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  • A formidável (e assustadora) biografia do ano passado

    A formidável (e assustadora) biografia do ano passado

    Por Walter Falceta, especial para os Jornalistas Livres

     

     

     

    Por Walter Falceta, especial para os Jornalistas Livres

     

    Atribui-se ao 32º presidente estadunidense, Franklin Delano Roosevelt, a perturbadora frase: “leva-se um bom tempo para trazer o passado ao presente”.

    De fato, corre tempo demais até compreendermos o porquê das pequenas e grandes tragédias cotidianas. Roosevelt pensava, por exemplo, nos equívocos e desvarios econômicos e financeiros que haviam conduzido seu país à Grande Depressão.

    O desprezo pelo passado frequentemente nos conduz ao horror e ao sofrimento, fenômeno que se apresenta aos olhos dos historiadores no período entre as duas devastadoras guerras mundiais que marcaram o Século 20.

    No Brasil, há quem ainda não tenha compreendido, por exemplo, a natureza do Golpe Militar de 1964, que ceifou vidas, esperanças e amores.

    Pior é a crença patológica em um passado edulcorado, no qual a farda supostamente garantiu aos brasileiros um tempo de ordem, progresso e segurança, de gestores públicos imaculados, jamais envolvidos em casos de corrupção.

    Se o passado é moldado pela construção e reprodução de narrativas particulares, faz-se necessário garantir que o pensamento da civilidade possa concorrer com aquele da barbárie.

    O livro “Sobre Lutas e Lágrimas – Uma Biografia de 2018” (Editora Record, R$ 44,90) escrito pelo jornalista Mário Magalhães, serve brilhantemente a esse propósito.

    A obra trata do pretérito recente, esse que ainda não tivemos tempo de processar, cuja análise atenta exibe uma fieira de ocorrências espantosas, absurdas ou mesmo inacreditáveis.

    A pena virtuosa do colega Mário nos choca ao narrar, por exemplo, os eventos de abril, quando o ex-presidente Lula deixou a resistente São Bernardo e rumou ao cárcere em Curitiba, vítima estoica das tramas lavajateiras.

    Ora, um recuo modesto no tempo, que seja a 2008, exibe um país governado pelo mesmo nordestino. A economia cresce e multiplica-se a oferta de empregos, o filho do porteiro ingressa na universidade e a fome vai desaparecendo do cotidiano das famílias mais humildes.

    Na época, poucos imaginavam que o ex-metalúrgico, mandatário colecionador de sucessos na gestão pública, pudesse cair vítima de um golpe articulado por procuradores reacionários em parceria com um magistrado de cultura limitada.

    Causa estranheza que, em 2018, nos tenha faltado tempo para compreender 1968, o famoso ano rebelde que não terminou. Vivemos o ano passado de forma vertiginosa, ocupados, procurando entender o mês anterior, o dia de ontem, a hora passada.

    Neste Brasil líquido, senão gasoso, como nos reconta o genial Mário, assistimos à caça de macacos, incriminados como transmissores da febre amarela. Se houve empoderamento das mulheres, multiplicaram-se os casos de feminicídio. O Doutor Bumbum revelou sua verdadeira índole. Caminhoneiros travaram o país, a intervenção militar amedrontou o Rio de Janeiro, a direita paranoica mobilizou-se contra a Ursal, índios e jovens recorreram ao suicídio para findar a aflição dos dias todos.

    O neofascismo brasileiro, associado aos neoliberais que se desencantaram com o PSDB e o DEM, viabilizou a candidatura do ex-capitão Jair Bolsonaro. Neste medieval ano de 2018, milhões de brasileiros foram enganados pelo “tiozão” do WhatsApp, que repassou notícias sobre a “mamadeira de piroca” do Haddad, o mesmo candidato vermelho que, segundo ele, pretendia legalizar a pedofilia.

    Na obra de Mário o que mais espanta, no entanto, é a celeridade nas mudanças de cenário. Nos textos escritos no início do segundo semestre, ele ainda cogita de uma candidatura de Lula e não descarta a vitória do ex-metalúrgico. Poucos meses adiante, o que se avalia é se Bolsonaro pode ou não vencer a eleição presidencial no primeiro turno.

    O autor rememora o episódio da reportagem de Patrícia Campos Mello, da Folha, sobre o esquema ilegal de disparo de conteúdos anti-PT nas redes, bancado por empresas. Mas não faz olho militante. Investiga na minúcia os personagens de seu 2018, um ano que se converte, ele próprio, em personagem.

