A hipocrisia e o sarcasmo com que o tema vem sendo tratado são escandalosos. Quem encabeça grande parte das discussões e propõe regulação para combater as fake news, da forma torta como estão fazendo, são órgãos representantes da grande mídia, políticos conservadores, envolvidos em escândalos e setores do judiciário que parecem desconhecer total e completamente de que forma acontece o fenômeno da comunicação e como se dão os processos comunicacionais na mídia, escreve Eugênio Magno, comunicólogo e Doutor em Educação pela Faculdade de Educação (FaE/UFMG).
Eis o artigo.
A expressão fake news que quer dizer notícia falsa e chega aos nossos olhos e ouvidos em idioma anglo-saxônico, com ares de novidade, não tem absolutamente nada de novo.
A mentira, a notícia falsa, o boato, o mexerico, a fofoca, a intriga, o sensacionalismo, o showrnalismo, a espetacularização do fato, a fabricação e a desconstrução de mitos, a propaganda enganosa, a publicidade travestida de notícia, o informe publicitário e o testemunhal – que confunde o leitor, o ouvinte e o telespectador –, são tão velhos quanto a vida humana no planeta.
No que diz respeito ao uso do smartphone, como veículo de comunicação, não se pode esquecer as reflexões teóricas de Marshall McLuhan, ao tratar dos meios de comunicação como extensões do homem. É preciso ter em mente que a fofoca de pé de ouvido vem sendo amplificada ao longo dos tempos, viralizou, caiu na rede, globalizou-se.
Os dispositivos digitais móveis permitem registros factuais e testemunhos muito críveis para os tempos em que vivemos. O cidadão comum se apropriou da tecnologia e saiu da condição de mero receptor de versões editadas dos fatos, ao bel-prazer da grande mídia, para o contracampo de emissor de informações. E quando lhe convém, a mídia também se utiliza, inclusive, desses registros, feitos pelo povo. Mas faz uma apropriação indevida dessa versão dos fatos; torna-se dona da voz, silenciando e invisibilizando a voz do dono.
Então, por que atribuir somente às redes sociais, a prática de fake news, especialmente num momento em que excelentes comunicadores – formados e sindicalizados ou não –, realizam o ideal do bom jornalismo, justamente nos espaços alternativos, e “cinegrafistas e fotógrafos amadores” colaboram com a grande mídia, disponibilizando conteúdos por eles produzidos?
Longe das censuras ideológicas e econômicas, das hierarquias dos veículos de comunicação de massa, respira-se informação democrática nos meios digitais, ainda que a contrapelo da enxurrada de fakes, trotes, piadas, pegadinhas, pirataria, mentiras, maledicências e impropérios, tão comuns na web. Tudo isso, sem nenhum tipo de controle. Diferentemente do que acontece na mídia tradicional, onde existe excesso de controle: da linha editorial e, fundamentalmente, da hierarquia, dos acionistas do grupo, dos anunciantes, da ideologia, do governo de plantão e de interesses geoeconômicos.
O tema das fake news necessita ser enfrentado com a seriedade e a abrangência que exige. As falsas notícias que destroem reputações de pessoas físicas e jurídicas, promovem o trucidamento público de carreiras e marcas, ferem os direitos humanos e sociais, estigmatizam países e marginalizam povos, etnias, raças, gêneros, classes sociais, categorias profissionais e comunidades, devem ser combatidas em todos os espaços de difusão em que ocorram.
Entretanto, está em curso no país uma grande onda de criminalização das chamadas fake news, com um forte acento e atenção para o que ocorre nas mídias sociais e no ciberespaço. Isto, em detrimento dos abusos, tanto do excesso de manipulação das notícias, quanto da subtração de informações relevantes e programas que valorizem a cultura e os movimentos identitários de nosso povo.
Senão, vejamos: dia desses, atendendo ao chamado de uma emissora de rádio, com cobertura nacional, especializada em notícias, que solicitava a participação dos ouvintes para opinar pelo Whatsapp sobre o uso do smartphone, numa clara intenção de desqualificar o dispositivo, a julgar pelas mensagens que os apresentadores selecionavam e colocavam no ar, quis contrapor àquela situação e levar um pouco de reflexão crítica e aprofundamento ao debate. Gravei uma mensagem de áudio e enviei à emissora. No áudio me identifiquei, como solicitado pela rádio e disse, sucintamente, em tom cordial, mas de forma clara e contundente que a questão mereceria uma análise mais profunda, até porque os celulares, os smartphones e as mídias sociais têm cumprido um papel social muito importante, até mesmo do ponto de vista da informação.
No momento em que me mobilizava para participar do programa, percebi que uma autoridade do judiciário, se não me engano um desembargador, falava sobre fake news, dizendo: “[…] se alguém suspeitar de uma fake news, especialmente nas redes sociais – que é onde elas mais acontecem – ligue, denuncie o fato a um grande veículo de comunicação, de credibilidade, como essa emissora, por exemplo, para que o autor de tal ato possa ser identificado e punido”.
Diante da declaração absurda que ouvi, acrescentei um breve complemento sobre fake news, dizendo que as falsas notícias têm sido atribuídas de forma generalizada às mídias sociais e à internet, quando na verdade elas ocorrem também nos veículos tradicionais: jornais, rádios e televisões. E que o impacto e os danos causados por uma fake news na grande imprensa é bem maior do que aqueles provocados pela divulgação de boatos nos meios eletrônicos. Disse ainda que o tema não podia ser tratado com superficialidade, como vem sendo conduzido. E, finalizei com uma pequena mensagem de texto em que me colocava à disposição para uma conversa mais longa, com o objetivo de aprofundar a discussão ou de conceder uma entrevista, caso eles tivessem a real intenção de democratizarem esse debate.
Poucos minutos depois, o Whatsapp indicava que as mensagens de áudio e de texto haviam sido ouvidas e lidas. Até o momento não obtive nenhum retorno por parte da emissora de rádio, como já previa.
