendendo e destratando jornalistas. “No ano passado, segundo levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas, o presidente da República atacou a imprensa 116 vezes em postagens nas suas redes sociais, pronunciamentos e entrevistas. Um ataque a cada três dias”, destacou o professor.

    Como também salientou o paraninfo, o atual presidente da República vem ameaçando não só o jornalismo: “Ameaça a democracia, a arte, a ciência, a educação, a natureza, a liberdade, o pensamento. Ameaça a todos, até aqueles que hoje apenas o aplaudem”. Esses que na formatura tentaram calar um jornalista por dizer o que é fato não enxergam que estão abrindo mão de um direito básico e constitucional de todos os cidadãos brasileiros: o de serem informados. Não existe democracia sem jornalismo livre. Jornalistas já foram censurados, perseguidos, presos, torturados e até assassinados durante o período de ditadura militar no Brasil, como também lembrou Felipe.

    Mas não nos deixaremos intimidar com ameaças. Por isso, nós, jornalistas, professores e professoras de jornalismo abaixo assinados, declaramos total apoio e solidariedade ao professor e jornalista Felipe Boff, que conseguiu, em sua fala verdadeira, representar a todos e todas nós neste momento tão difícil que o país atravessa.. Também por nossos alunos e alunas, temos o dever de dizer: cada ataque nos tornará mais fortes. Por fim, reafirmamos o que o professor Felipe disse no encerramento de sua fala: “Não deixaremos que a tirania nos cale mais uma vez”.

    Porto Alegre, 8 de março de 2020.

    Micael Vier Behs

    Coordenador Jornalismo São Leopoldo
    Coordenador Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades, Artes e Tecnologias

     

  • ELISA LUCINDA: Em Portugal, com o Brasil a doer no coração

    ELISA LUCINDA: Em Portugal, com o Brasil a doer no coração

    Elisa Lucinda na terra de Eça de Queiroz, onde participou do Encontro Internacional Literário Correntes D’Escritas - foto: Jonathan Estrella
    Elisa na terra de Eça:  “o mundo está assistindo nossa dor” – foto: Jonathan Estrella

    Estou em Póvoa de Varzim, terra de Eça de Queiroz, lindo lugar que pertence ao distrito do Porto, lançando o livro “A fúria da beleza” por uma editora luso cabo-verdiana, Rosa de Porcelana… Uma beleza. Somos muitos autores neste Encontro Internacional Literário bem chamado de Correntes D’Escritas. O país que nos colonizou vai muito bem, respeitando as artes e as ciências humanas e exibindo escolas públicas de altíssima qualidade. Pois vai muito bem mesmo este nosso Portugal. (não se preocupem não vou morar aqui… rsrs). É nutrição de esperança ver Portugal brilhando como esquerda europeia. O pequeno imenso país vai mesmo muito bem.

    Meu coração brasileiro é que não.