    Na página 261, apresenta um rascunho do candidato presidencial de esquerda, Fernando Haddad:

    • Em piscada de olho para o centro, Haddad elogiou Sergio Moro (“ajudou” o Brasil, com “saldo positivo”), mas criticou a condenação de Lula. Errou ao endossar a acusação improcedente que atribuía tortura ao general Mourão, porém se corrigiu. Criticou decisões de correligionários, como a desmesurada renúncia fiscal do governo Dilma.

    Se nos adiantamos aqui, é bem possível que façamos um curioso spoiler daquilo tudo que já sabemos, ou julgamos saber.

    Quer colar no passado e trazê-lo para decifrar o presente? Embarque nessa leitura, no fascinante jogo das frescas reminiscências. São 330 páginas, mas que passam rapidinho, como aquelas 730 de “Marighella – O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo”, obra luminosa e reveladora do mesmo Mário.

     

     

  • MBL de MT expõe ex-professora da UFMT e ofende funcionários públicos

    MBL de MT expõe ex-professora da UFMT e ofende funcionários públicos

    Como viver em democracia se a opinião alheia não é respeitada? Se suas opções pessoais expressas em perfis privados são expostas de forma mentirosa para uma rede de odiadores virtuais? Pois é isso que os membros do MBL (que de livre não tem nada) fazem diariamente contra centenas, talvez milhares de pessoas por todo Brasil. A mais nova vítima desses linchamentos virtuais é Priscila Mendes, ex-professora substituta de jornalismo na Universidade Federal de Mato Grosso e atualmente servidora concursada na área de comunicação da Assembleia Legislativa do Estado. Apesar dos anos de trabalho duro dentro e fora das salas de aula ela foi apresentada em vídeo divulgado pelas redes sociais da milícia como alguém que “nada produz”. 

    Indignada pelas ofensas e exposição públicas, Priscila fez um vídeo resposta publicado pela página no Facebook do Coletivo Rexistência. Nele, a professora destaca que sem os servidores públicos, que obviamente pagam impostos como toda a população, não haveria escolas ou hospitais públicos. “Se você já estudou em escola pública, assim como eu, ou se você já foi atendido pelo SUS, assim como eu, você já usufruiu do trabalho do servidor público”, explica. “Eu escolhi ser servidora pública justamente para devolver à sociedade tudo o que ela já investiu em mim, com muito trabalho e dedicação, assim como outros colegas”. Ela reconhece que o serviço público precisa de melhorias, mas que isso só pode ser feito através dos investimentos no setor e valorização dos profissionais, na corrente contrária à do candidato à presidência apoiado pelo MBL, que tem atacado quase que diariamente as Universidades e o funcionalismo. 

    Nos últimos dias, dezenas de amigos, colegas e ex-alunos se solidarizaram com a professora, testemunhando nas redes a dedicação e o profissionalismo com que ela sempre atuou. Mas as perguntas seguem no ar. É esse tipo de perseguição e intimidação que queremos no comando do país? Como oferecer melhores serviços de educação, saúde, segurança e infraestrutura desrespeitando e ameaçando os profissionais que os realizam? Como atender melhor a população sem reverter a PEC do Teto dos Gastos que congelou os investimentos por 20 anos? Precisamos de mais amor e menos ódio. Mais jornalismo e menos desinformação. Mais priscilas e menos mbls.

     

    Veja a seguir o vídeo da professora e jornalista: https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=177469936491292&id=176437596594526

    E, abaixo, alguns dos comentários em sua página pessoal

  • #HaddadeManuSim: eleitorado pró-Haddad se fortalece a poucos dias do segundo turno

    #HaddadeManuSim: eleitorado pró-Haddad se fortalece a poucos dias do segundo turno

    por Isabela Abalen e Milena Geovana, especial para os Jornalistas Livres

     

    Bruna Sampaio durante o ato Haddad e Manu Sim na Praça da Estação, Belo Horizonte. Crédito: Isabela Abalen / Jornalistas Livres

    “Por um futuro melhor que a gente acredita e luta há muito tempo. E é isso: uma eterna resistência que a gente está fazendo, porque o cenário é de muito ódio, e não é isso que queremos para o futuro de nossas crianças.” Contou a cientista social, Bruna Sampaio, que está grávida de um menino e já tem outra criança em casa. Ela tem certeza do seu voto, que vai em apoio ao presidenciável do PT nesta corrida ao Palácio do Planalto, Fernando Haddad. Para Bruna, a vitória do candidato à frente no segundo turno, Jair Bolsonaro, do PSL, ainda não está dada: “A gente sabe quem está do lado do povo e quem não está, é por isso que a gente segue acreditando”, concluiu.