A hipocrisia e o sarcasmo com que o tema vem sendo tratado são escandalosos. Quem encabeça grande parte das discussões e propõe regulação para combater as fake news, da forma torta como estão fazendo, são órgãos representantes da grande mídia, políticos conservadores, envolvidos em escândalos e setores do judiciário que parecem desconhecer total e completamente de que forma acontece o fenômeno da comunicação e como se dão os processos comunicacionais na mídia.
A realidade é difusa. Os fatos, os acontecimentos, ocorrem a todo instante. Evoluem, desdobram-se e repercutem numa velocidade assombrosa. É praticamente impossível acompanhar todos os desdobramentos de uma ocorrência. Seus efeitos são tão ou mais significativos que os eventos e causas que os geraram, e as narrativas midiáticas ou testemunhais reproduzem os fatos a partir do seu ponto de vista, ou da vista de um ponto, ou seja, sempre como versão de um fato. Versão esta, contaminada pela cultura, pela ideologia, modos de ver e de dizer, do emissor da vez.
Para que a discussão sobre as fake news prospere – em profundidade – e daí surja uma regulamentação para essa prática condenável, será necessário muito mais do que uma canetada, o lobby da mídia hegemônica ou a massificação de um pacote pronto e acabado, produzido pela corrente ideológica da mordaça. Uma instância colegiada que venha tratar desse tema deve contar com representantes do mundo político, da grande imprensa, das plataformas digitais e do judiciário. Mas não pode prescindir dos leitores, dos ouvintes, dos telespectadores, dos comunicadores, dos professores, das universidades, de instituições como a ABI e a OAB, dentre outras, além de internautas, produtores de conteúdo e ativistas das mídias alternativas.
Queria entender o que há por trás, qual é o verdadeiro interesse dos grandes oligopólios de comunicação em combater as fake news da maneira como vêm fazendo (?).
Ao surfar na onda da devastação dos direitos democráticos, a grande mídia corre o risco de beber do seu próprio veneno e comprometer a liberdade de imprensa. É imperativo que os interesses coletivos, humanos e sociais estejam no epicentro da atividade jornalística. Sem mediação, só nos restará a barbárie.
Domingo, 08 de julho de 2018. Uma notícia sacode o Brasil.
O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba desde o dia 07 de abril por decisão do juiz de 1³ instância Sérgio Moro, teve seu pedido de habeas corpus, peça jurídica assinada pelos advogados Wadih Damous e Paulo Pimenta, também deputados, acatado e deferido, e sua soltura imediata determinada pelo desembargador Rogério Fraveto, que havia assumido naquela data o posto de plantonista do Tribunal Regional Federal da Quarta Região – TRF-4 com sede em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Iniciou-se a partir daí uma operação de guerra protagonizada pelo Departamento de Jornalismo da Rede Globo de Televisão, que está presente em 97,2% das casas brasileiras, uma tentativa de sequestrar o emocional de seus telespectadores, imprimindo à narrativa das notícias relativas ao caso uma dinâmica falsa, cujo objetivo era fazer com que o telespectador aceitasse como legal uma ação ilegal.
Dado o parecer do desembargador Fraveto em favor do ex-presidente Lula, o juiz de primeira instância Sérgio Mouro, então em férias, licenciado das atribuições que o cargo lhe incumbe, se recusou a acatar a decisão do magistrado de uma instância superior à sua e, não satisfeito, alegou a “incompetência” do desembargador para determinar a soltura do réu, num gesto raramente visto no espectro jurídico brasileiro, o descumprimento de uma ordem judicial de efeito imediato por um juiz de instância inferior.
Diante da posição de Moro, a Rede Globo de Televisão e a Globo News, seu braço jornalístico na TV por assinatura, trataram de dar suporte factual à versão do juiz, trazendo diversos analistas jurídicos de aluguel, que não apenas endossavam, como também reforçavam a ideia que a ação de Sérgio Moro era legítima e legal.
O canal Globo News, por exemplo, chegou a fazer uma chamada, que ficou no ar por bastante tempo, onde noticiava que o “PLANTONISTA do TRF-4 mantinha a soltura de Lula, APESAR DA DECISÃO DE MORO”.
Imagem captada da internet
“Plantonista”, não desembargador. Plantonista.
Apesar da decisão de Moro.” Apesar da decisão de Moro.
Notem que na chamada existe primeiro a tentativa de desqualificar a função de plantonista do tribunal, exercida pelo desembargador Rogério Fraveto, e depois passar para o telespectador a ideia de que uma decisão de Sérgio Moro é a última palavra da Justiça, inquestionável.
Como se o juiz Sérgio Moro, um juiz de primeira instância, fosse um semideus, uma espécie de encarnação viva da própria Justiça brasileira.
Ao tentar manipular dessa maneira a opinião pública, a Rede Globo de Televisão mostra mais uma vez a necessidade urgente que o país tem de pensar numa solução para redemocratizar seus Meios de Comunicação.
Não é possível aceitar que a Rede Globo continue atuando como partido político, através de uma concessão pública, que em tese pertence ao povo brasileiro, agindo de uma maneira a enganá-lo, desinformando-o, manipulando-o e sequestrando suas emoções de acordo com seus interesses comerciais.
Não é mais aceitável que a Rede Globo de Televisão continue a liderar e orquestrar uma campanha de criminalização contra o ex-presidente Lula, ao mesmo tempo que eleva a figura de um juiz de primeira instância ao status de herói nacional, numa narrativa que inocula o ódio contra o ex-presidente e macula o processo eleitoral que – esperamos, será realizado em outubro, processo que tem o ex-presidente como líder absoluto nas pesquisas de opinião em todos os cenários.
Ao criminalizar o presidente Lula, a emissora interfere no processo eleitoral que se desenha no horizonte, e coloca água no moinho dos candidatos que têm como plataforma eleitoral o ódio, o antipetismo, a demagogia barata travestida de democracia, brindando-os com o bônus de uma campanha eleitoral indireta antecipada, o que contraria a legislação eleitoral em vigor no país.