    Tenho vergonha do desmonte lá de casa. Vim representar um país cujo governo o despreza e o ataca diariamente. Para ele, fodam-se os índios, os pretos, a diversidade de gênero, a Amazônia, nossos metais valiosos, nossos museus, nossas universidades, nossa ciência, nossa pesquisa, nossa sustentabilidade, a soberania nacional. A elite brasileira não perdoa um governo que olhe para o povo. Por isso o ministro da justiça Sérgio Moro não luta mais contra corrupção; notaram? Se esqueceu da possível armação rachadinha do Queiroz, faz vista grossa para milícias e tudo que possa ferir o poder que alcançou negociando cargo em plena gestão de suas condenações da lava jato. Moro parece só pensar agora em ser o próximo presidente, e não tem tempo para a justiça. Tampouco se explica ao país. O poder é mais um dos seus brinquedinhos, coisa de menino rico que só sabe ser o dono da bola e ganhar sozinho o jogo. Nada pra ele é do coletivo. Não está nem aí pro genocídio da juventude negra pois, em sua balança cega para os que dela precisam, pesa a desigualdade. A cada hora uma criança perde a vida no Rio de Janeiro na chamada guerra contra o crime. E só é assassinada criança preta e pobre. Os petroleiros estão em greve. A cada hora um trabalhador perde ainda mais sua possibilidade de trabalho na constante desindustrialização do país por parte deste governo. Também, fodam-se os trabalhadores pois o ministro da economia quer o dólar alto por que não quer saber desta farra de domésticas viajando pra Disney sem parar, já que, a sonhada bobagem de grandes bonecos de Mickey e Pateta, é simbologia branca da classe média, e de quem tem dinheiro. Não é pra pobre não, senão vira bagunça. O presidente é racista, homofóbico, misógino e publicamente sem qualquer pudor, desrespeitador das mulheres e de várias vastas “minorias”. Tenho vergonha dele. Aqui ainda me sinto mais mal. Trago um Brasil doente no peito. Na internet do mundo rola o fedor da nossa roupa suja. O pessoal aqui tá sabendo. O ataque baixo do presidente à jornalista Patricia Campos Mello, ao jornal Folha de S.Paulo e a toda imprensa independente que o está criticando, todo mundo tá sabendo. Que horror! Socorro! Estou num festival de letras representando um país cujo presidente não me representa, não acredita nas letras e que, em nome de deus quer que o pobre continue pobre e não tenha dignidade nem saída. Estou representando um país cujo presidente se tornou internacionalmente metáfora de coisa ruim. Referência de despotismo, de fascismo, de atraso. Todos o sabem. Perguntam-me nas ruas daqui estarrecidos. Na lanchonete o rapaz que faz o sanduíche me questiona: “O que aconteceu ao Brasil? O homem só faz estragos! Só diz asneiras! E a Regina Duarte, será que não vê isto, oi?”

    Por isso, declaro aos presentes aqui: Sei que o mundo está assistindo nossa dor.

    Nossa democracia sofre duros e sucessivos golpes numa nocauteante sequência. Estava num bom caminho e nitidamente desandou aos nossos olhos e aos olhos do mundo que sinceramente tinham o Brasil num imaginário de um notável país, amante da liberdade e em desenvolvimento que, reduziu a fome, ostentou o SUS como melhor atendimento de saúde pública do mundo, zerou o analfabetismo, foi referência no combate à Aids. Fez o dinheiro circular e o trabalhador começou a poder andar de avião. Diminuiu com forte impacto a população abandonada e moradora das ruas das grandes cidades. Preto, indígena e pobre ocupando lugares nobres nas PUCs e outras importantes Universidades, LGBTQI+ avançando nitidamente ao seu lugar legítimo de cidadania.

    De repente, o tempo virou.

    Rapidamente o Brasil sai deste lugar pra virar constrangimento? Para citar e namorar os conceitos nazistas em pleno 2020? Enquanto as universidades do mundo estudam e aplicam o método Paulo Freire de ensino o presidente o ataca, ofende sua memória, importância e saber, na cara de quem o estudou? O presidente se volta contra a literatura, o cinema, os artistas, os professores, os direitos humanos? Enquanto os terreiros de candomblé e umbanda são atacados e vilipendiados por neo fundamentalistas, a Damares faz de seu ministério um templo, defende abstinência sexual para os jovens e o Estado, que era laico, faz culto evangélico na assembleia do Rio???!!!! O racista Sérgio Camargo insiste em assumir a Fundação Palmares, criada para defender os direitos dos negros! O cara está sendo imposto como um lobo destinado a cuidar das chapeuzinhos. Ele tem sede. É capitão do mato. É como designar um pedófilo para coordenar uma creche. Mas venho avisar a este mundo que estamos lutando. O senhor Sérgio não nos representa e não vai ocupar a presidência que leva o nome do Quilombo mais poderoso de que já se teve notícia. Quem trai Zumbi não ocupará Palmares. Este presidente não nos representa. Falo em nome dos que nunca acreditaram neste governo e também dos que por ele foram traídos e só agora estão entendendo. E parabenizo os nossos constitucionalistas, os ativistas, os bravos parlamentares, os professores, os estudantes, os petroleiros, povos da floresta, povos das favelas, povos quilombolas, ambientalistas, aqueles que de suas trincheiras não cansam de lutar. Bolsonaro não tem partido nem tem o congresso. Se cercou de militares, e não aceita que nem todo seu desejo possa virar decreto. A lei o atrapalha. O congresso e a constituição complicam sua vida.