     

    O próximo domingo (28) está marcado na agenda. Cerca de 147 milhões de eleitores vão às urnas para decidir quem será o novo presidente do Brasil, como a nova ou o novo vice presidente. Dentre tantas movimentações, o último sábado (20) foi data de atos culturais em todo o país para promoção do candidato Fernando Haddad, do PT, junto à sua vice, Manuela D’Ávila, do PCdoB. A equipe dos Jornalistas Livres de Minas Gerais esteve presente na manifestação cultural de Belo Horizonte, que aconteceu no centro da capital mineira e contou com apresentação de 42 blocos de carnaval protagonizados por mulheres, para conversar com algumas das que saíram de casa a fim de fortalecer o grito #HaddadeManuSim. A advogada Jerusa Furbino foi uma delas. Ela que não veio sozinha, trouxe a filha mais nova, Lívia, de oito anos, e a amiga Marry, com suas duas filhas.

     

    Jerusa fez uma comparação entre os dois presidenciáveis que concorrem o segundo turno para justificar sua escolha. “Como advogada, eu entendo que nós temos que defender o estado democrático de direito, e não deixar essa ameaça de um candidato que quer governar somente para a maioria acontecer. Um candidato que diz que quer eliminar uma minoria é abominável nos dias de hoje”, disse, fazendo menção ao discurso de Jair Bolsonaro durante campanha em Campina Grande, Paraíba, em fevereiro do ano passado. “Nós temos que ter um presidente que pense na educação, que pense no futuro do país, que pense nas minorias e que trabalhe em prol dessas minorias, porque elas têm o direito igual ao de todos”.

    Jerusa Furbino, de chapéu branco, com sua filha, Lívia, à frente, e a amiga com suas filhas ao lado. Crédito: Isabela Abalen / Jornalistas Livres
    Liliana Cunha balançou bandeira pró-Haddad e Manuela D’Ávila em Belo Horizonte. Crédito: Isabela Abalen / Jornalistas Livres

    Quem não pôde levar a filha, mas a trouxe em motivação, foi a psicóloga Liliana Cunha. Liliana contou ter uma filha homossexual e se preocupar em como ela será tratada pela próxima gestão presidencial. “Eu luto muito por ela. Eu não quero ver a minha filha sofrendo, então eu luto pela minha filha e pelas filhas e filhos de outras mulheres, porque é isso que eu quero: um Brasil de amor”, disse.

     

    Em um ato erguido pelas mulheres, que somam cerca de 50% de rejeição à Bolsonaro segundo o último levantamento Datafolha por distinção por sexo, de 4 de outubro, movimentos da luta da mulher marcaram presença. A Marcha Mundial das Mulheres foi um deles. Também, o Movimento de Mulheres Olga Benário compareceu. Indira Xavier, Coordenadora da Casa de Referência da Mulher Tina Martins, e do Movimento Olga Benário, estava de roxo, a cor da luta feminina. “[estamos aqui] Para dizer que nós temos memória, temos história, e que somos contra a ditadura militar e contra o retrocesso em nosso país. Nós sabemos que a violência,  seja ela qual for, ataca sobretudo as mulheres, e temos visto que o aumento dessa violência vêm crescendo exponencialmente em nosso país”.

     

    Indira Xavier usando seus adesivos em campanha ao candidato Haddad. Créditos: Isabela Abalen / Jornalistas Livres

    Apesar de serem maioria presente no ato do dia 20, as mulheres não foram as únicas que saíram de casa no fim de semana para declarar o apoio aos candidatos da coligação “Brasil Feliz De Novo”, o que engrandeceu ainda mais o ato. Como destacou a estudante Luanna Costa: “Estou gostando muito dessa manifestação há uma semana do segundo turno das eleições, porque tem uma representatividade muito grande de mulheres, negros e homessexuais.” O respeito a diversidade é uma pauta que foi bastante destacada pelos manifestantes, que contaram não sentir o mesmo vindo dos discursos do presidenciável Jair Bolsonaro.