Ao tentar sequestrar o emocional das pessoas através da desinformação, a Rede Globo de Televisão demonstra que há uma enorme desproporção entre sua função de informar e sua vocação de confundir o telespectador.
A grande quantidade de pessoas que, após assistirem aos noticiosos da Rede Globo saíram endossando nas redes sociais as ilegalidades cometidas pelo juiz Sérgio Moro, mostram o sucesso da estratégia da emissora, que joga com o inconsciente de seus telespectadores a fim de obter deles apoio às suas próprias convicções políticas e comerciais.
A Rede Globo de Televisão faz com que seu telespectador acredite em um suposto altruísmo encampado pelo juiz Moro, vendido pela emissora como um super herói apartidário (mas que aparece em diversas fotos confraternizando com políticos do PSDB) numa cruzada quixotesca “contra a corrupção”.
Tal prática cria um clima de ódio na população, demoniza a política como prática republicana e afasta o eleitor em geral, e o cidadão em particular, da discussão de temas que comprometem e são fundamentais no seu dia a dia.
Sendo assim cada vez mais telespectadores da emissora revelam-se descontentes com a política de um modo geral, bombardeados que são, diariamente, por um jornalismo de guerra empenhado em mostrar que a política não funciona, e que a única saída para os problemas do país é através do autoritarismo antidemocrático na figura da judicialização da política.
O dia 08 de julho de 2018 ficará para sempre marcado como mais um dia em que o Jornalismo da Rede Globo de Televisão prestou enorme desserviço à população, mais uma vez enganando-a, confundindo-a e, sobretudo, tentando sequestrar sua emoção.
Durante o primeiro dia da Copa do Mundo na Rússia, a TV Globo anunciou, diversas vezes, durante a programação, que estavam entrando ao vivo direto da Praça Vermelha – a famosa praça de Moscou que ficou conhecida pelos gigantescos desfiles militares durante a União Soviética. A praça, que separa o Kremlin do bairro histórico Kitay-gorod (Cidade Chinesa, em tradução literal), é considerada o principal espaço público central de Moscou, palco de grandes pontos turísticos como o Gum (a maior loja de departamentos da União Soviética), o Mausoléu de Lenin e a Catedral de São Basílio.
Reparando nas imagens exibidas pela emissora, é possível notar que o estúdio da Globo está montado atrás da Catedral de São Basílio, próxima à ponte Bolshoy Moskvoretskiy Most.
No final do ano passado estive na Rússia para o calendário de comemorações do centenário da Revolução Russa e registrei em fotos a parte traseira da Catedral.
Fotos revelam mentira da Globo : a da esquerda foi feita em novembro de 2017, a da direita, em junho de 2018
Quem circula pela Praça Vermelha tem esta visão (abaixo) e não faz ideia de que existe um estúdio na região
O Jornal Nacional de segunda-feira (14/5), dedicou um minuto e onze segundos à morte de 58 palestinos num protesto contra o reconhecimento americano de Jerusalém como capital de Israel. A entrevista ao vivo com o técnico da seleção brasileira Tite durou onze minutos e oito segundos. A desproporção já permitiria inferir a escala de valores ($$$) da Globo. Mas tem mais. Logo depois da abertura do telejornal, como se grande furo fosse, a apresentadora Renata Vasconcellos disse: “O Jornal Nacional teve acesso a conversas gravadas em que a coordenadora de um prédio invadido no centro de São Paulo cobrou dinheiro dos moradores, e com ameaças.”
Os flagelados do incêndio e desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida ainda jazem ao relento na praça da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, ao pé de uma escultura dramática, que mostra uma mulher negra, seminua, oferecendo o peito farto de leite ao bebê branco. Os cadáveres dos gêmeos Wendel e Werner, de apenas 10 anos, negros filhos da auxiliar de limpeza Selma Almeida da Silva, negra também, desaparecida nos escombros, ainda nem foram enterrados, e o Jornal Nacional já se assanha. Em vez de responsabilizar o poder público, que ignorou laudos e mais laudos atestando que o prédio do Largo do Paissandu, no centro de São Paulo, estava condenado, lança-se contra o movimento que luta por moradia. Culpa as vítimas pela sua tragédia.
O principal telejornal da Globo de Ali Kamel, diretor geral de Jornalismo e Esportes, autor do livro “Não Somos Racistas” (aham, só que não!), promoveu o passe de mágica que fez desaparecer os flagelados, os mortos, os desaparecidos do prédio sinistrado no dia 1º de Maio (não mereceram nenhuma fração de segundo do telejornal). Talvez porque, se continuasse a falar sobre o assunto, teria, inevitavelmente, de mostrar as fotos em que o chefão do edifício que desabou, Ananias Pereira, aparecia, alegre e sorridente, há um ano, ao lado do ex-prefeito e pré-candidato a governador de São Paulo pelo PSDB, João Doria Jr., durante comemoração do aniversário do atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), que também posou com ele.
Ananias Pereira é dirigente do autodenominado Movimento de Luta Social por Moradia (MLSM), responsável por sete ocupações de prédios no centro de São Paulo, uma delas sendo a do prédio que ruiu. Afoito como sempre, o ex-prefeito João Doria Jr., fez-se de esquecido sobre a festa de aniversário de Covas e sentenciou: “O prédio foi invadido e parte desta invasão financiada é ocupada por uma facção criminosa”. Ananias, ressalte-se, foi à festa de Covas como convidado, e não como penetra.
A fala de Doria visava a esconder as responsabilidades da Prefeitura na tragédia.
Doria, o gestor das mil e uma fantasias, precisava mesmo achar um bode expiatório. Documento da Secretaria Municipal de Licenciamento, datado de 26 de janeiro de 2017, gestão Doria, apontava os seguintes problemas no prédio Wilton Paes de Almeida:
Ausência de extintores;
Sistema de hidrantes inoperante;
Ausência de mangueiras;
Ausência de luzes de emergências;
Ausência de sistema de alarme;
Instalações elétricas irregulares: fios sem isolamento adequado e expostos, além da entrada de energia improvisada;
Elevadores inoperantes e fechados por tapumes;
Ausência de corrimão nas escadas;
Instalações do sistema de para-raios não puderam ser avaliadas, porque o acesso estava bloqueado.