    O Brasil se revelou na sua hipocrisia:

    Está mais assumidamente racista, perdido nas fake news, vendo atrocidades em nome de Deus, da pátria e da família. Mas está cada vez menos explicado: de qual Deus, de que pátria e de qual família fala o presidente? E quem entrou pelo sistema de cotas na universidade está entendendo sim e explicando pro seu pessoal, esclarecendo, conscientizando. Agora temos mais advogados pretos, temos rede social filmando as barbáries, desafiando e esfregando na cara da sociedade a realidade que ninguém quer e ninguém queria ver. O mundo mudou. O país é novo e complexo. Por isso advogados rapidamente se apresentaram diante do abuso sofrido por Raull Santiago. Sempre foi assim pros pretos. Desde o nosso holocausto que durou 400 anos. Há muito nos matam por lá. Por isso o governo Lula criou a Secretaria Especial da Igualdade Racial que este governo fez questão de acabar. Mas agora todo mundo vê. Lê. A fofoca é geral. Salva, comenta e compartilha. Estamos mais articulados do que nunca e, embora mais silencioso do que o conjunto de seus algozes, o quilombo contemporâneo se avoluma. A minoria está ficando do tamanho da maioria que é. É ao vivo, em tempo real, sem edição. Haverá revolução.

    Agradeço a esse encontro das Correntes D´Escritas, lugar onde a palavra é celebrada, em que várias vezes o Brasil foi citado como uma preocupação mundial. Sei que vocês sabem que o Brasil não é um caso isolado, e a retrógrada e insana mão da extrema direita ameaça o mundo. Por isso o Brasil percebe a solidariedade de todas entidades do planeta comprometidas com a igualdade, sabedora de que a desigualdade não produzirá a paz. Aproveito para compartilhar uma das lições que a nossa democracia duramente está recebendo: Nós da esquerda temos que nos livrar de costumes separatistas, preconceituosos que engendramos e praticamos em nossa política do cotidiano, e dos quais se aproveitam as forças conservadoras. Enquanto formos machistas, racistas e homofóbicos na vida íntima ou coletiva, mais estaremos vulneráveis ao nazismo e ao fascismo. Agradeço a este país que me recebe de braços abertos, aos escritores e poetas do mundo que cá estão, e faço questão de vos lembrar as palavras de Martin Luther King: “A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar”. Há um país que não aceita mais o racismo explícito do jornalista William Waack ou do Rodrigo Bocardi e que, apesar de sofrer toda a peste da evangelização tóxica em toda parte a dominar as mentes com seus moralismos, há um país cuja população adulta é filha da liberdade, e seus filhos mais ainda. Há uma país que não abrirá mão desta liberdade, que não a negociará, e que não vai parar de fazer amor, nem de exigir saber quem mandou matar Marielle!

    Póvoa de Varzim, Inverno em fevereiro, 2020

     

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  • Editorial: Conhecereis os fatos e a verdade aparecerá