     

    Para a psicóloga e psicanalista,  Renata Cristina Belarmino, fica bem claro a importância de todas as manifestações que ocorreram durante o período eleitoral para defender a diversidade e lutar por mais igualdade. De início, tímida, acabou nos soltando um discurso: “Eu trabalho na área da saúde mental, milito nela, pela democracia, pela liberdade, pela vida e pela justiça. Acho que esse movimento transfere para a gente a representação do sujeito que luta. É um movimento que ultrapassa a barreira política, não é pela bandeira, mas sim pelo significado do sujeito, que se impõe contra tudo o que a gente está aqui lutando hoje. Um sujeito que é toda a representação do machismo, do racismo, da homofobia e de tantas outras ‘bias’ da vida que nos impedem de avançar.  Seja em qualquer magnitude dessa manifestação, o povo brasileiro se colocou porque ele teve que se colocar. E esse agrupamento hoje traz a simbologia do eu e do todo, que não olha só para si.

     

    Luanna Costa levou seu livro “Ele Está de Volta”, do escritor alemão, Timur Vermes, ao ato cultural Haddad e Manu Sim. Créditos: Isabela Abalen / Jornalistas Livres

    Eu não preciso ser negra para me implicar na militância negra, eu não preciso ser lésbica para me implicar na militância LGBT, eu não preciso ser nada para me implicar em qualquer militância. Eu preciso ser ser-humano para me implicar com a militância da vida.”

     

    E a psicóloga finalizou: “Então eu penso que no primeiro ato que a gente fez, tínhamos sim um caráter de construção política de levantar bandeiras, de ter foco no lugar que a gente queria chegar, um caráter de quem a gente vai derrotar, quem é o nosso inimigo. Mas neste momento a gente traz um olhar mais para quem é você, olha para o que você é e o que quer representar neste dia 28.  Por isso tá lindo o movimento, não é apenas um número, é a energia que passa.” Renata também participou do ato do dia 29 de setembro, chamado de “Mulheres Contra Bolsonaro”. 

     

    A mobilização do último fim de semana levou mais uma vez pessoas às ruas, essas que nos contaram acreditar no voto consciente, que, segundo elas, zela por todas as minorias e pode eleger um candidato que respeite essa diversidade e mudar o país. A poucos dias do segundo turno, apoiadores se movimentam acreditando em uma virada na corrida eleitoral. Amanhã (24), Fernando Haddad faz campanha em Belo Horizonte, às 10 horas da manhã, na Rua da Bahia, ao lado do Museu Inimá de Paula. Acompanhe toda a semana de mobilização pró-Haddad e Manuela D’Ávila na cidade clicando neste link.

     

    A psicóloga e psicanalista, Renata Belarmino, ao meio, com suas amigas que a acompanharam na manifestação. Créditos: Isabela Abalen / Jornalistas Livres
  • Cuiabá pela Democracia

    Cuiabá pela Democracia

    Foto: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com

    Fotos: Maria Eugênia Sá www.mediaquatro.com especial para os Jornalistas Livres

    Na capital do agronegócio, não é difícil encontrar quem apoie o fim dos diretos trabalhistas e a solução para os conflitos do campo na ponta do fuzil. Um dos candidatos a senador nessa eleição, por exemplo, era o autor do projeto de lei que permitiria “pagar” os trabalhadores rurais sem usar dinheiro, apenas com roupas, comida e material de trabalho. Mas também há uma valorosa parte da população que compreende o momento delicado que estamos passando e como essa eleição pode se tornar o verniz jurídico-democrático que será usado para acabar de vez com a democracia. Como diz o #CaixaDoisDoBolsonaro, “fazer o país voltar ao que era há 40, 50 anos”. Nesse dia de mobilização nacional, dezenas de cidadãos de Cuiabá, em Mato Grosso, percorreram as ruas do centro velho, por onde há menos de 200 anos circulavam com correntes no pescoço negros traficados da África e indígenas escravizados por bandeirantes, para proclamar que não vamos deixar a democracia ser derrotada sem luta. E a luta hoje é para virar os votos daqueles que foram enganados pelas correntes de FakeNews impulsionadas por esquemas ilegais pagas a preço de ouro por empresários inescrupulosos. Gente que se diz patriota mas constrói em suas lojas réplicas bregas de monumentos de outros países. Contra tudo isso é fundamental votar pela democracia. Votar pelos direitos de todos e todas. Votar em quem não prega a tortura e a morte como solução para os grandes problemas do Brasil. Votar em quem não tem medo de confrontar ideias e programas, cara a cara, ao vez de se esconder atrás de Twitters ofensivos e mentiras por WhatsApp.