Depois de apontar tantas falhas, o documento concluía: “A edificação não reúne condições mínimas de segurança contra incêndio.” Mesmo assim, o poder público não tomou providência alguma para atender as famílias que se encontravam sob risco de tragédia iminente e que de lá não saíram por absoluta falta de opção. Ou alguém acha que é melhor dormir na rua?
Agora, que há mortos, feridos, desaparecidos, a TV Globo opera para ocultar a responsabilidades do poder público (de Doria principalmente, porque era o prefeito até o dia 06 de abril de 2018, cargo ao qual renunciou para disputar o governo do Estado de São Paulo pelo PSDB). Para isso, lança mão de acusações falsas e infundadas contra movimentos sociais. A primeira e mais surrada acusação é a de que os movimentos por moradia são associados à facção criminosa Primeiro Comando da Capital – foi isso o que fez João Doria. Para dar foros de realidade a essa acusação, o procedimento tem sido denunciar a cobrança de taxas de contribuição nas ocupações. (ninguém explica o que tem a ver uma coisa com a outra, mas serve para lançar um tsunami de suspeitas sobre todos os movimentos de moradia).
O alvo da denúncia, entretanto, não foi Ananias, o “amigo de Doria e Covas”, que mantinha famílias em situação de extrema vulnerabilidade dentro de um prédio bagunçado, com fios desencapados, sem extintores, sem mangueiras de incêndio, com áreas inteiras inundadas, como atestado pela própria Prefeitura.
Carmen Silva com as cineastas Eliane Caffé e Daniela Thomas
Foi Carmen da Silva Ferreira, coordenadora do Movimento dos Sem-Teto do Centro (MSTC), líder da luta por moradia e pela Reforma Urbana na cidade de São Paulo, cérebro das iniciativas mais criativas, inclusivas e inovadoras de requalificação de áreas degradadas da megalópole, e responsável pela conquista da moradia pelos sem-teto que ocuparam o antigo Hotel Cambridge, localizado no centro de São Paulo. O prédio, agora desocupado, passará por uma reforma e será então entregue aos pobres que lutaram por ele. A experiência foi tão bem-sucedida que se tornou base do roteiro do premiado filme “Era o Hotel Cambridge“, da diretora Eliane Caffé (2016).
A trajetória do Hotel Cambridge é exemplar das forças mais terríveis e das mais generosas que atuam sobre o espaço urbano. Fincado em prédio de estilo modernista na avenida Nove de Julho, o Hotel Cambridge foi inaugurado em 1951. Era famoso pelo bar elegante com poltronas vermelhas, onde se apresentou, em 1959, o músico Nat King Cole, quando ele veio ao Brasil. “Stardust“, a canção que fala sobre os encantos do amor que passou, embalou a noite. Poeira estelar.
Daqueles brilhos, o Cambridge desabou no buraco negro da decadência tão logo o centro econômico e financeiro da cidade deslocou-se para a região da avenida Paulista e, depois, para a Faria Lima e Berrini. Hotéis com nomes chiques e estrangeiros, como o próprio Cambridge, o Othon Palace, o Hilton, o Paris e o Cad’oro, entre outros, viveram em agonia, até o apagar definitivo das suas luzes.
Carmen da Silva Ferreira, 58 anos, foi quem reacendeu as luzes do prédio de 17 andares e 120 apartamentos. Em vez dos engravatados de antes, ela capitaneou um exército de pobres miseráveis, gente que não tinha nem sequer um teto pra dormir em paz… e eles ocuparam o Hotel Cambridge, então tomado por ratos, baratas, escorpiões, lixo, entulho. Toneladas de dejetos foram retirados dos andares.
Detalhe: As centenas de edifícios abandonados do centro da cidade são como tumbas de histórias e recordações. Como tumbas, os proprietários lacram-lhes portas e janelas com tijolos e cimento. É para evitar a invasão de animais ou de quem queira questionar a posse do imóvel — o prédio sufoca sem ar e nem luz.
Felizmente, não é nada que algumas marretadas não resolvam.
Jornalistas Livres acompanham desde abril de 2015 algumas ocupações coordenadas por Carmen, desde os seus instantes iniciais. Trata-se de uma mulher forte, dotada de determinação e coragem ímpares. É ela que está no centro de uma possante organização que restaura vidas, acolhe os derrotados da cidade, os idosos, as mulheres espancadas, as pessoas que perderam tudo e as que sempre ganharam muito pouco ou quase nada (os trabalhadores informais, os camelôs, cuidadores de enfermos, faxineiros, garis, pedreiros, eletricistas, operários da construção civil, balconistas, cozinheiros, seguranças, operadores de telemarketing, artesãos, auxiliares de enfermagem, protéticos etc. etc. etc.). Carmen gosta de dizer que as pessoas vão ao movimento em busca de direitos (o direito à moradia está impresso na Constituição de 1988), e aprendem que direitos vêm junto com deveres.
Vida cármica
Baiana, mãe de oito filhos, Carmen nasceu na Cidade Baixa de Salvador, filha de empregada doméstica e de militar. Foi o pai que a criou e é indelével a marca deixada pela disciplina da caserna no espírito da mulher. Os prédios sob coordenação dela rebrilham de limpeza, fruto de mutirões bem-organizados. Não se consomem drogas, respeita-se o horário de descanso, funcionam projetos profissionalizantes, crianças não podem ser deixadas sozinhas nos apartamentos, homem não bate em mulher nem com uma flor. E por aí vai.
Tudo isso é fruto de uma sólida hierarquia, resultante de assembléias e reuniões com quórum e representatividade de mais de 80% dos moradores. Começa pelos coordenadores de andares, que atuam como mediadores de conflitos, pelos líderes de projetos comunitários, passa pela Linha de Frente (os fiéis escudeiros da ocupação), e chega até a liderança incontestável de Carmen –a Dona Carmen, como é respeitosamente chamada. Depois das 22h, é tudo silêncio.