    Editorial: Conhecereis os fatos e a verdade aparecerá

    O jornalismo, assim como a ciência, não se pretende detentor da “verdade”. Nossa matéria-prima são os fatos. E os fatos bem apresentados a leitores, ouvintes e telespectadores são fundamentais para cidadãos tomarem decisões políticas. Jornalistas sérios, como a colega Patrícia Campos Mello, apuram, documentam e relatam fatos importantes para a compreensão da realidade cotidiana. Foi exatamente isso que ela fez na premiada série de reportagens que demonstrou, com dados, fatos e documentos, a contratação de empresas de “marketing” para o ilegal e milionário disparo em massa de mensagens de WhatsApp destinadas a favorecer a candidatura de Jair Bolsonaro e outros políticos de extrema direita  nas eleições de 2018. Como atestaram entidades do porte da Organização dos Estados Americanos, o Brasil foi o primeiro caso documentado em que as fake news (MENTIRAS, em bom português) distribuídas massivamente por celulares tiveram papel decisivo nas eleições majoritárias de uma grande democracia. Mais tarde, reportagem do jornal britânico The Guardian trouxe uma pesquisa provando que 42% de mais de 11 mil mensagens virais utilizadas durante a campanha eleitoral no Brasil traziam conteúdo falso (MENTIRAS) que favoreciam o então candidato de extrema direita à presidência.

    Os fatos, portanto, são que campanhas de extrema direita por todo país, incluindo a presidencial, se utilizaram de recursos ilegais e fake news para eleger seus candidatos. Os fatos são que os órgãos de fiscalização das eleições, como o Tribunal Superior Eleitoral, viram isso acontecer e não tomaram, à época, as atitudes que deveriam tomar. Os fatos são que o homem que ocupa a presidência e seus asseclas se elegeram e governam por meio de mentiras e ilegalidades. O fato é que por meio dessas mentiras, o governo caminha rapidamente para um fascismo aberto e ataca diariamente todas as instituições democráticas brasileiras, especialmente as que trabalham com fatos, como o jornalismo. E os fatos são que, apesar de gostarem de usar um versículo bíblico associando verdade e liberdade, o que se tem são mentiras e agressões diárias contra pessoas que trabalham com fatos, como cientistas e jornalistas.

    Ontem, o Brasil viu estarrecido a escalada de um novo patamar nas mentiras, baixarias, calúnias e difamações, apoiadas e divulgadas pelo governo, contra uma jornalista e, portanto, contra toda a imprensa séria nacional. Patrícia Campos Mello foi alvo, em pleno Senado da República, não somente de mentiras sobre sua atuação profissional impecável no caso, mas também de calúnias de conteúdo sexual, o que demonstra, mais uma vez com fatos, que esse governo não apenas é fascista e mentiroso, como também machista e misógino. A Patrícia, toda a nossa solidariedade e apoio, tanto pessoal como profissional.

    É passada a hora de a imprensa brasileira dar um basta nas mentiras e agressões desse governo que tomou posse há mais de um ano num evento grotesco em que os jornalistas foram confinados longe dos políticos e ameaçados de serem baleados se tentassem se aproximar. Não é possível que os colegas da mídia hegemônica sigam aceitando as “coletivas” da porta do Palácio do Planalto em que o homem que ocupa a presidência os xinga, manda calarem a boca, destrata os veículos para os quais trabalham e foge cada vez que é feita uma pergunta diferente da que ele quer responder. É urgente que jornais, rádios, TVs e portais noticiosos PAREM de tratar esse governo como “normal” e usem as palavras corretas para designar os fatos. Mentiras são mentiras. Fascismo é fascismo. Extrema direita é extrema direita. Retirada de direitos é retirada de direitos. Autoritarismo é autoritarismo. Corrupção é corrupção. Milícia é milícia. E bandidos são bandidos.

    A sociedade e os democratas brasileiros devem exigir das autoridades que ainda não foram totalmente cooptadas por esse governo fascista que façam funcionar as instituições democráticas. Os mentirosos e caluniadores precisam ser processados. Os crimes, inclusive de morte como da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, precisam ser investigados e punidos. Os políticos que se beneficiaram de esquemas de corrupção, financiamento ilegal de campanhas e difusão em massa de mentiras precisam ser cassados, ainda que se faça necessário anular as eleições de 2018.

    Não é a mentira manipulada com o uso versículos bíblicos para enganar a população de boa fé que vai nos libertar. Nossa libertação como nação virá da VERDADE proveniente dos FATOS. E para isso, uma imprensa forte e independente é fundamental.