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  • Sem papas na língua. Juliano Medeiros no Dialogando de hoje

    Sem papas na língua. Juliano Medeiros no Dialogando de hoje

    Quais interesses políticos estão por detrás da próxima disputa eleitoral? No Programa Dialogando desse domingo (26/07), 18h, o Pastor Fábio recebe Juliano Medeiros, presidente do PSOL para um papo sobre eleições e aprendizados da pandemia que passa por uma das fases mais críticas do momento, onde prefeituras e governos de vários Estados do país programam reabertura de mais uma parcela considerável de setores, enquanto isso, a mídia normaliza as curvas ascendentes do número de infectados pelo Coronavírus.

    Outra pergunta que precisa ser respondida é qual é o sentido das eleições serem realizadas ainda neste ano? Quais interesses políticos estão por detrás da próxima disputa eleitoral? Tudo isso e um pouco mais, sem papas na língua, como diz o Pastor Fábio. Vem!

    Assista, compartilhe. comente e mande perguntas no Facebook.

    Juliano Medeiros é um jovem dirigente político da esquerda brasileira e desde janeiro de 2018 ocupa a presidência do Partido Socialismo e Liberdade. Historiador e Mestre em História pela Universidade de Brasília, é Doutor em Ciências Políticas pela mesma instituição.

    Co-autor e organizador de Um Mundo a Ganhar e Outros Ensaios (Multifoco, 2013), Um Partido Necessário – 10 anos do PSOL (Fundação Lauro Campos, 2015) e Cinco Mil Dias: o Brasil na era do lulismo (Boitempo, 2017), colabora com sites, jornais e revistas no Brasil e exterior.[2]

    Em 2018 coordenou a campanha de Guilherme Boulos à Presidência da República pelo PSOL[3] e, no segundo turno, após decisão do partido, passou a integrar a coordenação da campanha de Fernando Haddad[4]. Desde a vitória de Jair Bolsonaro, participa do Fórum dos Presidentes de Partidos de Oposição[5].

    Durante mais de uma década Juliano Medeiros foi dirigente da corrente interna Ação Popular Socialista – Corrente Comunista do PSOL. Em Junho de 2019, a APS-CC se fundiu com o Coletivo Rosa Zumbi e mais oito coletivos regionais para fundar a Primavera Socialista, atualmente maior tendência do PSOL, da qual Juliano também é dirigente.[6]

    Fábio Bezerril Cardoso é Pastor, cientista social, ativista social e Cofundador & Coordenador da Escola Comum e atualmente apresenta o Programa Dialogando, todos os domingos, às 18h. É um dos pastores progressistas que têm lutado pela defesa dos povos periféricos e costuma não ter papas na língua para falar sobre a realidade desses lugares. A produção é de Katia Passos, com arte de Sato do Brasil.

    Conheça mais sobre a atuação do Pastor Fábio https://www.facebook.com/fabio.bezerrilhttps://www.facebook.com/fabio.bezerril

  • Nota do MNU repudia racismo de delegado em Pernambuco

    Nota do MNU repudia racismo de delegado em Pernambuco

    O Movimento Negro Unificado – MNU em Pernambuco, vem a público, por meio desta, repudiar veementemente, os insultos proferidos pelo senhor Delegado Antônio Resende, em uma live de conotação política, denominada “A HORA DO CABO É AGORA”, realizada no último dia 2 de julho de 2020, no perfil do seu Instagram, onde o repudiado se referiu reiteradamente de forma hostil às religiões de matrizes afro-indígenas, utilizando como subterfúgio, a disputa eleitoral com um concorrente supostamente de “Terreiro”.

    O racismo se apresenta em várias dimensões na nossa sociedade. Uma delas, é através do racismo religioso, muitas vezes cometido de forma sutil (bem ao estilo engenhoso do racismo estrutural brasileiro), porém, outras vezes de maneira escancarada, como engendrou o senhor Delegado Antônio Resende, quando escondendo-se por trás do manto da liberdade de expressão, do posto de autoridade policial, além de operador politico partidário em sua cidade, demoniza de deliberadamente a comunidade de Terreiro , utilizando para isto um veículo de comunicação em massa como a rede mundial de computadores, para divulgar discursos de a seguir:

    “Dar a chave da cidade para um catimbozeiro ir transformá-la em cidade da morte, não vai dar, porque a cidade vai ser de Jesus…”

    “…Não aceitamos mais esse tipo de gente, esse pai de santo vim pra cá tomar a cidade e oferecer a satanás mais não…

    “…Esse satanista não vai mais tocar as mãos na chave da cidade do Cabo não. É isso que eu tenho a dizer…”

    Entre outras frases de ódio religioso expressadas de forma antidemocrática pelo repudiado.