Carmen Silva fala com moradores
Neste caso, trata-se de autoridade conquistada. Carmen casou-se aos 17 anos e conheceu a violência doméstica, espancada que era pelo marido truculento e cheio de ciúmes. Com 16 anos de união, 8 filhos, ela jogou tudo para o ar e fugiu para São Paulo. Sem teto, conheceu a dura rotina e a solidariedade das ruas. Morou em albergues, um administrado pela Igreja Universal do Reino de Deus, e outro, público, sob o viaduto Pedroso, que atravessa a avenida 23 de Maio, no centro da cidade.
Rotina dura. No albergue, um humano é só corpo que precisa de pouso e banho. Tem de sair tão logo o dia nasce. E voltar assim que a noite cai, senão não entra. Carmen lembra-se de passar horas e horas, esperando o tempo passar, dentro do templo da Universal na avenida Brigadeiro Luis Antonio. Andou muito, conheceu todas as entidades que serviam comida, em busca de emprego, as quebradas. Virou cozinheira, mas achou pouco…
A rua é cruel e louca. Ela resistiu ao desespero porque seu único objetivo era trazer todos os filhos para viver sob suas asas (conseguiu). Já viu muita gente forte desabar ante o peso da própria dor.
Carmen iniciou-se no movimento dos sem-teto quando morou, por seis anos, num antigo prédio do INSS, na avenida Nove de Julho. De lá para cá, participou de dezenas de ocupações. Hoje, é uma profunda conhecedora da cidade que escolheu para viver. Quem está devendo IPTUs milionários, quem são os maiores latifundiários urbanos, quantos imóveis possuem, quem são os habitantes tradicionais de cada bairro. É respeitada na Prefeitura, acaba de ser convidada a lecionar em uma grande Escola de Arquitetura. Urbanista prática, discute altivamente com autoridades dos setores público, privado e acadêmico. Recentemente, foi uma das organizadoras de duas rodas de conversa dentro do Ministério Público de São Paulo, com a presença do próprio Procurador-Geral de Justiça do Estado, Gianpaolo Poggio Smanio, sobre políticas públicas voltadas para Moradia Social e Gênero.
A hora H
Junta gente de todos os jeitos na hora de ocupar. A velhinha louca que perdeu tudo na jogatina, a jovem crente desempregada, o dependente de drogas, o estudante de medicina que foi expulso de casa porque o pai descobriu que ele é gay, o pastor, a sambista, o poeta, o militante, o refugiado palestino, sírio e congolês, sobreviventes de tragédias humanitárias, os imigrantes bolivianos, haitianos, a prostituta. Um dos grandes insights do movimento de moradia deu a liga entre todos esses espécimes da grande biodiversidade humana que viceja no centro elétrico da metrópole:
“Somos todos refugiados: os estrangeiros aos quais a própria pátria tornou-se ameaçadora; e os nacionais, aos quais o Brasil dos privilégios virou as costas”, conforme epifania de Carmen.
Nem precisa dizer que é difícil alinhar na vida intensamente coletiva da ocupação as pirações individuais de pessoas tão diversas. Mas, avessos aos vitimismos, embora motivos não faltem, os sem-teto cultivam mesmo é a solidariedade. É o que permite a elaboração coletiva de uma poesia lavrada na esperança de dias melhores.
Movimento de pobres, de pretos, de pardos, a luta pela moradia no centro de São Paulo é intensa na construção de novíssimos quilombos, dirigidos e habitados em sua maioria por mulheres tão fortes quanto delicadas, capazes de enfrentar as maiores violências enquanto cuidam dos mais fracos e desamparados. É preciso entendê-las, porque elas resgatam para a cidadania aqueles a quem o poder público fecha a cara e os cofres.
Manipulação escancarada e tombo no Mc Donald’s
A TV Globo, que nunca simpatizou com as ocupações de imóveis abandonados, feitas por pobres sem teto, não hesitou em invadir um terreno público para instalar seus estúdios de São Paulo, às margens da Marginal Pinheiros. Mas disso, obviamente, os telejornais sob o comando de Ali Kamel não falam. O que lhe importa é operar, com o concurso sempre ativo de promotores inquisitoriais, e com a Polícia Civil, a transmutação da verdade em farsa:
Uma reportagem do SP2, também da Globo, veiculada no mesmo dia 14 afirmou o seguinte:
“Depois que o edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, desabou, a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar a cobrança das taxas nessas ocupações. Até agora identificou três núcleos que agem de forma parecida em ocupações diferentes: uma comandada por Carmen [da Silva Ferreira], outro por Ednalva Franco e uma terceira, por Ananias Pereira dos Santos, apontado por moradores como coordenador da ocupação do prédio que desabou. A reportagem não conseguiu falar com Ednalva Franco nem com Ananias Pereira.”
É Fake News em estado puro.
O repórter Bruno Tavares, autor do texto, sabe que são ocupações distintas, lideradas por pessoas absolutamente diferentes, oriundas de movimentos que mantêm autonomia entre si. Seria o mesmo que dizer que todo o jornalismo do planeta é ruim porque o que o Bruno Tavares faz é um lixo.
Sim, há diferenças gritantes entre as ocupações.
Em sua “reportagem”, Bruno Tavares cita investigação do Ministério Público, iniciada em 2016, a partir da denúncia de uma ex-moradora do Hotel Cambridge. Essa moradora disse que já pagava R$ 200 pelas despesas de manutenção do prédio e que estava sendo “vítima de extorsão”, a exemplo dos outros moradores, para desembolsar mais R$ 20, referentes a uma multa por ligação de água clandestina, dividida entre as famílias.