    A chamada Caminhada Pela Paz e Democracia Com #Haddad13, que começou bem cedo em frente à Igreja do Rosário e São Benedito, passou em frente à antiga e tradicional Igreja Nossa Senhora dos Passos, pelo calçadão de comércio e terminou sugestivamente na Praça da República, onde uma grande estátua da Justiça, feita pelo escultor Jonas Corrêa, têm sempre a seus pés pessoas em situação de rua novamente ameaçados pelos “cidadãos de bem” que em outros momentos já promoveram chacinas para “limpar as ruas”. A estátua, aliás, te outra história interessante. Ao ser inaugurada em 1997, o autor jogou um balde tinta preta no monumento protestando por nunca ter recebido o valor acertado com o poder público para criação da obra. Foi nesse lugar emblemático do Brasil que os manifestantes deram as mãos numa grande roda, concentrando e distribuindo força, empatia, carinho e esperança a quem resiste ao avanço do fascismo no país e no mundo. #NãoPassarão!

    Foto: Maria Eugenia Sa​ – www.mediaquatro.com

  • Rede de Intelectuais, Artistas e Movimentos Sociais em Defesa da Humanidade emite nota em defesa da democracia e do povo brasileiro

    A Rede de Intelectuais, Artistas e Movimentos Sociais em Defesa da Humanidade emitiu nota em defesa da democracia e do povo brasileiro em sua página oficial: https://indefenseofhumanity.org/2018/10/in-defense-of-democracy-in-defense-of-the-brazilian-people/ externalizando sua preocupação com o grave cenário político no país e pedindo a união das forças de esquerda e progressistas em torno da chapa Haddad-Manuela para combater o fascismo.

    Confira a nota traduzida abaixo:

     

     

    Em Defesa da Democracia, em Defesa do Povo Brasileiro

    Da Rede de Intelectuais, Artistas e Movimentos Sociais em Defesa da Humanidade, assistimos com grande preocupação aos desdobramentos políticos que vêm ocorrendo no Brasil.

    Quando o golpe parlamentar contra a legítima Presidenta Dilma Rousseff foi levado a cabo nós denunciamos, e protestamos contra a prisão, sem qualquer prova, do Presidente Lula, cujo único crime foi tirar milhões e milhões de brasileiros da pobreza, algo pelo qual as elites transnacionais e o imperialismo norteamericano nunca o perdoaram.

    Agora estamos testemunhando com horror a ascensão de um candidato abertamente fascista, misógino, homofóbico e racista. Um candidato que representa todos os anti-valores de uma sociedade democrática. Este momento só pode ser enquadrado na profunda crise que o modelo econômico neoliberal provocou em nossas sociedades. É montado sobre o ódio e a frustração de amplas camadas da população que deram origem a figuras como Trump, Le Pen, Salvini ou Netanyahu.

    A vitória de uma candidatura abertamente fascista como Bolsonaro no Brasil não seria apenas uma tragédia para o povo brasileiro, um holocausto social contra os pobres, mulheres, negros, a comunidade LGBT e, em geral, contra a própria democracia do Brasil. Seria também desastroso para os avanços em direção à emancipação da América Latina. Mais importante ainda, o resultado seria uma parada no avanço da combinação de forças e governos populares na América Latina e no Caribe, e um revés para a humanidade como um todo.

    Neste momento histórico, fazemos um apelo à unidade de todas as forças, não só de esquerda e progressistas, mas, acima de tudo, da unidade de homens e mulheres que acreditam em valores democráticos, para formar uma frente contra o fascismo que impeça o retorno de fantasmas que deixaram tantos mortos e desapareceram em nossa América no passado.

    Por isso, apelamos por uma luta unida contra os interesses das grandes elites econômicas e midiáticas e pela defesa do legado de Lula e da democracia, um legado que hoje se manifesta na candidatura de Fernando Haddad-Manuela D’Avila.

    É imperativo que o Brasil retorne ao caminho que foi desviado pelos golpistas, um caminho de soberania e justiça social para o povo brasileiro. Porque nós acreditamos em um Brasil feliz de novo, eles não passarão.

  • Jamais apoiarei o #elenão Jair Bolsonaro, diz o presidente do Tucanafro

    Jamais apoiarei o #elenão Jair Bolsonaro, diz o presidente do Tucanafro

    Por: Humberto Meratti – especial para os Jornalistas Livres

    Em meio às polarizações nestas eleições de 2018, torna-se necessário entender o que a política realmente representa. Além disso, é importante e interessante compreender as diferentes militâncias negras dentro de partidos de Centro e Centro Direita no País, como elas pensam e o que representam dentro de suas agremiações.