     

     

    Afirmamos que não toleraremos ataques racistas e ações correlatas, contra as comunidades de Terreiro do Município do Cabo de Santo Agostinho, bem como em todo o Estado de Pernambuco. E que tomaremos as medidas cabíveis, segundo dispõe a Lei Federal de nº1.288/2010, em seu artigo 24-VIII, que dispõe dos seguintes termos:

    “Art.24 -O direito à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana compreende:
    VIII – a comunicação ao Ministério Público para abertura de ação penal em face de atitudes e práticas de intolerância religiosa nos meios de comunicação e em quaisquer outros locais.”

    Não obstante as provisões dos artigos 1º-I, 2º,3º e 4º, além dos artigos 55 e também o 54 da mesma lei que apregoam:

    “Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir atos de discriminação e preconceito praticados por servidores públicos em detrimento da população negra, observado, no que couber, o disposto na Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989

    Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e das ameaças de lesão aos interesses da população negra decorrentes de situações de desigualdade étnica, recorrer-se-á, entre outros instrumentos, à ação civil pública, disciplinada na Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.”

    O Estado brasileiro, outrora autor de ataques policiais que devastavam terreiros de candomblé em Pernambuco destruindo representações religiosas e levando ao cárcere líderes religiosos após muita violência física e psicológica , agora ataca os cultos afro e afro-indígenas brasileiros de outra forma, renovando o modus operandi do racismo estrutural através de pessoas como o Sr. Delegado Antônio Resende, a quem reiteramos o nosso repúdio.

    Diante do exposto, recomendamos ao Ministério Publico e demais autoridades pernambucanas, que tomem as medidas cabíveis, em homenagem aos princípios republicanos brasileiros, consagrados na Carta Magna de 1988.

    Sabemos porque sentimos literalmente na pele o peso do racismo brasileiro e suas ações correlatas, e por isso afirmamos que a dor de uma comunidade de Terreiro é a dor de todo o nosso coletivo.

    Recife, 3 de Junho 2020.

    Movimento Negro Unificado – Seção Pernambuco.

  • Dados e Política: Por Dentro da Indústria da Influência

    Dados e Política: Por Dentro da Indústria da Influência

    Prestes a entrar em uma disputa eleitoral cujo resultado é extremamente significativo o resultado deve atender à vontade da soberania popular e fortalecimento da democracia a equipe da Casa Hacker sempre atuando em pró da democracia e direitos humanos tem buscado através da inclusão digital e tecnológica dos cidadãos trazer ferramentas e informações que promovam a equidade e a democracia.
    Os interesses de grupos colocam em xeque a democracia se utilizando do voto
    A indústria das campanhas políticas tem se tornado um grande negócio lucrativo e fortemente influenciada por dados pessoais. Esses dados se estendem por muito além dos registros eleitorais: tudo pode alimentar a base de dados coletados, desde os itens do seu carrinho de compras à pontuação dos seus posts e testes aleatórios do Facebook, ao bar que você visita numa sexta à noite, pode ser usado por partidos e políticos para descobrir quem é você e te influenciar.
    Experiências passadas e resultados manipulados
    Em 2018 explode nos meios de comunicação o escândalo dos dados de usuários do facebook, não era a primeira vez que o Facebook se envolvia em uma polêmica relacionada à “manipulação de opinião pública durante a eleição presidencial americana”. Assim como a eleição de Donald Trump para presidente dos EUA, a campanha marcante para que o Reino Unido deixasse a União Europeia usou ilegalmente dos dados privativos pessoais.
    Os 50 milhões de usuários do facebook foram vítimas de uma coleta de dados realizada pela Cambridge Analytic por meio do próprio facebook através de um teste como tantos outros que vemos na rede social.