Apesar do segredo de Justiça em que corre o processo, a Globo “teve acesso” ao processo (claro! de novo, são os tais vazamentos a que a emissora dos Marinho sempre “tem acesso”). Pois deveria ter aproveitado o tal “acesso” privilegiado para informar aos telespectadores que no Cambridge havia 120 famílias, que decidiam coletivamente em assembléias qual o valor das taxas e contribuições que caberiam a cada uma.
O repórter disse ainda que “ao falar com os promotores, a coordenadora da ocupação não apresentou documentos para comprovar que o dinheiro arrecadado era gasto com a manutenção do prédio.” Engraçado! Em entrevista coletiva no último dia 11, da qual participou uma equipe da Globo News, Carmen apresentou documentos e comprovantes de despesas das ocupações que coordena. Mas isso não interessou ao Jornal Nacional.
Carmen da Silva Ferreira
A reportagem mencionou taxas de R$ 200 mensais, e uma taxa extraordinária única de R$ 20, para pagar multa da Sabesp. Vinte Reais. Isso é muito ou é pouco? A reportagem maliciosa não diz. Se fizesse bom jornalismo, Bruno Tavares teria investigado a contabilidade do condomínio. Ou alguém acha o Hotel Cambridge estava “pronto pra morar”, como aqueles apartamentos dos folders e dos anúncios imobiliários que forram as páginas dos jornais impressos?
Sem água, sem luz (muitos andares tiveram toda a fiação roubada), os encanamentos entupidos ou simplesmente arrancados, sem elevadores, sem extintores ou mangueiras de incêndio, repletos de lixo (só do antigo hotel Cambridge foram retirados 15 mil quilos de entulho!), os prédios dos sem-teto eram sucatas podres antes de serem – aos poucos - revitalizados pelo movimento social.
E quem paga por isso? O poder público é que não é. A iniciativa privada é que não é. Muito menos a TV Globo. Então, sobra para os ocupantes, na forma das taxas de contribuição. Aliás, a reportagem de Bruno, se não estivesse atrás de escândalos inexistentes, poderia investigar como as novas tecnologias sociais estão ajudando a baratear os custos de manutenção dos edifícios ocupados. Exemplos? No Hotel Cambridge, os moradores fizeram parceria com a Escola da Cidade e desenvolveram uma horta comunitária para ocupar toda a cobertura com verduras e legumes sem agrotóxicos. Foi da mesma parceria que se originou o lindo e inovador mobiliário que decorava as áreas comuns do prédio — creche, biblioteca e oficinas de costura e maquiagem feitas com material de reciclagem. Dessa parceria também vem a idéia de ressuscitar um antigo poço artesiano abandonado no subsolo do prédio, a fim de utilizar a água para lavagem do chão e descarga das privadas.
Mas não.
Em vez da inteligência coletiva do movimento, a reportagem preferiu contemplar, como se verdadeira fosse, a denúncia de uma ex-moradora do Cambridge, apresentada como “testemunha Alfa”, que disse ter sido ameaçada por Carmen. O repórter Bruno Tavares teve acesso inclusive aos vídeos que a tal “testemnha Alfa” gravou com as supostas ameaças. Aliás, esses vídeos também constam no processo que corre em Segredo de Justiça (segredo de Polichinelo…)
Eis a transcrição das tais ameaças:
Carmen:A senhora que vai na Sabesp fazer o acordo porque não pagou aqui.
Alfa:Eu? Tanto dinheiro que você pega dos outros.
Carmen:O que foi que a senhora falou?
Alfa:Sai de cima de mim, sai de cima de mim que eu te coloco atrás das grades.
Carmen:Sem vergonha, caloteira.
Carmen:A sra. vai sair por bem ou mal. Por bem eu já tomei a providência, agora, se a senhora quiser por mal, vai por mal também.
Carmen:Contestam porque pagam contribuição. Vocês acham que vão morar de graça na Avenida Nove de Julho?
Carmen:Daqui a pouco vem a conta de luz aí é outra briga para pagar.
Leia bem e se quiser veja os vídeos no site da Globo. O que se vê? O que se entende?
O Cambridge era uma ocupação organizada e legal, reconhecida pela Prefeitura. Pagava a conta de água. Pagava a conta de luz. Como é que se pagava isso? Com a colaboração dos moradores, decidida em assembleia. Quando Carmen afirma que Alfa terá de sair “por bem ou por mal”, refere-se ao cumprimento de decisão da assembleia dos moradores, que não acharam justo pagarem por alguém que queria folgada e graciosamente usufruir a água da Sabesp custeada pelo alheio. Foram os moradores que decidiram pela exclusão de Alfa da ocupação. E caso ela se recusasse a sair, a polícia seria chamada.
Onde está a ilegalidade? Quem quer que já tenha tido de lidar com condôminos inadimplentes em um prédio de classe média sabe muito bem o que é ter de pagar taxas maiores porque alguns simplesmente se recusam a cumprir suas obrigações com o coletivo.
É incrível o ministério público se meter numa briga entre vizinhos. É incrível uma briga entre vizinhos ocupar o lugar de uma real investigação sobre as causas do incêndio, desabamento e mortes do edifício Wilton Paes de Almeida. Mas o mais incrível é a TV Globo prestar-se a tal jogo ilusionista, baseando-se na denúncia da “testemunha Alfa”, tristemente famosa na ocupação do Hotel Cambridge por ter tentado – sem sucesso, diga-se – aplicar o golpe do “escorrego” no Mc Donald’s.
Sim! A mulher que acusa Carmen de cobrança indevida de uma taxa que visava unicamente cobrir as despesas de manutenção do Edifício Cambridge, tentou garfar indenização de 200 salários mínimos (R$ 190.800 em valores atualizados) por um tombo que diz ter sido causado por falta de corrimão em uma loja do Mc Donald’s. Só que o corrimão estava lá! Então, em 25 de junho de 2014, a 5ª Câmara Extraordinária de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, negou o pedido de Alfa.
É claro que os movimentos de moradia incluem alguns oportunistas e exploradores (categoria de que, aliás, o meio jornalístico está cheio). Isso poderia ser uma boa pauta. Mas a preguiça e a desonestidade levaram a “reportagem” de Bruno Tavares a transformar a pauta em texto final e a suspeita em tese.