    O Tucanafro, grupo interno do PSDB, é encarada, por alguns, como a esquerda dentro do partido, com suas próprias causas e lutas, possuindo embates contrários diferentes de muitos que estão no partido. Nessa entrevista exclusiva para os Jornalistas Livres, o presidente do grupo, Alexandre Ifatola (46 anos), natural e residente de São Paulo (SP), fala sobre o atual cenário que vive dentro do PSDB e os rumos que ele e outros militantes deve seguir:

     

    Humberto Meratti – Olá Sr. Alexandre, obrigado pela entrevista cedida aos Jornalistas Livres. Gostaria de abrir a entrevista contigo, inevitavelmente, perguntando sobre a campanha do Sr. Geraldo Alckmin à Presidência da República. Aos olhos de diversos analistas de política, foi um fracasso a campanha. O que aconteceu na sua visão? Foi um problema interno? O Segmento Negro do PSDB, apresentou propostas? Estas propostas, foram ouvidas pelo mesmo?

     

    Alexandre Ifatola – Grato pela entrevista. Na minha visão, acredito que a população está agindo pelo fígado, e também pelo fato de que os brasileiros não estão preocupados com plano de governo e sim em buscar um pseudo “Salvador da Pátria”, e infelizmente nós brasileiros, estamos passando por um período de muitas denúncias de corrupção em nosso país, haja vista que os maiores políticos corruptos são do PT, entretanto, o resultado desse primeiro turno mostra que boa parte da população não estão preocupados com a ética, com o desenvolvimento econômico, educacional e social e sim, estão em busca de um ídolo, tanto, que quem foi para o segundo foi dois extremos e não de um político experiente e que conhece a máquina pública como o Geraldo Alckimin, portanto acredito que não foi um problema interno dentro do meu Partido PSDB e sim, a população por estar atrás de um ícone caricato. Nós do Segmento Negro do PSDB, entregamos em mãos do próprio Geraldo Alckimin no dia da oficialização da sua candidatura para Presidente do Brasil, nossas propostas para a população negra, onde foram recebidas e incorporadas ao seu plano de governo, pois sempre tivemos nós do Tucanafro, um elo muito forte com o partido, que sempre desenvolveu programas principalmente no combate ao racismo, como a criação do “Comitê de Saúde da População Negra”, a capacitação de professores sobre a Lei 10.639/03 (que obriga o ensino da história da África e do afro-brasileiro). Auxiliamos também, na criação do projeto “São Paulo: educando pela Diferença para a Igualdade”, projeto este, direcionado ao Estado de São Paulo junto a Conselhos da Comunidade Negra, capilarizando o conhecimento, o empoderamento, e principalmente tratando de ações afirmativas para a população negra.

     

    Humberto Meratti – Na noite deste domingo passado (07/10), a mídia noticiou os resultados para Governo no Estado de São Paulo em relação ao 1º turno e, em entrevista realizada junto ao candidato João Dória, o mesmo citou que fará apoio ao candidato à Presidência, o Sr. Jair Bolsonaro. Para vocês do Segmento Negro do partido PSDB, o que essa declaração representa? 

     

    Alexandre Ifatola – Eu estava na entrevista naquele momento, e posso afirmar que o candidato João Doria falou por si, e não pelo partido, haja vista que eu também estava na coletiva em que o Presidente Nacional do Partido PSDB – Geraldo Alckimin, disse que iria se reunir com membros do partido para tratar sobre apoiar ou não, o candidato #elenão mais conhecido como Jair Bolsonaro. Saliento que a maioria da população negra, principalmente a militância negra e o coletivo negro na qual sou o atual Presidente Municipal do Secretariado da Militância Negra do PSDB – Tucanafro, como Presidente da Câmara de Comercio e Indústrias Brasil e Nigéria e Vice Presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial da Cidade de São Paulo, e pôr o candidato #elenão desrespeitar a população negra, as mulheres, o público LGBT e incitar a violência e o preconceito, por minha questão de ética e da minha ancestralidade, e pela solidariedade a todos os meus irmãos de raça, jamais apoiarei o mesmo. Muitos dizem que somos todos iguais, digo só se for em espirito, porque a desigualdade é tamanha. Basta observar que não se respeita a reserva de 20% de vagas em todas as instâncias do poder público para afrodescendentes desde o cargo de estagiário até os de alto escalão, vou além se me permite – temos milhares de negras e negros altamente qualificados para ocupar qualquer cargo. A Executiva Municipal do PSDB da Cidade de São Paulo decidiu, após consulta a suas bases e salvo orientação em sentido diverso das instâncias superiores do partido, pela liberação de seus filiados para tomar posição no segundo turno da eleição presidencial conforme a consciência de cada um.