    Casa Hacker combatendo a manipulação por meio da informação 

    A Casa Hacker junto à Tactical Tech lançam o Guia do Eleitor e a vídeo galeria “Dados Pessoais: Persuasão Política — O que está a venda?” em formato digital e de acesso gratuito que explicam, em termos e linguagem acessível, onde as campanhas políticas pesquisam por dados pessoais, que tipos de dados elas coletam, e como elas usam isso para tornar alvos e persuadir eleitores. O guia detalha as técnicas de campanhas como “escuta digital”, “micro-segmentação” e “testes A/B”, e oferece aos eleitores brasileiros 7 dicas essenciais para desintoxicar seus dados pessoais e deixar as campanhas eleitorais e políticos longe de seus dados pessoais.
    O Guia do Eleitor aborda 7 dicas (e contextualiza com exemplos reais):
    DICA #1: Mude sua Rotina;
    DICA #2: Mude suas Preferências nas Redes Sociais;
    DICA #3: Bloqueie seu Celular e Navegadores de Desktop;
    DICA #4: Mantenha-se Informado;
    DICA #5: Limite Quem Sabe Onde Você Está;
    DICA #6: Fale;
    DICA #7: Conte à sua Comunidade.

    Com a ajuda dessas dicas práticas, eleitores podem votar com o conhecimento de como e quando essas técnicas digitais estão sendo usadas, e, inclusive, o que podem fazer para barrá-las.
    A vídeo galeria “Dados Pessoais: Persuasão Política — O que está a venda?” é o resultado de uma pesquisa extensa no mundo todo conduzida pela Tactical Tech e parceiros globais onde encontramos mais de 300 empresas em todo o mundo que usam dados para fornecer informações aos partidos políticos sobre quem são os eleitores, o que eles querem ouvir e como persuadi-los. Ao mergulhar fundo em seus sites, encontramos várias empresas, consultorias, agências e firmas de marketing, desde startups locais a estrategistas globais, visando partidos que abrangem o espectro político. Essa galeria visual e virtual captura as promessas dessas empresas, oferecendo uma janela única para os serviços que elas promovem e a linguagem atraente que usam, frases como “fortalecemos a democracia”, “emoções impulsionadas pelos dados”, “mudando o mundo, um pixel de cada vez” e “vencer eleições com inteligência social”. Principalmente empresas com fins lucrativos, com o objetivo principal de gerar, manter e aumentar os lucros, é importante perguntar: quais são as implicações de permitir que a política seja amplamente influenciada pelas organizações de tecnologia orientadas a dados?
    O “Guia do Eleitor” e a vídeo galeria “Dados Pessoais: Persuasão Política – O que está a venda?” estão disponíveis gratuitamente no site da Casa Hacker.

    Sobre a Casa Hacker

    A Casa Hacker é um espaço hacker sem fins lucrativos e 100% dedicada a colocar comunidades locais no controle de suas experiências digitais e a moldarem o futuro da tecnologia da informação e comunicação para o bem público. Desenvolvemos programas e projetos de educação e cultura digital em comunidades periféricas e defendemos direitos digitais junto à Coalizão Direitos na Rede.

    Sobre a Tactical Tech

    A Tactical Tech é uma organização sem fins lucrativos alemã que trabalha na intersecção entre tecnologia, direitos humanos e liberdades civis. Eles fornecem treinamentos, conduzem pesquisas e criam intervenções culturais que contribuem para o debate sócio-político mais amplo sobre segurança digital, privacidade e ética dos dados.

     

     

     

    https://vimeo.com/323661112

  • O FATOR DILMA ROUSSEFF EM 2020

    O FATOR DILMA ROUSSEFF EM 2020

    ARTIGO

    RODRIGO PEREZ OLIVEIRA, professor de Teoria da História na Universidade Federal da Bahia

    Especialmente em momentos de crise, os movimentos da política devem ser acompanhados no dia a dia. Os políticos profissionais mais habilidosos e os analistas mais experimentados sabem perfeitamente disso. Por isso, as pesquisas de opinião atraem tanto a atenção, pois é aí que temos a possibilidade de identificar as curvas, a formação de tendências.

    Todos os que acompanham a política brasileira com algum método estão debruçados sobre a pesquisa Datafolha divulgada no último domingo, 8 de dezembro. Os defensores do presidente Jair Bolsonaro torcem os números para ver na realidade o fortalecimento do governo. Os opositores torcem os números para ver na realidade o início do fim do fascismo à brasileira.

    Torcidas à parte, se analisarmos os números com cuidado não perceberemos nenhuma grande novidade em relação aos dados divulgados em pesquisa anterior, publicada em agosto.

    Com alguma variação pra lá e pra cá, é possível perceber a sociedade brasileira dividida em três fatias com mais ou menos 30% cada, ficando aí voando uns 10%, para margem de erro e arredondamentos.