Incrivelmente, a grande mídia que está em busca de culpados de araque esquece-se todo o tempo de mencionar a existência de 290 mil imóveis não-habitados na cidade de São Paulo, segundo levantamento da Secretaria Municipal de Habitação, a partir de dados do Censo de 2010. São imóveis deixados vazios para a especulação. O movimento exige que eles tenham função social. Mas isso não tem importância para os empresários, empreiteiros e especuladores. E nem para os seus serviçais dentro da grande mídia, que não hesitam em jogar no lixo os principais fundamentos do jornalismo para atacar uma das mais generosas e preparadas lideranças do movimento social no Brasil: a mulher negra Carmen da Silva Ferreira.
A 136ª Pesquisa CNT/MDA, realizada de 9 a 12 de maio de 2018 e divulgada pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) no dia 14 de maio, aborda as eleições de 2018, trazendo as preferências eleitorais dos entrevistados em cenários de primeiro e segundo turnos de votação. O levantamento também apresenta as características ideais dos candidatos na opinião dos entrevistados, além do seu potencial de voto.
A pesquisa ainda trata de temas como a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; a Justiça no Brasil; a confiança nas instituições; fake news e a Copa do Mundo. Traz, além disso, avaliações do governo federal e do desempenho pessoal do presidente Michel Temer e avaliações dos governos estaduais e municipais.
Foram ouvidas 2.002 pessoas, em 137 municípios de 25 Unidades Federativas, das cinco regiões. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais com 95% de nível de confiança. A pesquisa está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), com o número BR-09430/2018.
• Avaliação de governo
Governo federal: A avaliação do governo do presidente Michel Temer é positiva para 4,3% dos entrevistados, contra 71,2% de avaliação negativa. Para 21,8%, a avaliação é regular e 2,7% não souberam opinar. A aprovação do desempenho pessoal do presidente atinge 9,7% contra 82,5% de desaprovação, além de 7,8% que não souberam opinar.
Governo estadual: 2,9% avaliam o governador de seu Estado como ótimo. 16,6% como bom; 33,2% como regular, 14,8% como ruim e 26,1% como péssimo.
Governo municipal: 5,1% avaliam o prefeito de sua cidade como ótimo. 21,3% como bom, 32,2% como regular, 12,8% como ruim e 24,2% como péssimo.
• Expectativa (para os próximos 6 meses)
Emprego: vai melhorar: 21,7%, vai piorar: 31,5%, vai ficar igual: 43,4%
Renda mensal: vai aumentar: 20,6%, vai diminuir: 16,5%, vai ficar igual: 59,3%
Saúde: vai melhorar: 18,5%, vai piorar: 35,6%, vai ficar igual: 42,9%
Educação: vai melhorar: 21,0%, vai piorar: 28,8%, vai ficar igual: 46,6%
Segurança pública: vai melhorar: 17,9%, vai piorar: 41,9%, vai ficar igual: 37,2%
Indecisos: 11,2%.
CENÁRIO 10: Marina Silva 27,2%, Jair Bolsonaro 27,2%, Branco/Nulo: 37,8%,
Indecisos: 7,8%.
CENÁRIO 11: Jair Bolsonaro 34,7%, Michel Temer 5,3%, Branco/Nulo: 49,5%,
Indecisos: 10,5%.
CENÁRIO 12: Ciro Gomes 20,9%, Geraldo Alckmin 20,4%, Branco/Nulo: 48,1%,
Indecisos: 10,6%.
CENÁRIO 13: Geraldo Alckmin 25,0%, Fernando Haddad 10,0%, Branco/Nulo: 53,2%, Indecisos: 11,8%.
CENÁRIO 14: Marina Silva 26,6%, Geraldo Alckmin 18,9%, Branco/Nulo: 46,0%,
Indecisos: 8,5%.
CENÁRIO 15: Ciro Gomes 25,7%, Henrique Meirelles 9,0%, Branco/Nulo: 52,6%,
Indecisos: 12,7%.
CENÁRIO 16: Ciro Gomes 30,4%, Michel Temer 5,6%, Branco/Nulo: 52,9%,
Indecisos: 11,1%.LIMITE DE VOTO – PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICACIRO GOMES: é o único em que votaria (2,9%); é um candidato em que poderia votar (31,7%); não votaria nele de jeito nenhum (46,4%); não conhece/não sabe quem é/ nunca ouviu falar (15,3%).FERNANDO HADDAD: é o único em que votaria (0,9%); é um candidato em que poderia votar (15,7%); não votaria nele de jeito nenhum (46,1%); não conhece/não sabe quem é/ nunca ouviu falar (34,1%).GERALDO ALCKMIN: é o único em que votaria (1,6%); é um candidato em que poderia votar (30,3%); não votaria nele de jeito nenhum (55,9%); não conhece/não sabe quem é/ nunca ouviu falar (8,4%).HENRIQUE MEIRELLES: é o único em que votaria (0,2%); é um candidato em que poderia votar (14,1%); não votaria nele de jeito nenhum (48,8%); não conhece/não sabe quem é/ nunca ouviu falar (33,5%).JAIR BOLSONARO: é o único em que votaria (13,1%); é um candidato em que poderia votar (22,1%); não votaria nele de jeito nenhum (52,8%); não conhece/não sabe quem é/ nunca ouviu falar (9,3%).LULA: é o único em que votaria (25,6%); é um candidato em que poderia votar (25,0%); não votaria nele de jeito nenhum (46,8%); não conhece/não sabe quem é/ nunca ouviu falar (0,6%).MARINA SILVA: é o único em que votaria (4,5%); é um candidato em que poderia votar (33,1%); não votaria nele de jeito nenhum (56,5%); não conhece/não sabe quem é/ nunca ouviu falar (2,9%).