     

    Humberto Meratti – Em diversas mídias, visualizamos que o PSDB em alguns Estados, apoiarão o Bolsonaro, principalmente em alguns estados do Sul do País, já na região do Nordeste, maioria apoiarão o Fernando Haddad. Minha pergunta é, o PSDB hoje, está rachado assim mesmo?

     

    Alexandre Ifatola – Posso dizer que o PSDB, como qualquer outro partido tem as suas divergências internas, que podem tomar atitudes de acordo com a sua regionalidade, mas nem por isso podemos considerar que estamos rachados.

     

    Humberto Meratti – Você pode nos informar, pelos bastidores, o que os mais velhos e célebres do partido como o FHC, antecipam já sobre o 2º turno?

     

    Alexandre Ifatola – Não tenho como dizer sobre todos, mas em relação ao FHC e ao José Serra, os mesmos afirmaram que não vão apoiar nem o PT, nem Jair Bolsonaro, conhecido também como “#elenão”, no segundo turno, pois prezam pelo País e o povo. Assim faço das palavras deles como o meu posicionamento. Digo claramente que vou votar em branco por ser democrático e válido. Jamais votaria no Haddad e por minhas convicções em relação ao candidato #elenão que instiga a violência, o ódio, o preconceito de negros, mulheres e de gays, haja vista que até criaram um jogo para celulares que tem com objetivo de matar petistas, gays, defensores de direitos humanos e negros, sendo que os chefões do jogo são políticos de esquerda e que uma fase do jogo ocorre dentro de uma escola, onde o objetivo é matar gays para proteger as crianças do kit-gay.

     

    Humberto Meratti – Qual será o posicionamento do Segmento Negro do partido neste 2º turno? Vocês apoiarão quem, e por quê?

     

    Alexandre Ifatola – Digo que o Segmento Negro do PSDB – Tucanafro, seguirá a decisão do partido, mesmo que isso contraria a vontade de alguns pois somos militantes e queremos o melhor para o PSDB.

     

    Humberto Meratti – A candidata a Deputada Federal, Aline Torres pelo partido em SP, teve amplamente o apoio da Juventude Negra do PSDB? Ela teve de desbancar políticos com mais prestígio para poder concorrer? Nos explique como foi esse processo e como vocês encarão os quase 14 mil votos que ela obteve.

     

    Alexandre Ifatola – Como Presidente Municipal do Secretariado da Militância Negra do PSDB –Tucanafro, posso dizer que o meu apoio foi fundamental para que a mesma pudesse ser Candidata a Deputada Federal, pois foi eu que apresentei uma carta ao Partido, solicitando a vaga dela para participar como Candidata a Deputada Federal, tanto que também ela teve todo o apoio também do Presidente do Diretório do PSDB – sr. Pedro Tobias. Em relação a Juventude Negra, infelizmente quase não se tem jovens negros dentro do nosso partido PSDB, por muitos até acharem que é um partido de elite, mas a Aline Torres com toda a sua garra e determinação, sendo uma mulher, negra e da periferia, sem recurso quase algum e se não fosse ela, uma mulher batalhadora, guerreia, que gastou sola de sapato, muita saliva e praticamente com apenas 8 pessoas, onde nós nos dedicamos para que a mesma conseguisse todo êxito, pois para todos nós a Aline é motivo de um grande orgulho, posso até dizer com a vitória do nosso candidato João Doria onde tenho a certeza que vai vencer, a Aline Torres tem toda a condição de assumir a Secretaria Estadual de Cultura do Estado de São Paulo, que para nós da população negra, será um grande marco na história do Governo do Estado de São Paulo. Nomear uma mulher, negra que veio da periferia, alcançando uma cadeira tão almejada por nós, pois o que a população negra mais tem é cultura.