    Trinta por centro avaliam o governo como “ótimo e bom”. É a base social orgânica do bolsonarismo. Dificilmente essas pessoas se movimentarão. Estão dispostas a ir com o Bolsonaro até o fim. É pra essa camada que o presidente fala quando se apresenta como um “pai de família” perseguido pela mídia, pelo Judiciário e pela classe política corrupta. É essa a base social que Bolsonaro excita quando publica vídeo de Leão saneador cercado por hienas. É pra essa base que o bolsonarismo joga quando fala em AI-5, excludente ilicitude, fechamento do Supremo Tribunal Federal. Bolsonaro é extremamente competente em manter essa gente mobilizada, em estado de excitação. Bolsonaro pode até ser fraco como presidente, pois pra ser presidente em República democrática carece de respeitar os ritos, de seguir os protocolos institucionais. Mas é fortíssimo como agitador fascista. Em um momento de grave crise institucional, essa é uma habilidade muito perigosa.

    Trinta por cento avaliam o governo como ruim/péssimo. É a base social orgânica do antibolsonarismo, que agrupa um leque amplo de forças políticas: petismo e esquerda em geral, aquilo que podemos chamar de modo vago e um tanto impreciso de “centro democrático”, defensores do meio ambiente e dos direitos humanos e todos a quem sobrou um mínimo de bom senso para entender que o bolsonarismo significa, necessariamente, o constante ataque às instituições do Estado democrático. Esse grupo tende a se aglutinar ao redor daquele que conseguir se apresentar como liderança forte o suficiente para combater o bolsonarismo nas urnas. Essa liderança ainda é exercida por Lula. Nada no horizonte sugere que isso mudará no curto prazo.

    Trinta por cento avaliam o governo como regular. É uma massa amorfa formada por pessoas que não são organicamente nem bolsonaristas e nem antibolsonaristas. Temos aqui o pêndulo, o fiel da balança, aqueles que serão disputados na unha. Essas pessoas se incomodam com o que julgam ser comportamento destemperado do presidente, mas também estão dispostas a esperar um pouco mais para ver se o governo dá jeito na crise. Dão a Bolsonaro o benefício da dúvida. A evolução do cenário econômico determinará para onde essa camada irá.

    Vendo os números por dentro, há detalhes nada irrelevantes, como, por exemplo, o corte de renda. Entre os mais pobres, aqueles que ganham até dois salários mínimos, 43% avaliam o governo como péssimo e ruim, o que confirma tendência já observada na época das eleições presidenciais. Há um claro componente de classe na adesão/rejeição ao bolsonarismo.

    Obviamente, os pobres são mais sensíveis à recessão econômica e tendem a ficar cada vez mais mal-humorados caso a situação não melhore.

    Por mais que os aspectos culturais e comportamentais sejam muito importantes na configuração dos afetos político nos dias de hoje, a economia ainda é o aspecto definidor da disputa. Entendendo a economia, é claro, no seu nível prático, no carrinho do supermercado, no prato nosso de cada dia, no preço da gasolina, no quilo da carne.

    É claro que o bolsonarismo vai tentar tirar a economia do foco, falando diretamente à moralidade popular e ao sentimento de insegurança pública. Excludente de ilicitude para as PMs, acusação de cultivo de drogas nas universidades públicas, doutrinação homossexual nas novelas e cinemas. O bolsonarismo se conhece e conhece o Brasil. Sabe exatamente onde investir suas energias narrativas.

    Por seu lado, cabe à oposição fazer o mesmo e deslocar a disputa para o campo da economia, evitando a todo custo o debate comportamental e a guerra cultural. O brasileiro médio é conservador nos costumes e progressista na economia. Na democracia vence sempre a maioria. Quem não vence eleição não faz nada, não melhora a vida de ninguém.

    O lulismo representa exatamente esse conforto material no nível prático. Um dinheirinho a mais pra comprar um danone pras crianças no mercadinho da esquina, pra assar aquela fraldinha no churrasco de domingo. É a memória do lulismo que o campo democrático precisa recuperar, lembrando a todos como a vida estava melhor ali, entre 2005 e o primeiro semestre de 2013.

    O problema é que no meio disso tudo há o fator Dilma Rousseff. É muito difícil blindar a imagem da presidenta Dilma, que está diretamente associada ao começo da crise econômica.

    Com Lula, uma parcela considerável da população até então excluída de qualquer conforto material teve acesso ao consumo. Com Dilma, essas pessoas pararam de consumir, voltaram aos anos 1990. Estão desempregadas ou subempregadas. Comendo ovo no almoço e arroz e feijão puro na janta, sem mistura. Pior que nunca ter consumido, só começar a consumir, sentir o gostinho dos prazeres da vida burguesa e voltar à pobreza.