MICHEL TEMER: é o único em que votaria (0,3%); é um candidato em que poderia votar (7,8%); não votaria nele de jeito nenhum (87,8%); não conhece/não sabe quem é/ nunca ouviu falar (1,6%).
RODRIGO MAIA: é o único em que votaria (0,1%); é um candidato em que poderia votar (7,0%); não votaria nele de jeito nenhum (55,6%); não conhece/não sabe quem é/ nunca ouviu falar (34,2%).
CARACTERÍSTICAS DO CANDIDATO
• Para 65,6% dos entrevistados, a honestidade do candidato a presidente da República será o principal fator levado em consideração; 47,7% considerarão novas propostas para o Brasil; 26,4%, a trajetória de vida; 12,1% considerarão se o candidato é novo no meio político; 5,9% o partido político ao qual o candidato pertence; 3,4% se ele é do meio empresarial.
CONDENAÇÃO DO EX-PRESIDENTE LULA
• 51,0% consideram que a prisão do ex-presidente Lula é justa.
• 49,9% não acreditam que o ex-presidente Lula disputará as eleições, após ter sido condenado na 2ª instância, enquanto que 40,8% acreditam que o ex-presidente Lula disputará as eleições, mesmo após ter sido condenado na 2ª instância.
JUSTIÇA NO BRASIL
• A avaliação sobre a atuação da Justiça no Brasil é negativa para 55,7% (ruim ou péssima) dos entrevistados. 33,6% avaliam a Justiça como sendo regular e 8,8% dos entrevistados avaliam que a atuação da Justiça no Brasil é positiva (ótima ou boa).
• 52,8,% consideram o Poder Judiciário pouco confiável; 36,5% nada confiável; e 6,4% muito confiável.
• Para 90,3% a Justiça brasileira não age de forma igual para todos. Outros 6,1% consideram que age de forma igual.
• Dos entrevistados, 44,3% acreditam que, mesmo após as recentes ações da Justiça na Operação Lava Jato, a corrupção irá continuar na mesma proporção no Brasil. Enquanto isso, 30,7% avaliam que a corrupção irá diminuir e 17,3% acreditam que vai aumentar.
CONFIANÇA NAS INSTITUIÇÕES
• A instituição mais confiável, segundo os entrevistados, é a Igreja (40,1%). Em seguida, aparecem: Forças Armadas (16,2%), Justiça (8,6%), Imprensa (5,0%), Polícia (4,0%), Governo Federal (2,2%), Congresso Nacional (0,6%) e Partidos Políticos (0,2%).
FAKE NEWS E INFORMAÇÕES
• 49,0% dos entrevistados afirmam utilizar internet (redes sociais, portais ou aplicativos de mensagem, como o WhatsApp) todos os dias para ver notícias; 9,1% utilizam a rede vários dias por semana; 6,1%, poucas vezes por mês; 7,2% raramente. 28,6% não fazem uso da rede mundial de computadores para se informarem.
• Quanto aos assuntos sobre os quais os entrevistados mais se informam, 42,5% citam entretenimento/novela/variedades; 28,2% destacam política; 20,6% esporte; 15,0% economia/finanças; 12,4% educação/trabalho; 11,2% cidades; 10,6% saúde; 3,7% viagens/turismo.
• 81,4% afirmam acreditar em algumas e desconfiar de outras notícias que veem na internet. 4,5% dizem crer em todas as informações, enquanto o restante (13,8%) diz não acreditar em qualquer notícia.
• Quando ficam em dúvida sobre a veracidade de alguma notícia que veem na internet, 31,5% dizem que têm o costume de sempre verificarem se a informação é verdadeira. 45,4% verificam somente algumas vezes e 22,7% dizem que não têm esse costume.
• 68,2% já ouviram falar sobre a existência de notícias falsas, as chamadas fake news.
COPA DO MUNDO
• 42,0% não estão interessados na Copa do Mundo da Rússia. 27,0% estão muito interessados e 30,7% estão pouco interessados.
• 63,9% têm intenção de acompanhar os jogos da Copa do Mundo.
• O principal meio pelo qual os entrevistados pretendem acompanhar os jogos da Copa do Mundo é a TV (96,8%). Em seguida, aparecem internet (1,7%), rádio (0,3%) e jornal (0,1%).
• As seleções favoritas para o título da Copa do Mundo são, na opinião dos entrevistados, Brasil (51,9%), Alemanha (8,1%), Argentina (1,3%), Espanha (1,0%) e França (0,9%).
CONCLUSÃO
Os resultados da 136ª Pesquisa CNT/MDA mostram manutenção da percepção negativa sobre o governo Michel Temer, tanto para a avaliação de seu governo quanto em relação à sua aprovação pessoal, indicando uma situação eleitoral irreversível.
O pessimismo da população em relação a geração de empregos, renda mensal, saúde, educação e segurança para os próximos seis meses apresenta aumento em relação à última pesquisa.
A intenção de voto para a eleição presidencial em 2018 sinaliza manutenção da liderança do ex-presidente Lula no cenário de primeiro turno e em todas as simulações de segundo turno. Para as simulações de primeiro turno que excluem o ex-presidente da relação de candidatos, Jair Bolsonaro lidera, com a segunda colocação sendo disputada por Marina Silva e Ciro Gomes.
Nas simulações de segundo turno sem o ex-presidente Lula, Jair Bolsonaro empata tecnicamente com Marina Silva e Ciro Gomes, vencendo os demais candidatos.
Nota-se elevado percentual de votos brancos, nulos e indecisos, em especial nos cenários sem o ex-presidente, indicando que o eleitor ainda está em busca de algum nome que mereça o seu voto. As características mais importantes para a escolha do candidato são honestidade, apresentação de propostas novas para o Brasil e sua trajetória política.
Em relação à Justiça, observa-se avaliação predominantemente negativa, com baixo grau de confiança e percepção forte de que não atua de forma igual para todas as pessoas.
A maioria da população utiliza de forma frequente a internet para leitura de notícias. Para esse grupo, a maior parcela desconfia de parte das informações que recebe e costuma checar a veracidade.