     

    Foto: assessoria de imprensa PSDB

     

    Humberto Meratti – O que é o Tucanafro? Qual é o papel desta no PSDB? Um ponto que observamos como você é o Atual Presidente Municipal do Secretariado da Militância Negra do PSDB-Tucanafro, e pelo que pesquisamos sobre você é muito atualmente sobre as causas da militância negra e que condiz com as características de quem pode representar a população negra, agora entrando na esfera do Estado de São Paulo, pesquisamos e verificamos que a Presidente atual do Estadual de São Paulo da Militância Negra do PSDB-Tucanafro Silvia Cibele e que também a mesma é chefe de Gabinete da sub-prefeitura do Jaçana, não apresenta fenótipos da raça negra, e que tem pouca atuação nos coletivos da população negra. Podemos afirmar que isso se dá por ter poucos negros e negras no Partido PSDB?

     

    Alexandre Ifatola – É o núcleo do Secretariado da Militância Negra do PSDB, que surgiu no Município de São Paulo, em que por meio de planos, projetos e programas de combate ao racismo, melhorar-se condições políticas, econômicas e sociais dos negros em todo território nacional, busca contribuir de forma incisiva na ampliação e legitimação do partido no enfrentamento ao racismo e às desigualdades raciais, por meio de ações afirmativas e do reconhecimento a valorização da população negra. Digo que na minha gestão, estamos promovendo debates, seminários, afroempreededorismo e palestras de ações afirmativas relacionadas às questões étnicas raciais, visando a elaboração de propostas públicas em benefício da população negra, assim também como é nosso objetivo, a participação ativa do negro na política em todas as esferas.

     

    Em relação ao meu envolvimento ao coletivo negro sempre se deu por eu ser negro, por ser das religiões de matrizes africanas, por criar projetos que levem ações afirmativas para a população negra e por escrever em diversas revistas sobre a cultura africana e afro-brasileira, por ter um canal no youtube – Tucanafro nas Ruas e outros vídeos através do Instituto Akhanda, que sempre busco levar adiante pautas que coloque em evidencia todas as ações que venho desenvolvendo ao logo dos anos para levar representatividade, principalmente visando apoiar e disseminar pautas ligadas a Década Internacional dos Afrodescendentes (2014-2015) para o reconhecimento, a justiça e o desenvolvimento para toda população negra. Sobre a questão da atual Presidente Estadual de São Paulo da Militância Negra-Tucanafro, digo que vem desenvolvendo um excelente trabalho em sua gestão, e não é porque ela não possui aspectos negroides, não podemos desmerecer o trabalho que vem executando com louvor e criando ações para dar visibilidade a população negra do Estado de São Paulo, e falo mais, tive o prazer de conhecer a mãe da Silvia Cibele e também alguns irmãos dela que são negros. Afirmo que de fato não temos muitos negros dentro do Partido do PSDB, devido que muitos pesam que somos elite, mas tanto eu como a Silvia Cibele, estamos trabalhando em conjunto para agregar e somar cada vez mais a população negra dentro do nosso partido.

    Presidente da Câmara de Comércio Brasil-Nigéria

    Outras notas sobre Alexandre Ifatola:

     

    É graduado em Psicologia (Universidade São Marcos); graduado Pedagogia (Universidade São Marcos); especialista em Meio Ambiente e Sustentabilidade (Faculdade Futura); Mestre em Ciências da Religião (Universidade São Marcos) e, é doutor em Psicologia Transpessoal (Université Fédérale Toulouse Midi Pyrénées). Foi Coordenador Geral de Políticas Públicas para Idosos na cidade de São Paulo, entre Janeiro a Agosto de 2017 foi também Coordenador de Programas na Autoridade Municipal de Limpeza Urbana do Município de São Paulo de setembro de 2017 até agosto de 2018.

     

    Iniciou-se aos 6 anos de idade no Terreiro do Gantois ou, Ilê Iyá Omin Axé Iyá Massê, um terreiro de candomblé brasileiro em Salvador, tornando-se Babalorixá com 21 anos de idade. Em 2004 iniciou-se na Nigéria, em Ifá na Cidade de Osogbo Osun, onde tornou-se Babalawo.

     

    Fui Fundador e Presidente do Instituto Akhanda, que trabalha com a população idosa, onde através do projeto “Faça Um Idoso Feliz”, capacita alunos idosos travestis e transexuais através do curso “Padaria Artesanal”.

     

    Por ser assumidamente gay, faz parte do órgão secretariado “Diversidade Tucana”, servindo de referência para as questões relativas à população LGBTI+, tendo como objetivo, articular o desenvolvimento e implementação de políticas públicas voltadas à diversidade sexual nas administrações geridas pelo PSDB.

    Alexandre Ifatola é também, o atual Presidente da Câmara de Comércio e Indústrias Brasil e Nigéria.