    Essas pessoas sabem que a coisa começou a degringolar com Dilma. No plano da análise mais cuidadosa, podemos relativizar (até certo ponto) a responsabilidade da ex-presidenta. Podemos falar em boicote, em pautas-bombas, em perseguição e misoginia política, em golpe. Mas na percepção daqueles que perderam poder de compra, e de sobrevivência, a defesa não cola.

    O que PT fará com Dilma? Escondê-la da propaganda ou até mesmo tomá-la como bode expiatório para a tal “autocrítica”? Ou deve predominar o princípio da lealdade, tão caro entre companheiros de luta, e Dilma deve ser defendida a qualquer custo?

    Já no ano que vem, quando a disputa entre o campo democrático e o bolsonarismo se tornar mais aguda nas eleições municipais, Dilma será acionada como a marca digital do PT na crise econômica. Ela é o elo mais frágil da narrativa que associa o petismo à prosperidade material dos mais pobres.

    O que fazer?

     

  • ELEIÇÕES EM ISRAEL ESCANCARAM O RACISMO NO PAÍS

    ELEIÇÕES EM ISRAEL ESCANCARAM O RACISMO NO PAÍS

    Como de costume, as eleições antecipadas convocadas em Israel para o próximo dia 9 de abril abriram a temporada de discursos populistas no país.

    O protagonista, mais uma vez, é o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, líder do direitista Likud, há 13 anos no cargo, e que espera não só chegar a frente mais uma vez no resultado geral das urnas, mas, também, contar com um bom resultado dos seus parceiros de extrema-direita, para que juntos consigam formar um governo por maioria.

    O principal adversário é um ex-comandante das forças armadas, Benny Gantz, de centro, que se coligou com influente ex-apresentador de telejornal Yair Lapid para formar o partido Azul e Branco. Assim como o adversário, ele dependerá também de bons desempenhos dos prováveis parceiros de centro e de esquerda para conseguir formar um novo governo.

    O tom da disputa pode ser bem compreendido a partir de uma troca de mensagens feitas por meio das redes sociais nos últimos dias. Miri Regev, ministra da cultura em Israel e do mesmo Likud de Netanyahu, disse sábado, em uma entrevista para televisão, que, caso Gantz vença, “ele tentará governar com partidos árabes”. E foi logo criticada no Twitter pela apresentadora e modelo Rotem Sela, que pediu o fim do uso da retórica anti-árabe na campanha.

    Em meio a esta polêmica, o próprio premiê usou a mesma rede para questionar a apresentadora e defender sua ministra: “Este não é um estado-nação de todos os povos, mas, em vez disto, é um estado-nação do povo judeu”, afirmou.

    No que foi respondido por ela com um questionamento: “Querido D”us, também há cidadãos árabes neste país. Quando diabos alguém neste governo assumirá ao publico que o Estado de Israel é para todos os seus cidadãos e que somos todos iguais, inclusive árabes, druzos, LGBT e – pasmem – que esquerdistas são seres humanos?”

    O debate ganhou as páginas dos principais jornais pelo mundo, com as palavras de Netanyahu, absolutamente incomuns para um chefe de Estado, recebendo manchetes em veículos como The New York Times, Washington Post e a influente emissora árabe Al-Jazeera. Todos destacando que o líder israelense assume que apenas judeus fazem parte de seu conceito de nação.

    Nos bastidores, Netanyahu e seus parceiros ainda investem em manobras para enfraquecer os adversários por meio da burocracia estatal. Na semana passada, o Comitê Eleitoral do país, que é formado por parlamentares do Congresso e uma quantidade de delegados proporcional a sua distribuição, cassou a candidatura do líder do socialista Hadash, Ofer Kassif, e de todo partido árabe Balad, sob as acusações de que não reconhecem o caráter judeu do Estado e apoiam internacionalmente o terrorismo. O caso está agora nas mãos da Suprema Corte.

    Acusado pela Procuradoria-Geral de corrupção, era esperado que Netanyahu tivesse mais dificuldades do que vem apresentando, porém outras vez o deslocamento do debate das politicas domesticas para o plano do conflito com os palestinos favorece sua reeleição, já que aciona um medo difuso entre os israelenses de ataques ou uma nova intifada.

    Segundo pesquisa realizada pelo jornal Haaretz, se as eleições fossem realizadas agora, Netanyahu teria vantagem para formar o novo governo, pois, mesmo com uma previsão de votos menor que seu principal adversário, seria mais provável que ele conseguisse a maioria absoluta a partir de alianças com partidos ultrancionalistas e fundamentalistas religiosos, que representam principalmente as populações dos assentamentos judeus na Palestina e os praticantes ultraortodoxos do judaísmo.

    A esquerda é enfraquecida pela opção pragmática de muitos eleitores que apostam em uma candidatura de centro para finalmente tirar Netanyahu do poder. Um fator que poderia mudar o panorama seria um aumento da participação de eleitores árabes no pleito, já que muitos tradicionalmente boicotam as eleições em solidariedade aos árabes em territórios ocupados (que não possuem direito ao voto).

    Na ultima eleição realizada antes desta, Netanyahu pediu aos seus apoiadores pelo Facebook que “tivessem em mente a probabilidade de um alto comparecimento de árabes às urnas”, às vésperas da votação. Tem sido uma de suas táticas alardear uma possível alteração significativa no resultado provocada pela minoria interna para engajar fanáticos e supremacistas judeus.

    Nas ruas, jornalistas da imprensa local reportam, como em outros períodos de campanha populista, um sentimento de hostilidade a partidos de esquerda, organizações de direitos humanos, e sobretudo a pessoas e organizações árabes, com casas pichadas com inscrições racistas e bandeiras de Israel movimentadas em sinal de provocação àqueles que alguns consideram que não deveriam fazer parte da nação.

    No exterior, a disputa em Israel é observada de perto sobretudo por Donald Trump, que apostou pesado ao anunciar a transferencia da embaixada americana de Tel-Aviv para Jerusalem, mas também por outros partidos nacionalistas e potências do Oriente Médio, como Irã e Arábia Saudita. Em entrevista dada este domingo, Trump afirmou que teria 98% dos votos se fosse candidato ao governo israelense. Mas há dúvidas quanto a isso.

    *Abaixo, os números da ultima pesquisa do Haaretz

     

     

    Por:

    Rodrigo Luis Veloso – Relações Internacionais do Instituto Ser LGBT+ e membro do Coletivo Judeus de Esquerda (COJE)

  • A Venezuela resiste e Gleisi Hoffmann acerta ao participar da posse de Maduro.

    A Venezuela resiste e Gleisi Hoffmann acerta ao participar da posse de Maduro.

    Original do FaceBook do autor, Afrânio Silva Jardim*

    APÓS GRANDE VOTAÇÃO NAS RECENTES ELEIÇÕES
    PRESIDENCIAIS, NICOLAS MADURO TOMARÁ POSSE, NOVAMENTE, COMO PRESIDENTE DA VENEZUELA.

    Muitos países não querem reconhecer esta eleição, na verdade, por questões ideológicas. Eles e seus empresários estão boicotando, com a ajuda da grande mídia comercial, a tentativa de se introduzir o socialismo democrático no país irmão.

    Ninguém aponta e traz prova de qualquer irregularidade em tais eleições, apenas falam que elas não foram legítimas e justas … Como assim ???

    A situação do Brasil ainda é mais delicada, pois o Ministério das Relações Exteriores questionou a legitimidade das eleições do Maduro pelo fato de o seu maior opositor estar preso e não ter podido concorrer no pleito.

    Isto é de uma hipocrisia alarmante. A prevalecer este argumento, a eleição do Capitão truculento, aqui no Brasil, também é ilegítima e injusta. Pois o líder disparado nas pesquisas de opinião pública – ex-presidente Lula – também foi mantido preso e não pôde concorrer nas eleições, mesmo com manifestação em sentido contrário da ONU. Dois pesos, duas medidas.

    Como socialista, também gostaria de estar na Venezuela no dia de amanhã. Depois de Allende, no Chile, esta é mais uma tentativa de instaurar uma economia socialista através dos meios democráticos, com eleições e sem violência política, salvo aquela usada para evitar golpes de Estado, tentados pelas forças de Direita, auxiliadas pelos Estados Unidos.

    Julgo, pois, correta a presença da senadora Gleisi Hoffman.

    Os socialistas devem estar juntos para resistir a esta onda conservadora e retrógrada que se espalha pelo mundo todo. Como a história avança através das forças sociais que se opõem, em breve, voltaremos a ter esperanças mais concretas de que a justiça social ainda será possível neste mundo desigual e egoísta.

    *Professor de Direito da UERJ